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| 1 - Modos
Fundamentais de Comportamento Dinâmico
O comportamento de um sistema deriva de sua estrutura, que consiste dos feedbacks, dos estoques e fluxos e das interações entre a estrutura física e a institucional, da qual faz parte o processo de tomada de decisão por agentes que retroalimentam o sistema. Este módulo oferece uma visão geral do relacionamento entre a estrutura e o comportamento dos sistemas dinâmicos. Os modos fundamentais de comportamento dos sistemas são identificados ao longo das estruturas de feedbacks que os geram. Esses modelos incluem o crescimento, criado pelos feedbacks positivos; a busca de um objetivo, criado por um feedback negativo e as oscilações, criadas por feedbacks negativos com algum tipo de atraso na resposta do sistema. Também serão abordados modelos mais complexos, como o crescimento em forma de S, o crescimento com oscilação e o crescimento e colapso, que se originam de interações não lineares das estruturas básicas dos sistemas. |
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| Dinâmica
significa mudança e a quantidade e variedade a que estamos assistindo
nos dias atuais é assustadora. Podemos imaginar que para lidar com
tantas mudanças deve existir uma quantidade correspondente de feedbacks
negativos. Na realidade, muitas mudanças são decorrentes de
pequeno número de padrões de comportamento, como o crescimento
exponencial ou a oscilação. Nos gráficos abaixo são
apresentados alguns dos modos de comportamento mais comuns.
Desses mais comuns apresentados, os modos fundamentais de comportamento dinâmico são o crescimento exponencial, a busca de um objetivo e a oscilação. |
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| 2 - O
Crescimento Exponencial O crescimento exponencial é decorrente de um feedback positivo. Alguns exemplos já vistos foram populações, juros, conhecimento, poder, etc. O chamado crescimento exponencial "puro" tem a propriedade de dobrar o tamanho do sistema em um período de tempo fixo. O tempo gasto para ir do tamanho 1 ao 2 é exatamente o mesmo gasto para ir do tamanho 1 milhão para 2 milhões. Essa propriedade é uma conseqüência direta do feedback positivo. E o crescimento linear? Esse tipo de crescimento é, atualmente, cada vez mais raro. Ele requer que não exista um feedback entre o sistema e sua taxa de crescimento, que se mantém constante independentemente das mudanças e tamanho do sistema. Além disso, muitas coisas que aparentam ter um crescimento linear estão sendo analisadas em curtos períodos de tempo, de modo que é difícil observar sua aceleração. Os gráficos a seguir mostram alguns exemplos de crescimento exponencial. As curvas que representam o crescimento desses sistemas nem sempre são perfeitas, devido às variações nas taxas de crescimento, nos feedbacks e outras perturbações do ambiente. O importante é notar o comportamento dominante no modelo. |
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| 3 - A
busca de um objetivo Os feedbacks positivos promovem o crescimento e a mudança. Já os negativos negam a mudança e tendem para o equilíbrio e podem agir no sentido de que um determinado sistema se oriente a um determinado objetivo. Para isso, o estado atual do sistema é comparado com o objetivo. Se existir alguma discrepância, ações corretivas vão ser tomadas para conduzir o sistema aos seus objetivos. Quando temos fome nos alimentamos, se estamos cansados, dormimos para restaurar as energias. Se os estoques de uma empresa caem abaixo do mínimo, novos pedidos de suprimentos serão feitos.
Cada feedback negativo inclui um processo para comparar a condição atual com a condição desejada e as ações corretivas a serem tomadas. Em alguns casos o objetivo de um sistema e as ações a serem tomadas são explícitas e controladas por um decisor (o gerente de compras, no exemplo dos estoques). Em outros casos, tanto os objetivos e as ações encontram-se implícitos. A quantidade de sono que necessitamos, por exemplo, é um fator psicológico que foge ao controle do consciente. O equilíbrio da temperatura da terra depende do fluxo de energia solar, da vegetação e dos gases presentes na atmosfera, entre outros fatores físicos. Uma xícara de café quente esfria por meio de um feedback negativo até o seu objetivo, que é a temperatura do ambiente (apesar de preferirmos café quente). |
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| Em alguns
casos, a taxa pela qual um sistema se aproxima de seu objetivo diminui à
medida que a discrepância é menor. É raro encontrar
uma taxa de aproximação constante e que, assim que o objetivo
é atingido, se reduz a zero. A taxa de aproximação
é gradual porque a diferença entre o estado atual do sistema
e seus objetivos é grande e se reduz na mesma proporção
em que diminui a diferença.
Os gráficos a seguir mostram sistemas que têm comportamento orientado a um objetivo.
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- Oscilação A oscilação é o terceiro modo fundamental de comportamento observado nos sistemas dinâmicos. Assim como a busca de um objetivo, as oscilações são causadas por um feedback negativo. O estado do sistema é comparado com seu objetivo e medidas corretivas são tomadas no sentido de eliminar as discrepâncias. Contudo, o objetivo é sempre ultrapassado, gerando o movimento oscilatório. Esse problema tem origem em "atrasos" no sistema 'que causam ações corretivas contínuas, que não param quando o sistema atingiu seu objetivo, forçando o mesmo a um ajuste e gerando uma nova correção no sentido inverso. As oscilações estão entre os modos mais comuns de comportamento de sistemas. Como mostrado na figura abaixo, podem ocorrer atrasos nas informações do ciclo.
Pode ocorrer atraso na medição e percepção, nas ações administrativas e tomada de decisões e entre o início das ações corretivas e seu efeito no estado do sistema. Em uma empresa, por exemplo, leva tempo para se medir e fazer os relatórios dos estoques, leva tempo para os gerentes decidirem qual a quantidade a ser produzida, leva tempo para as matérias-primas chegarem na empresa, leva tempo para os produtos serem confeccionados, etc. Se esses atrasos forem longos haverá oscilação nos estoques da empresa. |
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| As oscilações
nos sistemas de negócios (e em muitos outros sistemas da vida real)
não são perfeitamente regulares e nem poderíamos esperar
que fossem. Muitas pessoas imaginam que os sistemas são previsíveis
como a órbita dos planetas ou o balanço do pêndulo de
um relógio. Os planetas são controlados por rígidas
forças universais e os pêndulos são cuidadosamente desenhados
para gerar o movimento. Sistemas biológicos, sociais e econômicos,
pelo contrário, são constantemente bombardeados por perturbações
que fazem com que o movimento oscilatório ocorra, porém de
uma maneira irregular. Isso é o que pode ser visto nos gráficos
a seguir.
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- Interações dos modos fundamentais
Os três modos básicos de comportamento - crescimento exponencial, busca de um objetivo e oscilação - são causados por três estruturas básicas de feedbacks: feedback positivo, feedback negativo e feedback negativo com atrasos. Outros padrões mais complexos de comportamento ocorrem devido às interações não lineares dessas estruturas com outras. |
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| 6 - Crescimento em forma de S Nada pode crescer (ou diminuir) para sempre: em um momento ou outro esse crescimento será constrangido. Um modo comum de comportamento em sistemas dinâmicos é o crescimento em formato de S. O crescimento, no princípio, é exponencial mas, gradualmente, a velocidade de crescimento vai diminuindo até que o sistema encontra seu equilíbrio. O formato da curva lembra um S, daí o seu nome. Para que este comportamento seja melhor compreendido vamos utilizar um exemplo ecológico.
A capacidade de um determinado ecossistema suportar uma população de organismos é determinado pela disponibilidade de recursos no ambiente e pelas necessidades dessa população. À medida que a população se aproxima do limite do ecossistema os recursos disponíveis per capita vão diminuindo até que o equilíbrio populacional é encontrado. |
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| Similarmente, os negócios e as organizações crescem no contexto de um mercado que impõe limites aos seus crescimentos. Esses limites, como nas populações, podem variar em função das interações das empresas com seus clientes, fornecedores, funcionários, tecnologias, governo e outras entidades presentes no mercado. Os gráficos a seguir mostram alguns exemplos de crescimento em formato de S. Seja o crescimento de uma planta, a difusão de um novo produto ou serviço (como a TV a cabo) ou a adoção de uma nova idéia ou tecnologia, o crescimento sempre encontra os seus limites. |
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| 7 - Crescimento em forma de S com oscilação O crescimento em forma de S necessita que o feedback negativo aja rapidamente diminuindo o crescimento à medida que o sistema se aproxima de seu limite. Algumas vezes, entretanto, ocorrem significativos atrasos no feedback negativo levando à possibilidade de que o sistema ultrapasse um pouco o seu limite, retorne, em função das ações desencadeadas e fique oscilando. Dois exemplos são apresentados nos gráficos a seguir:
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- Crescimento e Colapso
Um fator crítico do crescimento em forma de S é que o limite dos sistemas é fixo. No entanto, algumas vezes esses limites podem ser rompidos, como no caso do crescimento de uma população. Quando isso ocorre é possível que os recursos do ambiente se esgotem e os indivíduos comecem a morrer de fome e doença provocando o declínio. Se não houver uma regeneração da capacidade do sistema (se os recursos não são renováveis, por exemplo) o sistema tenderá para a extinção.
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| No mundo
dos negócios podemos ver esse comportamento no ciclo de vida de um
produto. É o caso das vendas da Atari, por exemplo, mostrado em um
dos gráficos a seguir.
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| Outros modos de comportamento Os modos de comportamento mostrados nos itens anteriores são apresentados pela maior parte dos sistemas dinâmicos. Existem, no entanto, outros padrões, como por exemplo o equilíbrio e a variação randômica. 9 - Equilíbrio Alguns sistemas parecem estar em equilíbrio porque as mudanças que os afetam são imperceptíveis de tão lentas ou porque possuem um poderoso feedback negativo que mantém o sistema praticamente constante apesar das mudanças no ambiente. Um exemplo é a força da gravidade que mantém nossos corpos presos à Terra.
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- Variação randômica
Muitas variáveis aparentam comportamentos randômicos. Em muitos casos, o comportamento randômico é a medida de nossa ignorância, aquilo que não conseguimos compreender. Quando alguém diz que há uma variação randômica na demanda de um produto de uma determinada empresa, por exemplo, pode ser que, na realidade, esse alguém desconheça as razões pelas quais isso acontece.
Ninguém pode conhecer todos os motivos pelos quais um cliente decide comprar amanhã quando poderia fazê-lo hoje ou porque uma determinada máquina quebrou agora e não três horas mais tarde. |
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| Resumo A estrutura de feedback de um sistema guia seu comportamento. Muitos sistemas dinâmicos observados no mundo real são exemplos de um conjunto básico de padrões ou modos de comportamento. Três desses modos são fundamentais: crescimento exponencial, busca de um objetivo e oscilação. Cada um desses modos é gerado por uma estrutura específica de feedback. O crescimento exponencial é gerado por um c feedback positivo, a busca de um objetivo é gerado por um feedback negativo e a oscilação é gerada por um feedback negativo com atrasos. Padrões mais complexos como o crescimento em forma de S com ou sem oscilação e o crescimento e colapso resultam de interações não lineares das estruturas de feedback. |
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1 - Diagramas de Ciclos Causais - DCC vs Diagramas de Fluxos e Estoques - DFE Os modelos que foram apresentados na Unidade I são denominados Diagramas de Ciclos Causais (ou simplesmente Diagramas de Causas), ou no original em inglês Causal Loop Diagrams. Esses diagramas, apesar de serem muito úteis na representação de sistemas, não mostram as acumulações que ocorrem no mesmo (conhecimento, capital, poder, populações, etc.). Eles recebem esse nome porque cada ligação entre as variáveis representadas tem uma interpretação de causa. Uma seta saindo da variável A em direção à variável B indica que A causa B.
Neste módulo, serão apresentados dois novos elementos que são fundamentais na modelagem de sistemas: os Fluxos e os Estoques. |
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| Os DCC
- Diagramas de Ciclos Causais - enfatizam a estrutura de feedback
de um sistema enquanto os DFE - Diagramas de Fluxos e Estoques -
enfatizam a estrutura física do sistema, mostrando os fluxos e acumulações
de materiais, dinheiro, informação, etc. Os estoques podem
ser as quantidades de um produto, o valor de um débito ou de um crédito,
a quantidade de combustível no tanque de um automóvel, ou
várias outras coisas sujeitas à acumulação e
sobre as quais desejamos obter informações ou controlar.
Os fluxos são as taxas pelas quais os estoques aumentam ou diminuem, como a produção e distribuição de mercadorias, mortes e nascimentos, empréstimo e devolução, investimento e depreciação e vários outros. Os estoques mostram a situação de um sistema em um determinado momento e fornecem as informações nas quais as decisões são baseadas. Essas decisões irão modificar as taxas dos fluxos de um sistema, afetando seus estoques que, por sua vez irão gerar novas informações e assim por diante. |
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| 2 - Fluxos
e Estoques Qual a diferença entre um estoque e um fluxo? Estoques são acumulações que mostram o estado de um sistema em um determinado momento. Imagine que você está enchendo um copo de água e alguém tire uma foto sua neste momento. O nível da água no copo mostra com exatidão o estado do sistema no momento da tomada da fotografia. O volume de água acumulada é o estoque, que descreve a condição do sistema em um determinado instante do tempo.
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| Uma outra
característica dos estoques e que eles não mudam instantaneamente:
a mudança ocorre gradualmente
durante um período de tempo que varia de sistema para sistema.
As mudanças são provocadas pelos fluxos. Em uma caixa d'água temos dois fluxos: o cano que traz a água (e aumenta o estoque) e o cano que drena a água (e diminui o estoque). Todos os sistemas que mudam através do tempo podem ser representados utilizando-se fluxos e estoques. |
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| A seguir
encontra-se uma série de variáveis dispostas em linhas. Cada
linha representa um determinado sistema. O exercício consiste em
identificar, para cada sistema, qual é a variável estoque
e quais são as variáveis fluxo. As variáveis estoque
são representadas dentro de um retângulo. Observe o exemplo:
a população de andorinhas é o estoque que muda em decorrência
dos fluxos de mortes ou de nascimentos ao longo do tempo.
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- Identificando os fluxos Identificar os fluxos é, a princípio, muito simples. Os fluxos que se dirigem ao estoque, de entrada, são representados por uma seta em direção ao estoque e aumentam o mesmo, enquanto os que se dirigem para fora do estoque, de saída, são representados por uma seta saindo do estoque e diminuem o mesmo. Observe o exemplo a seguir:
Os nascimentos aumentam a população de andorinhas enquanto que as mortes diminuem. Agora, identifique, para os mesmos sistemas do exercício anterior, os fluxos de entrada e os de saída. Para isso, dê um clique em uma das pontas da reta dos fluxos. Na ponta escolhida aparecerá uma seta. Em seguida clique OK.
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- Representando Fluxos e Estoques
A disciplina de Dinâmica de Sistemas, que é a base deste curso, reprsenta fluxos e estoques de acordo com os padrões adotados pelo programa de simulação Vensim:
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| A estrutura
de todos os diagramas de fluxos e estoques - DFE é composta desses
elementos, como demonstrados na figura abaixo:
Vejamos um exemplo baseado no exercício anterior: A nuvem da esquerda, no modelo acima, significa que não estamos interessados em analisar o fenômeno "Chuvas", não nos interessa de onde elas vêem, porque ocorrem, etc. Simplesmente nos interessa saber que elas afetam positivamente o nível dos reservatórios. Da mesma forma, não estamos interessados em analisar o fenômeno "Consumo de energia", mas sim, como ele afeta negativamente o nível dos reservatórios. É importante ressaltar que os diagramas não precisam necessariamente serem desenhados nesta posição. Os canos dos fluxos podem fazer "curvas" para que o desenho do diagrama seja mais compreensível, por exemplo. Para que a compreensão do funcionamento das válvulas seja mais intuitivo, faça o próximo exercício de simulação. |
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| 5 - Simulando
o estoque de água em um tanque
Um tanque, ou ainda, um estoque de água tem dois fluxos: um cano que traz a água até a caixa e um outro que leva a água embora. Se a entrada de água for maior do que a saída, o tanque acabará transbordando (A). Se for o contrário, ele irá esvaziar aos poucos (B). E, se a entrada de água for igual à saída, o nível de água no tanque será mantido (C).
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| É possível
prever o comportamento de um sistema com os seguintes dados? (1) dimensões do tanque = 1metro x 1metro x 1metro = 1m3 = 1000 litros (l) (2) fluxo de entrada = 20 litros por segundo (l/s) (3) fluxo de saída = ausente Se multiplicarmos o volume de água que entrava no tanque pelo tempo podemos dizer, a qualquer momento qual o volume de água no tanque. Por exemplo: em 5 segundos teríamos 100 litros (20 l/s X 5 s), em 10 segundos 200 litros (20 l/s X 10 s), etc. Se em 50 segundos o tanque se enche, isso significa que sua capacidade é de 1.000 litros (20 l/s X 50 s). Além disso, o tanque tem as seguintes dimensões: 1m x 1m x 1m. Ou seja, é um volume de 1 metro cúbico, que equivale a 1000 litros. Isso nos permite fazer outra previsão: o nível de água no tanque em função da altura do tanque. Se em 50 segundos o nível atinge um metro (100 cm), em 25 segundos (metade do tempo) o nível será de 50 cm, em 10 segundos o nível será de 20 cm, ou seja, a cada segundo o nível aumenta em 2 cm (2 cm/s). |
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| 6 - Integração
gráfica O que acabamos de fazer foi uma integração gráfica, apesar de que, na realidade, não termos desenhado gráfico algum. Podemos fazer isso porque o sistema em questão é muito simples. Muitos outros sistemas da vida real são mais complexos e, portanto, torna-se mais complicado prever seu comportamento. Com a prática, todavia, a utilização de integração gráfica para compreender o funcionamento de muitos sistemas torna-se fácil.
A base para sua construção foi o exercício anterior, no qual o tanque foi cheio em 50 segundos. Seu aspecto linear é devido ao fluxo constante (20 l/s) que entra no tanque, o que torna o sistema totalmente previsível. Este gráfico, no entanto, poderia, facilmente, ter sido desenhado à mão. |
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Agora, imagine
que haja um atraso de 10 segundos até que o cano que conduz água
para o tanque comece a jorrar a mesma quantidade de água do exercício
anterior (20 l/s). O gráfico representando essa simulação
pode ser visto abaixo. Também bastante simples, não é
mesmo?
Entrada líquida de água = Entrada de água - Saída de água ou Entrada
líquida de água = 17,7 - 12, 9 Volume
de água no tanque = Entrada líquida de água * Tempo Volume de água no tanque = 240 litros Por que é importante considerar as unidades na representação de fluxos e estoques? Os gráficos referentes a essa simulação podem ser observados a seguir: |
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| Lembramos que, caso o fluxo de saída de água fosse maior que o fluxo de entrada de água, não teríamos entrada líquida de água e sim saída líquida de água. |
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| Como se pode verificar pelos dois exemplos, os sistemas lineares são relativamente simples de serem interpretados e previsíveis. Mas, como representaríamos esse sistema do tanque, no qual trabalhamos, em um modelo de fluxos e estoques? Veja a figura abaixo.
Muito
simples, não é mesmo? Observe agora " |
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| Suponha agora
que a torneira que controla o fluxo de entrada de água fosse sendo
aberta aos poucos (crescimento gradual da vazão), aumentando 1 (um)
litro a cada segundo. Em outras palavras, a torneira seria aberta, continuamente,
e depois de um segundo estaria jorrando 1 litro de água, com 2 segundos
2 litros, com três segundos três litros e assim pode diante,
durante 30 segundos, quando o fluxo de água atingiria 30 litros por
segundo. O gráfico representando o fluxo da entrada de água pode ser observado a seguir. Note que há uma correspondência exata entre os litros e o tempo em segundos, que pode ser melhor observado aos 10, 20 e 30 segundos.
Vamos ver como ficou o gráfico representando o crescimento do estoque (volume) de água? |
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| 7 - Integrando os fluxos de entrada e saída As convenções do Diagrama de Fluxos e Estoques (criadas por Jay Forrester em 1961) foram baseadas nessa metáfora dos fluxos de água e do tanque. De fato, a quantidade de água no tanque em um determinado momento é o resultado da acumulação da água que entrou menos a que saiu (assumindo que não houve evaporação). Da mesma forma, a quantidade de mercadorias em um armazém é o resultado da acumulação das entradas e saídas de mercadorias. Como foi observado, os estoques e os fluxos têm um significado matemático preciso. Os estoques acumulam ou integram seus fluxos: o resultado líquido da taxa de entrada menos a de saída é a alteração que o estoque vai sofrer. Isso corresponde exatamente à seguinte integral:
O Fluxo de entrada(s) representa o valor da entrada no tempo s, situado entre o tempo inicial to e tempo atual t. De modo equivalente, a taxa líquida de mudança de um estoque é derivativa, definida pela seguinte equação: d(Estoque)/dt = Fluxo de entrada(t) - Fluxo de saída(t) A notação tradicional utilizada para cálculos, em especial no Vensim, é mostrada a seguir:
Essa equação é equivalente à integral apresentada e representa o conceito de que os estoques acumulam seus fluxos de entrada e saída, começando com um valor de estoque to, ou seja, seu valor inicial. No caso dos exemplos que foram apresentados, todos começaram com estoque inicial igual a zero. É importante ressaltar que o foco de nosso curso é a modelagem e simulação de negócios, mas necessitamos construir uma base de conhecimentos sobre a qual assentaremos nossos futuros trabalhos. Mesmo não calculando as equações derivadas e integrais, uma vez que o programa de computador foi feito para isso, é importante ter uma idéia do tipo de cálculo utilizado nas simulações e, também, para compreender o que é uma simulação computadorizada. Lembramos que a análise gráfica é um requisito essencial para a compreensão dos padrões de comportamento dos sistemas e nos próximos módulos abordaremos essa questão com maior profundidade. |
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| 8 - Modelando e construindo as fórmulas Vamos rever dois dos exercícios que fizemos no início desse módulo, reconstruí-los com os símbolos da modelagem e construir as fórmulas para solucioná-los, incluindo as unidades. Para isso, cada um deles será acompanhado de um enunciado, como se fosse um problema real que tivéssemos de solucionar por meio de simulação. Eles serão acompanhados de gráficos. 1. Quinhentas andorinhas vivem próximas a duas rodovias. Todos os anos nascem 100 andorinhas. Porém, todos os anos, 120 andorinhas morrem por morte natural ou atropelada. Quantas andorinhas estarão vivendo nesta área daqui a 10 anos? Primeiro, vamos converter o modelo rascunhado abaixo: no modelo padrão: Em seguida, vamos construir as fórmulas: População
de andorinhas = INTEGRAL (100-120,500) Nascimentos
= 100 Unidades: andorinhas/ano Comentário: 120 andorinhas morrem todos os anos |
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| Essas
fórmulas estariam prontas para serem digitadas em computador e
realizar várias simulações, como por exemplo: Daqui
a vinte e cinco anos, quantas andorinhas existirão? E se nascerem
115, quantas existirão daqui a vinte anos? E assim por diante.
Posteriormente, poderemos observar que o Vensim constrói parte
da integral automaticamente e, é claro, realiza todos os cálculos
necessários.
Observe o gráfico que é a resposta para a questão colocada: Mantidas as condições iniciais, em 10 anos a população de andorinhas irá decrescer de 500 para 300 indivíduos. Este é um exemplo clássico de uma taxa de crescimento negativa. Porém, algumas dúvidas podem surgir. Se a população de andorinhas fica menor com o passar do tempo, como é que o número de andorinhas que nasce permanece o mesmo? Os casais que restarem terão mais filhotes para compensar a morte dos outros? Se existem menos andorinhas, não era de se esperar que o número de mortes também diminuísse? A resposta é que este é um exercício simplificado e, portanto, um pouco distante da realidade. À medida que o curso avança iremos sofisticando os modelos, a fim de representar sistemas mais complexos. |
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2. Existem,
atualmente, aproximadamente cinco milhões árvores em uma floresta.
Uma madeireira vem derrubando aproximadamente 100.000 árvores por
ano. Grupos ambientais, preocupados com a possibilidade da floresta ser
totalmente destruída, têm trabalhado muito, plantando aproximadamente
33.000 árvores todos os anos. Quantas árvores existirão
na floresta daqui a trinta anos? Rascunho: Modelo padrão: Observe que o modelo pode ser construído tanto para um lado como para o outro. O importante é a coerência na direção dos fluxos. |
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| Fórmulas:
Floresta
= INTEGRAL(33000-100000,5000000) Replantio
= 33000 Desmatamento
= 100000
Dentro de 30 anos a floresta terá aproximadamente 2 milhões de árvores a menos, apesar do esforço dos ambientalistas. |
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| Resumo
Neste módulo aprendemos as diferenças entre os Diagramas de Ciclos Causais e os Diagramas de Fluxos e Estoques. Vimos que os primeiros são importantes para mostrar as influências e ligações entre as variáveis de um sistema, enquanto que o segundo apresenta o estado do sistema em um determinado momento, mostrando os fluxos e acumulações de materiais, dinheiro, informação, etc. Um segundo passo foi aprender a diferenciar o que é estoque e o que é fluxo em um sistema. Também foi demonstrado como representar graficamente os fluxos e estoques. Aprendemos que as válvulas controlam a entrada e saída dos fluxos e que as nuvens representam os limites do sistema, ou seja, delimitam o que estamos interessados em estudar e analisar. Na prática, observamos como a água se acumula e um tanque e que essa acumulação pode ser calculada matematicamente por meio de uma integral. Vimos que também podemos integrar graficamente, utilizando esse aprendizado para prever o comportamento dos sistemas. Finalmente, vimos como determinar as fórmulas para os modelos. |
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- Construindo um Diagrama
Os Diagramas de Fluxos e Estoques (ou de Taxas e Níveis) são meios para se representar a estrutura de um sistema geralmente com dados quantitativos, diferindo do diagrama de ciclos causais(geralmente qualitativos). Os Estoques são fundamentais para gerar e analisar o comportamento de um sistema. Os Fluxos provocam mudanças nos estoques. Os Diagramas de Fluxos e Estoques são importantes na construção de um modelo de simulação porque ajudam a definir que tipos de variáveis são importantes no comportamento do sistema. Neste módulo, será construído um diagrama que descreve os relacionamentos entre a publicidade de um produto e a quantidade de clientes existentes e potenciais. Excepcionalmente, neste módulo, demonstraremos os recursos de diagrama dos fluxos e estoques sem incluir dados quantitativos.
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| 2
- Inserindo Estoques (Level)
Estoques são também conhecidos como níveis, acumulações ou variáveis de estado (state variables). Os estoques mudam seus valores constantemente, com o passar do tempo. Os fluxos (Rates) são os responsáveis pelas mudanças nos valores dos estoques. Por sua vez, os estoques de um sistema determinam os valores dos fluxos. Conceitos intermediários ou cálculos são conhecidos como variáveis auxiliares e, como os fluxos, podem mudar instantaneamente. Quando da construção de um diagrama de fluxos e estoques, deve-se analisar que variáveis acumulam valores com o passar do tempo. Uma outra maneira de pensar sobre isso é: se o tempo fosse reduzido a zero no seu sistema, que variáveis ainda permaneceriam com valor retido? Por exemplo, imagine um sistema no qual você coloca água em um copo. A água contida no copo é o estoque. Se o tempo é congelado, o fluxo (a água sendo colocada no copo) se interrompe, mas seria possível observar uma dada quantidade de água no copo (o estoque). Uma vez que tenham sido identificados os estoques do sistema, eles são inseridos no diagrama e, em seguida, faz-se as conexões com os fluxos e variáveis auxiliares.
Vamos iniciar a construção do modelo.
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| Para
criar fluxos, é necessário que você:
Atenção: sempre digite o nome (identificador) na caixa de texto após diagramar o fluxo. Se for pressionada a tecla “Esc” ou o botão do mouse fora da caixa de texto, o fluxo é representado sem identificador. O fluxo tem uma ponta de seta simples, indicando a direção em que o material pode fluir (o Fluxo pode apenas aumentar o Estoque). Observe que isto é apenas um diagrama. Em um modelo de simulação, as equações governam a direção em que o material pode fluir.
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| Para
construir o fluxo que vai de Clientes até Clientes Potenciais e
fazer com que o diagrama tenha aproximadamente o formato do exemplo, siga
as instruções passo a passo.
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| 3
- Inserindo Variáveis Auxiliares e Setas
Para inserir as variáveis auxiliares e as setas, siga as instruções logo a seguir, de modo que seu diagrama fique aproximadamente como o apresentado. |
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- Compondo a Estrutura
Vamos adicionar mais variáveis ao modelo. Ao terminar seu diagrama, estará parecido com o apresentado. Para isso, siga as instruções. |
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| Vamos continuar construindo o modelo. Ao terminar seu diagrama, deverá estar parecido com o apresentado. Para isso continue seguindo as instruções. |
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| 5 - Customizando
Diagramas Os diagramas podem ser customizados de diferentes maneiras. O procedimento padrão para diagramas do Vensim é mostrar estoques como caixas, com o respectivo nome dentro da mesma. Fluxos são mostrados com o nome na válvula, embora algumas vezes um fluxo não tenha nome. Variáveis auxiliares, constantes, variáveis externas, etc., são mostrados com um simples nome, sem caixas ou outras figuras geométricas. Essa seção descreve algumas opções para a customização de diagramas. Opções
do diagrama:
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Observe que
tanto as setas como os fluxos são alterados. No caso de alterar setas
e fluxos separadamente, é necessário selecionar cada um individualmente
(ex.: selecione todos os fluxos e então escolha uma cor. Repita o
mesmo para as setas).
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| Parabéns! Ao final deste módulo você já conheceu os principais recursos para diagramar modelos dinâmicos. Que tal divulgar seu modelo no fórum indicando qual recurso despertou-lhe interesse? Apreciarei sua iniciativa em compartilhar o crescimento do seu aprendizado.
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| Resumo Este módulo descreveu a construção de um diagrama de fluxos e estoques, relacionando a publicidade de um produto e a quantidade de clientes existentes e potenciais. O conceito central foi a influência da popularidade da marca sobre os novos clientes. Foram realizadas as seguintes atividades, relacionadas ao uso do Vensim:
Utilização da ferramenta Zoom para visualizar o diagrama. |
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| 1
- Modelagem
Serão abordadas as principais características do processo de modelagem. É importante que se tenha um conceito objetivo do que e para que modelar.
Devemos, antes de tudo, compreender que a modelagem e a simulação de sistemas é uma ferramenta que pode nos auxiliar no mundo dos negócios, quer estejamos atuando como gerente ou como empresário, na solução de muitos problemas complexos. A modelagem, como parte de um processo de aprendizagem, é interativa, um processo contínuo de formulação de hipóteses, testes e revisão. O objetivo é, em suma, solucionar problemas. Não raras vezes, isso acontece com criatividade e inovação. |
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| O
objetivo da modelagem: gerentes como designers de organizações
O cientista e criador da disciplina Sistemas Dinâmicos, Jay Forrester, gosta de fazer a seguinte pergunta: Qual é a pessoa mais importante nas operações de segurança de um avião?
A maioria das pessoas responde: - São os pilotos! Na verdade, as pessoas mais importantes são os designers (projetistas, em um conceito amplo). Habilidosos e bem treinados, os pilotos são críticos na segurança de uma aeronave. Porém muito mais importante é projetar um avião estável, que seja robusto sob condições adversas e que mesmo pilotos comuns possam pilotá-los, estejam sob stress, cansados ou expostos a situações de risco. |
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| Existem
gerentes que tomam decisões (quem contratar, que preços
estabelecer, quando lançar um novo produto, etc.) e existem os
gerentes designers, que dão forma às estruturas das
organizações, formulam estratégias e criam regras
para auxiliar no processo decisório.
Apesar de mais importantes, os gerentes designers chamam menos a atenção. Muitos gerentes, principalmente altos executivos, gastam muito tempo agindo como pilotos - tomando decisões e controlando os subordinados - mais do que criando uma estrutura organizacional consistente com sua visão e valores.
Gerentes que procuram aumentar suas habilidades de design atuam na base da tentativa e erro ou pela imitação de outros. O "mundo virtual" da modelagem e simulação é uma importante ferramenta para os gerentes, tanto na área operacional quanto no desenho de suas organizações. |
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- O Cliente e o Modelador
Modelar não é uma atividade isolada, ela está inserida no contexto social da organização. Assim, antes que o processo de modelagem se inicie, o modelador deve ter acesso à organização e identificar quem é o seu cliente. O cliente não é a pessoa que lhe contratou ou a pessoa que lhe paga para fazer os modelos, embora seja bom tê-los por perto e em alta conta. Seus clientes são as pessoas que deverão ser influenciadas para que seu trabalho tenha impacto.
São as pessoas cujo comportamento deve ser mudado para solucionar um problema. Ele pode ser um CEO ou uma máquina da linha de produção. Clientes podem ser indivíduos, grupos ou comunidades inteiras. Os clientes de um estudo de modelagem podem ser seus colegas de faculdade, pessoas comuns ou você mesmo. O nosso foco, contudo, são os projetos para organizações. |
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| Para
ser efetivo, o processo de modelagem deve ser focado nas necessidades
dos clientes. Porém, não raras vezes, esses clientes estão
muito ocupados, envolvidos com as políticas da organização.
Podem estar preocupados com suas carreiras ou concentrados na solução de um problema. Possivelmente, eles não irão prestar muita atenção na "elegância" de sua teoria ou na "inteligência" de seu modelo.
Modelar é uma tarefa para ajudar o cliente; não para trazer benefícios ao modelador. O ambiente real em que o cliente está inserido determina a natureza do modelo, e o processo de modelagem deve ser coerente com as habilidades, capacidades e objetivos dos clientes. O objetivo é ajudá-los a solucionarem os problemas deles. Se os clientes perceberem que seu modelo não está orientado às necessidades, não ficarão interessados, e seu trabalho terá pouco impacto. |
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| Não
queremos com isso afirmar que, ao focar o cliente, o modelador deva fazer
o que o cliente quer. Não se deve concordar de imediato a pedidos
para incluir isso, detalhar aquilo ou priorizar um processo em relação
a outros. Um bom processo de modelagem muda a concepção do cliente em relação a seus problemas. Modeladores têm a obrigação de exigir que seus clientes justifiquem suas opiniões, convertam suas idéias em dados e aceitem novos pontos de vista.
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| Infelizmente,
muitos clientes não estão interessados em aprender, mas
apenas em usar os modelos para justificar suas conclusões e utilizá-los
como instrumentos de poder dentro das organizações. Como
modelador, sua obrigação é conduzir seu trabalho
com ética, integridade e rigor.
É necessário ter a coragem de dizer aos seus clientes que "suas mais convictas crenças estão erradas", se o processo de modelagem comprovar isso. Se um cliente pedir para que construa um modelo para comprovar algo que ele deseja, mas que contraria as análises ou a ética, recuse. Se não for possível convencer seu cliente a usar a modelagem honestamente, é melhor abandoná-lo e procurar um cliente melhor. |
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- Modelagem e Interatividade
Na prática, a primeira tarefa é contatar quem acredita que a modelagem é uma ferramenta e pode ser útil na solução de um problema real. Seu contato inicial não precisa ser necessariamente com o cliente (e, às vezes, é melhor que não seja), mas com um cliente gatekeeper que possa introduzi-lo ao cliente.
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| A
principal dúvida que surge então é:
- Como desenvolver um modelo que seja útil para meus clientes? Não existe um livro de receitas para modelos de sucesso. Não existe nenhum procedimento que garanta que um modelo vá ser útil. Modelar é algo inerentemente criativo. Cada indivíduo tem diferentes estilos e abordagens. Contudo, modeladores de sucesso seguem um processo disciplinado que envolve as seguintes atividades:
1.
identificação e articulação do problema e
determinação de seus limites; |
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| Antes
de detalhar cada uma das atividades, é importante contextualizar
o processo de modelagem em relação às atividades
das pessoas. A modelagem é um processo constante de retroalimentação
e não uma seqüência linear de passos. Modelos são
construídos sob intensa interatividade, questionamento contínuo,
testes e refinamento.
A figura a seguir representa o processo de modelagem como um ciclo interativo. O objetivo inicial determina os limites e o escopo dos processos de modelagem, mas o que é aprendido durante o processo alimenta e altera nossa compreensão inicial do problema e, às vezes, os próprios objetivos.
Mas o mais importante de tudo é que a modelagem está inserida no amplo ciclo de aprendizagem das organizações. Pilotos entram em um simulador de vôo e aprendem mais rapidamente, efetivamente e de modo seguro como operar uma aeronave e então utilizam essas habilidades no mundo real. A experiência que adquirem no mundo real retorna aos laboratórios e é utilizada para construir simuladores ainda melhores. O mesmo pode e deve acontecer com os gerentes nas organizações. |
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| A
figura mostra que os modelos de simulação são alimentados
pelas informações de nossos modelos mentais e pelas informações
que retornam do mundo real.
Estratégias, estruturas e regras de decisão do mundo real podem ser representadas e testadas no mundo virtual dos modelos. Os experimentos e testes conduzidos no modelo retroalimentam e alteram nossos modelos mentais e nos levam a criar novas estratégias, estruturas e regras de decisão. Essas novas políticas são, então, implementadas no mundo real, levando a inovações e melhorias, e alimentam, mais uma vez, nossos modelos mentais e de simulação. |
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- Identificação e Articulação do Problema
A fase mais importante da modelagem é a identificação e articulação do problema. Em que fato o cliente está mais interessado? Que problema ele está tentando resolver? Qual é o real problema? Qual é o objetivo do modelo? Um objetivo claro é um ingrediente muito importante para o sucesso da modelagem. Tenha cuidado com um analista que proponha modelar todo um negócio ou um sistema social em vez de um problema.
Cada modelo é a representação de um sistema - um grupo de funcionalidades inter-relacionadas formando um todo complexo. Mas um modelo para ser útil precisa estar orientado a um problema específico de modo simples e não tentar ser como um espelho detalhado de um sistema real. Von Clausewitz formulou uma frase que resume essa idéia: "o mapa não é o território". E completamos: um mapa tão detalhado como o território possivelmente não terá uso.
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| A
arte de modelar é a arte de conhecer o que cortar, modelando com
a faca do cérebro. Isso permite decidir o que pode ser ignorado
de modo que apenas as características que atendam aos nossos objetivos
permaneçam.
Usualmente, o modelador desenvolve a análise do problema por meio de discussões com o cliente e sua equipe, complementando com pesquisa em arquivos e bases de dados, entrevistas, observação direta ou participação. Nesta fase o modelador deve construir um diagrama de ciclos causais para avaliar a dinâmica do problema. Posteriormente devemos desenvolver nossos modelos referenciais, literalmente, como um conjunto de gráficos e outros dados descritivos, mostrando a evolução do problema ao longo do tempo. Eles ajudam a quebrar visão de curto prazo que muitas pessoas têm. Faça isso junto com o cliente, determinando um horizonte de tempo e definindo aquelas variáveis e conceitos que considerem importantes para compreender o problema. |
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| A
definição do horizonte de tempo do passado deve se estender
o suficiente para mostrar como o problema surgiu e descrever os seus sintomas.
Deve se estender o suficiente no futuro para poder capturar os efeitos
retardados e indiretos de potenciais políticas adotadas. Muitas
pessoas subestimam o tempo de reação dos sistemas e definem
horizontes de tempo muito curtos.
A principal deficiência de nossos modelos mentais é nossa tendência em pensar em causa e efeito como algo local e imediato. Em sistemas dinâmicos complexos, causa e feito estão distantes no tempo e no espaço. Trabalhe com seus clientes, pensando sobre possíveis reações às políticas a serem implementadas e até em que horizonte de tempo elas podem se manifestar. Um horizonte de tempo longo é um antídoto a uma visão de mundo orientada a eventos isolados contraria a habilidade de identificar padrões de comportamento e as estruturas de comportamento que as geram. |
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- Formulação de uma Hipótese Dinâmica
Uma vez que o problema tenha sido identificado e caracterizado dentro de horizonte de tempo apropriado, os modeladores devem começar a desenvolver uma teoria chama de hipótese dinâmica, para compreender o comportamento problemático do sistema. A hipótese é dinâmica porque deve contemplar uma explicação da dinâmica que caracteriza o problema, delineando a estrutura de feedback e de estoques e fluxos do sistema. É
uma hipótese porque é sempre provisória, sujeita
a revisões ou abandono à medida que se aprende com o processo
de modelagem do mundo real. Na prática, a discussão do problema
com o cliente e membros da equipe é uma conversa confusa. Cada um tenta advogar suas posições e enfraquecer a dos demais membros do grupo. Desde o início, o modelador precisa agir como um facilitador, capturando esses modelos mentais sem criticá-los ou filtrá-los. Muitas técnicas auxiliam nessa fase, e o objetivo é ajudar o cliente a desenvolver uma explicação endógena (interna) para o problema. |
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| Os
sistemas dinâmicos procuram explicações endógenas
para os fenômenos. Uma teoria endógena é gerada pela
dinâmica de um sistema por meio da interação entre
as variáveis e agentes representados no modelo. Podemos explorar
os padrões de comportamento do modelo criado, alterando sua estrutura
e suas regras.
Já uma teoria exógena (que vem de fora dos limites do sistema) explica o comportamento de algumas variáveis do sistema em função de outras variáveis cujo comportamento tivemos que assumir antecipadamente. O foco em explicações endógenas dos sistemas não significa que não podemos incluir variáveis exógenas em nossos modelos. Mas devemos questionar se esta variável exógena participa de um feedback importante para os elementos endógenos. Se isso for verdade, os limites do sistema poderão ser expandidos, e a variável passar a ser tratada como uma variável endógena. |
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| Mapeando
a estrutura do sistema: os Sistemas Dinâmicos contemplam uma
variedade de ferramentas que ajudam a definir os limites de um sistema
e sua estrutura causal. Entre essas, temos os diagramas de limites do
modelo, os diagramas de subsistemas, os diagrama de ciclos causais e os
mapas de fluxos e estoques.
Diagramas de limites do modelo: esse diagrama resume o escopo do modelo, listando quais são as principais variáveis endógenas, as exógenas e as que não serão contempladas no modelo (excluídas). Um exemplo é mostrado abaixo a partir de um modelo genérico para analisar os feedbacks entre o sistema de energia e a economia.
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| Diagramas
de subsistemas:
mostram a arquitetura geral de um modelo por meio dos fluxos de materiais,
dinheiro, mercadorias e informação entre dois subsistemas.
Subsistemas podem ser organizações como a empresa e o cliente
ou subunidades organizacionais como produção, marketing
e desenvolvimento de produtos.
Esses diagramas mostram os limites e níveis de agregação dos diferentes tipos de organizações ou agentes envolvidos. Também disponibilizam alguma informação sobre variáveis exógenas. Um modelo simples é representado na figura abaixo:
Os
Diagramas de ciclos causais são mapas simples mostrando
as ligações entre as variáveis em termos de causas
e efeitos. |
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- Teste de um Modelo
Uma vez que tenhamos desenvolvido a hipótese dinâmica, definido os limites do modelo e criado o modelo conceitual, devemos testá-lo. Algumas vezes, podemos testar a hipótese dinâmica diretamente por meio de dados ou experimentos no modelo real. Porém, em muitas situações, especialmente quando tratamos de sistemas humanos, é difícil, perigoso, antiético ou mesmo impossível realizar experimentos no mundo real para testar a hipótese dinâmica.
Nesses casos (e na maioria das vezes), deveremos conduzir esses experimentos no mundo virtual. Para isso, teremos que converter o reino conceitual dos diagramas para um modelo formal e completo, com equações, parâmetros e condições iniciais. |
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| Formalizar
um modelo conceitual gera importantes insigths
mesmo antes que ele esteja pronto para ser simulado. A formalização
nos obriga a reconhecer conceitos vagos e a resolver contradições
que não foram percebidas durante a fase conceitual.
Nesse momento, ocorre o teste de nossa real compreensão do problema: computadores não aceitam pura retórica. Pelo contrário, somos obrigados a escrever equações e estimar parâmetros durante a modelagem no computador. Os testes se iniciam a partir do momento em que escrevemos a primeira equação. Parte do teste é, naturalmente, comparar o comportamento do modelo com o comportamento atual do sistema. Mas testar envolve muito mais do que a replicação de comportamentos. Cada variável deve corresponder a um conceito significativo do mundo real. Cada equação deve ser verificada em termos de sua consistência dimensional (para não somarmos maçãs com laranjas). |
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| Modelos
devem ser testados sob condições extremas, inclusive aquelas
nunca observadas no mundo real. O que acontecerá com o PIB de
uma economia moderna se repentinamente reduzirmos as fontes de energia
a zero?
O que acontecerá com uma montadora de automóveis se multiplicarmos o preço dos automóveis por mil? E se aumentarmos os estoques dos distribuidores de automóveis em 1.000%?
Embora essas condições jamais tenham sido observadas no mundo real, não há dúvida de que o comportamento do sistema deverá ser: sem energia, o PIB deverá cair para próximo de zero; com o preço dos carros mil vezes maior, a demanda deverá cair para zero; com estoques tão altos, a produção deverá cair para zero. |
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| Muitas
vezes, imaginamos que um modelo jamais falharia em um teste como esse.
Contudo, muitos modelos computadorizados largamente utilizados em economia,
psicologia, administração e outras disciplinas falham e
violam leis da física, embora sejam capazes de simular comportamentos
com eficiência.
Esses testes extremos, juntamente com os outros testes de comportamento do modelo, são ferramentas úteis para descobrirem falhas nos modelos e melhorar seu desempenho. |
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| Uma
vez que o cliente tenha adquirido confiança na estrutura e comportamento
do modelo, podemos elaborar e avaliar políticas de melhoria.
Elaborar políticas de melhoria é muito mais do que mudar os valores dos parâmetros do modelo. Trata-se de incluir novas estratégias, estruturas e regras de decisão. Uma vez que o feedback da estrutura de um sistema determina sua dinâmica, grande parte do tempo irá envolver a mudança dos feedbacks dominantes. Isso implica redesenhar a estrutura de fluxos e estoques, eliminar atrasos, mudar o fluxo e a qualidade da informação disponível nos pontos-chave de decisão, ou, fundamentalmente, reinventar o processo de decisão dos atores que atuam no sistema. |
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| Resumo
O módulo aborda as principais características do processo de modelagem. A modelagem e simulação de sistemas é uma ferramenta que pode nos auxiliar no mundo dos negócios. O objetivo é, em suma, solucionar problemas. O objetivo da modelagem: gerentes como designers de organizações Existem gerentes que tomam decisões (quem contratar, que preços estabelecer, quando lançar um novo produto, etc.) e existem os gerentes designers, que dão forma às estruturas das organizações, formulam estratégias e criam regras para auxiliar no processo decisório. Modelar não é uma atividade isolada, ela está inserida no contexto social da organização. O nosso foco, contudo, são os projetos para organizações. Na prática, a primeira tarefa é contatar quem acredita na modelagem, como uma ferramenta que pode ser útil na solução de um problema real. Modeladores de sucesso seguem um processo disciplinado que envolve as seguintes atividades: 1. identificação
e articulação do problema e determinação de
seus limites; Estratégias, estruturas e regras de decisão, utilizadas no mundo real, podem ser representadas e testadas no mundo virtual dos modelos. Os experimentos e testes conduzidos no modelo retroalimentam e alteram nossos modelos mentais e nos levam a criar novas estratégias, estruturas e regras de decisão. A fase mais importante da modelagem é a identificação e articulação do problema. Um objetivo claro é um ingrediente muito importante para o sucesso da modelagem. Usualmente, o modelador desenvolve a análise do problema por meio de discussões com o cliente e sua equipe, complementando com pesquisa em arquivos e bases de dados, entrevistas, observação direta ou participação. |
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