Módulo 3

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Módulo 03 - Estabilidade dos Sistemas

1 - Introdução

O mundo ao nosso redor é repleto de mudanças. O ambiente físico da Terra está em constante mudança de temperatura, de radiações, de velocidade dos ventos, de transformações químicas e outras. Qualquer sistema que pretenda sobreviver tempo suficiente para ser importante componente da área ambiental, deve ter a habilidade de lidar com qualquer tipo de mudança e sobreviver a ele. Todos os sistemas desenvolvem habilidades auto-estabilizantes por meio dos feedbacks negativos.

Os feedbacks negativos encontram-se em todos os lugares; são parte do ambiente natural e social. Dar-se conta de como eles trabalham, constitui ferramenta que ajuda a compreender toda espécie de sistemas. É caminho que facilita o entendimento de como eles funcionam a observação de exemplos oriundos de diferentes sistemas. Assim, é possível estudar princípios ou regras que podem ser aplicados a todos os sistemas com feedback negativo.




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2 - Termostato

Mecanismo analógico dos mais comuns e que apresenta feedback negativo é o sistema de resfriamento de muitas residências e edifícios. Quando a temperatura é estabelecida no termostato (as chaves do ar-condicionado regulam a intensidade de frio e da corrente de ar) o sistema ordenará a temperatura do ambiente, tão próxima do desejado, quanto possível. Se a temperatura cai abaixo do desejado, o sistema poderá desligar ou diminuir o resfriamento do ar, permitindo o aquecimento.




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No caso oposto, se a temperatura encontra-se acima do nível desejado, o sistema poderá intensificar a dispersão de ar frio no ambiente. Diagrama do feedback negativo é apresentado a seguir

Seguindo as setas, o diagrama sugere que o ar frio controla a temperatura do ambiente, que por sua vez controla o termostato e o termostato controla o ar frio. O sinal de negação no meio do diagrama, indica o feedback negativo, ou seja, que mudanças no sistema serão eliminadas - o aumento da temperatura do ar é seguido pelo aumento da intensidade do nível de ar frio, para resfriar o ambiente e vice-versa.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Tal sistema responde automaticamente às mudanças no ambiente. Mas, o que acontece nos dias de inverno?

Imagine temperatura excepcionalmente baixa. Nesse caso, ar-condicionado não pode fazer absolutamente nada para tornar o ambiente mais agradável. Suponha que se possa adicionar um aquecedor ao ambiente e conectá-lo ao mesmo termostato do ar condicionado. Em seguida, se definir a temperatura inferior em torno de 21º C e, a superior, em 23º C. O termostato ligaria o aquecedor quando a temperatura baixasse de 21º C e, caso ultrapassasse os 23º C, desligaria o aquecedor e ligaria o ar-condicionado.

Isso levaria a ter, em vez de um sistema unidirecional de resfriamento, sistema bi-direcional capaz de manter o ambiente confortável no inverno e no verão.

Termostatos são baratos e auxiliam as pessoas numa série de atividades. Outros exemplos de termostato são as geladeiras, fornos, conjunto de resfriamento de automóveis etc.




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Temperatura corporal

Os termostatos de nossas casas foram inventados pelo homem; porém o termostato original foi criado pela natureza há centenas de milhões de anos. No início, os animais não sabiam controlar a temperatura de seus corpos; os mais simples, como os répteis, até hoje se encontram nessa situação. Eles podem mover-se rapidamente quando estão com calor, mas são lentos no tempo frio. Além disso, podem morrer em dias muito quentes. Pela evolução entretanto, alguns animais desenvolveram "termostatos" para manter constante a temperatura de seus corpos, independente de mudanças no ambiente externo. Ser de "sangue quente" é grande vantagem, especialmente em climas frios. Isso levou referidos animais a desenvolverem sistemas eficientes de controle da temperatura corporal.




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Os seres humanos possuem métodos de controle de temperatura precisos e acurados. A grande maioria das pessoas possui termostatos ajustados para 36,5º C. Se a sua temperatura corporal cai abaixo disso, seu termostato denunciará uma série de conseqüências. Em primeiro lugar, fará com que o organismo queime calorias mais rapidamente, criando mais calor. Em seguida o corpo começará a tremer, fazendo os músculos trabalharem acelerados (já que nada foi feito para se aquecer) gerando mais calor. Se o frio acontece, seu corpo enviará mensagens ao cérebro dizendo "Estou congelando"; ao mesmo tempo, aguardará agasalhos, comida quente ou lugar mais protegido do frio. Do mesmo modo, quando sente muito calor, começará a suar, os vasos sangüíneos sob a pele se expandem para permitir a passagem de mais sangue e surge a necessidade de fazer movimentos mais lentos, tirar as roupas, tomar algo gelado e ficar à sombra.

Do mesmo modo, a temperatura no centro do corpo é mantida constante. Mesmo quando sente calor ou frio em que mal possa manter o corpo de pé, a temperatura corporal raramente se altera mais do que meio grau centígrado (a menos que esteja doente). A sensação de estar com muito calor ou com muito frio é parte do feedback e significa que seu corpo está trabalhando muito duro para manter a temperatura sob controle. Então, quando você reclama "Estou gelado!!!" o que você está realmente querendo dizer é: "meu corpo está tendo que trabalhar muito para manter-me aquecido!"




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3 - Válvulas flutuantes

Determinado mecanismo simples e auto-regulado foi inventado, há muitos anos provavelmente, por um fazendeiro que desejava controlar o nível de um reservatório de água. Esse "gênio" colocou uma bóia ligada à tampa do cano de escoamento, por uma corda. Supondo-se a entrada constante de água no reservatório, toda vez que é atingido o limite de água, a bóia traciona a corda e faz com que a tampa do cano de escoamento se abra, liberando líquido. À medida que o nível de água diminui, a tampa de escoamento se fecha automaticamente, mantendo o nível do reservatório. A esse mecanismo dá-se o nome de válvula flutuante ou torneira boia.




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Se o nível de água sobe novamente o ciclo é reiniciado. O diagrama da ocorrência pode ser observado na figura a seguir:

Da mesma forma que os termostatos, as válvulas flutuantes são mecanismos simples, fáceis e baratos de construir e poupam, às pessoas, muito trabalho. Há inúmeros desses mecanismos em uso, atualmente. Por exemplo; as válvulas que controlam o nível das caixas de água nos prédios e nas residências. Se você souber como isso funciona, pode experimentar no reservatório de água do vaso sanitário. Abra a tampa do reservatório e dê uma descarga para escoar a água. Observe que o componente de flutuação (normalmente uma bola branca presa na ponta de pequeno cabo metálico) vai para baixo abrindo a válvula e a entrada de água. À medida que o reservatório vai se enchendo, o nível da água faz com que a bóia se eleve e feche a válvula de entrada, até interromper completamente o fluxo de água. Isso evita que o banheiro seja inundado ou que se tenha de esperar o reservatório encher-se, para, em seguida, fechar o registro. No mínimo, esse mecanismo libera o usuário para tarefas mais importantes.

   

Torneira bóia




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4 - Sede

As pessoas e outros seres vivos não têm válvulas flutuantes em seus corpos, mas têm sistemas que controlam a quantidade de água no organismo. A água é essencial à vida; é, inclusive, utilizada para eliminar resíduos do corpo e manter a temperatura dele. É familiar como esse feedback atua nos seres humanos: quando a água é insuficiente para cumprir suas funções orgânicas, ocorre a sede.

Também o corpo humano é desprovido de válvula que feche automaticamente o recipiente, quando a água ingerida atingir nível satisfatório. Sobrevém, na verdade, a sensação de saciedade. Quem tomar três grandes copos de água sem estar com sede, tem a sensação de muito desconforto. Embora as "peças" que compõem o sistema de controle de água no organismo sejam muito diferentes do de um reservatório, os dois sistemas realizam o mesmo tipo de trabalho, usando o mesmo feedback:




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5 - Estoques

O gerente de uma loja enfrenta problemas similares, para controlar o suprimento das mercadorias que comercializa. Ele não deseja ter sua loja amontoada de caixas de mercadorias, porque não tem suficiente espaço de armazenamento ou não deseja imobilizar capital. Mas também não quer perder negócios, por falta de mercadoria. Desse modo, um bom gerente deve dar a devida atenção aos seus estoques. Se algum produto tem saída mais lenta que o esperado, ele deve rapidamente reduzir ou cancelar os pedidos à fábrica e ao distribuidor; se não é muito popular, ele pode reduzir os preços ou fazer promoções para que o comprem.




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Na hipótese de a mercadoria comprovar maior preferência que o esperado, o gerente deve fazer pedidos adicionais rapidamente para não ficar em falta. Se, por acaso, houver demora entrega pela fábrica, podem ser aumentados os preços, a fim de que menos pessoas se disponham a comprá-lo. O ideal, nesse caso, seria que o gerente pudesse encontrar o equilíbrio entre a oferta e a demanda, pedindo à fábrica apenas os produtos e as quantidades que tivesse certeza de vender. Esse equilíbrio, no entanto, é muito difícil de ser encontrado na vida real. É bom, pois, examinar um diagrama que reproduz a situação:

Esse é exemplo básico de feedback negativo relacionado à economia. É chamado de "lei de oferta e demanda" porque trabalha no sentido de manter o equilíbrio entre a oferta e a procura. Se a oferta é maior que a venda, o feedback trabalha para reduzir a disponibilidade (cancelando os pedidos) ou aumentar a demanda (pela redução de preços), ou ambos, caminhando em direção ao equilíbrio. Se a venda é maior que a oferta, o gerente trabalha no sentido de baixar a demanda (pela majoração de preços) ou elevar a oferta (por meio de novos pedidos), ou ambos, novamente em direção ao equilíbrio.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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6 - Grupos Sociais

Os feedbacks também ajudam a manter a estabilidade de grande número de organizações. Por exemplo, diferentes tipos de grupos sociais precisam de número mínimo de membros para funcionar apropriadamente. Uma igreja precisa da congregação grande o suficiente para pagar o salário dos ministros e administrar suas propriedades. Uma associação de pais precisa de membros suficientes para que possa negociar com os administradores de uma escola. Um clube social ou um grupo de escoteiros precisa e número mínimo de pessoas para que as atividades sociais sejam prazerosas.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.

Um time de futebol precisa de jogadores suficientes para manter onze em campo, caso algum se machuque ou precise ser substituído. Assim por diante...




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Grupos semelhantes têm que recrutar novos membros para substituir os que morrem, mudam-se, encontram outros interesses ou simplesmente se aborrecem e vão embora. Se a quantidade de novos membros é suficiente para substituir os que se foram, não há problema. Porém, se mais pessoas saem do que entram, o tamanho do grupo se reduz e os membros restantes começam a ficar preocupados.

Eles deverão repensar a organização, alertar os membros, sair e tentar convencer as pessoas a participarem, facilitar a entrada no grupo e outras atividades que possam reverter a situação. Devem ainda, tentar descobrir porque as pessoas estão deixando o grupo, na tentativa de reduzir a taxa de evasão. Se um ou mais desses esforços obtiver sucesso, o grupo voltará a ter número satisfatório de membros e, dependendo da situação, as atividades de recrutamento poderão, inclusive, ser suspensas. O resultado é o processo de feedback negativo que procura manter o número de novos associados aproximadamente igual ao de evasão, sustentando o grupo estável.




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7 - Predadores e Presas

As referências anteriores dizem respeito a comunidades humanas; mas a idéia básica aplica-se a outros modelos de comunidades. Exemplos relacionados à ecologia podem ser uma comunidade de plantas e animais, um manguezal ou um lago. O relacionamento entre as diferentes espécies que vivem nessas comunidades naturais é mantido em equilíbrio pelo feedback semelhante ao que mantêm as comunidades humanas estáveis. Um dos feedback mais importantes é o encontrado na relação entre predadores e suas presas, pois é o que mantém estável a população de ambos os animais.

Como exemplo, em alguns países o cervo e o lobo têm convivência muito próxima.

Se algo excepcional ocorre, como inverno muito rigoroso que influa na redução do número de cervos em determinada área, os lobos terão dificuldade em encontrar alimento. Lobos mais velhos e/ou doentes, que sobreviviam até então certamente, irão morrer; lobos mais jovens irão para outras áreas à procura de comida; muitos outros lobos morrerão de doença ou de fome.




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Em tal situação, e como houve redução dos lobos com os quais os cervos se preocupam, boa parte dos cervídeos jovens poderá crescer e viver normalmente. Em conseqüência, existirão muito mais veados adultos em idade de procriação, gerando grande número de descendentes. Se o inverno for brando, a população de cervos será ainda maior, pois muitos não perecerão de frio ou falta de alimento. No entanto, a medida que a população de cervos crescerem tornar-se-á cada vez mais fácil para os lobos encontrarem comida. Predadores que haviam deixado a área começam a retornar, dispostos a se manterem com saúde e alimentados. Em curto período de tempo, com lobos por toda parte, os cervos começarão a ter dificuldades em ficar longe deles. Quando a população de lobos crescerem o suficiente, eles começarão de novo a reduzir a população de veados.

Mais uma vez, com a grande população lupina e pequena de veados, a primeira começará a reduzir-se e a mudar-se novamente, enquanto que a segunda volta a crescer, reiniciando-se o ciclo. O resultado é um loop de feedback simples, que trabalha da seguinte forma: maior quantidade de veados resulta em mais lobos, que implica em menos cervos, que leva a menos lobos e do conseqüente crescimento de cervídeos e de lupinos e assim por diante.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Se alguém imaginar que o sistema é muito cruel em relação aos veados, na realidade não é. O lobo é essencial para a saúde e a manutenção da população de cervos. Quem decidir ir atrás e acabar com aquele bando de "lobos maus" é provável que ponha os veados em situação pior. Rápido, a população irá crescer e, mais cedo ou mais tarde, irá se deparar com a situação de que é grande demais para a quantidade de alimentos disponível no ambiente. Se isso ocorrer, muitos cervos irão perecer, afetando a população como um todo.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Se a fome não constituir problema, a doença inevitavelmente o será. Normalmente, os lobos capturam os cervos mais fracos, com pouca saúde ou que estão começando a ficar doentes. Sem os lobos, os cervos doentes poderiam contaminar os demais membros do grupo. Se a população cresceu tanto que uma área fique superpovoada, crescem as chances de que ocorra uma epidemia. E isso poderia dizimar a população. Desse modo, por mais paradoxal que pareça, os lobos, ao eliminarem animais doentes antes que contaminem os demais membros do grupo, contribuem para a sobrevivência. A eliminação do grupo poderia ser pior para os cervos.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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O modo pelo qual o feedback negativo trabalha pode parecer cruel, mas a estabilidade que ele mantém é essencial para a sobrevivência tanto dos lobos como dos cervos.

Relacionamentos similares, envolvendo organismos vivos, levaram ao termo "equilíbrio ecológico".




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8 - Sistemas Rastreadores

Anteriormente, foram abordados métodos que têm determinado objetivo ou meta fixa. O sistema de resfriamento ou de aquecimento procura atingir a temperatura fixada pelo termostato. O sistema social pretende manter um número de membros suficiente para atingir seus objetivos particulares. Há técnicas, também, que podem rastrear fins específicos. Na verdade, o princípio é o mesmo. Os sistemas recebem feedback para sinalizar o quão distante eles estão de um determinado fim e usam esta informação para reduzir a diferença entre o estado atual e o objetivo a ser alcançado. Não interessa se a diferença implica em mudança no sistema ou nos objetivos a serem alcançados: significa que há diferença e o sistema vai tentar reduzi-la. Por exemplo, você pode economizar energia reduzindo o termostato de seu ar-condicionado durante a noite para compensar o gasto extra durante o dia (que é mais quente) quando é posto em plena potência. O feedback negativo no sistema de resfriamento fará com que ele persiga cada objetivo resultante da mudança, mantendo a temperatura com menor ou maior gasto de energia.

As técnicas rastreadoras podem ser criadas para trabalhar muito mais rápido e eficazmente do que um ser humano poderia imaginar. Os militares usaram essa abordagem durante a Segunda Guerra Mundial para orientar armas antiaéreas por meio de radares. Sistemas semelhantes são utilizados para guiarem mísseis e uma variedade de outros armamentos. Métodos pacíficos permitem aos astronautas acoplar espaçonaves. De fato, atualmente é possível não só desenhar e construir máquinas automatizadas complexas como também controlar fábricas totalmente automatizadas, usando computadores de alta velocidade para controlar milhares de feedbacks negativos ao mesmo tempo.




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Os sistemas de rastreamento referidos têm algo em comum: alguém configurou a maneira pela qual deveriam trabalhar sem depender constantemente da intervenção humana. Entretanto, muitas ferramentas e máquinas necessitam de pessoas para fornecerem feedback e orientarem os conjuntos. Como regra geral, os complexos humano/mecânicos são substituídos por máquinas totalmente automáticas quando o trabalho for simples, repetitivo e mecânico; máquina de baixo custo pode fazê-lo, tanto quanto o trabalho altamente difícil que um ser humano não possa realizá-lo com eficiência. Porém, há condicionantes que levam determinado país a estágio mais automatizado do que outro. Saiba por quê.

No sistema humano/mecânico o homem assume usualmente o lugar da unidade de controle. Por exemplo: é o ciclista, e não a bicicleta, que recebe a informação sobre os progressos do sistema "ciclista-bicicleta" e decide o que fazer em seguida. O mesmo princípio aplica-se a todos os veículos - carros, barcos, aviões, pranchas de surf etc. - bem como a outros sistemas que requerem coordenação.



Por mais estranho que possa parecer a muitas pessoas, os Estados Unidos não são dos países mais automatizados do mundo. Ainda que detenham tecnologia suficiente para fazê-lo, os EUA encontram grande resistência social por parte dos sindicatos nacionais, tradicionalmente fortes, na defesa dos interesses dos trabalhadores; principalmente no que se refere à defesa dos empregos. Desse modo, máquinas que substituem mão-de-obra são vistas como inimigas, pelos sindicatos. Em países como o Japão, que têm política de emprego vitalício, e os do norte europeu (Países Baixos) que com política social de apoio aos desempregados, a automação evoluiu muito mais rapidamente, com máquinas substituindo trabalhadores em atividades perigosas ou insalubres.




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A maioria dessas áreas não demanda discussões mais profundas; quase todos trabalham como no conjunto "ciclista-bicicleta", anteriormente analisado. O indivíduo em questão inicializa o sistema e o guia fazendo uma série de correções para que siga o caminho desejado. Porém, algumas vezes o sistema trabalha tão rápido e de maneira tão precisa que parece impossível haver tempo para que o processo de feedback negativo ocorra. Quer comprovar? Então faça um exercício mental.

Sistemas rastreadores são comuns em sistemas sociais e ecológicos. Um girassol acompanha a luz do sol como se fosse um coletor solar e um um morcego rastreia um inseto com a precisão de um míssil inteligente. Políticos aprendem rapidamente a rastrear mudanças na opinião pública se desejam ser reeleitos. Empresas aprendem a rastrear mudanças nos hábitos de consumo dos indivíduos, ou irão a falência. E assim por diante.



Imagine que está disputando uma partida de tênis de mesa (ping-pong). Você não pára a cada jogada para calcular a posição em que vai responder ao lance do adversário, medindo a velocidade e a direção da bola. Você simplesmente bate com a raquete; não é mesmo? Embora tal pareça automático, máquinas fotográficas de alta velocidade e análise cuidadosa de medidas mostram que são feitas dezenas de pequenas correções com os músculos de seu braço e de seu corpo, em frações de segundo, para responder corretamente a uma jogada. Se não acredita, experimente bloquear algumas das possibilidades de feedback, fechando os olhos, por exemplo. Você pode até acertar algumas bolas, mas a maioria irá se perder.




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Pode ser interessante, agora, fazer um resumo dos exemplos de feedbacks negativos examinados até aqui. A lista a seguir divide os exemplos em categorias e sugere outros usos dos feedbacks negativos. Não se preocupe se alguns não lhe forem familiares, mas tente reconhecer os feedbacks de cada um deles e pense em alguns exemplos adicionais para cada categoria.

Sistemas
Sistemas mencionados
Outros exemplos
Mecânicos
Termostato
Válvulas flutuantes
Armas guiadas por radar
Veículos espaciais
Piloto automático de um avião
Controle automático de Freqüência em rádios FM Radares fixos
Humano-Mecânicos Veículos e máquinas não automáticas Todas as máquinas não automáticas
Biológicos
Temperatura do corpo
Sede
Girassol
Morcego
Fome
Açúcar no sangue
Pressão sangüínea Tamanho da íris
Sono
Ecológicos
Lobos e cervos
População e Comida População e Doenças
População e stress
Plantas e gás carbônico
Sociais
Membros de grupos Oferta e Demanda, Políticos e Opinião Pública, Empresas e Hábitos de Compra

Estratégias no futebol Eleições e Bolsa de Valores
Liberdade de imprensa




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Há poucos exemplos diferenciados de como os feedbacks negativos promovem a estabilidade de um grande número de sistemas em nosso ambiente. Embora a mudança seja a única certeza nos dias atuais, o resultado dela não é o caos. A razão para tanto é que o planeta, enquanto existir, é amparado por sistemas capazes de tratar as mudanças usando os feedbacks negativos. O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 aos EUA (condenado por grande parte do mundo) pode ser visto como feedback negativo à hegemonia americana sobre as demais nações e ao sistema de globalização.

Cabe-nos a tarefa de analisar sistematicamente os efeitos de tal ato e da reação a ele, a fim de anteciparmos-nos a futuras mudanças no quadro político e econômico.

Lembre-se: Os sistemas dependem de seus feedbacks negativos para sua própria sobrevivência.




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Resumo

O mundo está repleto de mudanças. Porém, os feedbacks negativos ajudam a se manterem estáveis. Vários exemplos demonstram a atuação desses feedbacks:

  • Mecanismo dos mais comuns, que apresenta feedback negativo, é o termostato, que atua mantendo estável a temperatura de determinado ambiente. É utilizado em ar-condicionados, geladeiras, fornos, sistemas de resfriamento de automóveis etc.
  • Os seres humanos possuem termostatos biológicos que mantêm a temperatura corporal, independentemente da temperatura externa.
  • Mecanismos simples, baratos e fáceis de construir são as válvulas flutuantes, que poupam as pessoas de muito trabalho. São utilizados para manterem estáveis, por exemplo, o nível de água de uma represa ou reservatório ou a caixa d'água de uma casa.
  • As pessoas e outros seres vivos têm sistemas que controlam a quantidade de água em seus corpos. Quando falta água no organismo, sentimos sede. À medida que se bebe água, em determinado momento surge a sensação de saciedade, o que indica que já bebeu água o suficiente. É mecanismo semelhante às válvulas flutuantes.
  • Os estoques de uma loja são controlados pela "lei de oferta e da demanda", que trabalha no sentido de manter o equilíbrio entre a oferta e a procura.
  • Os grupos sociais necessitam de número mínimo de membros para sobreviverem. Para tanto, precisam desenvolver ações, no sentido de substituir os membros que deixam o grupo, independente do motivo.
  • Os predadores e as presas necessitam um do outro para sobreviverem. Como exemplo, os lobos mantêm a população de cervos sob controle, evitando a superpopulação e a propagação de doenças. Os lobos, por sua vez, têm sua população controlada pela quantidade de alimentos (cervos) disponíveis.
  • Os métodos rastreadores procuram reduzir a diferença entre o estado atual, em que se encontram, e o objetivo a ser alcançado; são comuns em sistemas sociais e ecológicos. Um girassol acompanha a luz do Sol como se fosse um coletor solar e um morcego segue um inseto com a precisão de um míssil. Políticos aprendem rapidamente a rastrear mudanças na opinião pública se desejam ser reeleitos. Empresas aprendem a analisar mudanças dos hábitos de consumo dos indivíduos, para escapar à falência. E assim por diante.



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1 - Sistemas Ativos

Os feedbacks negativos são universais e fazem com que diferentes sistemas se comportem da mesma forma. O presente módulo vai analisar alguns deles, para ter idéia melhor do que observar, quando o objeto de estudos fizer algo ao nosso redor.

É importante, sobre a auto-estabilização dos sistemas, que eles assumam postura ativa ante às mudanças, ou seja, que eles não se fechem e ignorem as mudanças que os atingem. O atleta que montar sua mountain bike e for passear por uma trilha cheia de obstáculos, a bicicleta não vai fazer nada para aumentar sua estabilidade.

Ao deparar-se com uma descida íngreme e cheia de pedras, a bicicleta (com o ciclista) poderá se descontrolar e cair. Se o piloto for habilidoso, entretanto, saberá como enfrentar os obstáculos, agindo com eficiência para manter a estabilidade da máquina. Outros sistemas se comportam da mesma maneira, reagindo contra as mudanças.



Tipo de bicicleta projetada para percorrer terrenos de terra irregulares (trilhas).




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Contudo, resposta ativa a mudança exige o uso de energia. Algumas vezes, os sistemas obtêm energia de que precisam extraindo-a das mesmas forças que tentam provocar a mudança.

Por exemplo, máquinas que aproveitam a energia eólica, como o cata-vento utilizam o próprio ar em movimento para pressionar-lhe a cauda, a fim de manter as hélices voltadas para o vento.




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Outros sistemas obtêm energia de outros lugares e, boa parte deles, tem capacidade de armazenar parte dessa energia durante certo tempo. Seres vivos, por exemplo, obtêm energia da luz do Sol e dos alimentos, armazenando-a para uso posterior.

Por meios mecânicos, também, se pode armazenar energia. É o caso do botijão de gás, da eletricidade de uma bateria e da ligação a uma tomada que, por sua vez, está conectada ao sistema de armazenamento de uma empresa de eletricidade.




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Quase todos os sistemas são ativos, em sentido importante: eles continuam funcionais e aptos a usar energia, mesmo quando não precisam responder a eventos do ambiente em que estão inseridos. Um carro e um ar-condicionado podem ser desligados por período de tempo e voltar a funcionar depois. O mesmo se aplica aos sistemas vivos. Algumas sementes podem aguardar durante décadas, até que as condições para germinar sejam ideais; animais microscópicos podem ser congelados e tornar suas funções ativas depois de certo período.




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Porém muitos sistemas precisam permanecer ativos para não morrer. Quando dormimos, é como se estivéssemos trabalhando em "marcha lenta", porém não "desligados". Nosso coração continua a bater, nossa respiração fica mais lenta, nosso estômago continua a digerir os alimentos, nossos músculos se movem, nossas células continuam a executar suas complexas tarefas e nosso cérebro se mantém sob constante atividade elétrica. E, quando acordamos, os estímulos do ambiente externo nos tornam completamente ativos novamente.




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Como regra geral, por mais complexo que seja o sistema, a energia que despende é para manter a si mesmo e para realizar mudanças no ambiente. A minhoca emprega mais energia que um pé de repolho; o sapo gasta mais que a minhoca; o gato consome mais que o sapo.

O gato é, também, muito mais ativo na busca e geração de estímulos, empregando grande parte de energia para satisfazer sua curiosidade ou para brincar.




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Mas o que foi dito é, também, válido para sistemas sociais? Parece que sim. Compare a economia de uma pequena cidade do interior - onde todos estão ocupados com seus próprios afazeres - com a de uma metrópole, com bancos, bibliotecários, contadores, professores, corretores, advogados, empresas, negócios e a profusão de produtos e serviços de lazer.

Compare a estrutura de segurança de um Estado, como o Rio de Janeiro, com a de um clube. Nos dois casos, os sistemas de maior complexidade têm de despender muito mais energia para processar informações e manter a si próprios. O clube pode fechar no fim-de-semana, enquanto o mesmo não pode ocorrer com a cidade ou o Estado.




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2 - Limitações dos Sistemas

Existem limites à quantidade e a tipos de mudança com os quais o sistema pode lidar. Uma espécie de falha ocorre quando fortes pressões (stress) permanecem atuando sobre qualquer sistema durante longo tempo, o que faz com que reservas sejam exauridas. Como exemplo, armazenamos energia em nossos corpos e a usamos gradualmente durante o decorrer do tempo. Se ficarmos em lugar quente por muito tempo, quase todas as nossas reservas de energia serão utilizadas e nosso sistema de controle de temperatura poderá entrar em colapso. Se, pelo contrário, estivermos em local frio, usaremos a energia para aquecer nossos corpos. Porém, se a energia se acabar e não formos rapidamente aquecidos, podemos perder a consciência e morrer. É a chamada "morte por exposição".

De modo similar, a temperatura de nosso corpo se manterá estável mesmo quando o ar estiver extremamente quente, mas... somente por curto período. Quando determinado limite é ultrapassado, nosso sistema de controle de temperatura pára de funcionar, deixamos de transpirar, e a temperatura do corpo sobe descontroladamente. Isso é denominado "choque térmico" e é fatal, a menos que providências imediatas sejam tomadas, no sentido de reduzir sua temperatura.

Muitos sistemas com feedback negativo são muito estáveis em grande número de situações, mas falham abruptamente quando exigidos além de seus limites. É extremamente importante conhecer/reconhecer tais limites.




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3 - Sistemas Pouco Precisos

Outra característica de auto-estabilização dos sistemas é a de que o feedback negativo não prevê mudanças; apenas responde às modificações e tenta mantê-las sob controle. O resultado é um comportamento "oscilante", como se o sistema se dirigisse a determinado objetivo, perdesse o rumo, retomasse novamente a direção do objetivo, perdesse novamente o rumo e assim por diante. Em alguns casos, a oscilação é tão pequena que se torna praticamente impossível percebê-la; porém ela existe. Em outras situações, a oscilação é tão evidente que se tem a sensação de que o sistema não é preciso.

Sistemas pouco precisos não são necessariamente ruins: são normalmente mais baratos e mais robustos, mais capazes de lidar com grandes mudanças no ambiente que os de maior precisão. O termostato rudimentar pode manter a temperatura de um ambiente variando em dois ou três graus e custar por volta de trinta reais, enquanto um sistema super-preciso, para manter a temperatura de um laboratório variando poucos décimos de um grau, poderá custar três vezes mais. Outro exemplo pode ser realizado facilmente em sua casa.


Trace um círculo, utilizando compasso numa folha de papel. Em seguida, com tesoura, corte o círculo. Mais cedo ou mais tarde, à medida que o papel é cortado, verá que as lâminas da tesoura se desviam da linha tracejada pelo compasso. Quando isso acontecer é natural que você tente guiar as lâminas da tesoura ao curso original; porém, continuando os movimentos de retomada, pequenas arestas de papel restarão ao redor da linha do círculo. Se você desejar um trabalho de qualidade verá que é necessário muito mais esforço, concentração e tempo para realizá-lo. Mesmo assim, ao terminar, verá que sobraram mínimas, porém perceptíveis, arestas em volta do círculo.




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Outro exemplo: como lidar com os altos índices de criminalidade em nosso meio social? De modo geral, espera-se que um crime seja cometido para depois caçar e prender os criminosos, na esperança de que a punição evite que os indivíduos cometam mais crimes. Essa idéia é reproduzida no diagrama a seguir:

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.

Não seria melhor prevenir os crimes de acontecerem? Mas, para tanto, seria necessário montar esquemas de segurança e vigilância para toda a sociedade. O custo seria altíssimo, e muitas pessoas reclamariam da perda de privacidade.




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Isso não quer dizer que não existam feedback negativos mais eficientes; eles existem. Muitos sistemas aparentam ser pouco precisos, mas funcionam da maneira a mais eficiente possível.

Nesses casos, o feedback negativo deixa sua marca em padrão de mudança/resposta... mudança/resposta... mudança/resposta e assim por diante. Todas as vezes que você encontrar essa espécie de comportamento cíclico (ou em zig-zag) num sistema, como o da figura, esteja certo de que há um feedback negativo atuando nele.




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4 - Tempo de Reação

Os feedbacks negativos também têm certos limites que lhes afetam o comportamento. Um dos mais importantes é o "tempo de reação", que pode ser definido como a quantidade mínima de tempo para que o feedback complete um ciclo. Suponha, por exemplo, que alguém lhe espete o braço com algo pontiagudo. O tempo de reação, nesse caso, é entre a percepção da dor e o movimento de seu braço para colocar-se rapidamente fora do alcance do objeto pontiagudo.




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O tempo de reação para o reflexo de dor é muito curto, poucos décimos de segundos. Algo mais complicado e menos urgente é a reação a um sinal de trânsito, que exige pensar conscientemente sobre a decisão a tomar. Alguns sistemas mecânicos, especialmente os eletrônicos, são dotados de tempos de reação muito curtos; outros são mais lentos. O ciclo de resfriamento de um ambiente pelo ar-condicionado é relativamente longo porque o ar frio demora a atingir o termostato. Um sistema social, em geral, tende a reações muito lentas. Uma empresa pode levar semanas ou meses para reagir a mudanças nos padrões de consumo. Os sistemas políticos, às vezes, demoram meses ou anos para reagir a modificações na política.

O tempo de reação é importante. Se for muito lento, transformações podem destruir ou danificar o sistema, antes que lhe seja possível responder. Quando representamos graficamente um ciclo, o momento de reação é o intervalo mínimo de sucessão entre cada uma das situações apresentadas e ligadas pelas setas. Desse modo, observando-se setas e estimando-se o intervalo, pode-se, na maioria das vezes, encontrar o menor período de tempo com o qual um sistema pode lidar.

Para manter a integridade humana possuímos um dispositivo que abrevia o tempo de reação em situação de perigo. Utilizamos o ato reflexo para sairmos imediatamente de uma situação de perigo e, somente após, raciocinar sobre o que realmente afetou a nossa integridade.

Por exemplo, quando um bebê aproxima-se de uma vela acesa, sob ausência de conhecimento prévio, seu primeiro reflexo será retirar imediatamente a mão, para instantes após sentir a dor e depois aprender com as conseqüências negativas de sua atitude.



Os atos reflexos são movimentos involuntários comandados pela substância cinzenta da medula, antes dos impulsos nervosos chegarem ao cérebro.




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Se o tempo de reação entre dois eventos for maior que os demais eventos associados, temos que enfatizar o atraso existente. Por exemplos se “A” causa “B”, “B” causa “C” e “C” causa A com um tempo de reação superior aos eventos anteriores representamos esse atraso com duas retas paralelas que intersectam a seta.

Os atos reflexos são movimentos involuntários comandados pela substância cinzenta da medula, antes dos impulsos nervosos chegarem ao cérebro.



Representação do atraso no Vensim:
Clique com o botão direito do mouse na ponta da seta para representar o atraso e ative a opção delay mark.




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5 - Antecipação

Muita vez, os sistemas demoram a responder, apesar de perceberem as mudanças. Pode-se perceber um marimbondo e ignorá-lo até que ele tente dar uma picada, quando vem a reação de tentar matá-lo.
Porém, se o problema for uma onça, tem-se de encontrar meio de dar uma resposta mais rápida e é possível que a mais rápida solução não livre da transformação em almoço.




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Sistemas lidam com problemas como esse, reagindo a sinais do ambiente; ou seja, eventos que o alertam sobre determinado problema que pode acontecer. Antes que a onça ataque, você pode ter a oportunidade de vê-la, ouvir seu rugido ou sentir seu cheiro, fugindo o mais rápido possível. Isso é um feedback negativo, e o tempo de reação é importante. Porém o ciclo representado baseia-se mais no sinal de alerta do que no fato em si:

O tempo de reação no sistema representado na figura da esquerda tem 3 partes: o tempo para o sinal de dor atravessar os nervos após a picada do marimbondo, o tempo necessário para decidir qual a melhor resposta e o tempo para matar ou se livrar do marimbondo.

O tempo de reação no sistema representado na figura da direita tem três partes: do início do perigo até o primeiro sinal surgir, do sinal de perigo até a decisão de como reagir, e da decisão até o final da execução da ação referente à decisão escolhida.




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Estar apto a reagir a sinais de perigo depende da sensibilidade dos sentidos (principalmente visão, audição, olfato) e da habilidade de interpretar as informações captadas. Isso permite evitar-se uma série de perigos; porém o fato de ter melhor cérebro do que sentidos sensíveis dá ao homem vantagem em relação aos animais.

Vamos realizar um experimento para avaliar o seu tempo de reação:

Imagine que você está dirigindo e está escutando a música que você mais gosta.
De repente, você vê um semáforo logo à frente há poucos metros do seu carro.
Você tentará pisar no freio e reduzir a velocidade de seu carro.

Mas, realmente há uma espera de tempo pequena antes de você pisar no freio (seu tempo de reação).

Durante aquele período de tempo, seu carro está movendo ainda à mesma velocidade.

Portanto se você não quer que algo MUITO RUIM aconteça, mantenha uma boa distância entre a frente de seu carro e a parte traseira do carro da frente...

Que tal praticar um pouco?



Tempo de reação é o lapso de tempo entre observação e o começo de resposta.




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Clique em Iniciar para começar a animação. Clique em Freio para parar o carro.
A espera de tempo entre a luz vermelha e o momento em que você clica o botão de freio será mostrado no campo espera + freio.
Também são mostradas as distâncias que o carro percorreu.
Repita o experimento buscando reduzir seu tempo de reação (Reajustar).
Parâmetros que você pode mudar:
Velocidade inicial do carro: valor inicial é 72 km/h = 20 m/s.
Você pode selecionar a unidade para a velocidade (km/h, mile/h ou m/s).
Coeficiente de fricção de pneus na estrada: valor inicial é 0.8 (estrada seca), que pode ser alterado para 0.5 (estrada molhada) ou 0.02 (sob neve).




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O mesmo processo pode ser usado para promover a estabilidade dos sistemas sociais. Se um país espera ser atacado para depois mobilizar suas defesas, pode se ver em sérios problemas.

Uma razão para que os sistemas tenham tempos de reação inadequados é que seus feedbacks negativos respondem mais aos problemas do que aos avisos sobre os problemas. Isso é particularmente verdadeiro para os sistemas políticos, quando fazem intervenções nos sistemas econômicos e ecológicos.




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6 - Sistemas Contraditórios

Os feedbacks negativos, muitas vezes, produzem comportamentos aparentemente opostos ao senso comum, contraditórios. No exemplo do relacionamento predador-presa, ao eliminar os cervos doentes, os lobos auxiliam na preservação da espécie que os alimenta. Uma situação semelhante acontece quando o agricultor tenta eliminar uma praga. Muitos insetos nocivos às lavouras possuem predadores que os mantém naturalmente sob controle.

Infelizmente, muitos pesticidas matam as pragas e também os predadores. Desse modo, é muito provável que a praga retorne e não encontre predadores naturais, ocorrendo verdadeira "explosão" de insetos. O agricultor poderá, no caso, encontrar-se em situação pior do que antes.




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Há muitas outras situações em que a solução de um problema parece óbvia, mas não funciona ou causa mais prejuízo do que auxilia. Como exemplo, suponha que várias pessoas resolvem mudar-se para mesma cidade do interior, devido à implantação de uma grande fábrica na região. De momento para o outro, a cidade assiste à chegada de pessoas procurando por um lugar para morar, sem que existam casas disponíveis, o suficiente. Proprietários de imóveis alugam as suas casas por preços cada vez maiores e o arrendamento passa a ser visto como negócio muito lucrativo, o que leva as pessoas a investirem suas economias na construção ou reforma de casas para aluguel. Por um momento, os custos de moradia permanecerão altos, o que não é bom; porém, assim que a oferta de novas casas aumentarem, o preço dos aluguéis tende a cair.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Entretanto, pessoas com visão de curto prazo podem pressionar as autoridades e exigir que elas façam "alguma coisa". Os políticos decidem, então, que o melhor é redigir uma lei para controlar o preço dos aluguéis, mantendo-os em patamares inferiores. Esse controle da locação, contudo, fará com que as pessoas deixem de usar suas economias para construir e reformar; é possível mesmo que abandonem a manutenção dos imóveis existentes.

Resultado é menor oferta de casas para moradia que poderá afetar inclusive a implantação da fábrica no município. Exemplos são os chamados "Plano Cruzado" e "Plano Verão", com os quais o governo brasileiro tentou por duas vezes controlar os preços das mercadorias; foram os chamados choques heterodoxos. Não se trata de defender, ou não, a liberalidade dos mercados, a intervenção ou não do Estado na economia, mas de demonstrar que soluções "óbvias", de curto prazo e sem avaliação sistêmica de seus efeitos, normalmente são perigosas, podendo causar prejuízos a muitas pessoas e ao próprio sistema.




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Outro exemplo é que milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de "pressão alta". A pressão sangüínea, em condições normais, é controlada por um feedback negativo que a deixa entre os parâmetros considerados normais. Quando se sente medo, o sangue produz substâncias químicas que alteram o controle, fixam parâmetros superiores para a pressão. É algo parecido com ajustar o termostato do ar-condicionado para que a temperatura do ambiente se eleve. Quando o indivíduo entra em relaxamento, sua pressão retorna ao patamar normal, mais seguro.

Algumas vezes, entretanto, fatores externos fazem com que esse mecanismo regulador da pressão se altere, e a pressão permaneça alta. Isso ocorre em processo de stress intenso e constante, alimentação inadequada, sedentarismo, álcool e fumo. Quando tal acontece, o problema poderia ser resolvido com a eliminação dos fatores causadores, o que muitos médicos chamam de "mudanças nos hábitos de vida", ou pelo consumo de remédios reguladores da pressão.




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O corpo dispõe de muitos outros sistemas que podem afetar a pressão do sangue. Um deles envolve os rins, que retiram do sangue produtos nocivos ao organismo. Se uma quantidade suficiente de sangue não passar pelos rins, pode ocorrer envenenamento pelo próprio sangue. Para evitar que isso aconteça, um dos mecanismos de ação que o corpo utiliza é aumentar a pressão sangüínea, de modo que sangue suficiente seja filtrado pelos rins.

Considere agora a hipótese de que alguma coisa dificulta a passagem do sangue nas artérias que o conduz aos rins. O efeito é parecido com a dobra na mangueira utilizada para regar um jardim: o fluxo de água (ou sangue, no caso) se reduz. A reação do corpo será aumentar a pressão para que sangue suficiente chegue até os rins, o que poderá causar outros problemas, embora mantenha a pessoa viva.




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Imagine o que acontece quando o portador de pressão alta procura o médico. Uma vez que o problema é pressão arterial elevada, a solução óbvia será dar a essa pessoa algum medicamento para reduzi-la. O remédio reduz a pressão mas, ao mesmo tempo, faz com que o fluxo de sangue para os rins seja diminuído, fazendo aumentar a concentração de elementos tóxicos no sangue, o que leva a pressão da pessoa voltar a aumentar novamente. Se o médico decide dar à pessoa uma dose ainda maior do medicamento, isso fará com que o corpo reaja com mais intensidade, gerando verdadeira "guerra" entre ele e o medicamento. Se o remédio vencer, a pessoa poderá morrer envenenada pelo seu próprio sangue.

Imagine, agora, que o médico tenha noções de efeitos sistêmicos e procure saber o motivo pelo qual o medicamento não está fazendo efeito. Por meio de uma tomografia, ele localiza estreitamento na artéria renal que é retirado cirurgicamente, fazendo com que o paciente retorne à vida normal.

É muito importante enfatizar esse ponto: se uma solução óbvia não está funcionando é porque o feedback negativo do sistema está atuando no sentido de cancelar a intervenção externa.

De fato, como foi relatado, a solução óbvia pode fazer com que as coisas piorem ainda mais. Lembre: se tentar mudar determinada situação controlada por um feedback negativo, é muito melhor tentar mexer na maneira com que os componentes interagem no sistema do que apelar para a força bruta, gerando "guerra". Porém isso pressupõe que se conheça primeiramente tanto o sistema quanto o seu funcionamento.




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7 - Sistemas Ocultos

Mesmo que se compreenda como o feedback negativo atua, algumas vezes é muito difícil prever como determinado sistema vai reagir à mudança, porque os feedbacks negativos podem estar ocultos à nossa visão de mundo. Os habitantes de um vilarejo, na África, tiveram problemas com os hipopótamos que vinham de um rio próximo e comiam seus jardins. Mas, quando eles mataram tais hipopótamos, muitos dos habitantes ficaram doentes. Ninguém conseguiu entender o motivo, até que um cientista local descobriu a correlação.

A doença era causada por um organismo que proliferava no musgo, ao longo do rio. Quando os hipopótamos caminham sobre o musgo eliminam grande parte dos ovos desse organismo, mantendo-lhe a população sob controle. Quando os hipopótamos se foram, o organismo pode se reproduzir livremente, com desastroso efeito sobre a saúde da população.




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Outro exemplo, que causou prejuízos a milhões de pessoas, ocorreu nos Estados Unidos, em 1929, quando o Congresso americano decidiu impor pesadas tarifas aos produtos estrangeiros. Os investidores começaram a vender rapidamente suas participações (ações) em empresas que dependiam direta ou indiretamente de importações e exportações. Esse procedimento, conhecido como "Ato das tarifas", ajudou a disparar o gatilho que levou à terrível crise econômica daquele ano.

As pessoas não faziam a ligação entre os dois fatos, embora as notícias estivessem espelhadas nas capas dos principais jornais. Se o "Ato das tarifas" ajudou na quebra da economia, essa poderá ter sido uma das piores decisões da história, pois levou à chamada "Grande Depressão" que, por sua vez, ajudou Hitler a tomar o poder na Alemanha, resultando, diretamente, na Segunda Grande Guerra Mundial. Conexões como essas, ligando o livre comércio à estabilidade econômica e política, são difíceis de serem percebidas.




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8 - Sistemas Vulneráveis

Mesmo o mais obstinado feedback negativo é usualmente vulnerável a fatos que interferem nas informações passadas por meio de seu ciclo. Por exemplo, uma brisa tão suave, que não seja nem mesmo percebida, pode fazer com que um ciclista perca o equilíbrio se ela atingir seus olhos com poeira. Ao forçar o ciclista a fechar os olhos, a brisa reduz o fluxo de informações para o cérebro, colocando o sistema em pane, independentemente de quão forte seja o ocupante da bicicleta. De maneira similar, venenos que atacam o sistema nervoso de um ser humano são potencialmente letais, porque atacam o sistema de comunicação do organismo.

A censura à imprensa é perigosa para a democracia, pela mesma razão: ela perturba o fluxo de informações de que as pessoas necessitam para tomar decisões inteligentes.

Entretanto, essa vulnerabilidade pode ser usada de maneira proveitosa, quando o objetivo é mudar a maneira como um sistema está reagindo. Se soluções óbvias não funcionam, é bom localizar os feedbacks negativos que causam problemas, a fim de encontrar uma maneira de, indiretamente, mudar seu comportamento.




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Imagine que está hospedado num quarto de hotel com ar-condicionado e, durante a madrugada, ao tentar diminuir a intensidade do ar frio, que está lhe incomodando, o controle de temperatura se quebre. Você desliga o aparelho, porém, minutos depois, o quarto fica tão quente que é impossível dormir. Uma aparente solução seria ligar o ar-condicionado até o ambiente esfriar o suficiente e, em seguida, colocar um saco de plástico com pedras de gelo em cima do termostato e desligá-lo. O frio extra faria com que o termostato permanecesse desligado até o completo derretimento do gelo, quando então voltaria a funcionar, tendo em vista que o ambiente teria se aquecido novamente.

Muito bem! Essa é uma solução pouco prática e difícil de ser controlada. Porém é clara a vulnerabilidade do sistema: acrescentar-se-ia frio ao sistema para o ambiente não esfriar! Da mesma forma, se o ambiente estivesse muito aquecido, seria possível colocar uma lâmpada quente do abajur próximo ao termostato e, novamente, a vulnerabilidade seria contraditória: adicionar-se-ia calor ao sistema, para esfriar o ambiente!




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O agricultor poderá usar proteção semelhante para solucionar seus problemas de praga na lavoura. Quando ele tenta solucionar o problema com pesticidas, acaba matando também os predadores; as pragas retornam com maior intensidade. Qual poderia ser, então, a solução sistêmica para o problema?

Controlar as pragas, aumentando indiretamente o número de predadores, é uma das soluções buscadas por muitas pessoas.

Para tanto, convém construir abrigos para pássaros que comem determinados tipos de insetos. Poderia ser solução coletar louva-deuses e joaninhas e colocá-los nas hortas e jardins. Esses dois insetos comem muitas outras espécies de insetos que se alimentam de verduras e outras plantas.




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Concluindo, é conveniente salientar a importância da abordagem analítica dos problemas de sistemas. Sem essa análise, pessoas que tentam solucionar problemas ou improvisar resultados muitas vezes encontram "soluções" que não funcionam ou que pioram ainda mais a situação.

Desde que as soluções parecem lógicas, à luz da filosofia cartesiana, surpreende quando elas não funcionam e, usualmente, acabam por intensificar ações contra o sistema. A frustração pode dizer que o sistema é basicamente ruim ou utilizar de violência contra ele. Há quem acredite que o mundo conspira contra as soluções.




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Pensadores sistêmicos, por sua vez, compreendem que todos os sistemas estáveis possuem, por definição, meios de resistir às mudanças. Em vez de simplesmente irem contra o sistema, eles o estudam cuidadosamente para compreender os feedbacks negativos e onde o sistema é vulnerável.

Uma solução sistêmica pode ser difícil, até mesmo para outras pessoas entenderem; mas causa menos danos e é muito mais satisfatória.




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Os Sistemas contraditórios, ocultos ou vulneráveis são as essências do pensamento sistêmico. Existem diversos exemplos na literatura comprovando que raciocínio reducionista ou a análise parcial de uma realidade pode gerar efeitos inesperados, devido aos feedbacks ignorados.

Uma notícia publicada pela BBC, a câmara Flintshire, do País de Gales, resolveu substituir o sal, habitualmente utilizado nas estradas para ajudar a derreter a neve e aumentar o atrito, por uma mistura à base de açúcar e cereal que reduziria a corrosão nos veículos. Ora tudo estava bem até que as ovelhas, que abundam na região, decidiram que a estrada era saborosa demais para ser ignorada e nem se afastavam com o aproximar dos carros. E quem as pode culpar?

Os olhares acusadores deveriam ser dirigidos para quem teve esta brilhante idéia sem ter pensado seriamente nas conseqüências e no impacto nos outros elementos do sistema...



BBC: Sweet-toothed sheep block roads

Sweet-toothed sheep are hampering attempts to defrost icy roads - by eating the sugar-based grit.
Flocks of sheep have been spotted licking the roads on Halkyn mountain, Flintshire, since the council began using a sugar base to help grit stick.

Local resident Elfed Evans said the animals were refusing to move for traffic as they tucked in to the treat.

Flintshire council said sheep were also attracted to salt grits, which are more corrosive than the new sugar variety.

The new type of grit is made from sugar, starch and cereal.

Resident Elfed Evans said he had spotted dozens of sheep licking the grit off the road during the recent cold snap.

He added: "As soon as the gritter goes past they converge on the road licking off the grit.

"The sheep seem to be addicted to the sweet salt and refuse to move when cars approach."

Cost-effective

A spokesman for Flintshire council said they were aware of the situation.

He added: "The environmental advantages of using this product is that it is less corrosive to vehicles and the road infrastructure generally.

"The current operational procedures used in Flintshire have identified that the use of this product is cost-effective, particularly when used in conjunction with our storage and spreading facilities.

"We note the concerns in relation to the sheep on Halkyn Mountain and traffic, but it is known that they can also be attracted to the taste of the basic rock salt."




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Módulo 04 - Padrões de Comportamento dos Sistemas
 

Resumo

  • Algo importante sobre a auto-estabilização dos sistemas é que eles assumem postura ativa perante as mudanças; ou seja, não se fecham e ignoram as mudanças ao redor deles. Contudo uma resposta ativa à mudança exige o uso de energia. Os sistemas buscam energia de diferentes fontes; algumas vezes, das próprias forças que tentam modificá-los.
  • Os sistemas têm limites: às vezes, a quantidade ou o tipo de mudança pode levar o sistema ao stress. É extremamente importante conhecer esses limites, para evitar pane nos sistemas, gerando prejuízos.
  • Sistemas pouco exatos não são necessariamente ruins. Pelo contrário, são mais baratos, robustos e capazes de lidar com grandes mudanças no ambiente do que os mais precisos.
  • O tempo de reação dos sistemas é muito importante. Se for muito lento, mudanças podem destruir ou danificar o sistema, antes que ele possa reagir.
  • A antecipação é ferramenta que os sistemas usam para proteger-se. Isso envolve atenção o tempo todo, aos sinais do ambiente em que estão inseridos. A antecipação permite que os sistemas possam reagir, antes que problema potencial surja.
  • Se uma solução óbvia não está funcionando é porque o feedback negativo do sistema está atuando no sentido de cancelar a intervenção externa. A solução óbvia pode fazer com que as coisas piorem. Lembre-se: se tentar mudar uma determinada situação controlada por um feedback negativo, é muito melhor tentar mexer na maneira com que os componentes interagem no sistema do que apelar para a força bruta.
  • Alguns sistemas têm comportamento aparentemente contraditório. Desse modo, é importante conhecer-lhes muito bem o comportamento, antes de intervir neles.



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Módulo 5

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Módulo 05 - Mudança e Crescimento
 

1 - Feedback

Os feedbacks negativos proporcionam estabilidade para os sistemas em nosso ambiente. Como então ocorre a mudança e o crescimento?

Algumas mudanças ocorrem quando um feedback negativo deixa de funcionar. Outras mudanças são resultados da ação dos próprios feedbacks negativos, quando eles tentam se adaptar a mudanças ocorridas em outras partes do ambiente em que estão inseridos, ou funcionam com atrasos, forçando o sistema a atuar além do seu limite, degenerando-o e modificando-o.

Exemplos:

(1) Uma pessoa tem uma insolação

(2) Um sistema social se torna instável e entra em colapso

E, finalmente, algumas mudanças ocorrem probabilisticamente, como ganhar sozinho na loteria ou a erupção de vulcão. Mas a maior chance de mudança tem origem em uma espécie completamente diferente de feedback, o chamado "feedback positivo".




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Módulo 05 - Mudança e Crescimento
 

Os feedbacks ocorrem quando uma mudança em uma parte de um sistema afeta o sistema como um todo o que, por sua vez, "retroalimenta" o sistema e afeta o componente que deu origem à mudança. Feedbacks negativos trabalham no sentido de eliminar, negar ou cancelar as mudanças.

Quando uma parte do sistema se desvia do objetivo, o ciclo de feedback negativo busca trazê-lo de volta. Mas o que acontece se o feedback fizer exatamente o inverso e, a cada mudança no sistema, "retroalimentar" o mesmo no sentido de causar mudanças ainda maiores?

Inicia-se um processo de mudança seguido por novas mudanças até que algo interrompa o ciclo. Esse processo é denominado de "feedback positivo" porque ele aumenta, amplifica ou causa alguma perturbação no sistema.

Quem de nós já não esteve em um espetáculo ou em uma palestra e ficamos incomodados ou até assustados com o terrível barulho de uma microfonia? A microfonia é causada por um ciclo de feedback positivo. Um microfone captura o som e o converte em um sinal elétrico.

O sinal é então multiplicado em intensidade pelo amplificador e emitido por meio de uma caixa acústica que dispersa o som pelo ambiente. Eventualmente, uma quantidade desse som pode retornar ao microfone, principalmente se ele estiver próximo da caixa acústica. Como este som que atingiu o microfone é mais forte que o som original, ele é convertido em um sinal elétrico de maior intensidade em direção ao amplificador.




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Módulo 05 - Mudança e Crescimento
 

O amplificador irá aumentar ainda mais a intensidade do sinal que sairá pelas caixas acústicas. O ruído produzido irá atingir novamente o microfone ainda com maior intensidade. Cada vez que percorre esse ciclo, o ruído será multiplicado várias vezes em sua intensidade até que as caixas acústicas produzam o máximo de barulho possível. Em outras palavras, cada vez que o sistema é retroalimentado produz mais mudança.

O som e a eletricidade têm uma velocidade tão grande que um sinal pode percorrer esse feedback positivo milhares de vezes em um segundo. O barulho parece encontrar seu ápice quase que instantaneamente. Uma vez que a microfonia ocorra, ela irá continuar até que alguém faça algum tipo de intervenção ou o equipamento se danifique.

Para eliminá-la devemos interromper o ciclo de feedback. Não é necessário desligar o amplificador para isso, basta cobrir o microfone com as mãos ou levá-lo para longe da caixa acústica. Na verdade, é necessário uma ação que faça com que o feedback positivo seja interrompido.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Módulo 05 - Mudança e Crescimento
 

Embora esse ciclo ocorra de uma maneira muito mais lenta do que um amplificador de som, as chamadas aplicações financeiras funcionam como um "amplificador de dinheiro" por meio de um feedback positivo. Suponha que apliquemos R$ 10.000,00 em dinheiro em um banco e o mesmo nos pague 12% de juros ao ano.

Uma vez que 12% de R$ 10.000,00 são R$ 1.200,00, ao final de um ano, se não fizermos nenhuma retirada teremos os R$ 10.000,00 iniciais, mais R$ 1.200 de juros, totalizando R$ 11.200,00. Se deixarmos o dinheiro no banco por mais um ano teremos mais 12% de R$ 11.200,00, que são R$ 1.344,00, totalizando R$ 12.544,00. No terceiro ano teremos novamente mais 12% de juros, que são R$ 1.505,28, totalizando R$ 14.049,28.

A tabela mostra como o capital irá crescer, ano após ano.

Como se pode observar, os juros mais do que quintuplicam o capital em 15 anos. E o processo continua pelos anos seguintes gerando juros cada vez maiores. O primeiro montante de juros é uma retroalimentação positiva no sistema.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Módulo 05 - Mudança e Crescimento
 

Cada vez que o tempo corre e passa mais um ano, um novo feedback acontece, aumentando o capital. Ou seja, o processo de retroalimentação positiva amplifica a mudança.

Toda a economia de um país pode se comportar da mesma forma. Fazendas, mineradoras, fábricas e negócios crescem constantemente, transformando coisas de pouco valor em outras de maior valor. Ao invés de consumir todo o lucro das empresas, os empreendedores podem investir parte dele a cada ano ou período, criando novas fazendas, mineradoras, fábricas e negócios.

Com isso geram mais riqueza que é novamente investida, gerando mais riqueza. Mais uma vez, o que está em ação é um feedback positivo, dessa vez, aumentando a riqueza da sociedade.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Módulo 05 - Mudança e Crescimento
 

Organismos unicelulares, como as bactérias, são capazes de reproduzir sempre que existam condições favoráveis. Imagine uma única célula que se divide em duas separadas. Cerca de 30 minutos depois cada uma dessas células se divide novamente formando quatro novas células.

Após mais 30 minutos elas se dividem novamente criando oito novas células, que se dividem novamente formando 16 e novamente formando 32, 64, 128, 256 e assim por diante, dobrando de número a cada meia hora. Acredite ou não, existirão mais um milhão de células depois de 10 horas e, após um dia, serão mais de 280 trilhões de bactérias, todas originadas apenas de uma única célula.

Todos os sistemas vivos utilizam esse sistema para crescer. Assim como quase todos os animais (e plantas), tudo se inicia com uma única célula fertilizada, que se divide em duas, em quatro, em oito e assim por diante. Ao contrário das bactérias, nossas células permanecem agrupadas ao invés de ficarem separadas.




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Mais cedo ou mais tarde essas células agrupadas começam a assumir diferentes funções, algumas delas assumindo a função de pele, outras formando os músculos e outras formando os nervos.

Felizmente, cada célula é também pré-programada para interromper a divisão quando atingir uma determinada condição. Caso contrário, nos manteríamos crescendo rapidamente até que esse próprio crescimento nos matasse. Isso é o que acontece quando as pessoas desenvolvem câncer: algumas células não recebem o sinal para parar de se reproduzir, ou o cérebro, por algum motivo (como uma agressão ao organismo) ordena que as células reiniciem a divisão, permitindo que o feedback positivo se reinicie. As células cancerosas continuam então a se multiplicar até destruir algum órgão vital do corpo.

Quando observamos um nível superior dos sistemas vivos, observamos que as espécies crescem do mesmo modo que as células. Tomemos emprestado o exemplo dos coelhos. Suponha que tenhamos uma criação de coelhos com 10 fêmeas (o número exato de machos não importa).




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Vamos pressupor que cada uma dessas fêmeas dê a luz a dez coelhinhas, que crescerão e logo estarão aptas a darem a luz a mais dez coelhinhas cada uma. Nessa taxa de crescimento, teremos dez fêmeas adultas na primeira geração, uma centena na segunda, mil na terceira, dez mil na quarta, cem mil na quinta e um milhão de fêmeas na sexta geração.

Naturalmente, as condições reais raramente permitem uma taxa de crescimento como essa, porém, se as condições permitirem, os coelhos estão aptos a usar esse feedback positivo para se expandir muito rapidamente.

Como exemplo, quando alguém foi tolo o bastante para levar para a Austrália os primeiros coelhos algumas décadas atrás, eles (os coelhos) encontraram um ambiente muito propício para a reprodução. Em uma década ou duas esses poucos coelhos transformaram-se em milhões e se espalharam por cada canto do continente... procriando como coelhos, entende?

Resumindo, vimos como sistemas mecânicos, econômicos e biológicos usam o feedbacks o positivos para amplificar as mudanças. Existiriam outros?

A resposta é que existem muitos, muito mais exemplos de feedback positivo do que podemos imaginar. De fato, feedbacks positivos são tão comuns como os negativos.




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2 - Conhecimento

Dois outros feedbacks positivos - o conhecimento e o poder - são particularmente importantes.

Um dos feedbacks positivos que tem tido uma grande influência sobre a raça humana é o que controla o crescimento do conhecimento. Nos tempos pré-históricos o conhecimento se acumulava muito lentamente. Um indivíduo aprendia algumas coisas sobre o ambiente em que vivia por meio da experiência direta e por meio de outros membros da tribo.

Em sua curta existência, ele podia aprender apenas poucas coisas e passar para os outros, como, por exemplo, uma nova maneira de fazer uma flecha ou de se cultivar algo. Mas ele não tinha como fazer medidas precisas, tinha pouco tempo para estudar as coisas que afetavam a sua sobrevivência e nenhum meio para registrar o que havia aprendido.

Quando ele morria, muito do que havia aprendido morria junto. O conhecimento podia ser armazenado apenas na frágil memória humana.




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Se indivíduos com muito conhecimento morriam antes de ensinar para outras pessoas o que eles haviam aprendido, toda a informação era perdida, e a próxima geração poderia surgir com menos conhecimentos do que a geração anterior. Em condições normais, praticamente não havia acúmulo de conhecimentos.

Durante muitos milhares de anos, os ganhos superaram as perdas, porém por uma margem muito pequena. Uma epidemia ou uma crise de alimentos podia enterrar o pouco conhecimento adquirido para sempre. Desse modo, o progresso seguia muito lentamente.

Gradualmente, uma quantidade de conhecimento suficiente foi acumulada pelas pessoas, que podiam viver de um modo mais eficiente. Invenções como o fogo, agricultura e astronomia os protegia do mundo hostil e os ajudava a terem alimentos. Esse acúmulo de conhecimentos trouxe mudanças que permitiram que mais conhecimento fosse gerado.




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As pessoas passaram a viver mais tempo, com a vida mais calma, de modo que podiam dispender mais tempo e esforço aprendendo sobre o mundo e transferindo esse conhecimento para outros. Eles preservaram esse conhecimento desenhando nas paredes das cavernas onde viviam e em histórias e canções que entoavam e passavam por gerações.

Apesar disso, a acumulação de conhecimentos seguia muito lentamente, até que a invenção da escrita, há cerca de 5.000 anos atrás, foi o caminho que as pessoas encontraram para registrar e preservar seus conhecimentos para as futuras gerações, sem utilizar apenas a fala. As informações não se perdiam devido à morte das pessoas.

Não era mais necessário para um indivíduo gastar tempo ensinando coisas para outras pessoas. As invenções não precisavam mais ser registradas por meio de desenhos nas paredes. A escrita tornou-se um registro permanente para qualquer um que desejasse adquirir mais conhecimento (inclusive sobre a própria escrita).




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A escrita acelerou o processo de acumulação de conhecimentos. O desenvolvimento de técnicas precisas de medida e cálculo, especialmente o desenvolvimento da aritmética e da geometria, também fez com que o processo se acelerasse ainda mais.

Maiores conhecimentos também permitiram às pessoas produzir mais alimentos e cuidar melhor da saúde, o que permitiu que mais pessoas gastassem seu tempo adquirindo mais conhecimentos.

Não por acaso, as pessoas descobriram que elas podiam aprender mais e mais depressa se elas fizessem isso de modo sistemático, e pesquisaram maneiras de fazer isso ainda melhor. O resultado foi um processo denominado Ciência, que não é nada mais do que um conjunto de orientações dos meios mais efetivos de compreender o mundo ao redor de nós.

Algumas dessas ferramentas são a lógica, a matemática, a estatística e dispositivos como microscópios e telescópios que nos levaram a ver ou medir coisas que não podíamos observar diretamente.




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O que ocorreu de mais de importante no desenvolvimento da ciência, entretanto, foi a criação de um conjunto de crenças. Os cientistas acreditam que o conhecimento pode ser acumulado mais rapidamente se determinadas regras forem obedecidas.

Eles pressupõem que devemos ser absolutamente honestos sobre o que observamos, devemos escrever sobre o que vimos e distribuir isso para outros cientistas. Estes, por sua vez, devem testar tudo o que foi escrito e não apenas acreditar na opinião dos demais cientistas.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.

Naturalmente, a ciência não se desenvolveu de uma vez só, e muitos problemas ainda perturbam a acumulação do conhecimento. Por exemplo, existem muitos, mas muitos mesmo, erros decorrentes de crenças que foram misturadas a fatos do passado. Além disso, copiar documentos à mão é um processo muito caro e lento e não raras vezes algumas cópias de documentos eram destruídas.




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A grande biblioteca de Alexandria do Egito antigo foi destruída pelo fogo com todo o seu conteúdo, e não havia nenhuma cópia de seus livros, documentos e registros em qualquer parte do mundo. Só sabemos que importantes escritos sobre a antiga Grécia, Roma e Egito existiram porque outros documentos se referem ao mesmo.

No século XVI, contudo, Johann Gutenberg desenvolveu um método simples e barato para imprimir muitas cópias de um mesmo livro. Isso permitiu que o conhecimento se acumulasse e se difundisse ainda mais rápido.

Tornou-se mais difícil perder informações uma vez que várias cópias de um mesmo material eram impressas e distribuídas, e tornou-se muito fácil para qualquer pesquisador ou estudante ter acesso ao conhecimento.

O resultado de todo esse conhecimento foi uma aceleração contínua em sua taxa de acumulação. Inicialmente, ele era muito difícil de ser acumulado. Então, gradualmente foi crescendo até que o desenvolvimento da ciência moderna e da impressão causou uma verdadeira explosão de conhecimentos.




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Em adição, quanto mais conhecimento adquirimos, mais fácil é criar novos conhecimentos. Se tentarmos construir um avião, muitos especialistas na sociedade sabem como fazer motores e combustível. Se desejarmos abrir um novo negócio, na biblioteca pública ou das faculdades será possível encontrar dúzias de livros que ensinam como fazer isso.

Além disso, por mais conhecimento que tenhamos adquirido, existe na sociedade cada vez mais pessoas que dedicam seu tempo à procura de novos conhecimentos. Para se ter uma idéia, 90% dos cientistas que já viveram continuam vivos e trabalhando até hoje! Em outras palavras, embora não possamos ver ou tocar o conhecimento ele continua a crescer por meio de um feedback positivo da mesma forma que os negócios e os coelhos crescem.

O único limite para esse ciclo de crescimento é que, podemos chegar a um ponto em que teremos acumulado tanta informação que será difícil encontrar a informação que desejamos. Felizmente, modernos computadores podem lidar com essa explosão de informações organizando o conhecimento gerado e recuperando-o muito mais rapidamente de nós mesmos faríamos procurando um livro em uma estante. Uma vez que os computadores são produtos da própria explosão do conhecimento, eles também contribuem de maneira assustadora para esse feedback positivo.




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3 - Poder

Outro importante feedback positivo pode ser menos interessante para muitas pessoas. Um deles é o ciclo de feedback do poder, que tem criado problemas para as pessoas desde o início das civilizações. Um ciclo de crescimento do poder trabalha da seguinte forma: quando um indivíduo (ou grupo) ganha poder em uma sociedade por meio da riqueza, da violência, da religião, da política ou por outros meios, ele passa a ter a capacidade de prejudicar ou ajudar outras pessoas.

Essas outras pessoas, por sua vez, desejam estar afinadas com quem detém o poder, evitando hostilidades ou obtendo algum ganho. A partir desse momento, o detentor do poder passa a ter não apenas a força do poder original, tem também um grupo de pessoas que fazem o que ele deseja, o que lhe dá poder para ajudar ou prejudicar mais pessoas.




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Como resultado, quanto mais pessoas desejarem apoiá-lo a fazer as coisas que ele deseja, mais poder ele terá. Se nada for feito para interromper o processo, esse indivíduo poderá vir a controlar toda a sociedade. Isso, de fato, é o que tem acontecido através da história, quando tiranos e ditadores tomam o controle da sociedade. O melhor exemplo talvez tenha sido de Hitler na Alemanha ou o de Stalin na Rússia ou o de Mao na China.

Como o poder pode ser acumulado muito rapidamente, qualquer sociedade que deseje evitar um poder ditatorial deve encontrar meios de controlar e restringir esse feedback positivo. De fato, a democracia, apesar de todos os problemas que conhecemos, parece ser o regime político que, até o momento, consegue deter ou amenizar de uma maneira eficiente esse feedback.




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A história recente do Brasil mostra que, após algumas experiências ditatoriais, ações efetivas de controle do feedback se tornaram possíveis, como o impeachment de um Presidente da República e a cassação e condenação de políticos poderosos.

O Código de Defesa do Consumidor é um outro ótimo exemplo, que fez com que as mais diversas organizações deixassem de exercer um poder absoluto sobre os consumidores, buscando melhores formas de relacionamento e padrões de qualidade superiores em produtos e serviços.




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4 - Benefícios e custos

Os exemplos relacionados anteriormente foram propositais. O crescimento do conhecimento, da população, da riqueza e do poder são as grandes forças para as mudanças na atualidade. A evolução e acumulação do conhecimento, ao permitir às pessoas terem vidas mais seguras, longas e com mais saúde tem contribuído para o crescimento da população.

O crescimento da riqueza e do conhecimento são interdependentes: invenções e descobertas sobre o modo como o mundo funciona tem orientado as pessoas a aplicarem seus excedentes financeiros em coisas jamais sonhadas antes e a produzir riqueza nunca imaginadas.

Entretanto, tanto a riqueza como o conhecimento podem também contribuir para a acumulação de poder. Os conhecimentos da física e da química podem dar poder a algumas pessoas sobre as outras, como novas armas e novas maneiras de manipular as mentes das pessoas.




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Juntos, o crescimento atual do poder, da riqueza, do conhecimento e da população cria uma situação sem precedentes, de rápidas e contínuas mudanças. E uma das tarefas básicas de nossos tempos é encontrar maneiras de controlar essas mudanças.

Os feedbacks positivos também afetam nossas vidas de diversas outras maneiras. Um rumor, uma fofoca, uma "corrente" (quem nunca recebeu uma corrente por e-mail?) ou uma epidemia (cólera, dengue, AIDS, etc.), tudo isso é resultado dos feedbacks positivos, assim como as reações químicas ou nucleares.

O que todos têm em comum é o fato de que uma pequena faísca pode causar um incêndio de enormes proporções. Isso significa que são muito perigosos. Como conseqüência, os ciclos de retroalimentação positiva são mantidos sob rigoroso controle, tanto nos sistemas biológicos como nos sociais.




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5 - Relações entre feedbacks positivos e negativos

Os feedbacks negativos trabalham criando estabilidade. Os feedbacks positivos amplificam ou adicionam mudanças. Portanto, preste atenção: não julgue antecipadamente este ou aquele como um bom ou mau feedback, ou uma boa ou má retroalimentação. Negativo e positivo são termos que não guardam valor de juízo quando da análise dos sistemas. E lembre-se:


Um feedback é considerado negativo ou positivo dependendo das mudanças que causa no sistema.

Anteriormente foi discutida a origem do pensamento sistêmico. No início, as pessoas pensavam que a melhor maneira de estudar um sistema era descobrir do que ele era feito e então estudar suas partes. Gradualmente, perceberam que o mais importante era compreender como suas partes estavam organizadas. Persistia, contudo, um equívoco: imaginavam que a organização de um sistema era única, somente dele.

Apenas nos últimos cinqüenta anos as pessoas começaram a entender que todos os sistemas complexos têm muitas coisas em comum no modo como estão organizados, embora seus componentes possam ser muito, mas muito diferentes.




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6 - Mais e menos

A organização de todos os sistemas complexos é construída por meio de dois elementos simples que foram analisados até agora neste curso: os feedbacks negativos e positivos.

Se imaginarmos que nossos corpos são construídos basicamente por "blocos" de átomos, os feedbacks negativos e positivos são responsáveis por nossa organização e constituição física. O mesmo será verdade para qualquer outro tipo de sistema.

Essa similaridade nos fornece uma poderosa ferramenta. Agora que compreendemos as unidades básicas da organização, podemos procurar por elas em qualquer espécie de sistema e observar as similaridades entre o comportamento de um sistema e um outro.




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Isso significa que podemos aplicar nossas experiências adquiridas de um sistema em outro, posteriormente. Também significa que uma vez que tenhamos compreendido como os "blocos" são construídos analisando um caso, seremos capazes de transferir essa aprendizagem para outros campos de estudo, ao invés de ter de começar a análise desde o começo.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.

Vamos aprofundar um pouco mais e examinar as diferentes maneiras com que os feedbacks podem ser ligados de forma a construir sistemas mais complexos. Quando nos referimos ao crescimento populacional anteriormente - não importa se sobre coelhos, pessoas ou bactérias - discutíamos acumulações por meio dos feedbacks do sistema: quanto mais coelhos tivermos, mais eles irão copular, mais coelhos nascerão e assim por diante. Por outro lado, como a população de coelhos cresce, o número de coelhos que morrem também cresce. Esse é o feedback negativo do diagrama.

Os dois feedback trabalham um contra o outro. Se dez coelhos nascem e seis morrem, a população crescerá em quatro coelhos - ou seja a diferença entre o feedback que acumula e o feedback que diminui a população.

Porém se doze coelhos morrerem para cada dez que nascerem, a população irá decrescer. Em outras palavras, o comportamento do sistema depende do feedback mais forte ou poderoso. Se a taxa de natalidade é alta, a população cresce, se a taxa de mortalidade é alta, a população declina.




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Esse processo não se limita às populações de coelhos, pessoas ou outros seres vivos: o mesmo princípio básico aplica-se a muitos outros sistemas. Por exemplo, vimos que o crescimento do conhecimento da sociedade depende da taxa de aprendizagem e da "taxa de esquecimento". Se mais coisas são aprendidas do que esquecidas, os estoques de conhecimento aumentam e vice-versa.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Atualmente o acúmulo de conhecimentos é dificultado devido ao crescimento exponencial das informações. A citar as ferramentas de buscas (Google, Altavista etc.) que agregaram em 2006 10 exabyte (10018; bytes) de informações e crescem 30% ao ano. Alguns estudos indicam que nosso cérebro consegue armazenar ínfimos 30 megabytes anualmente(30*106 bytes). A PCWorld estimou em 2008 o conteúdo da internet em 281 exabytes.

Utilizar as ferramentas tradicionais na Internet para busca de uma única palavra gera dezenas ou centenas de milhares de ocorrências, tornando impraticável uma consulta intensiva. Contudo, existem outras ferramentas de busca que agregam informações em supercategorias ou subcategorias, realizando um filtro agregado das ocorrências (clustering). Verifiquem a riqueza de informações agrupadas realizando a busca “pensamento sistêmico” nos seguintes sites:

(1) http://www.iboogie.com/ 166 resultados agregados em categorias);
(2) http://vivisimo.com/ (196 resultados agregados em categorias);
(3) http://clusty.com/ (188 resultados agregados em categorias);
(4) http://www.gigablast.com/ (3095 ocorrências agregado na categoria sistemas);

É mais acessível explorar intensivamente as centenas de ocorrências agrupadas em clusters do que tentar acessar as 56.400 ocorrências de “pensamento sistêmico” resultantes do programa de busca tradicional. Portanto o filtro de informações fornece dois feedbacks positivos:aumentar a aprendizagem e e reduzir o esquecimento.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.



Estimativa de armazenamento do cérebro de 30 megabytes anuais– referência Dr. Luc Marie Quoniam (professor titular da Universidade de São Paulo, professor titular da Université Du Sud Toulon Var e Professor Titular da Universidade Fernando Pessoa, 2008):
“Considerando que uma página impressa, sem layout, representa 2Kb, nosso cérebro armazenaria 15.000 páginas por ano. Esse volume é uma estimativa média anual do material de aula da maioria das Universidades do mundo. Os professores reconhecem esta capacidade limitada quando programam o conteúdo que deve ser cobrado de cada aluno. Oportunamente, é primordial reunir uma rede de conhecimentos humanos complementares para somar o conhecimento útil, pois o mundo está se complicando de tal forma que é uma grande pretensão pensar, criar, inovar, tomar decisões (e fazer bons negócios) com somente um cérebro.”





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O mesmo diagrama pode ser aplicado à economia. Se uma empresa fatura mais do que ela gasta, ela crescerá, caso contrário, poderá falir em pouco tempo. Uma outra maneira de falar sobre o mesmo assunto, em termos de toda a sociedade, é pensar nossa capacidade de produzir riquezas (capital) - fazendas, minas, fábricas e negócios - como uma população. Se as máquinas se depreciarem mais rápido do que a renovação do parque industrial por meio de investimentos, a capacidade da sociedade produzir mais riqueza irá diminuir. Por outro lado, se mais capital é produzido do que perdido a cada ano, a riqueza da sociedade irá aumentar.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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7 - Múltiplos Feedbacks

Pergunta-se: o que controla a taxa pela qual os feedbacks positivos e negativos trabalham? Voltemos ao diagrama da população de coelhos e adicionemos alguns outros feedbacks. A primeira pergunta a ser feita é: que coisas podem afetar a taxa de mortalidade dos coelhos? Uma delas é, obviamente, a disponibilidade de alimentos. Se houver bastante comida para cada coelho, teremos montes de coelhos fortes e saudáveis e que viverão muito tempo. Por outro lado, se não existir comida suficiente, alguns coelhos irão ficar fracos, adoecer e morrer, devido à fome:

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Agora, as duas coisas que determinam a quantidade de alimento para cada coelho são a disponibilidade de comida em uma área em particular e o número de coelhos na mesma área. Vamos assumir, inicialmente, que a quantidade de alimentos seja sempre a mesma. Temos agora um feedback adicional negativo: como o número de coelhos aumenta, a quantidade de comida disponível para cada coelho diminui. Como conseqüência, a taxa de mortalidade aumenta e a população de coelhos começa a diminuir.

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Quais seriam as outras coisas que afetam a taxa de mortalidade? Assim como os cervos, a que nos referimos anteriormente, os coelhos são vítimas de predadores e doenças. Mais coelhos implica em mais predadores, mais predadores implicam em uma maior taxa de mortalidade e uma taxa de mortalidade alta implica em uma população de coelhos cada vez menor. De modo similar, quanto mais coelhos existirem, mais fácil será a contaminação por doenças transmissíveis, reduzindo igualmente a população. Observemos o diagrama:

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.




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Esquecemos de alguma coisa? Suponha que os coelhos se reproduzam tanto que formem uma superpopulação. É fato que uma superpopulação causa stress e que o stress estimula as glândulas produtoras de adrenalina. Se estas glândulas são continuamente estimuladas durante muito tempo, os coelhos podem morrer repentinamente, o que os biólogos chamam de "choque".

Quando eles estão em estágio acentuado de tensão, podem entrar em convulsão e morrer rapidamente, em função dos estímulos do ambiente - como um forte barulho ou mesmo o surgimento inesperado de um coelho do sexo oposto. De fato, eles morrem literalmente de medo ou de excitação.

Desse modo, se todos os demais feedbacks negativos, incluindo comida, predadores e doenças, falharem, o último feedbacks, causado pela superpopulação, irá atuar.

Este último feedback negativo é raramente encontrado na natureza porque os demais são bastante efetivos para controlar a população da maioria das espécies. Quando encontrados, entretanto, são espantosos. Os lemingues, pequenos roedores da Escandinávia, que marcham em direção ao mar e se jogam aos milhões dos penhascos em um suicídio coletivo, fenômeno que ocorre aproximadamente de 4 em 4 anos.




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Muitas pesquisas indicam que esse fenômeno é decorrente dos distúrbios causados pela superpopulação. Outras espécies, como os cruza-bicos (pássaros da Europa) e os gafanhotos dos desertos africanos também apresentam aumentos maciços da população, fenômeno conhecido como irrupção.

Outros animais utilizam a quantidade de comida ou espaço disponível para controlar suas populações, mas muitos outros fazem isso controlando a taxa de natalidade ao invés da de mortalidade.

Como exemplo, muitas espécies de pássaros somente se acasalam, constroem ninhos e põem ovos se o território em que habitam tiver certa população. Se a população torna-se muito grande para o território e não houver mais espaço disponível, esses pássaros param de gerar filhotes.

Esta mesma tática é utilizada por uma grande variedade de animais, incluindo lobos, leões e muitos outros. Essa também é a forma básica pela qual as populações de plantas são controladas.




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Por exemplo, se as árvores em uma determinada área são muito escassas, as sementes que brotam recebem sol suficiente para crescer. No entanto, à medida que as novas árvores forem crescendo, a área vai se tornar mais sombreada dificultando o crescimento de novas árvores.




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Todos os fenômenos podem ser representados em feedbacks que afetam tanto a taxa de natalidade como a de mortalidade:

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.

Obs.: todos os feedbacks do diagrama são negativos, exceto o que relaciona população e nascimentos.




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Se alguém, eventualmente desejar interromper o crescimento de uma população, deverá analisar cada situação em particular.
Algumas vezes, os feedbacks negativos trabalham juntos para controlar o feedback positivo.

Muitas vezes,poucos fazem a maioria do trabalho, enquanto que o resto é mantido como "reserva" para os momentos em que for necessário atuar.

Esse padrão é comum em muitos tipos de sistemas e sempre trazem frustração para as pessoas que desconhecem o comportamento dos sistemas. Não é raro pessoas intervirem em um sistema para eliminar um feedback que não desejam e ficam surpresas ao verem resultados piores do que antes.

Por exemplo, se uma doença é reduzida por um medicamento (suponha que as pessoas não morram mais do coração ou de câncer) e nada for feito para controlar a taxa de natalidade, a população poderá crescer a um ponto que não haja mais comida suficiente para todos gerando aumento da mortalidade.




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Dispendemos algum tempo analisando as maneiras pelas quais uma variedade de feedbacks negativos podem limitar o crescimento produzido por um feedback positivo porque isso é uma combinação muito comum no mundo. Feedbacks positivos são tão poderosos que podem produzir inacreditáveis aumentos em alguma coisa em um curto espaço de tempo.

Muitos sistemas complexos usam esse potencial para poder crescer rapidamente e reagir às mudanças no ambiente. Ao mesmo tempo, se isso é permitido a um sistema qualquer, quase sempre ele se torna destrutivo e, pode ter certeza, haverá sempre um limite de crescimento (lembra-se dos coelhos na Austrália?).

Outros sistemas desenvolveram meios de parar os feedbacks positivos depois que eles tenham cumprido sua tarefa e antes que tenham se tornado destrutivos.




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Assim, uma das primeiras coisas a examinar em um sistema complexo é a natureza positiva e negativa dos feedbacks e o relacionamento entre eles. Normalmente, o ponto no qual as forças positivas e negativas estão em equilíbrio é o ponto no qual o sistema irá retornar de tempos em tempos, após ser perturbado por alguma mudança no ambiente em que está inserido.

Esse processo de identificação dos feedbacks positivos e negativos é também importante porque nos permite distinguir as coisas que irão ter um efeito temporário sobre o sistema ou um efeito duradouro. Em síntese:


Qualquer mudança - não interessa o seu tamanho - que não provoque mudanças nos principais feedbacks negativos ou positivos do sistema, será apenas temporária.




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Ao mesmo tempo, qualquer mudança - não importa o seu tamanho - que afete o relacionamento entre os feedbacks positivos e negativos de um sistema, irá alterar o comportamento do sistema por um longo período.


Passemos à vida real? Vamos retomar nossa análise do ataque terrorista de 11 de setembro aos Estados Unidos. Percebemos que houve uma mudança e é incontestável a sua magnitude. Alguns historiadores consideram que, simbolicamente, o século XXI começou nessa data. Jamais os americanos (e o mundo, de uma maneira geral) imaginaram que tal fato pudesse acontecer, nem mesmo o serviço de inteligência, constantemente alerta para qualquer manifestação do ambiente externo que possa afetar o equilíbrio do sistema globalizado estabelecido.



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Obviamente, não podemos prever com exatidão o que vai acontecer no futuro. Mas, pesquisas demonstram que pessoas que utilizam apenas a intuição para a tomada de decisão têm uma margem de erro muito maior do que aquelas que trabalham e analisam as informações, principalmente com o auxílio de metodologias como, por exemplo, o pensamento sistêmico.

A pergunta que se faz é:

Essa grande mudança provocada pelos atos terroristas afetou o relacionamento dos feedbacks negativos ou positivos do sistema capitalista (ou pós-capitalista, como diria Peter Drucker) liderado pelos EUA?




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Antes que dê uma resposta, agregue mais algumas variáveis:

  • O modo como o mundo se relaciona comercial e economicamente mudou em sua essência?
  • As mudanças que se sucederam podem permanecer, isto é, a queda na bolsa de valores, o prejuízo para as companhias aéreas e o sistema turístico, os sistemas ostensivos de segurança implantados?
  • Países periféricos, como o Brasil e muitos outros, podem suportar pressões econômicas em função desse ataques durante um longo período sem afetar profundamente a própria economia, a economia dos EUA e a economia mundial globalizada?

Nossa intenção é apenas agregar outros valores à sua análise do fato, se é que já não o tenha feito. Pensar sistematicamente sobre os problemas nos ajuda a encontrar soluções menos óbvias para os problemas, sejam pessoais ou mundiais, evitando tomar decisões que levem o sistema a uma condição pior do que ele se encontrava inicialmente.



Veja, por exemplo, a proibição norte-americana impedindo os aviões que pulverizam produtos químicos nas lavouras para controle de pragas (lembra-se que já analisamos esse sistema?). Quanto tempo ela poderia ser sustentada sem afetar todo um sistema econômico? Grande parte dos sistemas de segurança não relaxam em algum momento?




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8 - Competição

A maioria dos exemplos de que tratamos lidam com a combinação de muitos feedbacks negativos em contrapartida a um positivo. O que acontece se um sistema tem mais de um feedback positivo? Observe, por exemplo um diagrama representando as populações de ratos e corujas:

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.

Feedbacks positivos aumentam a população de ratos, o que aumenta a disponibilidade de alimentos para as corujas, o que aumenta a quantidade de comida por coruja, o que reduz a taxa de mortalidade das corujas, o que reduz a população de ratos, o que reduz a disponibilidade de comida para as corujas, o que aumenta a taxa e mortalidade das corujas e reduz a taxa de natalidade, o que reduz a população de corujas, o que aumenta a população de ratos e etc., etc., etc., etc...




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Ou, de modo mais simples:

Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado.

Em outras palavras, dois feedbacks em competição buscam se estabilizar por meio de feedbacks negativos para cada um deles.

A competição é um dos componentes mais importantes de um sistema. Não apenas os predadores e presa competem por sua sobrevivência, como diferentes predadores competem pela mesma presa. Raposas e corujas, por exemplo, competem pelo rato - mais raposas implicam em menos alimentos para as corujas e vice-versa - e assim por diante, com vários competidores a cada nível, de modo que cada população controla a população do outro.


Discorremos demais sobre sistemas biológicos? O que tem isso a ver com as organizações? Lembra-se dos padrões? Na administração, as empresas impõem limites umas às outras por meio da competição:




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... e existem outros feedbacks integrando a Ford, a Mercedes, a Toyota, a Mitsubishi, a Peugeot, a Renault, a Chevrolet, etc. Cada empresa limita o crescimento das demais de duas formas: buscando para si as maiores fatias do mercado e forçando as outras empresas a manterem uma política de preços baixos e promoções, sem as quais elas perderiam vendas.

Na política, a competição é pelo poder, entre políticos, partidos políticos, aliados do governo e dentro do próprio governo. Se um determinado político não desempenha bem as funções para as quais foi eleito, seus oponentes irão denunciar esses fatos à opinião pública. Se um partido tenta manipular ideologicamente ou economicamente uma eleição, será contestado pelos demais partidos que lhe fazem oposição. Se o Congresso aprova leis que contrariam os interesses do governo, o presidente irá vetá-las. E assim por diante...




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O conhecimento também é gerenciado dessa forma: cientistas e pesquisadores competem por status e respeito tentando fazer novas descobertas e desenvolver novas teorias. Se um determinado cientista já ganhou notoriedade - talvez ganhando um prêmio Nobel - as pessoas tendem a aceitar o que ele diz, mesmo que errado, dando-lhe maior poder e prestígio.

Porém, cientistas também ganham prestígio ao descobrirem erros e contestando as teorias de outros cientistas. O resultado é que os esforços de cada cientista no sentido de ganhar prestígio funciona como um teste para o prestígio de outros cientistas. Nesse processo, as más teorias são abandonadas e as boas encorajadas.

Não podemos, contudo, ser ingênuos em relação à competição. Milhares de críticas podem ser feitas à competição, principalmente quando levada aos extremos. As corujas desejam, instintivamente, capturar todos os ratos de uma determinada região. Porém, se o fizerem, estarão com sérios problemas de alimentação, assim como outros predadores dos ratos.




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A sociedade se beneficia da competição entre os partidos políticos, porém começará a perder se um determinado político utilizar meios ilegais para obter mais poder ou para eliminar os partidos adversários. De igual modo, a competição entre as empresas favorece a inovação e a manutenção dos preços, mas se uma determinada empresa consegue o monopólio de uma determinada área de negócios, poderá definir os preços que desejar para seus produtos ou serviços (para evitar isso, existem as leis).

Em outras palavras, a competição em que uma das partes derrota o opositor é muito perigosa porque significa o fim da competição. Entretanto, a vida real não é um jogo de futebol, com um placar, um relógio e um resultado final. Os sistemas naturais e sociais tendem a mover seus subsistemas uns contra os outros de modo que não haja um vencedor que determine o fim da competição. Quando isso ocorre, geralmente há um prejuízo, como por exemplo, a extinção de uma espécie ou a liquidação de uma empresa tradicional.




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Esse balançar dos sistemas é, naturalmente perigoso, uma vez que há sempre uma chance de um feedback positivo se perder e arruinar o sistema. Mas os feedbacks positivos são muito úteis quando um rápido crescimento é necessário. E, uma vez que a competição com outros sistemas em crescimento é a forma mais efetiva de mantê-los sob controle, muitos sistemas analisam cuidadosamente a forma de crescer sem provocar fortes reações de seus opositores.

O resultado de tudo isso é uma característica padrão que aparece até nos sistemas mais simples: um feedback de crescimento positivo é contraposto por um feedback negativo que tende a manter o equilíbrio do sistema. Essa duas "peças" básicas - feedbacks positivos e negativos - podem ser arranjadas de maneiras infinitas, mas os sistemas seguem, normalmente, seus próprios padrões, de modo a sobreviver.




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Resumo

  • Um feedback provoca e amplifica as mudanças em um sistema é chamado de feedback positivo.
  • Alguns exemplos são: a microfonia, os juros, a reprodução das bactérias, o conhecimento e o poder. Esses dois últimos são os mais importantes.
  • O conhecimento é um dos feedbacks positivos que mais tem tido influência sobre a raça humana. No início, a acumulação de conhecimentos era muito lenta. Dado a própria dinâmica dos feedbacks positivos, o que assistimos atualmente é uma acumulação de conhecimentos sem precedentes.
  • O poder é outro feedback positivo que tem sido extremamente importante no desenvolvimento da espécie humana. Infelizmente, em muitos casos, o poder tem sido utilizado para submeter pessoas, explorá-las, concentrar riquezas e outros processos que acabam por prejudicar a maior parte da sociedade.
  • Existe uma relação muito grande entre os feedbacks positivos de conhecimento e poder. E, além disso, os dois estão intimamente ligados ao crescimento da riqueza. A riqueza alimenta o poder que alimenta o conhecimento que alimenta o poder e assim por diante.
  • Para que esses ciclos de crescimento não continuem se expandindo continuamente e subjugando as pessoas, foi criado o sistema democrático, no qual, por meio da participação popular, são estabelecidos limites ao crescimento dos sistemas. Contudo, esses limites, alavancados principalmente pela disciplina de direito, nem sempre conseguem atingir seus objetivos, ou seja, de que as instituições não coerçam as pessoas. Além disso, a corrupção, outro feedback do poder, tem se mostrado cada vez mais forte na sociedade atual.