Módulo 1

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Módulo 01 – Crescimento Econômico

1 - Uma Perspectiva

A habilidade de uma nação em aumentar o padrão de vida do seu povo depende crucialmente da sua taxa de crescimento de longo prazo. Sobre um período extenso de tempo, uma diferença aparentemente pequena na taxa de crescimento econômico pode ser traduzida em uma grande diferença de renda média por pessoa.

Como ilustração, vamos comparar a experiência histórica da Austrália e do Japão. Em 1870, o PIB per capita era em torno de cinco vezes maior na Austrália do que no Japão. Num longo período de 126 anos, o produto per capita da Austrália cresceu 1.3% em média por ano, tal que em 1996 a sua renda real tinha aumentado 5 vezes em relação ao número de 1870. Entretanto, durante o mesmo período, o PIB por pessoa do Japão cresceu à taxa de 2.7% por ano atingindo um nível, em 1996, 28 (vinte oito) vezes maior do que em 1870.

A taxa de crescimento de 2.7% ao ano da economia japonesa pode não parecer muito maior do que a experimentada pela Austrália, de 1.3% ao ano. Todavia, em 1996 o Japão, que era em 1870 um país muito mais pobre do que a Austrália, já tinha ultrapassado em 15% a renda per capita da Austrália e se tornado a maior economia daquela região do Pacífico.

Embora essas diferenças sejam relativas a longo prazo, mudanças nas taxas de crescimento podem ter efeitos significativos sobre a economia em uma ou duas décadas de crescimento.



Podemos definir a taxa de crescimento como a variação de uma variável entre um período e outro. Por exemplo, o quanto as vendas aumentaram de um ano para o outro ou quanto os preços aumentaram de um mês para o outro.
Em princípio, o valor de vendas ou de preços de um ano em relação ao anterior pode ser dado por um aumento com base no anterior. Ou seja, se o preço de um refrigerante hoje é de um real, amanhã certamente irá custar mais ou menos do que um Real, mas sempre podemos pensar esta mudança em relação ao preço de hoje. Portanto, a taxa de variação de um valor X no período t + 1 será dada pela seguinte fórmula:

Taxa de variação de X entre t e t + 1 = (Xt+1Xt)/Xt

Esta fórmula sempre será verdade para expressar uma taxa de crescimento. Se desejar expressar este número em termos percentuais (%), apenas multiplique o seu resultado por 100.




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Por exemplo, aproximadamente a partir de 1973 a economia americana e outras economias industriais experimentaram uma redução continuada de suas taxas de crescimento (ver na Figura 1 o PIB real da economia norte-americana). Entre 1947 e 1973, o PIB total da economia americana cresceu mais de 3.7% ao ano, mas entre 1973 e 1988, o PIB real dos Estados Unidos cresceu 2.7% ao ano. Para ficar claro o impacto desta diferença, imagine que a economia americana continuasse a crescer a 3.7% ao ano ao invés de 2.7%. Se isto tivesse acontecido, o PIB dos Estados Unidos em 2000 seria 27% maior do que o PIB verdadeiro observado em 2000 – um valor adicional, aproximadamente, de US$ 2.4 trilhões ou de US$ 9000,00 por pessoa (em dólares de 2000).

Precisamos também pensar a definição de crescimento econômico. A mais simples concepção diz apenas que é um aumento sustentado da taxa de crescimento do produto per capita de uma nação. Todavia, antes de deixarmos este ponto mais claro, precisamos definir alguns pontos para tornar isso mais familiar.

O crescimento econômico se mostra sustentado entre a maioria dos países do mundo. Mesmo os países mais pobres apresentam taxas de crescimento médias positivas. Entretanto, existem grandes divergências entre as taxas de crescimento das diferentes nações.




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Como comparar o crescimento econômico entre nações?

Este é o motivo de abordar o PIB per capita, ou simplesmente, produto per capita. Usamos o produto per capita, pois o PIB difere muito entre as diversas nações do mundo.

Por exemplo, como comparar a riqueza entre o Brasil e a Suíça ou entre a China e a Bélgica?

Ora, sabemos pela observação direta que a Suíça ou a Bélgica são mais ricos do que o Brasil ou a China. Todavia, se comparamos diretamente o PIB desses países, observamos que o contrário seria verdade. O PIB dos grandes países tende a ser maior do que o de países pequenos, mas isto não reflete a riqueza local.

Este ponto ficará mais claro nas explicações sobre a importância da medida do produto per capita.




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2 - Riqueza e Pobreza são conceitos relativos.

Um sujeito será considerado rico, se for comparado com alguém que possui menos dinheiro ou bens. Portanto, para avaliar o crescimento precisamos comparar a renda entre países. Uma forma direta de comparação é o PIB per capita. O PIB per capita é o seguinte:


PIB per capita = (PIB total) / (População total)

Isto dá idéia de riqueza independente do tamanho da população, pois quando se divide todo o PIB pela população, atribui-se uma mesma fatia da produção do país por cabeça de habitante. Desse modo, temos uma medida de produto individual para qualquer país do mundo, ou medida da renda média por pessoa. Portanto, o adequado é compararmos o PIB per capita entre as nações.

Por exemplo, na tabela abaixo apresentamos o PIB per capita da economia brasileira, em valores reais de 1990, para o período de 1950 a 2000. Notamos que até 1980 a economia apresentava taxas significativas de crescimento, mas depois de 1980 a taxa de crescimento diminuiu substancialmente. A taxa de crescimento denota a diferença entre cada ponto do tempo em relação ao ponto inicial.

PIB per capita, US$ 1990, 1950-2000

Na história recente, a taxa de crescimento varia muito entre países. Por exemplo, os países mais pobres possuem sistematicamente 1/32 da renda per capita dos Estados Unidos. Este é um fato que se revela muito estável nos últimos cinqüenta anos.




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A pergunta que deve ser feita nesse caso é por que existe grande disparidade de renda entre países. Por que existem países ricos e outros tão pobres? Esta é a questão colocada para entender o crescimento econômico.

É sabido que a economia americana e a dos países ricos apresentam taxas positivas de crescimento do PIB per capita durante longos períodos de tempo.

Por exemplo, nos últimos cinqüenta anos a economia americana tem apresentado consistentemente uma taxa de crescimento do produto per capita de 1.56% ao ano. Essa taxa de crescimento pode parecer pouco, mas não é.

Mesmo em situações em que a taxa média de crescimento de uma economia seja bastante reduzida em um determinado período, isto se mostra bastante diferente quando realizamos uma comparação com seus resultados finais.




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Na tabela abaixo, apresentamos qual seria o crescimento final em 20, 30 e 50 anos com diversas taxas de crescimento médio sendo capitalizadas ano a ano.

Taxas de Crescimento capitalizadas ao final de cada período

Nesta tabela podemos observar que as taxas de crescimento quando parecem pequenas em termos percentuais tornam-se grandes quando compostas ao longo de muitos anos. Por exemplo: um crescimento médio de 0,5% ao ano, resulta em 50 anos em crescimento de 28.3%. Da mesma forma, se a taxa média de crescimento for de 1,5%, o resultado acumulado final será de 110,5% em 50 anos.




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Explicar as grandes variações mundiais nos padrões de vida é um pouco trivial. Ou seja, fácil. A explicação porque países são mais ricos e outros são pobres pode ser resumida na produtividade.

A produtividade é a capacidade de um país gerar mais riqueza com uma quantidade relativa menor de insumos produtivos.

Em geral, utilizamos a função de produção agregada para descrever a relação entre quantidade de produção e quantidade de insumos utilizadas. O produto de uma economia em termos de bens e serviços depende da quantidade disponível de insumos produtivos, tais como capital e trabalho, e sobre a produtividade no uso de todos estes insumos. A relação entre estes insumos e o produto é exatamente o que é descrito por uma função de produção agregada.




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Por exemplo, suponha que Y é a quantidade total produzida, L a quantidade de trabalho, e K a quantidade de capital da economia. Então podemos escrever a função de produção na seguinte forma:


Y = A F (K, L)

Em que F( ) é a função de produção que mostra como os insumos são combinados para gerar o produto. A é uma variável que representa a tecnologia produtiva disponível. À medida que a tecnologia se aperfeiçoa, A aumenta, de modo que a economia produz mais a partir de qualquer combinação dada de insumos. Portanto, fazendo uma simples transformação, obtemos:


A = Y / F (K, L)

Esta é a forma usual de como os economistas medem a produtividade. Ela, às vezes, é chamada de produtividade total dos fatores ou de resíduo de Solow. Portanto, calculando A temos uma medida da produtividade de uma economia. Esta também é a forma usual de se medir o crescimento da produtividade nas empresas.

Essa forma de descrevermos a produção de uma economia entre o produto, insumos e a produtividade é também chamada de contabilidade do crescimento. O resultado de um lado da função de produção deve necessariamente ser igual ao do outro lado, por isso ele é denominado “contabilidade do crescimento”. Assim, como em contabilidade, criamos uma conta tal que garanta que um lado seja sempre igual ao outro. O nome dessa conta é a produtividade.

Sabendo qual o comportamento de A, pode-se ter uma noção detalhada do comportamento da economia a longo prazo, ou seja, do crescimento econômico.



Devido ao economista ganhador do Prêmio Nobel em 1984, Robert M. Solow.




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Todavia é interessante salientar que muitos economistas têm chamado atenção para fatos que dizem respeito ao comportamento da produtividade entre as empresas. São eles:


  • Verifica-se uma grande dispersão dos níveis de produtividade entre empresas, mesmo quando produzem produtos semelhantes com equipamentos comparáveis.
  • A dispersão de níveis de produtividade entre empresas é persistente ao longo do tempo.
  • A entrada de novas empresas e o encerramento de outras é importante fonte do crescimento agregado da produtividade quando se considera perspectiva de médio prazo.
  • Os aumentos de produtividade não estão correlacionados ao nível da empresa, com diminuições de emprego.

Em termos macroeconômicos, a produtividade é:


  • Altamente correlacionada com o PIB (em termos de taxas de crescimento)
  • Responde por 2/3 da diferença de renda entre os países.

Uma questão muito importante é saber o que determina o crescimento de um país. Ou seja, qual a principal razão pela qual os padrões de vida hoje são mais elevados do que há muitos anos.

Por exemplo, o telefone, o transistor e motor de combustão interna estão entre as milhares de inovações que aperfeiçoaram a capacidade de produzir bens e serviços.




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Módulo 01 – Crescimento Econômico

Embora uma grande parte do avanço tecnológico tenha sido desenvolvido por pesquisas de empresas privadas e inventores isolados, há também um interesse público em promover esses esforços.

Em larga medida, o conhecimento é um bem público: uma vez descoberta uma idéia, ela passa a fazer parte do acervo de conhecimento de uma sociedade e pode ser usada livremente.

Da mesma forma que o governo tem um papel na oferta de bens públicos, como a defesa nacional, ele tem também um papel no incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias.

Neste caso, os governos desempenham um papel na criação e disseminação de conhecimento tecnológico. A forma usual do governo na geração de tecnologia é o financiamento direto de pesquisas em diversas áreas.

Outra forma de o governo incentivar a pesquisa é por meio do sistema de patentes. Quando uma empresa ou uma pessoa inventa um novo produto, como um novo medicamento, o inventor pode solicitar uma patente. Se o produto for considerado verdadeiramente original, o governo concede a patente, o que dá ao inventor o direito exclusivo de fabricar o produto durante determinado número de anos. A patente fornece ao inventor o direito de propriedade sobre sua invenção, tornando sua nova idéia um bem privado em lugar de um bem público. Ao permitir que os inventores lucrem com seus inventos, o sistema de patentes aumenta o incentivo para que empresas e indivíduos se dediquem a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.




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Módulo 01 – Crescimento Econômico

3 - Elementos da produtividade

Embora a produtividade seja um fator importante, outros fatores são cruciais para determinar a produção e importantes para determinar a produtividade. São eles:

Capital físico - Trabalhadores são mais produtivos quando dispõem de ferramentas para executar seu trabalho. O estoque de equipamentos e estruturas usados para produzir bens e serviços é denominado capital físico ou simplesmente capital. Por exemplo, quando os marceneiros fabricam móveis, eles usam serras, tornos e furadeiras. Mais ferramentas permitem que o trabalho seja feito mais rápido e perfeitamente. Isto é, um trabalhador com apenas ferramentas manuais básicas, fabrica menos móveis do que um trabalhador que dispõe de ferramentas especializadas.

Capital humano - Capital humano, segundo determinante da produtividade, é o termo que os economistas empregam para descrever o conhecimento e as habilidades que trabalhadores adquirem por meio da educação, do treinamento e da experiência profissional. O capital humano inclui a perícia acumulada em programas para a Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio, cursos superiores e treinamento no emprego para trabalhadores adultos.

Embora a educação, o treinamento e a experiência sejam menos tangíveis do que tornos e edificações, o capital humano tem muitas semelhanças com o capital físico.

Como o capital físico, o capital humano aumenta a capacidade da nação para a produção de bens e serviços. Também como o capital físico, o capital humano é um fator de produção. A produção do capital humano exige insumos na forma de professores, bibliotecas e tempo de estudo. Os estudantes podem ser considerados trabalhadores que têm a importante tarefa de produzir o capital humano que será utilizado na produção futura.




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Módulo 01 – Crescimento Econômico

Recursos naturais - O terceiro determinante da produtividade são os recursos naturais, insumos fornecidos pela natureza, como a terra, os rios e as jazidas minerais.

Os recursos naturais se apresentam de duas formas:

  • Renováveis;
  • Não-renováveis.

Uma floresta é um exemplo de recurso natural renovável. Quando uma árvore é abatida, pode-se plantar outra em seu lugar. O petróleo é um exemplo de recurso natural não-renovável. Dado que o petróleo é produzido pela natureza ao longo de milhares de anos, a oferta é limitada. Se a disponibilidade de petróleo for esgotada, é impossível criar mais.

Diferenças na dotação de recursos naturais são responsáveis por algumas das diferenças mundiais de padrões de vida. O sucesso histórico dos Estados Unidos foi em parte impulsionado pela ampla oferta de terras adequadas à agricultura. Atualmente, alguns países do Oriente Médio, como o Kuwait e a Arábia Saudita, são ricos simplesmente porque estão localizados sobre as maiores jazidas petrolíferas do mundo.

Embora os recursos naturais sejam muito importantes, eles não são fundamentais para que uma economia registre alta produtividade. O Japão, por exemplo, é um dos países mais ricos do mundo, apesar dos poucos recursos naturais de que dispõe. O comércio internacional torna possível o sucesso do Japão. O país importa muitos dos recursos naturais utilizados, como o petróleo,por exemplo, e exporta bens manufaturados para economias ricas em recursos naturais.




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Módulo 01 – Crescimento Econômico

Conhecimento tecnológico - Um quarto determinante da produtividade é o conhecimento tecnológico, a compreensão das melhores formas de produzir bens e serviços. Cem anos atrás, em vários países, as pessoas trabalhavam no campo porque a tecnologia requeria um alto insumo de trabalho para alimentar toda a população. Atualmente, graças à tecnologia agrícola, uma pequena parcela da população pode produzir alimentos suficientes para atender todo o país. Esta mudança tecnológica liberou mão-de-obra para a produção de outros bens e serviços.

O conhecimento tecnológico assume várias formas.

Parte da tecnologia é conhecimento comum – depois de ser utilizada por alguém, todos se tornam conscientes da tecnologia. Uma vez que a Ford introduziu com sucesso a produção em linhas de montagem, outros fabricantes de automóveis a seguiram.

Outras tecnologias são proprietárias. Por exemplo, apenas a Coca-Cola conhece a receita do seu refrigerante.

Quando uma empresa farmacêutica descobre uma nova substância, o sistema de patentes lhe dá um direito temporário de exclusividade sobre a fabricação desta substância. Quando a patente expira, contudo, as demais empresas podem fabricar a substância. Todas essas formas de conhecimento tecnológico são importantes para a produção de bens e serviços na economia.

É importante distinguir capital humano de conhecimento tecnológico. Embora estejam estreitamente relacionados, há uma diferença importante.

O conhecimento tecnológico se refere ao entendimento por parte da sociedade a respeito do funcionamento do mundo. O capital humano tem a ver com os recursos despendidos para transmitir esse conhecimento à força de trabalho. O conhecimento tem a ver com a qualidade dos livros, enquanto o capital humano tem a ver com o tempo que as pessoas destinam a sua leitura. A produtividade dos trabalhadores depende tanto da qualidade dos livros disponíveis quanto do tempo destinado a seu estudo.




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Módulo 01 – Crescimento Econômico

Resumo

O crescimento econômico tem um papel importante para a superação do subdesenvolvimento nas nações pobres. Nesse sentido, o crescimento econômico representa um pré-requisito indispensável para o desenvolvimento.

O crescimento no longo prazo depende de vários fatores coordenados, por exemplo: estabilidade política, econômica, respeito aos direitos civis etc, de modo a incentivar o investimento na atividade produtiva.

Estes investimentos agem diretamente sobre a produtividade fazendo-a aumentar ao longo do tempo. O papel da produtividade é tão essencial na promoção do crescimento no longo prazo que o entendimento de seus componentes se faz obrigatório.

Nesse sentido, investigamos os componentes da produtividade (capital físico, capital humano, recursos naturais e conhecimentos tecnológicos) e o seu papel desempenhado como indutores do crescimento da atividade.




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Módulo 2

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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

1 - Relação entre crescimento e subdesenvolvimento

O desenvolvimento econômico é um objetivo a ser perseguido pelos dirigentes políticos. Quanto maior o grau de desenvolvimento de uma economia, melhores serão as condições de vida de sua população.

O desenvolvimento de um país passa pela melhoria nas condições de vida de sua população. Isto pode ser identificado por meio de indicadores de qualidade de vida, como:

  • renda per capita;
  • distribuição da renda;
  • expectativa de vida;
  • índices de escolaridade;
  • índices de acesso a serviços de saúde e saneamento etc.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Em geral, associamos o resultado final do crescimento econômico ao desenvolvimento. Nesse sentido, é razoável supor que, quando a economia está crescendo diversas variáveis sócio-econômicas tendem a melhorar. E quando a economia está em recessão, os mesmos indicadores tendem a piorar.

Em linhas gerais, para que um país supere o estágio de subdesenvolvimento é necessário que ele apresente altas taxas de crescimento econômico, a longo prazo.

Todavia, o simples crescimento da renda per capita não é uma condição para o desenvolvimento. Para que um país caminhe, é necessário que ocorram algumas transformações em sua base produtiva. Por exemplo:

  • Crescimento da renda per capita de forma equilibrada;
  • Redução dos bolsões de pobreza absoluta;
  • Melhoria na qualidade de vida da população: saúde, educação, expectativa de vida para todas as camadas sociais;
  • Desenvolvimento tecnológico;
  • Uso racional dos recursos naturais.



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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

2 - Características básicas do subdesenvolvimento

Uma economia subdesenvolvida é aquela cujos habitantes não conseguem beneficiar-se da sua riqueza produzida, de forma equilibrada.

Nesse sentido, o eficiente uso dos fatores de produção possibilita que uma economia possa crescer, de forma sustentável, a longo prazo. Quando o uso dos fatores de produção não é utilizado de forma eficiente, os resultados apresentados mostram que o subdesenvolvimento é uma condição permanente.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Os países subdesenvolvidos possuem algumas características comuns quanto ao uso dos fatores de produção:

  • Capital Físico – Baixa disponibilidade de capital por unidade de mão-de-obra. Infra-estrutura deficitária, principalmente nas áreas de transportes, armazenagem, distribuição, acesso às comunicações e distribuição de energia.
  • Capital Humano – Elevadas taxas de expansão demográfica. Baixa qualificação da mão-de-obra existente e baixo nível de escolaridade. Insuficiente capacitação profissional.
  • Recursos Naturais – Desconhecimento do potencial geofísico. Existência de uma inadequada estrutura de propriedade. Prática de exploração predatória do meio ambiente.
  • Conhecimentos Tecnológicos – Pouco ou reduzido nível de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Uso de tecnologia defasada e de pouco valor agregado nos produtos, em relação aos utilizados pelos países desenvolvidos.



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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Como consequência dessa distribuição dos fatores de produção, as economias subdesenvolvidas tendem a apresentar este quadro:

  • Pouca geração de emprego;
  • Baixa produtividade em função do mau uso dos fatores de produção;
  • Salários reduzidos em função de baixa produtividade da economia;
  • Renda per capita baixa;
  • Baixos níveis de investimento e poupança interna;
  • Poupança interna insuficiente para garantir o crescimento sustentável;
  • Altas taxas de desemprego;
  • Alta concentração de renda;

Em geral, quanto maior a renda per capita de um país, mais desenvolvida é a sua sociedade. Entretanto, esta relação não acontece de modo a beneficiar a todos os Extratos sociais, pois a distribuição dos benefícios não ocorre de modo equilibrado. Nesse sentido, a concentração da renda em benefício de uma pequena minoria, consegue distorcer os resultados do crescimento econômico.

Diante disso, foi criado pelo Programa das Nações Unidas para os países em Desenvolvimento – PNUD o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, como tentativa de avaliar a qualidade de vida da população.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

A construção do IDH é composta de três variáveis, com pesos iguais:

  • Educação (Escolaridade da força de trabalho e analfabetismo);
  • Expectativa de vida ao nascer;
  • Renda per capita.

Os dados são padronizados em uma série de 0 a 1. O número 1 (um) apresenta uma excelente qualidade de vida e o número 0 (zero), uma péssima condição de vida.

O PNUD considera uma região com desenvolvimento elevado se o IDH registrar um valor superior a 0,8; com desenvolvimento médio, entre 0,8 e 0,5; e com desenvolvimento baixo, menos de 0,5.

Em 1996, O PNUD divulgou os resultados do IDH para os Estados Brasileiros. Os dados dessa pesquisa mostraram que a realidade brasileira é extremamente desigual, pois em um mesmo país havia regiões que apresentavam características econômicas e sociais pertencentes tanto a países desenvolvidos como a países subdesenvolvidos.

Para os anos 90, este quadro não mudou substancialmente.



Brasil: Índice de Desenvolvimento Humano –1996




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

3 - Pobreza

Junto com o subdesenvolvimento está também a pobreza. Quanto mais subdesenvolvida for uma economia, maior será o percentual de pobres e miseráveis nela sobrevivendo.

A pobreza é um dos grandes males que afligem a humanidade. Sua existência exclui milhões de pessoas do mercado consumidor, privando-as de adquirir bens de consumo e serviços para sua subsistência, levando-as a condições de vida subumanas. Nesse sentido, a incidência da pobreza, geralmente, está associada à fome e à subnutrição.

Caracterizar uma pessoa ou grupo social como pobre ou indigente, é tarefa difícil porque essa definição não é precisa. Também se deve diferenciar pobreza de empobrecimento: o primeiro termo designa as condições de vida desses indivíduos, o segundo as condições sociais de reprodução dos indivíduos.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Em geral, associa-se pobreza e indigência à baixa remuneração, e esta relaciona-se à capacidade de adquirir bens de consumo.

É necessário levar em conta que a própria definição dos limites e parâmetros para a medição da pobreza está relacionada a fatores extra-renda. Entre esses estão os hábitos e os costumes de uma região e as mudanças ao longo das gerações. Tendo em vista que essas variáveis não são estáticas, e sim dinâmicas, pode-se inferir que a definição precisa de linhas de pobreza é aparentemente fácil, mas na realidade é subjetiva e de difícil execução.

A dificuldade em definir parâmetros de pobreza pode ser ilustrada no conceito utilizado pelo governo dos Estados Unidos. Para o governo americano, considera-se família pobre aquela cujos rendimentos anuais não ultrapassam a US$ 17.761. Por estes parâmetros, um pobre nos Estados Unidos poderia ser considerado rico em países mais pobres.

Estes dados mostram-se mais discrepantes quando compararmos o conceito de pobreza utilizado pelo Banco Mundial. Para ele, a pessoa é considerada pobre se conseguir um rendimento médio de US$ 1,00 por dia ou US$ 365,00 por ano.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

4 - Distribuição equilibrada da renda e estabilidade dos preços

Em geral, a literatura econômica demonstra que, para que ocorra distribuição mais equilibrada da renda, um dos pré-requisitos fundamentais é o crescimento econômico. Entretanto, uma das condições básicas para o crescimento econômico é a manutenção da estabilidade dos preços.

A longo prazo, a estabilidade de preços é uma pré-condição para que os investimentos sejam executados. Os investimentos possuem um papel fundamental no crescimento, pois é por meio deles que as atividades econômicas se expandem, proporcionando um aumento na atividade econômica. Quando uma economia cresce, todas as variáveis sócio-econômicas tendem a melhorar.

Nesse sentido, não há melhora na distribuição da renda sem crescimento. Todavia, o crescimento por si só, não garante uma melhora na distribuição da renda.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Distribuição equilibrada da renda - O desenvolvimento econômico pressupõe que a distribuição do rendimento seja equilibrada. Isto é, quanto mais bem equilibrada for a distribuição da renda, maior será o desenvolvimento econômico.

Para os formuladores da política econômica, a distribuição de renda engloba dois objetivos complementares diferentes:

  • Redução dos desníveis regionais;
  • Melhoria da estrutura pessoal de repartição da renda e da riqueza.

Desníveis regionais - O que são os desníveis regionais?


É a existência, em um mesmo país, de regiões muito ricas e outras muito pobres.

Os desníveis regionais podem ser explicados por diversos estudos iniciados, principalmente nos anos 60, por Perroux, Friedman e North, Wilianson, Myrdall etc.

O Ponto Principal da teoria de localização de Perroux baseia-se na implantação de pólos de crescimento que privilegiam as regiões mais carentes, pois segundo este modelo, o progresso se irradiaria deste pólo para as regiões mais pobres.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Já no Modelo de Willianson (1968,1977), as desigualdades internas apresentam uma correlação positiva com o crescimento. Quando a economia está em crescimento, ocorre um aumento das disparidades regionais até um ponto em que estes resultados começam a melhorar.

Outras conclusões desse autor foram que:

  • Há existência de forte correlação entre o grau de desenvolvimento dos países e o grau de concentração de renda;
  • Independentemente do grau de desenvolvimento do país, a magnitude territorial de um país pode influenciar nos desníveis regionais;
  • Somente a longo prazo as diferenças regionais são modificadas. Isso demonstra o caráter estrutural dos problemas regionais.

Para Gunnar Myrdall (1968), os motivos do desequilíbrio são as diversidades dos recursos naturais existentes. Na maior parte dos países estudados, o processo de crescimento econômico ocorreu de forma mais intensa, inicialmente nas regiões mais bem dotadas de recursos naturais, para em seguida se verificar nas as regiões que possuem dotações de recursos menos expressivas.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Os motivos que levam uma região a se destacar em relação a outras, por meio do nascimento de um pólo de desenvolvimento diferenciado, são:

  • Abundância de recursos para a produção de energia;

  • Ocorrência de uma matéria-prima com alto valor econômico;

  • Localização próxima à zona portuária.

Em dado momento, a dinâmica desse pólo passa a exercer um poder de atração sobre os recursos humanos e sobre a disponibilidade de capital de outras regiões menos dinâmicas. As migrações humanas não têm efeito atenuador das desigualdades.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Com o tempo, o pólo de desenvolvimento tende a absorver todos os capitais das áreas próximas. Como resultado, as condições de infra-estrutura tornam-se substancialmente diferentes das regiões circunvizinhas mais atrasadas, apresentando uma nítida diferenciação.

Os estágios de desenvolvimento de cada país e os padrões de crescimento são apontados como determinantes básicos da concentração da renda e da riqueza. Também devem ser considerados os padrões segundo os quais se realiza o processo de acumulação, os direitos à propriedade e à sucessão hereditária, a mobilidade social, etc.

Pode-se afirmar que: nas economias em que coexistem dois setores bem distintos, um moderno e dinâmico e outro tradicional, os graus de concentração de renda tendem a ser mais concentrados.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

5 - Atenuação dos desníveis e das desigualdades

Para atenuar desníveis e desigualdades, somente políticas a longo prazo apresentam resultados significativos. Quanto aos desníveis regionais, podemos identificar as seguintes ações do Governo:

a) Políticas de povoamento de áreas pouco habitadas e expansão da fronteira agrícola;

b) Canalização de investimentos em infra-estrutura, saúde, educação, saneamento, no uso de matérias-primas, principalmente para regiões mais atrasadas;

c) Regionalização dos investimentos;

d) Criação de órgãos oficiais de fomento.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Quanto à distribuição da renda e da riqueza, o Estado pode intervir propondo políticas públicas voltadas para:

a) Melhoria do acesso à educação, saneamento, saúde e toda a infra-estrutura social para as populações mais pobres.
b) Manutenção de uma rede eficiente de proteção social (seguro desemprego, aposentadorias etc.);
c) Melhor distribuição da propriedade e da riqueza.




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Módulo 02 - Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Resumo

O subdesenvolvimento é resultado da má utilização dos fatores de produção. A má ou baixa utilização provoca pouca geração de emprego, baixa produtividade em função do mau uso dos fatores de produção, salários reduzidos em função de baixa produtividade da economia, renda percapita baixa, baixos níveis de investimento e poupança interna, poupança interna insuficiente para garantir o crescimento sustentável, altas taxas de desemprego e alta concentração de renda.

O subdesenvolvimento está associado à pobreza e à distribuição da renda. Quanto mais subdesenvolvida for a economia, piores serão os resultados apresentados.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção
1 - Emprego x desemprego

A economia brasileira na década de 1990 apresentou diversas transformações estruturais em relação aos anos anteriores. Entre elas, cita-se a retomada da abertura comercial, estabilidade de preços e a tendência à valorização da moeda interna frente ao dólar americano, bem como a aceleração da modernização das atividades produtivas.

A abertura comercial, iniciada no governo Collor de Mello (1990 – 1992), representou um incentivo para as empresas localizadas no país, a investirem recursos na modernização de seus parques industriais. Nesse contexto, deve ser acrescentada a redução tarifária de importação e a diminuição das restrições não tarifárias às importações existentes, que por sua vez permitiram um aumento na oferta e na qualidade de bens e serviços disponíveis no mercado interno.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Se por um lado, um aumento da concorrência propiciou maior diversidade de opções para os consumidores, por outro, representou um duro impacto para a indústria nacional, que, em sua maior parte, não estava preparada para o aumento da concorrência. Frente a essa situação, o setor industrial e os demais setores que estavam expostos à concorrência dos importados defrontaram-se com um dilema: ou ajustavam suas estruturas de produção ou não sobreviviam.

Cabia, em ultima instância, ao mercado, escolher as firmas sobreviventes.

Para as firmas sobreviventes, a adoção de novos e mais modernos processos de gestão e produção foi o caminho encontrado para a continuação de suas atividades. Setores como: vestuário, calçados e brinquedos foram dos que mais sofreram com a concorrência importada, enquanto que nos mais tradicionais, como o alimentício, os efeitos foram menos sentidos.

Em linhas gerais, a abertura comercial sinalizou um aumento no processo de modernização produtiva e afetou de forma bastante heterogênea a base produtiva.




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A modernização produtiva e a abertura comercial indicaram mudanças substanciais para o mercado de trabalho brasileiro, tanto de forma quantitativa como qualitativa.

Nesse ambiente de constantes alterações, o perfil do trabalhador exigido pelo mercado de trabalho é substancialmente diferente da mão-de-obra empregada.

A introdução de novas técnicas de gestão e produção passou a exigir do trabalhador moderno a capacidade de adaptar-se às mudanças muito mais elevadas, do que o verificado pelo operário moldado dentro do modelo de produção tradicional. Em linhas gerais, nesse modelo, a super especialização do trabalhador em poucas atividades não exige da força de trabalho grau de escolaridade avançado. Cabe ao empregador treinar seus empregados nas tarefas necessárias à produção.




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Com a modernização produtiva, o tipo de trabalho gerado solicita do trabalhador uma maior capacidade para a tomada de decisões e um maior nível de destreza na execução de suas tarefas. Essas mudanças no mundo do trabalho são denominadas pelos especialistas de modelo pós-fordista. Ele aponta para descentralização das decisões e menor hierarquização do trabalho.

Todavia, as mudanças nas organizações empresariais não ocorrem de forma homogênea. A introdução de novos modelos de gestão se verifica de modo bastante heterogêneo, ocorrendo de modo mais acentuado nos mercados mais expostos à concorrência externa e de forma mais incipiente, nos setores mais protegidos.




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A introdução de novos modelos de gestão e produção aliada à aquisição de novas máquinas e equipamentos permitiram um aumento na produtividade industrial.




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Cabe destacar que, nos anos 80, a economia brasileira passava por um crítico período recessivo. A literatura econômica tem sinalizado que, sem crescimento econômico, é praticamente impossível à economia gerar novos postos de trabalho, ou seja, o emprego pode crescer com o aumento da atividade e não o contrário.

Atualmente, o emprego é uma das principais questões debatidas pelos economistas e por toda a sociedade. No Brasil, um dos principais pontos discutidos refere-se à incapacidade da economia nacional de gerar, anualmente, novos postos de trabalho em quantidade suficiente para absorver o grande fluxo de novos trabalhadores que ingressam no mercado de trabalho.

Crescimento Econômico x Desemprego

Período
Crescimento Médio do PIB
Taxa de Desemprego (média)
1982-1992
2,6
5,0
1992 - 2002
2,7
6,2

Fonte: Wold Bank: Monthly Report of Macroeconomics Indicators

Como conseqüência direta desse problema, verifica-se tendência de aumento nas taxas de desemprego durante a última década do século XX e início do século XXI.




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Na tabela a seguir, estão sinalizados os comportamentos apresentados pelas taxas de desemprego na Grande São Paulo, entre 1991 e 2002.

Os dados contidos nessa fonte sinalizam uma tendência de aumento do desemprego, não importando a fonte de dados da pesquisa (PME ou PED).

Taxa de Desemprego na Grande São Paulo: 1991 – 2002

PED**
1991
5,5
11,6
1992
6,5
14,9
1993
5,7
14,7
1994
5,4
14,3
1995
5,2
13,2
1996
6,3
14,9
1997
6,6
15,7
1998
8,6
18,2
1999
8,3
19,3
2000
7,5
17,7
2001
6,4
17,5
2002
8,4
19,0

Fonte: Conjuntura Econômica, jan 2002.
* Pesquisa Mensal de Emprego – PME.
** Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Os dados a seguir mostram outra situação preocupante. A qualidade dos postos de trabalho está piorando nas seis maiores regiões metropolitanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.

A Pesquisa Mensal de Emprego – PME indicou, ao longo dos anos 1990, aumento considerável na proporção dos empregos sem carteira assinada, em relação ao total de emprego gerado. Em outras palavras, verifica-se tendência para a precarização da qualidade do emprego, por meio da redução do emprego formal em benefício do emprego informal e do aumento de trabalhadores autônomos.

Por emprego precário, entende-se aqueles postos de trabalho em que não são cumpridos os benefícios que a carteira assinada pode proporcionar, tais como: 13º salário, férias, seguro maternidade, etc.



A PME é uma pesquisa de periodicidade mensal sobre mão-de-obra e rendimento do trabalho. Os dados são obtidos de amostra representativa de, aproximadamente, 38.500 domicílios situados nas seis maiores Regiões Metropolitanas: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
A pesquisa segue as recomendações da Organização Internacional do Trabalho e objetiva produzir resultados que facilitem a análise de sua série em conjunto com as contas nacionais e que viabilizem a comparação em nível internacional. Assim, os procedimentos metodológicos visam a separar os indivíduos que trabalham daqueles que não trabalham (os que procuram trabalho e os inativos).





A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) é um levantamento domiciliar contínuo, com objetivo de captar, através de amostra significativa, informações sobre o mercado de trabalho urbano. É realizada mensalmente, desde outubro de 1984, na Região Metropolitana de São Paulo. A pesquisa é fruto de convênio entre a Fundação SEADE e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – DIEESE e vem fornecendo dados para o acompanhamento da evolução conjuntural e análise das características e transformações na estrutura do mercado de trabalho regional.





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Os dados na tabela seguinte apresentam um quadro fiel desse problema no Brasil. Eles mostram que em 1991, quase 21% dos trabalhadores não tinham sua carteira de trabalho assinada. Em 1999, esse percentual sobe para aproximadamente 26,5%.

Participação dos empregados sem carteira assinada na
ocupação total das principais regiões metropolitanas
Ano
Total
1991
20,81
1992
22,15
1993
22,99
1994
23,67
1995
24,08
1996
24,79
1997
24,82
1998
25,43
1999
26,39

Fonte: IPEA




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Como é mensurada a taxa de desemprego?

Quando o governo divulga que a taxa de desemprego está aumentando ou diminuindo, em geral, fica na mente das pessoas a seguinte pergunta:


Como o Governo calcula as taxas de desemprego ou qual a metodologia empregada para se obter estes resultados?

Para se medir uma taxa de desemprego, é necessário que se cumpram alguns requisitos.

Por exemplo:


1. Realizar pesquisa cujos resultados sejam extraídos de amostra representativa da sociedade;
2. Definir o público-alvo;
3. Calcular a taxa de desemprego.



1. No Brasil, as duas principais instituições responsáveis pelas estimativas das taxas de emprego e desemprego são o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e a Fundação SEADE.

  • A Pesquisa Mensal de Emprego – PME é periodicamente realizada pelo IBGE. Toma por base amostra mensal de 38.000 domicílios, que cobrem as seis maiores regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre).
  • A Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED é realizada pela Fundação SEADE, com um universo mensal de pesquisa de 3.000 domicílios, localizados nos 38 municípios pertencentes a Grande São Paulo.



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2. Definir o público-alvo a ser atingido. Antes de calcularmos as taxas de desemprego, é preciso identificar alguns elementos, como:
  • População Adulta ou População em Idade Ativa – PIA - que representa todas as pessoas que potencialmente poderiam estar trabalhando.

Classificar uma pessoa como adulta é uma tarefa bastante difícil, visto que, ao longo da história, pessoas com pouca idade desempenham tarefas consideradas como de adultas. Para fins de análise de mercado de trabalho, são utilizados alguns parâmetros definidos pela idade biológica para determinar se uma pessoa está ou não em idade de trabalhar.

Considera-se, para efeito das estatísticas de mercado de trabalho, como pessoa adulta ou em idade de trabalhar, todos os indivíduos com a faixa etária de 16 a 65 anos pelo IBGE, e de 10 a 65 anos pela Fundação SEADE. Segundo os dados da PME, em 1999, a PIA das seis maiores regiões metropolitanas do país era, aproximadamente, formada por 31.507.105 pessoas.




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Cabe ressalvar que o IBGE trabalha de acordo com as recomendações da Organização Internacional do Trabalho – OIT, enquanto a Fundação SEADE não o faz diretamente.
  • Força de Trabalho ou População Economicamente Ativa – PEA – é composta de todas as pessoas que estão empregadas mais as desempregadas. Segundo as estimativas da PME, em 1999, a População Economicamente Ativa das seis principais Regiões Metropolitanas do país era de 17.721.119 de pessoas. Desse total, 16.386.602 estavam ocupados.
  • Existe também conceito de Fora da Força de Trabalho ou População não Economicamente Ativa ou Inativos, que representa as pessoas que não procuram um emprego e que não estão empregadas. Isto é, pessoas que não estão presentes na PEA. Em 1999, os dados da PME indicavam a existência de 13.335.984 de pessoas que não pertenciam à PEA.

Desse modo, a PIA (População em Idade Ativa) é formada pela PEA mais as pessoas fora da Força de Trabalho.




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3. Calcular as taxas de desemprego – para tanto, definimos a taxa de desemprego como: a razão entre o número de desempregados e o total da PEA.

Taxa de Desemprego = Número de Desempregados
  PEA (Empregados + Desempregados)

Taxas de Desemprego nas Seis Maiores Regiões
Metropolitanas entre 1980 e 2002

Brasil
RJ
SP
BH
POA
REC
SAL
1980
6,5
7,5
5,6
Nd.
Nd.
Nd.
Nd.
1981
7,9
8,6
7,3
9,0
5,8
8,6
9,0
1982
6,3
6,5
6,0
7,0
5,3
7,5
6,3
1983
6,7
6,2
6,8
7,8
6,7
8,0
5,6
1984
7,1
6,8
6,8
8,3
7,0
9,0
7,7
1985
5,3
4,9
5,0
5,7
5,4
7,2
6,0
1986
3,6
3,5
3,3
3,7
3,9
4,4
4,5
1987
3,7
3,2
3,8
3,9
3,9
5,2
4,1
1988
3,8
3,1
4,0
4,0
3,6
5,6
4,6
1989
3,3
2,8
3,4
3,4
2,6
5,3
4,4
1990
4,3
3,5
4,5
4,1
3,7
5,7
5,4
1991
4,8
3,6
5,5
4,1
4,4
5,9
5,9
1992
5,7
4,0
6,5
4,8
5,5
8,6
6,8
1993
5,3
4,1
5,7
4,5
4,0
8,9
6,6
1994
5,1
4,1
5,4
4,3
4,1
6,8
7,1
1995
4,6
3,4
5,2
3,8
4,5
5,5
6,7
1996
5,4
3,7
6,3
4,6
5,9
5,7
6,8
1997
5,7
3,7
6,6
5,1
5,5
5,9
7,7
1998
7,6
5,4
8,6
7,2
7,3
8,7
9,3
1999
7,6
5,4
8,3
7,7
7,2
8,2
9,9
2000
7,1
5,2
7,5
7,8
7,2
7,9
9,8
2001
6,2
4,4
6,4
7,4
5,5
7,8
8,9
2002
7,2
5,4
8,4
7,1
5,8
7,2
7,6

Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego.




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Situação do Mercado de Trabalho nas seis maiores regiões metropolitanas do país em agosto de 2000.




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2 - Tipos de desemprego

As pessoas são consideradas desempregadas quando não conseguem obter ocupação. Quais as principais razões que levam as pessoas a serem desempregadas?

Quando são demitidas e saem em busca de outro emprego.
Quando pedem demissão e passam a procurar outro emprego.
Quando entram e saem da PEA, isto é deixam de ser inativas e passam a ser ativas ou vice-versa.

O desemprego é classificado em três tipos, de acordo com suas causas:
Desemprego friccional, estrutural e cíclico

Desemprego Friccional – é resultante do fluxo de entrada e saída de pessoas do mercado de trabalho e da criação e fechamento dos postos de trabalho.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Desemprego Estrutural – é resultante das modificações ocorridas nos empregos gerados pelo mercado de trabalho e pela incapacidade da mão-de-obra atual em absorver tais empregos. Também denominado desemprego tecnológico.

Desemprego Cíclico – é resultante do caráter cíclico da economia. Ao longo do ano, existem períodos em que atividade econômica cresce com maior intensidade. Por exemplo: nos meses de agosto a novembro, a indústria aumenta sua produção voltando-se para as encomendas do Natal. Por outro lado, após o Natal, a produção cai. Assim, o desemprego é associado ao ciclo da economia.




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3 - Taxa natural de desemprego

Representa uma média histórica das taxas mensais de desemprego apresentadas por uma economia durante determinado período de tempo. Em torno desta média, as taxas de desemprego a curto prazo estão sempre relacionadas ou acima ou abaixo da média histórica.

A tabela a seguir apresenta taxas de desemprego de alguns países desenvolvidos: Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França, Canadá e Japão. Com base nesses resultados, pode-se constatar que cada economia apresenta uma taxa média diferente.

Em linhas gerais, as taxas mais elevadas se encontram nos países europeus e Canadá, enquanto que no Japão ela é a mais baixa. Já o Brasil, apresenta uma média na taxa de desemprego equivalente à da Alemanha.

País/Ano EUA Reino Unido França Itália Alemanha Canadá Japão Brasil
1980 7,1 7,0 6,5 4,4 2,8 7,5 2,0 6,5
1981 7,6 10,5 7,6 4,9 4,0 7,6 2,2 7,9
1982 9,7 11,3 8,3 5,4 5,6 11,0 2,4 6,3
1983 9,6 11,8 8,6 5,9 6,9 11,9 2,7 6,7
1984 7,5 11,8 10,0 5,9 7,1 11,3 2,8 7,1
1985 7,2 11,2 10,5 6,0 7,2 10,5 2,6 5,3
1986 7,0 11,2 10,6 7,5 6,6 9,6 2,8 3,6
1987 6,2 10,3 10,8 7,9 6,3 8,9 2,9 3,7
1988 5,5 8,6 10,3 7,9 6,3 7,8 2,5 3,8
1989 5,3 7,3 9,6 7,8 5,7 7,5 2,3 3,3
1990 5,6 7,0 9,1 7,0 5,0 8,1 2,1 4,3
1991 6,8 8,9 9,6 6,9 4,3 10,4 2,1 4,8
1992 7,5 10,1 10,4 7,3 4,6 11,3 2,2 5,7
1993 6,9 10,5 11,8 10,2 5,7 11,2 2,5 5,3
1994 6,1 9,6 12,3 11,3 6,5 10,4 2,9 5,1
1995 5,6 8,8 11,7 12,0 6,5 9,5 3,2 4,6
Média 7,0 9,7 9,9 7,4 5,7 9,7 2,5 5,3



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4 - Por que algumas pessoas não estão na PEA?

Algumas razões explicam por que uma pessoa ou um grupo de pessoas não estão procurando emprego ou trabalhando? São elas:

  • A continuação dos estudos. Algumas pessoas podem postergar sua entrada no mercado de trabalho para continuar seus estudos. Um maior grau de escolaridade poderá proporcionar ao estudante ocupações que lhe oferecem uma maior remuneração no futuro.

  • Matrimônio - Para as mulheres, em geral, o casamento representa um forte motivo para que saiam do mercado de trabalho. Esse fenômeno acontece, em geral, com maior intensidade em sociedades predominantemente rurais.




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  • Maternidade. As mulheres, quando entram em período de gestação, não dispõem de tempo para procurar sua sobrevivência no trabalho. A relação trabalho x sobrevivência financeira x cuidado com os filhos é colocada em questão e elas saem do mercado de trabalho. Cabe ressaltar que as mulheres ingressam no mercado de trabalho da mesma forma que os homens, porém elas saem da PEA no período de procriação. Todavia, quando os filhos já estão mais crescidos elas voltam ao mercado de trabalho.

  • Melhoria nas condições financeiras das famílias. Para a maior parte da população, o trabalho é a única fonte de recursos para a sobrevivência. Trabalha-se mais, para se garantir uma qualidade de vida melhor. Todavia, algumas pessoas não têm necessidade de trabalhar para garantir sua sobrevivência porque têm outras fontes de renda.




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  • Aposentadoria antes dos 65 anos. Após trabalhar durante toda sua vida adulta e contribuir com um fundo de previdência, o trabalhador tem como prêmio o direito a um descanso remunerado. Provavelmente, esse descanso ofereça condições para que o aposentado não continue a trabalhar.

  • Desistência de procurar emprego. Para grande contingente de trabalhadores desempregados, a busca por nova ocupação torna-se difícil. Uma parcela considerável, após procurar trabalho e não encontrar, desiste de procurar emprego. Tais razões devem-se, principalmente, à dificuldade de inserção no mercado de trabalho, desemprego tecnológico e idade do trabalhador.




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Atenção! Basta que algumas dessas pessoas saiam da inatividade para que retornem à PEA. Nesse caso, quando uma pessoa aposentada com menos de 65 anos volta a procurar emprego, ela deixa de ser considerada inativa e passa ser desempregada (ativa)

Por outro lado, se uma pessoa empregada ganhar na loteria e desistir de trabalhar, ela estará saindo da PEA e ficando somente na PIA.

Para as mulheres, entre essas e outras razões como: matrimônio, procriação da espécie e condições culturais, fazem com que grande parte da população feminina não esteja no mercado de trabalho como pessoas ativas.

Por estes motivos, a taxa de participação da mulher no mercado de trabalho é, em geral, inferior à masculina. A tabela de “Taxa de Participação por Gênero: 1991 a 2002 (%), logo a seguir, sintetiza essa realidade no Brasil.




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5 - Taxa de Participação

A taxa de Participação ou de Atividade mostra o percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão trabalhando ou procurando emprego.

Em linhas gerais, pode-se constatar que as taxas estão declinando, tanto para homens como para mulheres. Uma das razões para a existência desse fenômeno pode estar:


• na incapacidade do mercado em absorver novos trabalhadores;
• no aumento ou na permanência de jovens e adolescentes em escolas;
• nas campanhas de combate ao trabalho infantil etc.

Taxa de Participação por Gênero: 1991 a 2002 (%)

Média Anual
Total
Homens
Mulheres
1991
61,0
80,0
44,3
1992
59,5
78,3
42,7
1993
58,8
77,1
42,5
1994
59,3
77,2
43,4
1995
59,6
76,7
43,9
1996
58,5
76,3
44,9
1997
58,2
74,7
44,3
1998
58,1
73,7
44,5
1999
57,0
73,2
43,9
2000
58,0
72,7
45,2
2001
56,5
71,0
43,9
2002
56,8
70,5
45,0

Quando se observa o resultado por gênero, constata-se que a mulher apresenta resultados inferiores aos apresentados pelos homens. Para justificar esse quadro existem diversas explicações. Entre elas estão:

• Condições culturais que levam a mulher a permanecer em casa;
• Casamento;
• Período de gestação.

Mesmo em sociedades mais industrializadas, as taxas de participação feminina no mercado de trabalho são mais baixas que as dos homens. Essas estatísticas, todavia, não contabilizam o trabalho doméstico desempenhado pelas trabalhadoras, pois as mulheres possuem uma dupla jornada, uma dentro de casa com seus afazeres domésticos e outra na linha de produção.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção
Resumo

Neste módulo, aprendemos os conceitos básicos de mercado de trabalho utilizados pelos analistas econômicos; neste universo, apresentamos o que significa PEA, PIA e indicadores, como: taxa de emprego e desemprego.

Também foi visto o processo de construção de um índice que apresente as taxas de emprego e desemprego, bem como as razões que levam as pessoas a não estarem nem trabalhando nem procurando emprego, entre as quais pode-se relacionar: desistência de procurar emprego, continuação dos estudos, condições financeiras etc.

O desemprego apresenta diversas facetas, que podem ser manifestadas de várias maneiras, como: desemprego estrutural, desemprego friccional e desemprego cíclico.

Quanto à participação dos trabalhadores no mercado de trabalho, constata-se que a participação da mulher no mercado de trabalho é, em geral, inferior à masculina. Estes resultados se devem a um conjunto de fatores, desde condições culturais, maternidade até o casamento.




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Módulo 2

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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO
1 - Mercado de trabalho

Como as forças que compõem a economia conseguem determinar as taxas de desemprego?

O primeiro passo para encontrar a resposta está nas duas principais forças do mercado de trabalho:
• a oferta;
• a procura por trabalho.
A taxa de desemprego é determinada pelo mercado de trabalho, que é composto de:
• curva de oferta de mão-de-obra;
• curva de demanda por trabalho.

A interseção dessas curvas permite definir um salário de equilíbrio ou um salário de mercado, além do nível de emprego.

Com base no nível de emprego e no total da PEA, podemos tirar duas taxas:

• de emprego;
• de desemprego.



População Economicamente Ativa





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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO
2 - Oferta por trabalho

A longo prazo, a quantidade de pessoas que desejam trabalhar pode ser explicada por fatores como:


Salário pago pelas empresas (W).
Quanto maior o salário pago pelas empresas, maior será a quantidade de pessoas dispostas a aceitar trabalhar;


Relação entre o trabalho e o lazer (Z).
As pessoas podem relacionar seus desejos de trabalhar com suas horas de lazer disponíveis. Todavia, algumas pessoas preferem sacrificar seu lazer em troca de remuneração. Quanto maior for a quantidade de horas trabalhadas, maior será a remuneração final. Todavia, alguns trabalhadores não aceitam trocar suas horas de lazer por trabalho.

Por exemplo: um dia tem aproximadamente 24 horas. Destas horas, em geral, 8 são dedicados aos trabalhos diários na firma, restam portanto, preencher as 16 horas que faltam. Estas 16 horas representam o tempo que o trabalhador tem para descansar, dormir, conviver com sua família etc.




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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO
Trabalhadores que ingressam no mercado (T). A cada ano, ingressa no mercado de trabalho grande quantidade de jovens e adolescentes, que entram na Idade Ativa. Esse fluxo de novos trabalhadores é um reflexo diretamente causado pelo crescimento populacional.

Migrações – A entrada e a saída de grande contingente de trabalhadores pode influenciar o mercado de trabalho. Em alguns países do Oriente Médio, por exemplo, grande parte da mão-de-obra é constituída de trabalhadores estrangeiros.

O tamanho da população (P) influencia a oferta de trabalho. Quanto maior for a população, maior será a quantidade de empregos que a economia deverá gerar. Uma população reduzida implica menores pressões para a economia gerar novos postos de trabalho e absorver as pessoas.





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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO

A curto prazo, podemos conceituar a curva de oferta de trabalho como a relação entre a quantidade de trabalhadores que estão dispostos a trabalhar e o nível de salários pagos (mantendo-se constantes os demais fatores). Quanto maiores forem os salários oferecidos pelo mercado maiores serão as quantidades de trabalhadores dispostos a trabalhar.

O exemplo abaixo considera o mercado de trabalho de diaristas domésticos e mostra a relação positiva entre o número de pessoas dispostas a trabalhar e os salários pagos. Com base nesta relação, a cada real em que o salário é aumentado, acrescentam-se três novos trabalhadores dispostos a trabalhar.

W LS
10 50
12 56
14 62
16 68
18 74
20 80

Com base na tabela anterior, podemos expressar a oferta de trabalho por meio de uma função linear.

Nesse caso: LS= 20 + 3W

em que: LS= Curva de Oferta de Trabalho

Graficamente, a curva de oferta de trabalho de diaristas domésticos ficaria assim:





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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO
3 - Demanda por trabalho

A longo prazo, a quantidade de postos de trabalho que as empresas desejam preencher pode ser explicada por fatores tais como:

  • O salário pago pelo mercado (W). Quanto menor for o salário pago pelas empresas, maior será a quantidade de trabalhadores que estarão dispostas a contratar.
  • A produtividade do Trabalhador (N). Quanto maior for a produtividade do trabalhador, maior será o desejo das firmas em contratá-lo. O trabalhador com uma produtividade maior consegue realizar a mesma produção feita por um trabalhador menos produtivo em um período de tempo menor e com uma maior economia de materiais.
  • O preço do Bem (P) é um elemento fundamental para a oferta de trabalho. Se tomarmos como exemplo a construção cívil, quanto maior for o preço de um apartamento, maior será sua lucratividade (Mantendo-se constantes os custos de produção). Uma lucratividade mais elevada provocará entrada de novas firmas dispostas a construir novos apartamentos e, por conseguinte, aumentarão o número de postos de trabalho.

Ld = f(W,N,P, etc)




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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO

No curto prazo, pode-se conceituar a curva de demanda de trabalho como:


A relação entre a quantidade de postos de trabalho que as empresas desejam contratar em comparação com o nível de salários pagos (Mantendo-se constantes os demais fatores).

O quadro a seguir apresenta a relação negativa entre o número de postos de trabalho abertos pelas empresas e os salários pagos.

Continuando com o exemplo do mercado de trabalho de diaristas domésticos, cada dois reais de aumento que elas receberem representará a redução de 4 postos de trabalho na quantidade de trabalhadores que as empresas desejam contratar.

W
LD
10
80
12
76
14
72
16
68
18
64
20
60

Com base na tabela anterior, podemos expressar a demanda de trabalho dos diaristas por meio de uma função linear. Nesse caso:

LD= 100 - 2W. Onde: LD= Curva de Demanda de Trabalho.

Graficamente, a curva de demanda por trabalho de diaristas domésticos pode ser expressa da seguinte forma:





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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO
4 - Equilíbrio no mercado de trabalho

O equilíbrio no mercado de trabalho ocorre quando as curvas de oferta e demanda por trabalho se encontram. Em uma situação de equilíbrio, a quantidade de pessoas que desejam trabalhar será igual a quantidade de postos de trabalho que as empresas desejam contratar.

O primeiro passo a ser seguido, será o de igualar as duas curvas: Sabendo-se que:

Ls = 20 + 3W e Ld = 100 – 2W. Então:

LS = LD

20+3W = 100 � 2W

80 = L; W = 16

Com base nas curvas de oferta e demanda por trabalho, o salário de equilíbrio será de R$ 16 reais. Podemos, também, determinar o número de pessoas que estarão trabalhando. Para tanto, é necessário substituir o valor do salário de equilíbrio (R$ 16,00) na curva de oferta ou de demanda. A resposta será: 68 pessoas empregadas. Vejamos o seguinte gráfico.

Curva de Oferta e Demanda




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O salário de equilíbrio de mercado é conhecido também como salário de mercado. Como se sabe, o mercado determina os salários. Então é possível perguntar: Qual será o nível de emprego quando o mercado de trabalho não estiver em equilíbrio?

Quando o mercado de trabalho não estiver em equilíbrio, o número de pessoas dispostas a trabalhar e o número de empregos abertos pelas empresas não serão iguais.

Com base nas curvas de oferta e demanda podemos verificar que por um lado, quando o salário for de R$ 10,00; 50 pessoas desejarão trabalhar por este salário e as empresas desejarão contratar 80 empregados. Por outro, quando as diárias estiverem a R$ 20,00, as empresas estarão dispostas a contratar 60 trabalhadores enquanto que 80 pessoas estarão dispostas a trabalhar como diaristas domésticos. Em ambos os casos, o nível de emprego não será igual ao de equilíbrio.

No primeiro caso, o nível de emprego será de 50 empregados.
No segundo caso, de 60 empregados.

W
Ls
Ld
Situação do Mercado de Trabalho
Emprego
10
50
80
Demanda maior que a oferta
50
12
56
76
Demanda maior que a oferta
56
14
62
72
Demanda maior que a oferta
62
16
68
68
Equilíbrio de mercado
68
18
74
64
Oferta maior que a demanda
64
20
80
60
Oferta maior que a demanda
60



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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO
5 - Salário de mercado e a produtividade da economia

Muitas vezes perguntamos porque os salários de São Paulo são mais elevados que os de Salvador. Os dados da PME mostram que em novembro de 2002, o salário médio de um trabalhador paulistano era de R$ 832,13; enquanto que o do soteropolitano era de R$ 380,05. Por que eles são tão diferentes, se têm como base o princípio da lei da oferta e da procura?

Uma resposta sempre lembrada pelos estudantes de economia é que o custo de vida de Salvador é mais barato que o de São Paulo. Todavia, a resposta a essa questão passa pelo desempenho da atividade econômica. Quando a economia está em ritmo crescente, isso implica maior nível de atividade e conseqüentemente maior oferta de emprego. Quando a economia está apresentando um ritmo de crescimento muito baixo ou reduzindo sua atividade, o nível de emprego, conseqüentemente, é reduzido.



Nascido em Salvador





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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO

O conceito de produtividade é representado pelo valor da quantidade de bens e serviços que cada habitante produz.

Quanto maior for este valor, mais produtiva será a força de trabalho. Por outro lado, quanto menor for este valor, menos produtiva será a força de trabalho.

A Produtividade é obtida pelo valor da produção dividido pelo seu número de habitantes.

Produtividade = Produção
  Número de habitantes

Quanto mais produtivos forem os trabalhadores maiores serão as quantidades de bens e serviços que eles podem produzir, e conseqüentemente, maiores serão as suas remunerações e vice-versa.




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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO

Assim, a produtividade da economia está associada diretamente aos salários pagos por ela. Quanto mais produtiva for uma economia, mais altos serão os salários pagos. Por outro lado, quanto menos produtiva for a economia mais reduzidos serão os salários pagos.

É claro que esta relação não proíbe que alguém tenha salários extremamente altos em regiões pobres ou o contrário, salários extremamente baixos em regiões ricas.

Neste caso, podemos fazer uma analogia direta entre a produtividade de uma economia e a sua renda per capita. Já que a renda per capita mostra a divisão da riqueza criada pelo número de habitantes.

Renda Per Capita = Produto Interno Bruto
  Número de Habitantes

Assim, a principal razão de São Paulo ter salários mais altos do que os de Salvador, está na diferença de produtividade de cada região. São Paulo paga mais porque apresenta maior produtividade e Salvador paga menos, porque é menos produtiva.




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Módulo 02 - O MERCADO DE TRABALHO
Resumo

O mercado determina os salários e, nesse modelo, as leis da oferta e da procura por trabalho são peças essenciais para fixação dos salários de mercado.

A correlação entre as condições de economia, no que tange ao seu grau de desenvolvimento e sua capacidade de pagar salários mais elevados, é uma forte indicação do papel da produtividade. Isto é, quanto maior for a produtividade dessa economia, maiores serão os salários médios pagos por ela.

Assim, uma forte razão para explicar o porquê dos salários pagos por um trabalhador médio angolano e um trabalhador médio americano, está na diferença de produtividade da economia como um todo.




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Módulo 3

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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
1 - Mercado de trabalho em desequilíbrio

Que elementos podem proporcionar uma situação fora do equilíbrio inicial no mercado de trabalho?

Vários fatores podem, momentaneamente, fazer com que o mercado de trabalho fique fora do seu equilíbrio inicial. Por exemplo, se o governo decidir fixar um salário mínimo acima do equilíbrio de mercado, o que acontecerá com o nível de emprego?

Para melhor compreensão, vamos supor que a oferta de trabalho seja dada pela seguinte expressão: Ld = 20 + 3W e a demanda por trabalho por: Ld = 100 – 2W

Em nosso exemplo, vamos supor que o governo decida fixar a remuneração mínima dos trabalhadores em R$ 20,00 reais, por diária de trabalho. Como o salário de mercado é de R$ 16,00; haverá, portanto uma diferença entre a quantidade de trabalhadores que desejam trabalhar a este rendimento e o número de postos de trabalho abertos pelas firmas.




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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO

Por R$ 20,00; 80 pessoas estariam dispostas a trabalhar, mas por este mesmo valor somente seriam abertas 60 postos de trabalho. Conseqüentemente, o emprego cairia de 68 para 60, reduzindo-se, assim, em 8 postos de trabalho. Como conseqüência deste desequilíbrio, a taxa de desemprego aumenta, passando de 15% (12/80) para 25% (20/80).

Mercado de Trabalho em Desequilíbrio




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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
2 - Efeitos sobre o mercado no aumento da oferta

Quais seriam os efeitos sobre o mercado de trabalho se a oferta de trabalho aumentasse? Para que isto ocorra é necessário que a quantidade de pessoas dispostas a trabalhar também aumente, independente do salário pago. O que poderá provocar tal efeito, supondo que a demanda por trabalho permaneça inalterada?

A curto prazo, as possibilidades de aumentos inesperados na oferta de trabalho são praticamente nulas. É bem mais provável verificar esses efeitos quando medidos a longo prazo, nas seguintes situações: aumento da população; entrada de novos imigrantes; mudanças na relação trabalho/lazer etc.

Aumento na oferta de trabalho

O aumento na oferta de trabalho provoca uma redução dos salários pagos pelo mercado e aumento no nível de emprego. Se a oferta de trabalho fosse reduzida, os efeitos seriam: redução no nível de emprego e aumento dos salários pagos.




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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
3 - Efeitos do aumento na demanda por trabalho

Quais seriam os efeitos sobre o mercado de trabalho se as empresas passassem a demandar mais trabalhadores ou se verificassem o contrário? Quais seriam os impactos sobre o emprego e salário pago?

No gráfico abaixo, um aumento na demanda por trabalho provoca um aumento nos salários pagos e aumento no nível de emprego.

Aumento na Demanda por Trabalho





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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
4 - Modelo do salário eficiente

Por que algumas empresas pagam salários acima do mercado?

Algumas empresas adotam uma tática diferente, no que tange às suas relações trabalhistas. Essas empresas optam por pagar uma remuneração acima do que outras empresas pagam pela mesma função. Essa prática tem a finalidade de aumentar a produtividade dos trabalhadores e conseqüentemente reduzir os custos de produção.

Existem outras alternativas que possibilitam explicar os efeitos sobre a produtividade dos trabalhadores quando as empresas resolvem pagar salários mais elevados do que o determinado pelo mercado, por exemplo:




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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO

a) Com uma remuneração mais elevada, os trabalhadores poderiam ter uma alimentação melhor e dispor de recursos para se tratar, em caso de uma eventualidade médica. Como a probabilidade de que trabalhadores bem alimentados fiquem doentes é bem menor do que aqueles que se alimentam mal, eles provavelmente ficarão menos tempo ausentes do emprego e conseqüentemente a produção não sofrerá interrupções;

b) Com um salário mais elevado, os trabalhadores pensariam duas vezes em largar seus empregos, pois teriam sérias dificuldades em encontrar um empregador que pagasse essa remuneração. Com essa medida reduz-se, também a rotatividade da mão-de-obra e aumentaria o esforço do trabalhador.

A probabilidade de contratar trabalhadores mais eficientes aumenta quando a firma paga salários mais elevados e, com isso, ela pode reduzir os custos de produção. Isso é possível porque os trabalhadores mais qualificados percebem remuneração mais elevada do que aquela que os trabalhadores menos qualificados aceitam.




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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO

Exemplo 1: Para a construção de um muro em volta de uma casa, será necessário o uso de 10 milheiros de tijolos furados. O proprietário da casa tem à disposição três opções: contratar José, Manoel e Paulo. José aceita trabalhar por R$ 5,00 a hora, enquanto os outros dois trabalhadores aceitam fazer o mesmo serviço por R$ 3,00 e R$ 2,50 respectivamente. Todavia, o responsável pelo serviço não conhece a produtividade de cada um.


Trabalhador A (José) – Mais produtivo

Faz o serviço em 12 horas
Custo do Trabalho = 12 horas x R$ 5,00 = R$ 60,00

Trabalhador B (Manoel) – Menos produtivo
Faz o serviço em 30 horas
Custo do Trabalho = 30 horas x R$ 2,50 =R$ 75,00





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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
Se o proprietário da casa, resolve pagar pouco, ele poderia, naquele momento, imaginar que estaria fazendo uma boa redução dos custos da construção. Porém, o custo total do trabalho de Paulo (hora de trabalho = R$ 2,50) representa R$ 75,00; enquanto que Manoel (hora de trabalho = R$ 3,00) seria de R$ 72,00.

Contudo, isto nem sempre acontece. Em geral, os trabalhadores mais produtivos começam a trabalhar com salários mais altos do que os de menor produtividade. Para estes trabalhadores, salários mais baixos não constituem um bom incentivo para o trabalho. Para eles o custo de oportunidade de ficar em casa é bem maior.

Todavia, se o dono da casa fosse menos avarento, isto é ele pagasse R$ 5,00 a hora trabalhada, ele contrataria uma mão-de-obra mais eficiente, e conseqüentemente, seu custo final seria bem menor do que o apresentado pelos trabalhadores menos qualificados (R$ 60,00). Em outras palavras, pagando-se mal, a probabilidade de ter um custo de produção mais elevado é maior.




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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
5 - Poder de barganha dos sindicatos

Até agora aprendemos que, quando o salário é fixado acima do equilíbrio de mercado, o nível de emprego tende a ser reduzido.
O mesmo efeito sobre o emprego será verificado em setores mais sindicalizados.

Nos setores mais organizados, os trabalhadores conseguem pressionar as negociações salariais para obter níveis acima do equilíbrio de mercado.

No processo de negociações trabalhistas, os sindicatos, tanto de trabalhadores como os patronais, decidem em comum acordo os salários e condições de trabalho para os próximos meses.

À medida que a participação dos sindicatos dos trabalhadores e a sua organização aumenta em um setor da economia, cresce também seu poder de barganha em relação as suas reivindicações. Isto implica que, setores menos organizados tendem a conseguir resultados pouco proveitosos.



Poder de Barganha: representa a capacidade de um grupo ou mais de pessoas em negociar acordos em benefício próprio, em função de sua representatividade.





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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
Cabe destacar que, a curto prazo, os efeitos dos ganhos salariais são benéficos para os trabalhadores. Todavia, se não houver um aumento de produtividade, isto implicará em aumento dos custos de produção. Conseqüentemente, as empresas, na primeira oportunidade, procurarão ajustar-se à nova situação, demitindo primeiro os trabalhadores menos produtivos e reduzindo, portanto, o nível de emprego.

Quando não há um aumento na produtividade do setor, o emprego tende a decrescer, visto que o nível de emprego representa um estoque e a entrada e saída de trabalhadores, um fluxo. Com salários mais altos, a quantidade de trabalhadores que as firmas desejam contratar será inferior à quantidade de trabalhadores que habitualmente saem dos seus empregos.

Claro exemplo de aumento real de salários e redução no nível de emprego está no quadro de pessoal dos metalúrgicos na Região do ABC, em São Paulo. De cada 100 postos de trabalho que existiam no início dos anos 80, hoje só restam pouco mais de 30. Para onde foram estes empregos?
A curto prazo, as firmas absorvem aumentos nos custos de produção (lembre-se, trabalhador representa custo para a firma). Todavia, a longo prazo elas podem deslocar sua produção para outras regiões onde a mão-de-obra é mais barata.

Em resumo, um aumento dos salários acima do equilíbrio de mercado provocará, caso não haja um aumento da produtividade, uma elevação nas taxas de desemprego a longo prazo.




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6 - A Legislação do salário mínimo

O salário mínimo no Brasil foi criado nos anos 40 por Getúlio Vargas. Com a introdução do salário mínimo, esperava-se fornecer ao trabalhador uma remuneração que pudesse oferecer uma melhor condição de vida ao empregado.


Se, por exemplo, o salário mínimo é de R$ 380,00 por mês, é portanto, alvo de diversas críticas feitas pela sociedade.

Em geral, os críticos estão agrupados em duas correntes:


1. Uma que defende um aumento real no Salário Mínimo. Nela estão alguns economistas que advogam que um salário mínimo mais alto provocaria uma melhora na distribuição de renda e afetaria positivamente o consumo de bens populares: arroz, feijão, macarrão etc.


2. Todavia, uma outra corrente faz um alerta que se aumentar demasiadamente o salário mínimo, este provocaria um aumento no nível de desemprego e redução na quantidade de trabalhadores com carteira assinada.

Em uma economia bastante homogênea, esses resultados seriam visualizados de maneira bastante simples. Todavia, o Brasil é um país de dimensões continentais e, portanto, bastante heterogêneo, em que cada unidade da federação apresenta uma realidade econômica distinta.

Como visto em módulos anteriores, o salário de mercado é uma conseqüência direta da produtividade da economia da região ou o retrato fiel da capacidade de sua economia.




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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
O que aconteceria com o desemprego se o governo fixasse o salário mínimo em R$ 250,00?

Para responder a esta pergunta, vamos pegar o exemplo da cidade de São Paulo e de Salvador. Nós já sabemos que o salário de mercado em São Paulo é de R$ 813,00 e de Salvador, R$ 380,00.

Mercado de Trabalho em São Paulo, após o Governo fixar um salário mínimo abaixo do equilíbrio de mercado.

Um salário mínimo de R$ 240,00 não provoca desemprego em São Paulo, visto que este valor está abaixo do salário de mercado. Neste caso, o mercado ignora a determinação do governo e paga um salário maior.

Mercado de Trabalho em Salvador, após o Governo fixar o salário mínimo acima do equilíbrio de mercado.





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Módulo 03 - FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O MERCADO DE TRABALHO
Da mesma forma que em São Paulo, o salário mínimo em Salvador está abaixo do valor médio praticado pelo mercado. Todavia, se o governo aumentar o salário mínimo para R$ 400,00; isso irá provocar modificações no nível de emprego em Salvador, visto que este está acima do equilíbrio de mercado. Nesse caso, as empresas contratarão menos trabalhadores, reduzindo seus custos e diminuindo o emprego.

Por outro lado, em São Paulo um salário de R$ 400,00; ainda bem abaixo do mercado, não provocaria nenhuma alteração significativa no nível de emprego.

O salário mínimo pode gerar um aumento do desemprego se fixado acima do equilíbrio de mercado. Porém, se fixado abaixo do equilíbrio, os efeitos práticos serão bastante reduzidos.




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Resumo

Quando o mercado de trabalho sai do seu equilíbrio, o nível de emprego diminui e conseqüentemente aumenta o desemprego.

Entre o conjunto de justificativas e a existência desse desequilíbrio estão fatores tais como: decisão do governo em fixar um salário mínimo acima da produtividade da economia, passando pelo poder de negociação dos sindicatos mais organizados em obter salários mais elevados; decisão das firmas em pagar salários mais elevados com vistas a contratar trabalhadores mais produtivos e assim reduzir seus custos.