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| 1 - A logística definida Nagano e Aguiar (1996) definem a logística como sendo a forma de prover bens e serviços a partir de um ponto de oferta até um ponto de demanda. Preocupa-se com o curso da produção através de todo o processo comercial, da matéria-prima ao produto acabado e deste ao local de entrega. Para Ballou (1993), ela é entendida como a integração tanto da administração de materiais como da distribuição física: “estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos desde a fonte fornecedora até o consumidor final”. De modo prático ela é a ferramenta para interligar, de maneira otimizada, os fornecedores e estabelecimentos a clientes e consumidores. Ou seja, um sistema logístico completo e eficiente é capaz de controlar o processo de obtenção, estoque e distribuição de produtos em uma rede de clientes e consumidores.
Dessa forma, podemos concluir que o principal alvo da logística é o atendimento aos clientes e consumidores finais; cuja presença é marcante no instante em que o cliente ou consumidor resolve transformar um desejo de consumo em realidade. |
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| 2 - O porquê de estudar logística No século passado, como precedente para a Guerra do Golfo, os Estados Unidos e seus aliados tiveram que aplicar de maneira eficiente seus conhecimentos em logística: tiveram que deslocar grandes quantidades de pessoas e materiais bélicos e de suprimentos a grandes distâncias em um tempo muito curto.
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| Em pleno início do século XXI, o mundo assistiu estarrecido a mais um exemplo dramático da importância da logística: a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque. Porém, existem vários outros motivos, menos dramáticos e irracionais que, com certeza, explicam o interesse de muitas pessoas procurarem tornar-se mais informadas sobre Logística. Um desses motivos é que, além de muito interessante, a logística é considerada como de vital importância para a sobrevivência de muitas empresas. As organizações empresariais reconhecem o impacto positivo que pode causar o gerenciamento logístico na obtenção da vantagem competitiva (fato claramente constatado pelos militares). No entanto, a demanda por profissionais em logística tem sido superior à oferta; sendo esta escassez mais notada em nível de gerência. Desse modo, as pessoas buscam obter a capacitação com vistas à perspectiva de um bom emprego ou, se já o possui e sendo ambicioso, de uma ascensão funcional. Esta talvez seja a maior justificativa para se estudar a Logística, uma vez que a maioria das empresas necessita, em algum grau, do auxílio de um profissional em logística. Logo, conclui-se que as pessoas que almejam ascensão na carreira executiva necessitam ter, em algum nível, compreensão dos problemas logísticos e, principalmente, saber como solucioná-los. É com esse objetivo que estamos fornecendo algum conhecimento nessa tão emergente área. Outra questão a ser considerada é onde aplicar esse conhecimento. Essa resposta é bastante extensa, já que existem inúmeras aplicações da logística: na indústria, nos comércios atacadista e varejista e no agribusiness, dentre outras. De forma direta, podemos aplicá-la na elaboração do planejamento, operação e controle de uma empresa ou no nosso próprio negócio; gerenciando-os de uma forma bem mais moderna, dinâmica e competitiva para o mercado atual. Empresas de distribuição de alimentos, centros de distribuição, redes de supermercados; são citações desses negócios. Estas e outras questões serão tratadas neste curso; onde, provavelmente, você identificará uma área de aplicação da logística que mais lhe agrade (administração de materiais, suprimentos ou distribuição física) e que poderá aplicar no seu dia-a-dia profissional, tornando recompensador o presente estudo. |
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| 3 - Logística: importância e evolução Ao se tratar da importância da Logística, é fundamental que se faça uma retrospectiva com o objetivo de conhecer a sua evolução e crescimento. A atividade logística, quando considerada no seu sentido mais amplo – movimento de produtos para satisfazer necessidades de grupos humanos – recorre aos tempos bíblicos como atividade de subsistência. Os estudos mais recentes (Fleury et al., 2000) têm caracterizado o pensamento logístico evolutivo em cinco fases:
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| A Logística só passou a ter importância quando as empresas puderam computar seu custo logístico e descobriram um surpreendente nível: no geral, entre 4% e 30% do valor das vendas (Ballou, 2001, p.25). Além disso, a atenção oferecida à organização e estruturação da logística depende de sua natureza na empresa; ou seja, uma empresa que despende apenas uma pequena fração do total de seus custos operacionais em logística ou no atendimento dos requisitos de nível de serviço, normalmente, terá pouco interesse em dar atenção especial à organização dessa atividade. Como exemplo, tem-se a indústria alimentícia que tem um custo logístico elevado e isto explica porque foi pioneira em inovações administrativas para atividades logísticas (Ballou, 2001). A revolução logística, entretanto, não começou simplesmente porque os custos logísticos eram grandes. Iniciou-se quando ferramentas mais sofisticadas se tornaram acessíveis e quando o cliente, melhor informado, passou a exigir um nível de serviço superior valorando, de certo modo, produtos e serviços oferecidos. No Brasil, a logística apareceu nos anos 70, por meio de um de seus aspectos: a distribuição física, tanto interna quanto externa. Hoje, as empresas brasileiras já se deram conta do imenso potencial implícito nas atividades integradas de um sistema logístico. |
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| 4 - Atividades desenvolvidas na logística As atividades que normalmente compõem a logística empresarial dependem, principalmente, da estrutura organizacional da empresa e, em particular, da importância dada a cada atividade logística. Portanto, as atividades variam de empresa para empresa e estão divididas em (1) atividades-chave e (2) atividades de suporte. As atividades-chave
são assim denominadas, porque contribuem majoritariamente com o
custo logístico e são atividades primárias ou ditas
essenciais à coordenação eficaz e à conclusão
das tarefas logísticas. Estão alocadas no circuito crítico
de serviço ao cliente, e são assim caracterizadas (Ballou,
2001):
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| O circuito crítico de serviços ao cliente envolve:
O custo das
atividades-chave geralmente é menor se comparado ao custo de transporte
ou de administração de estoques. Porém, sua relevância
se dá quando aciona a movimentação de produtos e
serviços e diminui o tempo total de entrega/recebimento desses
produtos ou serviços. |
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| As atividades de suporte tratam da infra-estrutura da empresa, do gerenciamento de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia, aquisição de insumos e serviços; são assim caracterizadas:
Essas atividades
são consideradas como contribuintes para a realização
da missão logística, embora em algumas circunstâncias,
possam ser consideradas atividades-chave. Uma outra peculiaridade é
que dependendo do ramo da empresa, nem todas as atividades de suporte
são desenvolvidas por ela. Por exemplo, a atividade de colocar
a embalagem protetora é uma atividade de suporte às atividades-chave
de transportes e estoques; no entanto, dependendo da empresa e do produto,
nem sempre elas são requisitadas (caso de automóveis). |
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| É por meio da gestão adequada das atividades-chave como as de suporte que a logística empresarial atende ao objetivo de proporcionar ao cliente produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades.
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| 5 - Atividades de interface com a logística Às vezes, em determinadas empresas, para que haja uma boa coordenação de atividades é necessária a criação de áreas funcionais para realização de atividades de interface entre as atividades típicas de logística e as de marketing, e entre as típicas de logística e as de produção. Entretanto, os gerenciadores precisam conhecer e avaliar desvantagens da introdução dessas áreas na estrutura administrativa da empresa. Uma das desvantagens pode ser o surgimento de alguns problemas administrativos como conseqüência de conflitos interfuncionais que ocorrem quando alguém está tentando gerenciar atividades de interface. É preciso que as atividades de cada área estejam bem definidas e delimitadas, tais como:
As atividades de interface devem tratar de relacionar as atividades típicas de cada área com as atividades de sobreposição. Ou seja, juntar o conhecimento de cada área para um único fim como, por exemplo, formação de preço, que é uma atividade típica de participação das áreas de logística e marketing, onde cada área tem conhecimento específico sobre o item e que juntos, vão auxiliar na composição de preço aceitável e competitivo de um produto ou serviço. |
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| Para evitar que ocorram problemas administrativos na implementação dessas áreas complementares, também conhecidas como áreas de “limbo”, algumas medidas preventivas devem ser tomadas, como a conscientização de cada profissional envolvido no processo e o estabelecimento de espírito de cooperação entre as funções de cada área. Um bom exemplo de como seria essa relação, considerando um arranjo administrativo tradicional, se encontra na figura abaixo: A Empresa
Fonte:
Ballou, 1993 |
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| 6 - Objetivos e manifesto da missão Segundo a
SOLE (Society of Logistics Engineers), os objetivos da logística
podem ser resumidos nos chamados “8 Rs”:
Observa-se que, para satisfazer todas essas exigências, a logística não é tão simples e não basta apenas se ocupar da entrega dos produtos ou dos serviços oferecidos. Como por exemplo, para Kobayashi (2000), é necessário reorganizar globalmente as funções de abastecimento de materiais, componentes etc., àquela de produção e de compra no atacado, à função de desenvolvimento dos produtos e de distribuição física, à função das vendas e assim por diante; é necessário estruturá-las juntamente e fazer com que as mesmas trabalhem como um sistema integrado com as atividades de produção e marketing. Esses objetivos se aliam para cumprir as principais missões dentro da logística, que, segundo Ching (2001) são:
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| Resumo Sabe-se que os militares, durante a Segunda Guerra Mundial, executaram o que foi chamada de a mais complexa e mais bem-planejada operação logística na história – a invasão da Europa; e embora os problemas logísticos e o serviço ao cliente prestado pelos militares, sejam diferentes dos negócios e objetivos dos empresários, a semelhança foi grande o suficiente para gerar uma sólida base formada por valiosas experiências que contribuíram não só para o desenvolvimento da logística, mas, sobretudo, para conduzir o amadurecimento da alta gerência do setor empresarial a um ponto conclusivo: “toda empresa tem que ser vista sob uma abordagem sistêmica”. A logística não é somente uma função empresarial independente, que faz parte de um mundo isolado. É uma disciplina científica que ensina como organizar a cadeia logística e ao mesmo tempo é um conjunto de atividades que abraça completamente e acompanha cada fase do ciclo da empresa: do abastecimento da “matéria-prima” do produto ou serviço, até o consumidor final e à assistência pós-venda. A meta de nível de serviço logístico é prover produtos ou serviços corretos, no lugar certo, no tempo exato e na condição desejada, ao menor custo possível. A Logística Empresarial busca atender a estes pressupostos através das suas atividades-chave – transportes, manutenção de estoques, processamento de pedidos e ainda padrões de serviço ao cliente – e várias atividades de apoio, chamadas de atividades de suporte – armazenagem, manuseio de materiais, obtenção, embalagem, programação e manutenção de informação. Com a Logística
Empresarial, as organizações empresariais (sejam elas públicas
ou privadas) podem contar com uma poderosa ferramenta para medir os reflexos
de um bom planejamento na administração de seus produtos
e serviços, tanto no que se refere aos aspectos externos (consumidores
e fornecedores) quanto a seu aspecto interno (fluxo de materiais e armazenamento
físico de matéria-prima e produtos acabados); possibilitando
dessa maneira, redução em seus custos e satisfação
de seus clientes. Estes fatores são de suma importância para
aumentar a competitividade na atual realidade do mercado, podendo ser
determinante do sucesso ou fracasso das empresas. |
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| 1
- O planejamento
Dentro dos objetivos mais abrangentes
da empresa, o profissional de logística empresarial procura sua
própria meta profissional: desenvolver um conjunto de atividades
logísticas que resultem no maior retorno possível sobre
o investimento ao longo do tempo. Essas atividades determinam como deverão
ser gerenciadas as funções de Planejamento,
Organização e Controle. Dentre essas normalmente, o planejamento
é a mais difícil e também a mais importante. Importante porque, se bem elaborado, facilita o desempenho das funções posteriores de Organização e Controle, além de contribuir para o sucesso da empresa. Drucker (1998) ressalta que “o planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às implicações futuras das decisões presentes”; sua maior virtude está na preparação para a mudança que visa a alcançar os objetivos do negócio. |
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O triângulo do planejamento logístico envolve:
As decisões, esquematicamente apresentadas na figura acima, quando adequadamente integradas, robustecem o ponto de vista de que não é possível resolver isoladamente os problemas administrativo e operacional de uma empresa, principalmente se considerarmos que, de acordo com Ching (2001), esta integração gera quatro elementos importantes dentro da cadeia logística:
Elementos esses, quando bem integrados no planejamento logístico, vão dar valor logístico ao produto ou serviço oferecido. |
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O planejamento pode ocorrer em nível:
A maior diferença entre eles é a dimensão temporal e o nível de abordagem, que é específica ou geral. O planejamento operacional e tático exige abordagem mais específica e, portanto, individualizada (por exemplo, planejamento de cada item de um estoque). O planejamento estratégico trata de uma abordagem geral (por exemplo, do planejamento de um estoque como um todo). Vamos aqui nos direcionar mais ao planejamento estratégico logístico, que nos permite uma abrangência gerencial maior. |
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- O processo de planejamento
O processo de planejamento é dinâmico por natureza, permite que a empresa identifique estratégias para atingir os objetivos traçados. Para isso, o primeiro passo é decidir as diretrizes estratégicas para a empresa alcançar seus objetivos financeiros e de crescimento como um todo. A visão estratégica é iterativa e assim sendo, o planejamento estratégico é um processo de análise das oportunidades e ameaças e de pontos fortes e fracos com vista à busca de uma equação para definição de objetivos apropriados ao ajustamento empresarial às condições ambientais de mudança. O planejamento estratégico constitui utilização de um arcabouço de técnicas direcionadas para:
O planejamento estratégico
deve perseguir os objetivos alcançáveis em longo prazo e
servir de esboço geral para a realização dos planos
táticos e operacionais. Devido a sua característica de não-especificação,
o planejamento em nível estratégico carece de operatividade,
por falta de informações suficiente, específicas
e fidedignas (que possam ser projetadas com segurança para um futuro
muito afastado). |
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| 3
- Problema logístico e áreas problema
Vimos que, para realizar um planejamento logístico de sucesso, é importante que se estabeleça como alvo a solução do principal problema logístico: encontrar uma perfeita combinação de todas as atividades envolvidas no circuito de serviços ao cliente de modo a criar um processo de sinergia. Esta combinação deve, ao final, garantir pelo menos um nível de serviço equivalente ao anterior, obtido a um custo logístico inferior, ou mantido o mesmo custo obtenha-se melhor nível de serviço. Assim sendo, o desafio ou problema logístico é o de equilibrar as expectativas de serviços e os gastos de modo a alcançar os objetivos do negócio (Bowersox & Closs, 2001). Logo, a essência do problema logístico está na necessidade de interligar de forma eficiente a oferta à demanda, de maneira a cumprir a missão logística de contrabalançar custo e nível de serviço.
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| O
planejamento logístico tenta resolver quatro das maiores áreas-problema
da logística empresarial: 1) decisões de localização
das instalações, 2) decisões de transporte, 3) decisões
de estoque e por fim, 4) decisões do nível de serviço
a oferecer.
As três primeiras áreas são inter-relacionadas e planejadas comumente como uma única unidade e definem a quarta área-problema, o nível de serviço.
Estas áreas-problema serão
abordadas e discutidas mais à frente, no decorrer deste curso.
Veja exemplos. |
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| 4
- O plano logístico
Existe em geral, certa dificuldade em tratar, de forma clara e explícita, o tema planejamento logístico. Um aspecto que corrobora com essa dificuldade é a característica personalizada do planejamento, cuja padronização inviabilizaria o uso das condições necessárias para se alcançar a missão logística de cada empresa. Além do que, é fato explícito que não há uma única cadeia logística que possa ser aplicada a todo e qualquer produto, em toda e qualquer empresa. O que se constata, de certa forma, é que os autores discutem cada atividade primária que o profissional de logística deve planejar e operar., Dá-se, portanto, uma compreensão básica de cada atividade e dos princípios úteis para o planejamento nos níveis estratégico, tático e operacional com o objetivo de que o profissional de logística possa então desenvolver sua criatividade e aplicar sua experiência na elaboração de um planejamento adequado às necessidades e objetivos da empresa. A recomendação para a elaboração de um plano logístico em médio ou longo prazo, em linhas gerais, é a seguinte (Kobayashi, 2000):
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Uma
outra conduta que se recomenda é o levantamento de questões
básicas como as sugeridas por Ching (2001), respostas a essas questões
podem servir de diretrizes ao planejamento. São elas:
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Resumo O profissional de logística empresarial busca alcançar o objetivo maior da empresa que especificamente, é o de desenvolver um conjunto de atividades logísticas que resultem no maior retorno possível sobre o investimento ao longo do tempo. Esses objetivos determinam como deverão ser gerenciadas as funções de Planejamento, Organização e Controle. Dentre estas, normalmente, o Planejamento é a mais difícil e também a mais importante, já que facilita o desempenho das atividades subseqüentes de Organização e Controle. O planejamento logístico é calcado na trilogia de:decisões de localização das instalações;decisões de transportes;decisões de.estoques. As decisões de localização das instalações têm como objetivo: encontrar a distribuição física de mais baixo custo, ou, alternativamente, a de maximizar o lucro; e como estratégia: (1) esboçar um plano logístico com a localização geográfica em mapas (se possível, digitalizados) dos pontos de estocagem e suas fontes de fornecimento; (2) incluir todos os movimentos de produtos e os custos associados desde a planta, passando pelo fornecedor, pontos intermediários de estocagem até chegar no cliente; (3) realizar uma simulação de distribuição (se possível incluindo técnicas de SIG – Sistema de Informação Geográfica); (4) analisar os custos totais e por fim, (5) decidir pela melhor estratégia de localização. As decisões de transportes têm como objetivo: optar pela melhor solução para atender os problemas espaciais e temporais da empresa; minimizando os custos, mas não esquecendo os objetivos do serviço ao cliente; e como estratégia: (1) definir o modo de transporte; (2) o tamanho de carregamento (capacidade do veículo); e (3) a roteirização e a programação. As decisões de estoques têm como objetivo: estabelecer regras de reabastecimento, as mais otimizadas possíveis; e como estratégia: localizar seletivamente vários itens na linha de produção e gerenciar níveis de estoques por vários métodos de revisão contínua. Por fim, espera-se que o profissional
de logística empresarial possa desenvolver sua criatividade e aplicar
sua experiência para planejar com eficiência as decisões
de localização, transporte e estoque e assim, solucionar
a decisão-alvo do planejamento logístico: decisões
do nível de serviço a oferecer, cujo objetivo é
o de estabelecer um nível de serviço apropriado à
política da empresa, de maneira que possa harmonizar os interesses
da empresa e a satisfação do cliente a um custo competitivo. |
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| Módulo 3 | Página 23 |
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| 1
- Sistema logístico
A função logística foi definida como sendo a função de prover bens e serviços a partir de um ponto de oferta até um ponto de demanda, por meio de planejamento, operação e controle de todo o fluxo de produtos e também de informações. Agora, a logística é apresentada de maneira mais atual e simplificada:
O Sistema Logístico é formado pelo conjunto de entrada (logística de entrada) e de saída (logística de saída) que compõem esses fluxos, como mostra o quadro a seguir. Os fluxos ocorrem entre as estruturas internas da empresa (gerenciada tanto pela própria empresa quanto por uma prestadora de serviços logísticos), ou entre a estrutura interna e uma externa – um cliente e um fornecedor, por exemplo. As empresas não devem isolar os segmentos de entrada e de saída, sob pena de resultar na insatisfação dos clientes; devem sim, promover a integração entre ambos a fim de que o sistema se torne integrado e possa oferecer o melhor nível de rentabilidade para a empresa e de atendimento ao cliente. O mesmo risco que correm as empresas que simplesmente ignoram fatores externos, incluindo aqui seus concorrentes, corre aquelas que não operam com pelo menos, uma perspectiva sistêmica de integração entre diferentes áreas funcionais (marketing e produção, por exemplo) e os diferentes elementos de “ponta” tais como fornecedores, clientes, fabricantes, varejistas e concorrentes. |
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| 2
- Fluxos logísticos nas empresas
Os fluxos logísticos podem ser físicos (por exemplo, produtos) e intangíveis (por exemplo, a informação boca-a-boca). E podem seguir uma direção direta – empresa para os mercados (clientes e consumidores) ou reversa – dos mercados para as empresas. Os fluxos reversos tornaram-se foco de atenção por parte das empresas devido, principalmente, a preocupação crescente para proteger o meio ambiente e seus recursos naturais. O quadro a seguir apresenta algumas situações de ocorrência de fluxos diretos e reversos na logística externa (fornecedores, clientes e fabricantes).
Fonte: Dornier et al., 2000 |
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Dornier
et al. (2000) relaciona os seguintes fluxos físicos:
É bom lembrar que a direção
do fluxo dos produtos e serviços oferecidos por uma empresa não
deve ser a única preocupação na gestão desses
fluxos; todos os fluxos de informações relacionados, que
dizem respeito à criação e gestão de atividades
gerais, e considerações de operações logísticas,
devem ser associados aos mesmos. |
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| 3
- Fatores que afetam um sistema logístico
Para satisfazer às constantes mudanças nos ambientes de negócio, o gerente de logística de uma empresa moderna precisa implementar modificações substanciais nos sistemas logísticos que gerenciam, de maneira a estruturar os produtos ou serviços oferecidos pela empresa de acordo com essa nova realidade de mercado e ambientes de negócio. Logo, ele precisa estar atento aos fatores que, de algum modo, afetam na sua tomada de decisão quanto ao gerenciamento de um sistema logístico. Dessa forma, os fatores são:
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A figura abaixo mostra como o ambiente afeta o sistema logístico de uma empresa em seus serviços e produtos.
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| 4
- Sistema integrado de logística Considerações - Por definição, vimos que integração significa a totalização, a complementação de algo que, no nosso caso, é um sistema logístico. Sendo assim, a integração de sistemas logísticos é a totalização dos esforços gerados pelos seus subsistemas de entrada e saída visando à diminuição do custo total e ao aumento da eficiência do todo. Portanto, não basta um gerente de logística apenas direcionar um sistema logístico, ele tem que tornar esse sistema integrado; de modo a oferecer a rentabilidade tão esperada e a satisfação dos clientes ou consumidores finais. Como visto anteriormente, as empresas não devem isolar os elementos de entrada e saída do sistema logístico, pois é o fluxo global, integrado, dos materiais que resulta na excelência de desempenho logístico esperado. Um bom exemplo de um sistema integrado é o Just-in-time - JIT, onde a maior integração entre os setores de compras, concepção, manufatura, gestão de estoques, marketing e distribuição é frequentemente um pré-requisito para que um JIT seja implantado. A figura abaixo ilustra um exemplo de sistema integrado de logística.
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Os
principais elementos de um sistema integrado de logística são:
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| Exemplificação
baseada em uma situação de comercialização apresentada
por Martins e Alt, 2001.
Para melhor interagirmos com o funcionamento de um sistema integrado de logística, simulamos a seguinte situação: De um lado, dois grandes fabricantes de aparelhos e acessórios para telefonia celular resolvem se unir para atender um nicho de mercado que está buscando atender suas atuais necessidades de comunicação de maneira personalizada. Do outro lado do sistema está um consumidor que deseja comprar um telefone celular. O consumidor disposto a satisfazer seu desejo se dirige a uma revendedora de telefones celulares (parceira da união desses dois fabricantes) e é recepcionado por uma gentil vendedora que o atende com presteza, pois percebeu nele um potencial comprador. Quando o consumidor expõe as características do produto (no caso, celular) que satisfazem as suas necessidades de comunicação, a vendedora, auxiliada por um computador, lhe mostra na tela as diferentes opções de marcas e modelos, incluindo alguns já disponíveis na loja. Dessa forma, ela passa confiança ao consumidor na representação virtual do produto. Uma vez tomada a decisão relativa à marca a ser adquirida, a gentil vendedora passa a ajudá-lo na escolha de um modelo. Tomada a decisão relativa ao modelo, a vendedora começa a mostrar as diferentes opções de cores e acessórios tais como fone de ouvido, viva voz e capas de proteção, compondo juntos, um produto que realmente satisfaça o consumidor. Para espanto do potencial comprador, após
definição completa do aparelho, a vendedora lhe apresentou
o preço final do celular e a provável data de entrega, graças
às informações disponibilizadas pelos fabricantes
(consórcio), em tempo real. O consumidor acha justo o preço
e o prazo de entrega, e resolve adquiri-lo por meio de cartão de
crédito. O cartão é então passado no terminal
ligado ao agente financeiro, que mostra que a transação
pode ser efetivada. Além disso, é claro, o consumidor quer
saber a data real que receberá o aparelho dos seus sonhos. Para
isso a vendedora volta ao computador e aciona o fabricante, colocando
o pedido com todos os detalhes escolhidos pelo consumidor. Finalmente,
o fabricante após registro da ordem de pedido, aciona as áreas
de operação industrial (produção) e de distribuição
física, retornando à eficiente vendedora a informação
de que o produto será entregue à revendedora conforme as
especificações, na da tarde do dia seguinte (terça-feira);
fato que deixou o consumidor muito satisfeito com a revendedora. |
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Na simulação nós identificamos os seguintes componentes do sistema integrado de logística:
É apropriado lembrar que já foi discutido o “valor logístico” de um produto ou serviço e que nesse exemplo ele fica bem claro no momento em que o consumidor achou que o preço estava justo para o produto adquirido. Esse fato se dá, naturalmente, porque houve criação de valor de tempo (disponibilidade das fábricas) e de lugar (velocidade na distribuição), além do atendimento (por meio da vendedora) e qualidade (representada pela satisfação do consumidor). |
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| Resumo
A percepção que se deve ter de um sistema logístico (formado pelos conjuntos de logística de entrada e de saída) deve ser a de um sistema integrado, onde seus componentes trabalham em sinergia com objetivo primeiro de prover o nível de serviço necessário para gerar vendas e controlar os custos logísticos. Dessa forma, as empresas não devem isolar os segmentos de entrada e de saída sob pena de não atingir tais objetivos e gerar insatisfação de seus clientes. Nesse contexto, podemos concluir que as empresas que não operam de maneira sistêmica, ou até as que nem pensam em assim operar, correm tanto riscos de fracasso quanto aquelas que simplesmente ignoram os “sinais” externos (como preço e nível de serviços oferecidos por seus concorrentes). Logo, deduzimos que a “vida útil” da empresa passa então a declinar até que a sua completa exclusão do mercado consumidor seja consolidada. A logística empresarial atual requer uma perfeita integração entre todas as áreas da empresa, como parcerias dos diversos segmentos de “ponta” (atacadistas, varejistas, clientes, fabricantes e fornecedores) e até de seus concorrentes. Gerando uma espécie de “cumplicidade” entre os atores e os atos logísticos. Uma outra questão a ser considerada
é: o gerente logístico precisa implementar modificações
no sistema logístico da sua empresa. Ou seja, ele precisa estruturar
os produtos ou serviços oferecidos, de acordo com as novas realidades
da demanda e da competitividade do ambiente de negócio. Sendo assim,
o gerente logístico deve, nas tomadas de decisões logísticas,
ponderar fatores advindos do mercado ou de concorrentes; mas também,
da tecnologia e das regulamentações do governo, que frequentemente
influem, de modo significativo, nas decisões logísticas.
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| Módulo 4 | Página 33 |
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| 1
- A informação e o sistema logístico
Com a disseminação da informática nos negócios, incluindo hardware e software de computadores, o manuseio da informação tornou-se muito mais formalizado e ágil, permitindo que o processamento dos negócios seja feito em tempo real e devidamente documentado. Fato que tornou o sistema de informação um aliado poderoso no planejamento e controle do sistema logístico de uma empresa. O sistema de informações gerenciais refere-se a todo equipamento, procedimentos e pessoal que criam um fluxo de informações utilizadas nas operações diárias de uma empresa e desempenha, dentro da logística, um papel de suporte ao gerenciamento e controle global das atividades da mesma (Ballou, 1993). Esse fluxo de informações pode ser físico (documentos – papéis, por exemplo) ou intangível (caso de informações passadas de boca-a-boca), e sua movimentação dentro de um sistema logístico pode ser melhor compreendia na a seguir:
O sistema de informação pode auxiliar na tomada de decisão com o uso das suas funções básicas de:
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| 2
- Níveis hierárquicos A Hierarquia de utilização de um sistema de informações logísticas é apresentada na figura a seguir:
Ballou (1993) separa as necessidades de informações logísticas em quatro níveis. Os níveis 1 e 2 são ligados às atividades operacionais e, portanto, exigem maior velocidade no fluxo de informação; o nível 3 às atividades pertencentes ao nível tático e o nível 4, às atividades que definem o planejamento estratégico (em longo prazo). Cada um desses níveis é assim determinado:
É importante lembrar que a hierarquia de planejamento e controle, normalmente não é facilmente identificável em pequenas empresas. Segundo Ballou (1993), numa pequena empresa as mesmas tarefas gerenciais precisam ser executadas, porém, por menos pessoas. E não é preciso possuir um sofisticado sistema automatizado de informações: um sistema basicamente manual é mais adequado as suas necessidades e é muito mais prático. |
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| 3
- Estrutura básica O sistema de informações deve ser capaz de movimentar a informação desde os pontos onde é gerada até os pontos onde é necessária. O telefone e a correspondência são algumas das possíveis maneiras de transmissão da informação. A armazenagem já é outra função, tão importante quanto à transmissão, ela permite que dados fiquem disponíveis para posterior emprego na tomada de decisão sobre algum problema logístico. Logo, é válido concluir que um sistema de informação eficiente deve ter a capacidade de armazenagem de dados suficiente para atender às necessidades de informações da empresa.
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A
estrutura básica de um sistema de informações logísticas
reflete as funções primárias de um sistema de informação,
ou seja: (1) transferir, (2) armazenar e (3) transformar informação
(por meio da codificação, manipulação matemática
e estatística, classificação e consolidação).
Para realizar essas importantes funções o sistema necessita
de três elementos, apresentados na figura acima:
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É no processamento e na armazenagem da base de dados (que pode incluir tanto registros manuais quanto arquivos de computador) que se concentra a eficiência de um sistema de informação. Por essa razão, o gerente ou analista de logística deve dar maior importância a essas áreas; além do que, elas são responsáveis pela filtragem das informações com propósitos logísticos que chegam de muitas fontes e em diversos formatos. |
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| Um
ponto que também merece atenção por parte de gerentes
ou analistas é a necessidade ou não, do armazenamento de dados
em computadores; pois a velocidade e a conveniência são os
benefícios obtidos da manipulação eficiente da informação.
Porém, sabemos que a manutenção de uma base de dados
não é gratuita e que a mesma precisa ser organizada para que
possa ser utilizada de modo otimizado. Quanto mais acessível ficar
a informação, mais cara será sua armazenagem e recuperação;
o que justifica o uso de computadores.
Por exemplo, as informações referentes a controle de estoque, previsão de demanda e reservas de empresas aéreas devem ser organizadas de forma que possam ser acessadas de modo rápido (on-line, em tempo real) e fácil e, portanto, devem ser mantidas na base de dados de um computador. Por outro lado, as informações empregadas no planejamento estratégico (como localização de depósito) podem ser coletadas e armazenadas apenas quando necessárias, já que a consulta a essas informações normalmente é feita anualmente e, portanto, não exigem sua armazenagem em computadores; podendo ser acessadas nos arquivos da empresa (registros manuais). Dessa maneira, concluímos que os dados:
O gerente ou analista, para facilitar na seleção dos dados a serem armazenados, deve classificar a informação baseada, por exemplo, em critérios de:
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Quanto ao processamento de dados, é um dos componentes mais populares do sistema de informações e representa uma conversão relativamente simples dos dados arquivados em algo mais aproveitável, como ordem de venda e de entrega de produtos. Veja a figura a seguir:
No que diz respeito à recuperação de dados, sua aplicabilidade é enfocada, por exemplo, quando o funcionário de telemarketing de atendimento a clientes recebe uma ligação solicitando a situação atual de um determinado pedido, obrigando-o, muitas vezes, a realizar uma recuperação de dados (como data e hora do pedido) para processar e obter as informações atuais. Já com a análise dos dados é possível solucionar questões como – Quais modelos matemáticos e estatísticos devem ser empregados nas questões logísticas? Qual software de roteirização e programação deve ser escolhido? Qual software de programação e controle deve ser escolhido? Quais clientes podem ser mais vantajosos para a empresa? Qual a previsão de demanda de um determinado item para um determinado mês? – O objetivo é fazer o sistema procurar a melhor alternativa possível dentre diversos cursos de ações alternativas. |
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Tradicionalmente,
informações relacionadas aos fluxos existentes em um sistema
logístico eram estáticas. Hoje, segundo Dornier et al.(2000),
a implantação de um projeto de sistema de informações
requer algumas considerações:
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| Resumo
Com a disseminação da informática no ambiente dos negócios, os computadores passaram a ser os principais mantedores do sistema de informação das empresas. Um sistema de informações logísticas gera informação que é utilizada por grande variedade de pessoas, dentro e fora da empresa, desde a alta gerência até o cliente que quer acompanhar a situação atual do seu pedido, por exemplo. Ele é composto basicamente por: (1) entrada; (2) processamento e (3) saída. Seu nível de complexidade depende, dentre outros, do gerenciamento e conhecimento das necessidades dos diversos tipos de informações para tomada de decisão e da rapidez com que a informação deve ficar disponível. O sistema de informação em si é o planejamento estratégico de qual informação é necessária para quem deva tomar uma decisão que envolva algo prioritário para a competitividade da empresa e ao contrário do que pensam algumas pessoas, independe da informática. Ele é uma ferramenta empregada para a circulação da informação em qualquer nível; contribuindo, sobremaneira, para a velocidade da propagação da informação. As necessidades de informações logísticas podem ser separadas em quatro níveis: onde os níveis 1 e 2 são ligados às atividades operacionais e, portanto, exigem maior velocidade no fluxo de informação; o nível 3 às atividades pertencentes ao nível tático; e por fim, o nível 4, às atividades que definem o planejamento estratégico (em longo prazo). No que diz respeito à escolha de sofisticação de implantação, é interessante ressaltar que em empresas de pequeno porte, geralmente, não há a necessidade da implementação de um sofisticado sistema automatizado de informações. Para elas um sistema basicamente manual é mais adequado as suas necessidades e muito mais prático. Portanto, a implementação de um sistema de informação depende de vários fatores, que vão desde o porte da empresa até a exigência de informações solicitadas por clientes e que, devem ser ponderados e considerados. |
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