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1 – Descrição da oportunidade de negócio

Não se trata apenas de provérbio. Negócio só existe, realmente, se estiver atendendo necessidade de mercado.

Isso talvez fique mais claro quando se examina o tipo de empresa start-up. Aí a própria empresa surge para explorar a oportunidade.

No entanto, mesmo uma empresa já instalada, ao implementar qualquer iniciativa mercadológica, precisa justificar muito bem a oportunidade antes que surja qualquer nova estrutura e que recursos sejam alocados para explorá-la.

Por isso, um plano de negócio, independentemente de estar voltado para nova empresa ou diversificação de organização existente, deve iniciar a descrição da empresa pelo conhecimento da oportunidade identificada.

Não se trata de incluir no plano de negócio todos os elementos que orientaram a atividade de busca de oportunidades, mas explicitar os fatores decisivos que conduziram à opção por aquela oportunidade que, agora, está sendo proposta como novo negócio.



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Start-up – Start-up é o termo usado para indicar a empresa nascente, que inicia as atividades empresariais.






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Antes de qualquer coisa, a seção deve demonstrar a necessidade que o negócio suprirá ou, em outras palavras, em que ponto o produto ou serviço irá agregar valor para os seus clientes. Em seguida, é necessário identificar e caracterizar os clientes.

Agora, pense no seguinte caso: uma empresa pode ter identificado que alguns restaurantes se interessam em software personalizado para sua automação, porque utilizam dados-padrão como faturamento do dia, itens para reposição de estoque e pagamentos efetuados, além de possuírem flexibilidade para a contabilização de serviços específicos ou o armazenamento de menus e receitas especiais.

Bem, pensando nisso tudo, quem você acha que são os clientes dessa empresa? Veja comentário!


Somente efetuando a caracterização estaremos realmente qualificando o grupo de clientes que será atendido. Esta atividade é fundamental para a caracterização da oportunidade.

Para que a oportunidade seja inteiramente delineada, é necessário descrever como o produto ou serviço será elaborado. A descrição de todo o processo, desde a demanda, o primeiro contato com o cliente, até a conclusão do serviço e a oferta ou não de um serviço de atendimento ao cliente são detalhes absolutamente requeridos.
Assim, necessidades dos clientes, segmento de mercado e forma de atendimento desse mercado compõem a caracterização da oportunidade de negócio identificada pelo empreendedor.



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Comentário – A resposta lógica seria os restaurantes em geral. Entretanto, essa demanda não será homogênea. Pode ser mais aguda em restaurantes de determinada região ou voltados para determinado público ou, ainda, que atendam certo número de pessoas por dia.






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2 – Caracterização Geral da Empresa

Identificada e caracterizada a oportunidade de negócio, chega o momento de se caracterizar a organização que oferecerá o produto ou serviço previsto.

A delimitação da empresa é item absolutamente descritivo do plano de negócio. Se por um lado possibilita redação mais subjetiva, com um toque próprio do autor que realce a confiança no empreendimento, por outro oferece o risco da subjetividade que, se exagerada, compromete o restante das seções do plano.

Recomenda-se que o autor faça exposição equilibrada, clara e completa das características da empresa e transmita realismo, com firmeza e perspectiva otimista, sobre o papel que a empresa pode cumprir.

Tipo de empresa e seus objetivos – Um dos elementos básicos da descrição da empresa é o esclarecimento do tipo de empresa a ser estruturada. Embora isso deva estar claro para o analista que irá ler todo o plano, é importante que o texto seja didático, principalmente ao considerarmos que muitos analistas poderão estar encarregados de verificar apenas uma parte dele.

Em geral, as empresas são classificadas em três tipos: A) empresas manufatureiras; B) empresas comerciais; e C) empresas prestadoras de serviços. Vejamos cada uma delas.

A) Empresas manufatureiras – São as que produzem bens, processando matérias-primas ou montando produtos adquiridos de fornecedores. Podem ser denominadas empresas industriais.



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B) Empresas comerciais – Podem ser classificadas em dois grupos:

I. Varejistas – As empresas de varejo comercializam produtos para o consumidor final.

II. Distribuidores – Os distribuidores geralmente representam uma ou mais empresa manufatureira, em determinada região; comercializam seus produtos com as empresas varejistas, que os colocam à disposição do consumidor final.



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C) Empresas prestadoras de serviços – São aquelas que não vendem um bem ao consumidor final, mas prestam determinado serviço. Podem atender consumidores finais ou empresas com atividades de consultoria, assessoria jurídica, contábil, serviços financeiros, médicos ou de informática etc.

As empresas prestadoras de serviços constituem, hoje, a maioria das novas empresas e dos postos de trabalho gerados. Segundo o IBGE, no Brasil, elas respondem por cerca de 60% do PIB. Nos Estados Unidos, segundo o Banco Mundial, esse percentual chega a 74%.

Essa classificação é importante referencial, mas não é absoluta. Muitas empresas integram elementos dos três tipos. Por exemplo...



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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, responsável pela elaboração das contas nacionais do Brasil, entre elas o cálculo do PIB.



PIB – O produto Interno Bruto calcula o valor agregado dos bens e serviços criados num país, em determinado ano, por seus residentes ou não-residentes, como multinacionais que atuam no país. O PNB, Produto Nacional Bruto, é a medida da riqueza nacional considerando apenas a atuação dos residentes.






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A propósito, torna-se cada vez mais comum que atividades de uma empresa comercial sejam recheadas de serviços que aumentam o valor agregado fornecido ao consumidor. Além disso, há vendas pela Internet, para o que as empresas focadas na venda ao consumidor precisam prever estrutura de distribuição, própria ou terceirizada, para que seu negócio seja viável.

Em geral, esses casos têm sido classificados nos livros de negócios como empresas mistas. A classificação, no entanto, é muito ampla e engloba a maior parte das empresas, hoje.

A descrição da empresa deve ser caracterizada adequadamente e não apenas classificada num dos três tipos mencionados.

Assim, imediatamente após a classificação, o autor do plano deve esclarecer em que estágio a empresa se encontra e descrever se o trabalho será com:

• empresa madura, em busca de novo negócio;
• empresa que está se afirmando no mercado e entende que chegou o momento de introduzir uma nova linha de atuação; ou, ainda,
• empresa start-up, que se organiza a partir da oportunidade identificada.

Essa informação é muito importante para o interessado e o levará a ajustar suas expectativas para as próximas seções.

Ainda nessa etapa, após a classificação da empresa e da descrição de suas principais atividades para justificar esta classificação e o estágio em que ela se encontra, é importante que a descrição conte com uma declaração dos objetivos da empresa. Esta declaração pode mencionar os principais valores da empresa, suas expectativas para os próximos anos, seu entendimento de qual a sua relevância social. Recomenda-se que essa declaração tenha um tom pessoal, isto é, seja um marco do empreendedor e de sua equipe.



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Razão social, porte da empresa e estrutura societária – A caracterização geral, por exemplo, menciona a razão social, o tipo de sociedade (se será sociedade por cotas de responsabilidade limitada ou sociedade anônima) e o porte da empresa (se ela é micro, pequena, média ou grande empresa). Caso ela ainda não exista, deve ser indicada a razão social pretendida e também o porte em que deverá ser enquadrada.


Modificação realizada pela MP do Bem (MP 252/05)

(http://www.portaltributario.com.br/legislacao/mp252.htm)

No caso das alterações das tabelas do Simples, foram reajustados somente os limites de receita bruta anual que definem as empresas como micro ou pequenas. Para ser considerada microempresa, a empresa deverá ter receita bruta de até R$ 240 mil no ano-calendário anterior (o limite até agora é de R$ 120 mil). No caso da de pequeno porte, a receita bruta anual deverá ficar entre R$ 240 mil a R$ 2,4 milhões (antes da MP era de R$ 120 mil a R$ 1,2 milhão).

Esses elementos não são simples detalhes. Porte e tipo de sociedade têm implicações diretas nos tributos que incidirão sobre a empresa.

A definição da estrutura societária, isto é, da quantidade de sócios e de sua forma de participação na empresa, deve ser esclarecida ao leitor do plano. Em muitos casos, um negócio pode assentar sua longevidade sobre a perspectiva de entrada de novos sócios-investidores ou ainda, a viabilidade do negócio pode basear-se na possibilidade de que ações da sociedade possam vir a ser comercializadas na bolsa de valores. Situações assim precisam estar previstas.



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Localização e infra-estrutura – A localização e a infra-estrutura também são itens que integram a caracterização geral da empresa.

O estudo da localização deve levar em conta questões como:

• O nível de renda e padrão de gastos dos habitantes da região onde se pretende localizar o empreendimento.
• O atendimento ao cliente: no próprio estabelecimento, a domicílio ou via Internet.
• Os requisitos de logística do negócio, ou seja, se há necessidade de armazenamento, transporte de carga pesada etc.
• Legislação municipal, em especial, o Plano Diretor, que é a lei municipal que disciplina a localização das atividades empresariais.
• Legislação ambiental, que pode ter exigências em níveis federal, estadual ou municipal.
• Proximidade com empresas do mesmo ramo, que pode facilitar a troca de informações, parcerias e contratação de eventuais serviços complementares.
• Infra-estrutura disponível: rede viária, redes de telefonia, água, luz, acesso à Internet etc.



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De acordo com o tipo de negócio, outras questões podem ser levantadas. As empresas de comércio, de serviços e industriais terão preocupações maiores com este ou aquele item.

Veja alguns exemplos!

Para o analista e para o próprio empresário, a localização pode ser item decisivo acerca da viabilidade do negócio. A empresa que utiliza mão-de-obra especializada precisa levar isso em conta na sua localização. Situar-se em região onde não há disponibilidade pode inviabilizar o negócio antes mesmo de falar-se em investimento.

Alugar um galpão industrial, por exemplo, em área onde o processo de fabricação que se pretende implementar é vedado por questões ambientais, denota o despreparo da equipe gerencial e, além disso, custos adicionais que podem afastar o interesse já nesse ponto. Em outros casos, uma empresa que prevê serviço para o qual o cliente deve ir até o estabelecimento localizado muito longe da região em que residem ou trabalham seus clientes potenciais, mesmo com um serviço superior em qualidade e preço, perde para a concorrência situada em distância mais conveniente para o cliente.
As considerações de infra-estrutura podem ter os mesmos efeitos: a pequena empresa que identificou oportunidade de negócios, na Internet, precisa verificar se a localização escolhida oferece as condições de acesso à rede que ele irá demandar: provedores de banda larga que maximizam o volume e a velocidade das informações, acesso à rede telefônica, instalações elétricas compatíveis e assim por diante.

Logo, tratar de localização e infra-estrutura vai muito além de lidar com custos de aluguel ou aquisição de determinado local. Passa pelo próprio domínio que o empreendedor apresenta das necessidades do seu negócio.



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Veja alguns exemplos:

1. Uma empresa comercial estará mais preocupada com o padrão de gastos na região em que será instalada.

2. A empresa de prestação de serviços em domicílio pode estar mais interessada na rede viária em boas condições, pois ela reduzirá os gastos com a manutenção dos veículos e o tempo para deslocamento até o cliente.






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Registros e seguros – Muitas oportunidades de negócios estão fundadas em inovação: novo produto, novo serviço, nova utilização para produto existente ou nova forma de prestar serviço. Nesses casos, a viabilidade do negócio estará condicionada ao registro da inovação, que é a garantia legal da exclusividade.

Em outros casos, o sucesso do novo negócio baseia-se na confiabilidade da marca; o registro dela é cuidado essencial ao êxito do negócio. Esses registros devem ser mencionados na caracterização da empresa. Do mesmo modo, a crescente onda de insegurança que vivemos aumentou o significado dos seguros contra roubo de equipamentos ou depredação de instalações, além dos tradicionais seguros contra-incêndio.

Equipe gerencial – A apresentação da equipe gerencial é aspecto relevante do plano de negócio. Há crescente preocupação dos analistas em verificar a consistência dessa equipe. O argumento, quase sempre presente, é de que pode haver muitas incertezas, projeções, estimativas sobre o futuro negócio; mas, o histórico da equipe gerencial é fato indicativo preponderante das possibilidades de novo negócio.

Muitos autores relatam depoimentos de analistas de plano de negócios que caminham numa só direção: mesmo que várias previsões do plano não se confirmem, a equipe gerencial experiente e qualificada saberá reconduzir o negócio para o rumo correto. Por outro lado, mesmo que as condições previstas se confirmem, gestores inexperientes podem conduzir o negócio ao fracasso.

Cópia do curriculum vitae dos gestores deve integrar os anexos do plano, relatando as principais realizações de cada um e do papel que terá no novo negócio. Podemos incluir organograma da empresa, demonstrando sua estrutura hierárquica.



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Equipe gerencial é a que toma as decisões estratégicas da empresa, podendo ser composta por pessoas de várias áreas de uma organização ou, como ocorre em muitos casos, apenas pelo empreendedor individual.






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Quanto às empresas já existentes, o relato pode ser facilitado pelo histórico dessa estrutura hierárquica, mas com ênfase no perfil da equipe que efetivamente atuará no negócio proposto. Para empresas nascentes, a descrição pode ser absolutamente decisiva para todo o plano do negócio.

Por melhor que seja a oportunidade identificada pelo empreendedor, ele deve procurar associar-se a gestores experientes, respeitados no ramo em que pretende atuar, sob pena de que sua proposta não seja levada a sério.

Política de gestão de pessoas – Do mesmo modo que a preocupação com a equipe gerencial tem sido destacada pelos analistas de planos de negócios, ganha destaque a preocupação com a política de gestão de pessoas da empresa que pretende explorar a oportunidade descrita.

Para muitas empresas, o sucesso do negócio está associado à mão-de-obra especializada ou ao atendimento diferenciado que também é capaz de identificar especificidades e solucionar de imediato os problemas. A tendência de mercado precisa ser prevista e manter correspondência com a política de gestão de pessoas.
Mesmo que uma empresa muito pequena, composta apenas por seus sócios, esteja iniciando um novo negócio, tal política será necessária quando essa organização atingir o crescimento esperado e, muitas vezes, alardeado no plano. Assim, desde logo, tal política deve ser prevista, ao menos em seus princípios fundamentais.



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Política de gestão e pessoas – envolve treinamento e elementos de motivação, participação nos resultados, possibilidade de ascensão profissional e bom ambiente de trabalho.






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Produtos e Serviços: processo operacional – Nesse aspecto, o plano tem o objetivo de detalhar os produtos e serviços que a empresa ou unidade de negócios pretende oferecer. Na descrição, não é preciso que o autor do plano entre em pormenores de engenharia ou tecnologia; porém, deve ser capaz de fornecer ao leitor a noção exata de todas as características do produto e/ou serviço.

Os produtos e os serviços possuem atributos intangíveis. Porém, lembre-se de que eles possuem atributos físicos a serem relatados, como as necessidades que irão suprir, e que não devem passar despercebidos.

Vejamos, então, a descrição a ser feita no caso dos produtos e no caso dos serviços.

Descrição no caso dos produtos – a descrição do processo operacional implica descrição de todo o processo produtivo:

Descrição no caso dos serviços – o processo operacional de prestação de serviço deve ser descrito levando-se em conta o seu início – momento em que há o primeiro contato com o cliente, quando ele demanda o serviço, ou ao oferecermos o serviço ao cliente –, até quando o serviço é finalizado. Também deve indicar as situações em que será dada assistência contínua ao cliente.

Em ambos os casos (produtos e serviços), recomendamos utilizar representação gráfica do processo, porque dá ao leitor, clara e rapidamente, as condições para compreender toda a operação. É importante considerar que uma mesma empresa e um mesmo negócio podem envolver produtos e serviços. E tudo deve ser ressaltado na descrição, mostrando como a empresa encara a complementaridade necessária.



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3 – Ciclo de vida do produto ou serviço

Ao descrever seu produto, o empreendedor deve esclarecer o estágio em que o produto ou serviço se encontra. Segundo Dornelas (2001), há quatro situações típicas, com estágios que indicam uma relação entre os custos de comercialização e o volume de vendas:

a) Lançamento – os custos de comercialização tendem a ser muito altos, pois é necessário investir recursos na divulgação do produto ou serviço e o volume de vendas ainda é baixo.

b) Crescimento – a fase de crescimento vivencia o aumento do volume de vendas; quando os custos de comercialização se estabilizam porque os clientes já conhecem o produto, passa-se a experimentar um período de lucros crescentes.

c) Maturidade – o volume de vendas cresce menos e são necessários novos investimentos para a comercialização, a fim de estabilizar a lucratividade.

d) Declínio – no período de declínio, o volume de vendas cai e o produto ou serviço tende a ser extinto; os custos de colocação do mesmo no mercado já não permitem a obtenção de lucros.

Veja gráfico dos quatro estágios.

Os estágios do ciclo de vida não devem ser analisados do ponto de vista da empresa, mas do negócio. A empresa start-up pode estar propondo um produto que se encontra no estágio de maturidade. Então, o empresário deverá mostrar, na sua estratégia e no seu plano de marketing, como pretende superar a tendência ao declínio e, assim, viabilizar o negócio.

Note que, em função dos custos envolvidos no processo de comercialização e das receitas previstas com vendas, identificar o estágio do produto ou serviço refletirá, ainda, no plano financeiro.



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Inovação e perspectivas de evolução do produto ou serviço

Quando o negócio se baseia em produto ou serviço inovador, obviamente a classificação é de estágio de lançamento. Logo, a situação exige dois cuidados especiais do empreendedor no plano de negócio:

1°) O negócio deve passar por detalhamento maior dos aspectos tecnológicos envolvidos, pois neles reside o diferencial.

2°) Mostrar como o conhecimento envolvido na inovação estará protegido. Isso foi tratado na caracterização geral da empresa, porém, em casos de registro de uma patente, fundamental para a viabilização do negócio, é importante retomar a questão.

São essenciais também as perspectivas de evolução do produto ou serviço. Independente do estágio em que esteja, é necessário apresentar avaliação de como o produto e/ou serviço ofertado se posiciona tecnologicamente em relação à concorrência, e como ele evoluirá.

É fundamental levar em conta que, ao ser suprida uma necessidade do consumidor, outras poderão surgir. Então, é preciso demonstrar que a empresa possui planejamento para se manter atualizada e não perder espaço para os concorrentes.


Esse aspecto do plano, sem dúvida, será avaliado com muita atenção por investidores ou sócios potenciais do negócio.


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Custos envolvidos e indicadores operacionais – O processo operacional envolve uma série de custos que devem ser demonstrados. Todos, sem exceção.

Em cada negócio, os custos envolvidos podem ser diferentes. Entretanto, de forma geral, os principais custos a serem apresentados são:

• salários;
• aquisição da matéria-prima;
• utilização das máquinas, depreciação e custos de manutenção;
• aquisição ou aluguel e instalação dos equipamentos;
• vendas; os custos envolvidos no processo de comercialização, da propaganda, embalagem, distribuição até a comissão de vendedores;
• serviços terceirizados; sendo necessária sua justificativa.

Outros elementos importantes do processo operacional devem ser indicados; eles serão utilizados como parâmetros no plano financeiro, tais como:

• capacidade de produção;
• indicadores de produtividade;
• indicadores de qualidade.

Quando se trata da prestação de serviços, estes últimos indicadores são especialmente complexos de ser definidos, Neste caso, um dos parâmetros mais relevantes a observar é o número de reclamações recebidas em determinado período.



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Parceiros do negócio – já examinamos as implicações do mercado “hiperdimensionado” em que convivem as empresas e que podem influenciar o desenvolvimento de qualquer negócio. Também convém lembrar o fato de as empresas serem crescentemente mistas, pois precisam combinar atividades de vários ramos da economia, como indústria, comércio e serviço, para que possam agregar valor aos seus clientes, razão de ser do negócio.

E o que podemos deduzir dessas duas considerações? Bem, elas nos permitem concluir que está cada vez mais difícil imaginar que uma empresa, sozinha, consiga atender com eficiência e eficácia todas as etapas do seu processo operacional. Emerge, assim, com toda força, a necessidade de estabelecerem-se parcerias.

Veja o exemplo que a General Motors nos dá sobre isso!

O empreendedor deve apresentar as parcerias que já possui ou irá desenvolver para explorar sua oportunidade de negócio quando estiver encerrando a descrição da empresa. Este é o momento reservado para isso!

Bem, finalizamos este módulo!

Você conseguiu visualizar o formato de uma descrição de empresa?

Para ter uma idéia aproximada desse formato, veja um exemplo que reservamos para você.



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Exemplo
- A General Motors desenvolveu todo um novo sistema de produção com base em seus parceiros. Em suas novas fábricas, a General Motors é responsável somente pela montagem final dos componentes que resultam no produto, o automóvel.

Sua fábrica mais recente está instalada no município de Gravataí, no Rio Grande do Sul, onde estão também seus dezessete principais fornecedores. Tal estratégia, fundada em confiança e reciprocidade no trato com os fornecedores, levou a General Motors a reassumir o posto de líder mundial entre as montadoras de automóveis.

Se este “gigante dos automóveis” atentou para referidos aspectos, é de se imaginar que deve inspirar quem está iniciando um novo negócio.






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Resumo

Neste módulo, vimos que a descrição da empresa deve iniciar pela caracterização da oportunidade de negócio a qual ela virá suprir. Assim, é fundamental ao empresário descrever:

• a oportunidade identificada, caracterizando o produto ou serviço que será oferecido;
• quais serão os seus clientes; e
• o processo operacional que será desenvolvido.

A seguir, deve-se fazer a caracterização geral da empresa. Esse momento do plano serve para identificar:

• qual tipo de empresa está sendo proposto;
• seu porte;
• sua razão social;
• sua estrutura societária;
• seus registros e seguros;
• sua localização e infra-estrutura; e
• os parceiros do negócio.

Por fim, essa seção requer a apresentação da equipe gerencial, na qual se poderá avaliar a experiência do empreendedor e a política de gestão de pessoas que será desenvolvida.



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1 – Conceito de administração da produção e operações

A produção acompanha o homem desde a antiguidade, quando se polia a pedra a fim de transformá-la em utensílio doméstico.


A produção pode ser entendida como o conjunto de atividades que levam à transformação de um bem tangível em outro de maior utilidade.

De forma geral, a Administração da Produção e Operações diz respeito às atividades orientadas para a produção de um bem físico ou à prestação de um serviço. O termo produção liga-se às atividades industriais e o termo operações à prestação de serviços.

Nas indústrias, objeto da Administração da Produção, as atividades encontram-se, prioritariamente, concentradas na fábrica. Nas empresas de serviços, as atividades ligadas às operações são criteriosamente distribuídas, sendo que, às vezes, é difícil reconhecê-las.

A designação Administração da Produção vem sendo confundida com a atividade fabril. Ao ouvir este nome, as pessoas logo imaginam um local cheio de máquinas, pessoas andando de um lado para outro, produtos sendo fabricados e assim por diante. Não resta dúvida de que isso tem a ver com a Administração da Produção, mas a imagem é incompleta.

Segundo Moreira (1980), a Administração da Produção e Operações é o campo de estudo de conceitos e técnicas aplicáveis à tomada de decisões, na função da produção (empresas industriais) e de operações (empresas de serviços).

Os conceitos e técnicas da Administração da Produção e Operações se aplicam à tomada de decisão relativa aos recursos produtivos ou, mais diretamente, à forma de utilizá-los, do ponto de vista administrativo, para conseguir melhores resultados.



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2 – O sistema de produção

Sistema de Produção é o conjunto de atividades inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços. O sistema de produção é entidade abstrata, extremamente útil para dar uma idéia de totalidade.

No sistema de produção, alguns elementos fundamentais se diferenciam. São eles: os insumos, o processo de criação ou conversão, os produtos ou serviços, o subsistema de controle e as flutuações aleatórias.

Qualquer sistema produz bens e serviços, ou um misto dos dois. Faz isso por processo denominado modelo de transformação.

A produção envolve conjunto de recursos de input usado para transformar algo ou para ser transformado em outputs de bens e serviços. Alguns bens e serviços produzidos são convertidos em dinheiro para adquirir mais recursos e conseguir manter o processo de conversão funcionando. Veja a ilustração, abaixo, que apresenta modelo de transformação usado para descrever a natureza da produção.

Inputs para o processo de transformação – Os inputs (insumos) são os recursos a serem transformados diretamente em produtos. São as matérias-primas, e os recursos que movem o sistema: mão-de-obra, capital, máquinas, equipamentos etc.

Os inputs para a produção podem ser classificados em:

• recursos transformados – os que são tratados, transformados ou convertidos de alguma forma, isto é, materiais, informações e consumidores;
• recursos de transformação – os que agem sobre os recursos transformados: instalações e funcionários.



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Transformação – Refere-se ao uso de recursos para mudar o estado ou a condição de algo para produzir outputs.







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Os inputs de uma loja de departamento incluem o terreno onde o prédio está localizado; mão-de-obra, como a balconista; capital, na forma de edifícios, equipamentos e mercadorias, além da habilidade de gerenciamento do gerente de loja.

O propósito do processo de transformação das operações está diretamente relacionado com a natureza de seus recursos de input transformados. A forma exata do processo de conversão varia de empresa para empresa, mas é um fenômeno econômico que existe em todas as empresas.

Para todos os sistemas de operações, a meta geral é criar alguns tipos de valores adicionais, em que o preço do output é mais valioso para o consumidor do que a soma individual dos inputs. A conversão de input em output varia de acordo com a tecnologia empregada.

O sistema de produção não funciona no vazio, isoladamente. Ele sofre influências, de dentro e de fora da empresa, que podem afetar o seu desempenho. As flutuações aleatórias decorrem do não-planejamento ou de influências incontroláveis que causam o verdadeiro output, que difere do output esperado.

Controle (ou feedback) é a designação genérica do conjunto de atividades destinado a assegurar o cumprimento de programações, que padrões sejam obedecidos, recursos usados de forma eficaz e a qualidade desejada seja obtida. Fornece informações para os administradores. Sem o feedback, os administradores não poderiam controlar as operações, porque não saberiam os resultados de suas decisões.



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Processo de conversão – Na manufatura, o processo de conversão muda o formato das matérias-primas e a composição ou a forma dos recursos. Em serviços, não há propriamente transformação. O serviço é criado.



Outputs – Os outputs e o propósito do processo de transformação são bens e serviços, geralmente vistos como diferentes.



Tecnologia – Entende-se por tecnologia o nível de sofisticação científica da planta industrial, dos equipamentos, da habilidade e do produto (ou serviço) no processo de conversão (transformação).



Flutuações aleatórias – podem vir de fonte externa (fogo, relâmpagos) ou resultar de problemas internos, como imperfeições no material ou equipamentos ou simples erro humano.






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Vejamos, na tabela abaixo, alguns exemplos de insumos, processos de conversão e saídas.



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3 – Classificação de sistemas produtivos

Para chegarmos a uma classificação para as operações de manufatura, buscamos agrupar essas operações em classes que possuam determinadas características comuns, para que soluções gerenciais possam ser generalizáveis dentro de determinada classe.

A classificação, segundo a operação básica predominante, é a seguinte:

Na realidade, os sistemas produtivos constituem combinações dos tipos apresentados na tabela.



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Diante disso, podemos resumir a classificação em: A) manufatura e serviços; e B) manufatura versus serviços. Vejamos cada uma delas.

A) Manufatura e Serviços – Ao longo de todo o desenvolvimento dos processos de fabricação de bens tangíveis, os serviços estão presentes, sempre de forma crescente. Podemos afirmar que, até meados dos anos 1950, a indústria de transformação era a que mais se destacava no cenário político e econômico mundial. As chaminés das fábricas eram símbolos de poder: empregavam mais pessoas e eram responsáveis pela maior parte do Produto Interno Bruto – PIB dos países industrializados. A literatura existente estava voltada apenas para o “chão de fábrica”.

Hoje isso não é mais verdadeiro! O Setor de Serviços emprega mais pessoas e gera a maior parcela do PIB na maioria das nações do mundo. Dessa forma, passou-se a dar, ao fornecimento de serviços, abordagem semelhante à existente na fabricação de bens tangíveis. Foram incorporadas todas as técnicas usadas até então.

B) Manufatura versus serviços – A atividade industrial, em sua forma característica, implica na fabricação de bem tangível: produto físico, tal como geladeira, automóvel, sabonete. Por outro lado, um serviço é prestado e a prestação de serviço implica em ação, embora meios físicos possam estar presentes e facilitar ou justificar o serviço.

O serviço fornece bem intangível: uma performance, um esforço, um contrato. Essa mistura de serviços e manufatura é típica na indústria. Quando somos examinados por um médico, a prestação de serviço consiste na ação exame – diagnóstico – prescrição. Quando estudamos em uma universidade, a prestação de serviço consiste em colocar à nossa disposição o conhecimento dos professores, dos livros, das revistas etc.



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4 – Capacidade de produção

Definimos capacidade como a quantidade máxima de produtos e serviços que podem ser produzidos numa unidade produtiva, em dado intervalo de tempo. Capacidade é a taxa de produtividade, usualmente expressa como volume de saída por período.

O Gerente de operações se preocupa com a capacidade por que:

1. deseja uma produção suficiente para atender à demanda em certo tempo;
2. afeta os custos de operação e manutenção;
3. requer investimento.

O planejamento da capacidade é o primeiro passo quando uma organização decide produzir ou lançar novo produto. Primeiro, a capacidade é avaliada e define-se a necessidade de expansão ou troca do processo tecnológico. Toda decisão sobre capacidade é inseparável das decisões quanto à localização, pois a capacidade depende da demanda e a demanda sempre depende da localização.

Bancos comerciais, por exemplo, expandem simultaneamente capacidade e demanda, abrindo novas agências. Decisões sobre o tamanho e a localização da agência são tomadas de acordo com as projeções sobre densidade e crescimento populacional da área pretendida, posição dos outros segmentos do mercado, acesso ao local (tráfego), e localização das concorrentes. Quando aumenta o número de agências, o banco facilita os serviços para alguns clientes para atrair mais clientes. É obvio que essas decisões aumentam os impostos, os custos operacionais e o custo do capital da organização.



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Por unidade produtiva entende-se tanto uma fábrica, como um departamento, um armazém, uma loja, um posto de atendimento médico, uma simples máquina etc.






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Existem vários fatores mais influentes na capacidade. Entre eles, temos:

Instalações – O tamanho da unidade produtiva é obviamente importante. Sempre que possível, ao projetar a unidade, tenta-se deixar espaço para expansões futuras, de forma a adiar a mudança de local para novas instalações. Dadas as dimensões gerais das instalações, o arranjo físico do local ou locais de trabalho pode restringir ou favorecer a capacidade. Certos fatores como aquecimento, iluminação e ruído também exercem influência positiva ou negativa, dependendo de como atuam sobre os funcionários.

Composição dos produtos ou serviços – Em geral, a diversidade reduz a capacidade. Produtos uniformes (relativamente padronizados) dão oportunidade para padronização de métodos e materiais, reduzindo tempo de operação e aumentando a capacidade. Produtos diferentes podem exigir, e geralmente o fazem, constante preparação de máquinas quando se passa de um produto para outro. Tal atividade deixa máquinas paradas por algum tempo e assim reduzem a capacidade. Esse efeito pode ser substancial, dependendo dos tempos de preparação e da quantidade de diferentes produtos.

A situação para o caso de serviços não é diferente, com o agravante de que os serviços em geral prestam-se menos à padronização do que os produtos físicos; esse é um dos principais motivos pelos quais a produtividade é menor, nas atividades de serviços.



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O projeto do processo – Os processos de produção, em teoria, variam desde os totalmente manuais até os totalmente automatizados. Na prática, existem graus de “manualização” ou de “automação” que se situam em dimensão contínua. Às vezes, é difícil distinguir o grau em que um processo é mais fortemente manual que outro. Cada tipo de processo leva a uma quantidade ótima de produção e, conseqüentemente, a uma capacidade ótima, aumentando do processo manual para o automático.

Fatores humanos – Dadas certas quantidade e composição de recursos técnicos, o quadro e a habilidade dos funcionários podem aumentar a capacidade. O corpo de funcionários é o que se costuma chamar de “capital humano” da organização. Esse capital pode ser melhorado por meio de treinamento, aumento da habilidade dos funcionários e da experiência. É preciso não esquecer a motivação do trabalhador, que é ligada de perto à sua satisfação com a empresa, com o ambiente de trabalho, com a variedade e os desafios impostos pelas tarefas, com o nível salarial e tantos outros fatores.

Os fatores operacionais – Os fatores mais próximos à rotina de trabalho dos setores produtivos da empresa podem ser organizados de forma a conduzir a capacidades maiores ou menores; ou, pelo menos, de maneira a facilitar ou dificultar o aproveitamento da capacidade em potencial. A própria capacidade dos equipamentos é um exemplo de fatores operacionais.

Fatores externos – A capacidade pode ser mais afetada por fatores que nascem fora das fronteiras da própria empresa do que por fatores internos. Um bom exemplo são os padrões de qualidade e desempenho exigidos por parte dos clientes, que constituem uma barreira ao aumento da capacidade ou mesmo ao uso da capacidade atual. A legislação antipoluição pode provocar problemas em curto prazo, até que haja adaptação da companhia.



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5 – Políticas básicas para a gestão da capacidade

Em termos de sistemas de operações em geral, há três políticas básicas para a gestão da capacidade:


• alterar a capacidade do sistema, para que esta se ajuste melhor à demanda;
• absorver as variações da demanda usando estoques;
• influenciar a demanda para que se ajuste melhor à capacidade existente.


Qualquer das três políticas básicas de planejamento da capacidade que se adote, ou mesmo qualquer combinação delas, exige que, inicialmente, se tenha uma boa noção a respeito de como se dará a demanda em períodos futuros.

A ilustração a seguir apresenta as três políticas básicas de gestão da capacidade e demanda.



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6 – Localização da produção

A seleção do local para a implantação de uma empresa, fábrica ou depósito de produtos é uma decisão ligada à estratégia empresarial e faz parte do processo de planejamento. Localizar significa determinar o local que será base das operações; onde serão fabricados os produtos ou prestados os serviços ou onde se fará a administração do empreendimento.

Em matéria de localização, nada pode ser negligenciado. Às vezes, detalhes aparentemente pequenos, quando não levados em conta, podem trazer desvantagens sérias. Aspectos negativos da localização devem receber tanta atenção quanto os aspectos positivos. Cada empresa tem suas peculiaridades, fazendo que o problema de localização seja específico de cada situação. Para algumas empresas, pode ser mais importante permanecer próximas aos clientes (como supermercados, delegacia ou hospital); outras são atraídas pela proximidade das matérias-primas ou devem dirigir-se para locais onde a mão-de-obra seja abundante ou bem treinada.



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Fatores determinantes nas decisões de localização - Existe uma lista muito grande de fatores que podem influenciar, de alguma forma as decisões de localização. Entretanto, nem todos são igualmente importantes, em todas as circunstâncias, porque a localização é um problema específico de cada companhia. Por exemplo, empresas industriais são, de modo geral, fortemente orientadas para o local onde estão os recursos: matérias-primas, água, energia e mão-de-obra. As atividades de serviços orientar-se-ão mais para fatores como proximidade do mercado, tráfego e localização dos competidores.

Localização da Matéria-Prima – Se a matéria-prima é perecível e não puder ser transportada por distâncias razoáveis, ou demandar condições muito especiais e caras para esse transporte, isso tenderá a atrair a empresa para perto do depósito ou fonte dessas matérias-primas. Fábricas de processamento como pescado e legumes localizam-se próximas à fonte da matéria-prima. O custo de transporte é um outro fator que justifica a localização de instalações industriais próximas às matérias-primas. Matérias-primas volumosas de pequeno valor.



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• Mão-de-obra – Sempre é importante para uma companhia verificar se os locais pré-selecionados para a localização possuem oferta de mão-de-obra em quantidade e qualidade suficiente. A força dos sindicatos opera contra uma determinada localização, pois os sindicatos dão aos trabalhadores uma consciência de classe e um poder de demanda significativo junto aos empregadores. Atitudes da mão-de-obra que dependem da cultura da região, tais como exagerado absenteísmo e rotação de pessoal, também têm sua influência.

Água e energia elétrica – Como, em geral, a água e a eletricidade não têm preços muito diferenciados por todo País, as principais considerações dizem respeito principalmente à disponibilidade desses insumos, na quantidade suficiente para a atividade das empresas. Indústrias de papel, refinarias de açúcar, indústrias químicas em geral precisam de um grande e constante consumo de água.

Localização dos mercados consumidores – Nos casos de atividades industriais, é muito difícil estarem ao mesmo tempo, próximas dos mercados fornecedores e dos mercados consumidores. Os custos de transporte de matérias-primas, em relação aos produtos acabados, e à estratégia competitiva, estarão entre os fatores decisórios.

• As atitudes da comunidade – Uma vez escolhidas as alternativas para a localização, a busca será pelo local definitivo. Nesse momento, além dos fatores apresentados, será relevante considerar as atitudes da comunidade quanto à instalação de novas empresas. Existem comunidades que procuram atrair empresas, inclusive oferecendo incentivos, tais como cessão gratuita de terreno, isenção de impostos por certo tempo, construção imediata de infra-estrutura e assim por diante. A presença de empresas é desejável por causa da geração de empregos, dos impostos que serão arrecadados e dos efeitos em cadeia (fortalecimento econômico da comunidade). Mas também existem comunidades que colocam restrições à entrada de novas empresas, principalmente se estiverem associadas à poluição ambiental.



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Absenteísmo é a falta de assiduidade dos empregados ao trabalho. Em outras palavras: quando o trabalhador “falta muito” ao trabalho.






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7 – Tecnologia do processo de manufatura

A tecnologia do processo refere-se ao equipamento, pessoal e sistemas utilizados para fabricar produtos e serviços de uma empresa. Os cinco tipos de tecnologias de processo são:

1. Tecnologia de Projetos.
2. Tecnologia de Job shop.
3. Tecnologia de Lote.
4. Tecnologia de Linha de montagem.
5. Tecnologia de Fluxo contínuo.

Os consumidores estão, cada vez mais, requisitando maior variedade de produtos em pequenos lotes. O Sistema Flexível de Manufatura – FMS – visa atender a tais necessidades, uma vez que os sistemas tradicionais não são econômicos nesse caso, devido à sua rigidez.

E o que são os Sistemas Flexíveis de Manufatura? É o que veremos agora!

Os sistemas flexíveis de manufatura - Um Sistema Flexível de Manufatura consiste de um grupo de unidades de processamento (predominantemente máquinas ferramentas de controle numérico computadorizado) interconectadas por meio de um sistema automatizado de estocagem e manuseio de material, e controladas por um sistema integrado de computador. O sistema recebe o nome de “flexível” por ser capaz de processar uma variedade de diferentes tipos de peças, simultaneamente nas várias unidades de trabalho.



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A tecnologia do projeto trata de produtos exclusivos que são fabricados para atender exigências de cada cliente. Uma construtora, com seus muitos tipos e tamanhos de projetos, é um exemplo.



A tecnologia do job shop é apropriada para fabricantes de pequenos lotes de diferentes produtos, cada um projetado para um cliente e que, conseqüentemente, requerem seu próprio conjunto de passos, ou caminho de processamento, ao longo dos processos de produção. Por exemplo, os trabalhos realizados por uma editora. Job shop é um processo de produção que lida com variedade muito alta e baixos volumes. Cada produto deve compartilhar os recursos da operação com diversos outros.

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A tecnologia de lote é um passo além da tecnologia do job shop em termos da padronização de produtos, mas não é tão padronizada quanto a tecnologia da linha de montagem. A tecnologia de lotes favorece a fabricação de uma grande variedade de produtos numa grande variedade de volumes.

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A tecnologia de linha de montagem é utilizada em fábricas que produzem uma pequena gama de produtos padronizados. Utensílios para lavanderia são um exemplo representativo.



Exemplos de tecnologia de fluxo contínuo são plantas químicas e refinarias de óleo. Os materiais e os produtos são produzidos em fluxos contínuos e internáveis ao invés de lotes e unidades discretas. O produto é altamente padronizado, assim como todos os procedimentos de manufatura, a seqüência de construção do produto, materiais e equipamentos.






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A implantação de um FMS é indicada quando se tem uma alta variedade de peças a produzir, em volume de produção baixo a médio.

Existem três componentes básicos de um FMS:

1. Estações de Processamento – Estas estações são tipicamente máquinas ferramenta de controle numérico computadorizado que desempenham operações de usinagem em famílias de peças.

2. Manuseio e Estocagem de Material – vários tipos de equipamentos automatizados são utilizados para transportar as peças e submontagens entre as unidades de processamento, algumas vezes incorporando estocagem na função.

3. Sistema de Controle por Computador – usado para coordenar as atividades das unidades de processamento e o sistema de manuseio de material.




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8 – Arranjo Físico

Podemos definir arranjo físico como a disposição de máquinas, equipamentos e serviços de suporte em determinada área, com o objetivo de minimizar o volume de transporte de materiais no fluxo da produção de uma fábrica.

Os arranjos físicos padronizados são os seguintes:

Arranjo físico por produto ou linear: corresponde ao sistema de produção contínua (como as linhas de montagem e as indústrias de processo);

Arranjo físico por processo ou funcional: corresponde ao sistema de produção de fluxo intermitente (como a produção por lotes ou encomendas). Este é o tipo mais comum de arranjo físico utilizado nas empresas industriais;

Arranjo físico de posição fixa ou posicional: corresponde ao sistema de produção em projetos;

Arranjo físico celular: o objetivo desse arranjo físico é montar mini-fábricas dentro da fábrica.



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Bem, como tudo na vida, cada tipo básico de arranjo físico possui vantagens e desvantagens. Vejamos quais são elas, na tabela abaixo. Vantagens e desvantagens de cada tipo básico de arranjo físico.

Tipo de AF
Vantagens
Desvantagens
PRODUTO LINEAR

• Baixos custos unitários para altos volumes.
• Dá oportunidade para especialização de equipamento.
• Movimentação de clientes e materiais convenientes.

• Pode ter baixa flexibilidade de mix.
• Não muito robusto contra interrupções.
• Trabalho pode ser repetitivo.

PROCESSO FUNCIONAL

• Alta flexibilidade de mix e produto.
• Relativamente robusto em caso de interrupção de etapas.
• Supervisão de equipamento e instalações relativamente fáceis.

• Baixa utilização de recursos.
• Pode ter alto estoque em processo ou filas de clientes.
• Fluxo complexo pode ser difícil de controlar.

CELULAR

• Pode dar um bom compromisso entre custos e flexibilidade para operações com variedade relativamente alta.
• Atravessamento rápido.
• Trabalho em grupo pode resultar em melhor motivação.

• Pode ser caro reconfigurar o arranjo físico atual.
• Pode requerer capacidade adicional.
• Pode reduzir níveis de utilização de recursos.

POSICIONAL

• Flexibilidade de mix de produto muito alta.
• Produto ou cliente não movido ou perturbado.
• Alta variedade de tarefas para a mão-de-obra.

• Custos unitários muitos altos.
• Programação de espaço ou atividades pode ser complexa.
• Pode significar muita movimentação de equipamentos e mão-de-obra.



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9 – Métodos de previsão de demanda

Planejar é atividade comum a qualquer tipo de empresa, qualquer que seja o tamanho ou o ramo a que se dedique. Entretanto, uma grande e importante base comum a todo planejamento é a previsão de demanda. É necessário saber quanto de seus produtos ou serviços a empresa planeja vender no futuro, pois essa expectativa é o ponto de partida, direto ou indireto, para praticamente todas as decisões.

As vendas podem depender de muitos fatores – situação da economia mundial, movimentos de mercados internacionais, esforços para aumentar a participação da empresa no mercado etc. – mas uma previsão, por mais imperfeita que seja, sempre é necessária.

Bem, para fazer a previsão de demanda, precisamos fazer uma avaliação do potencial de mercado (projeção de demanda). Esta avaliação pode apoiar-se em métodos quantitativos e qualitativos.

Saiba sobre o método quantitativo!

Saiba sobre o método qualitativo!



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É um processo racional de busca de informações acerca do valor das vendas futuras de um item ou de um conjunto de itens.



Método quantitativo – utiliza modelos matemáticos para chegar aos valores previstos. Oferece resultados claros, embora não necessariamente exatos quanto ao crescimento ou queda de aceitação; participação de um produto; participação da concorrência no mercado; estimativa da população e sua freqüência de compra.



Métodos qualitativos são métodos que tomam por base o julgamento de pessoas que, de forma direta e indireta, tenham condições de opinar sobre a demanda futura, tais como gerentes, vendedores, clientes, fornecedores etc. A avaliação qualitativa busca informações subjetivas do mercado consumidor, por meio da utilização de entrevistas ou questionários junto ao mercado consumidor ou aos intermediários da cadeia de abastecimento como compradores, vendedores ou gerentes dessas áreas.






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10 – Sistemas de Estoques

Nos últimos anos, os sistemas de planejamento de necessidades de material têm substituído o sistema de estoques reativos em várias empresas. Os sistemas reativos são mais fáceis de gerenciar em vários aspectos, mas apresentam sérias desvantagens: altos custos de estoque e entregas comprometidas.

O novo sistema de planejamento é mais complexo de gerenciar, embora ofereça vantagens como a redução dos estoques e seus custos associados, pois leva em consideração apenas os itens e componentes necessários.

Planejar com antecedência, para que todos os materiais estejam à disposição, quando forem exigidos no desenvolvimento de um produto, compelem a:

a) sejam reduzidos os atrasos no processamento dos pedidos;
b) as tarefas sejam realizadas dentro do prazo;
c) as promessas de entrega de pedidos sejam mantidas e,
d) os prazos para início da produção sejam encurtados.

No entanto, a melhora no atendimento ao cliente e outras vantagens exigem o Plano Mestre de Produção (sistema de informações precisas sobre estoques e o desenvolvimento do produto, bem como um esquema-base de produção realista). Isso irá definir quando estarão prontas as quantidades pretendidas de produtos finais.

Mas, para isso, é fundamental a disciplina e o compromisso dos programadores do esquema, dos supervisores, gerentes e empregados do centro de trabalho para que o sistema possa funcionar fundamentando-se na honestidade, precisão e confiabilidade. Quando ocorrerem discrepâncias entre o desenvolvimento planejado e o progresso real das tarefas, o sistema deve sofrer reajuste para que os planos se concretizem.



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Sistema de estoques reativos – Nos sistemas reativos, a gestão de estoques requer a abordagem de reposição: à medida que o item é usado, ele é reposto para se ter sempre material à mão, para atender os consumidores. É fundamental conhecer, pelo menos, uma estimativa da demanda futura, para que se possa dizer o momento de reposição e também a quantidade a adquirir ou fabricar para o estoque.






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Resumo

Este módulo apresentou definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção.

Embora, tradicionalmente, a Administração da Produção tenha como objetivo o estudo dos setores produtivos das empresas de natureza industrial, atualmente muitas de suas técnicas vêm sendo aplicadas com sucesso nas instituições de serviços, como bancos, escolas, hospitais etc.

A diferença entre produtos e serviços diz respeito principalmente à natureza do que se oferece ao cliente e ao seu consumo, à uniformidade dos insumos necessários e às possibilidades de mecanização.

Formalmente, a Administração da Produção e Operações é o campo de estudo das técnicas e conceitos aplicáveis à tomada de decisões nas funções da produção (empresas industriais) e operações (empresas de serviços).

O sistema de produção indica o conjunto de atividades e operações inter-relacionadas, necessárias à produção de bens e/ou serviços. No sistema de produção, distinguem-se os insumos (matérias-primas, pessoal, máquinas, capital, know-how etc.); o sistema de conversão, as saídas (produtos e/ou serviços) e o subsistema de controle, cuja função é monitorar os outros elementos do sistema de produção.

Enquanto um serviço é meramente prestado, os produtos constituem bens físicos e tangíveis. Buscou-se uma classificação dos sistemas de produção, agrupando-os em classes que possuem determinadas características comuns, para que soluções gerenciais possam ser adotadas em geral dentro de determinada classe.

a capacidade produtiva de uma organização é o máximo de atividade de valor adicionado, que pode ser conseguida em condições normais de operação, durante determinado período de tempo.



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As decisões de localização de instalações aplicam-se não apenas a novos empreendimentos, mas também a empresas já existentes e em operação normal. Isso acontece, entre outras circunstâncias, quando os insumos básicos esgotam-se ou tornam-se muitos caros, ou ainda quando a capacidade instalada já é insuficiente para o atendimento da demanda. A seleção de uma locação exige a consideração de custos e rendimentos.

A decisão de alterar o arranjo físico é particularmente importante porque mudar o arranjo físico é, em geral, uma tarefa difícil e longa que, é prejudicial ao funcionamento suave da operação. Dessa forma, não é decisão tomada com freqüência. Por outro lado, se o arranjo físico se torna inadequado, o fluxo de pessoas e materiais através da operação pode tornar-se confuso e oneroso.

Há quatro tipos básicos de arranjo físico. São eles:

• arranjo físico por produto;
• arranjo físico por processo;
• arranjo físico posicional;
• arranjo físico celular.

Um modelo genérico de previsão e manutenção dos dados relativos à demanda é composto por cinco passos, a saber: objetivo, coleta e análise dos dados, seleção da técnica de previsão, obtenção das previsões e monitoramento do modelo.
Os modelos de previsão de demanda classificam-se em qualitativos e quantitativos. Os modelos apresentados e exemplificados fundamentaram-se em técnicas quantitativas.



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1 – A importância da análise de mercado

Só se justifica um negócio se ele atende necessidade de mercado, explorando deficiência das empresas atualmente em atividade, seja agregando valor a um tipo de produto ou serviço existente, seja criando produto ou serviço completamente novo em relação ao que vem sendo oferecido.

Em outras palavras, e sem maiores preocupações com números ou comprovações documentais, toda idéia de novo negócio parte da análise de mercado. Na verdade, boa parte do processo de busca de oportunidades e de definição do negócio integra modo de análise de mercado.

Há consenso, na literatura sobre novos negócios, de que a análise de mercado é o ponto fundamental de todo plano de negócio. Embora a estrutura de apresentação preveja sua inserção somente nesse momento, todo o raciocínio que perpassa o plano se deve, em grande medida, às informações colhidas na execução da análise de mercado.

A maioria dos especialistas em plano de negócio recomenda que a análise de mercado seja a primeira etapa desenvolvida pelo empresário, após ter ele, com clareza, definido o seu interesse.

A análise de mercado engloba a tentativa de limitar e compreender:


• em que mercado estará inserido o novo negócio;
• qual segmento de mercado constitui a oportunidade a ser explorada; qual o perfil, os hábitos e o poder de compra dos clientes dessa parcela;
• quem são os concorrentes diretos e indiretos, seus respectivos pontos fortes e fracos e a participação no mercado;
• qual a capacidade de inserção ou expansão do negócio no mercado, em relação ao posicionamento que os concorrentes detêm.


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Além dessas questões, há um conjunto de fatores que se situam no ambiente competitivo, denominados fatores ambientais, que precisam ser considerados.

Todos esses fatores afetam, em maior ou menor grau, a dimensão e a evolução do mercado em que o novo empreendimento atuará.

Evidentemente, o escopo e a profundidade de uma análise de mercado dependem do conjunto de fatores. Neles sobressaem os conhecimentos adquiridos sobre o mercado ao longo da experiência do empreendedor e da vida da empresa, no caso de empresa já existente, e de recursos financeiros disponíveis para a sua efetivação.

Quanto maior a experiência do empreendedor, mais facilmente ele saberá identificar as informações necessárias para composição da análise de mercado. Isso possibilita análise mais detalhada e precisa em tempo menor.

Quanto maiores os recursos financeiros, mais amplas as possibilidades de contratação de empresas de pesquisas de mercado e de aquisição de informações de fontes especializadas no ramo.



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Certamente, é possível proporcionar pesquisa de maior alcance, sem comprometer sua profundidade.


A pesquisa de mercado prévia, sem dúvida, é o ponto de partida mais recomendado para análise de mercado.

Sem considerar a hipótese de existir recursos abundantes e uma empresa especializada que executa a análise conforme com as necessidades da empresa, devemos estabelecer um roteiro básico, a ser usado pelo empresário e colaboradores diretos, reunindo os elementos essenciais para análise de mercado.


Porém, não podemos desprezar outro requisito: a experiência do empresário. Esse aspecto é importante para o sucesso do negócio, embora não deva ser barreira à atividade empreendedora, pois ele pode ser substituído pela contratação de consultores experientes, contatos com instituições de apoio à atividade empreendedora ou serviços de assessoria.

Voltando ao roteiro... O que ele deve conter? Bem, o roteiro envolve aspectos gerais, de cunho “macro”, relacionados com o setor em que o negócio se situará, e a aspectos específicos, de cunho “micro”, vinculados ao ramo em que o empreendimento se coloca; em especial, ao segmento de mercado priorizado.

Assim, a análise de mercado para o novo negócio pode ser composição dos estudos de:

• mercado, no ramo de atuação ou subsetor;
• segmento de mercado;
• concorrência.



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2 – Estudo de mercado setorial

Um negócio, seja ele qual for, integra um setor da atividade econômica e, nele, um ramo específico ou subsetor.

Assim, quando dizemos que uma empresa é prestadora de serviços, fazemos sua classificação dentro de um dos setores da atividade econômica: o setor de serviços. A ele se somam o setor industrial e o setor agropecuário, conforme podemos ver no diagrama abaixo.

Mas o que isso quer dizer? Perceba que, por exemplo, uma empresa agrícola pode estar no ramo da produção de milho ou de soja; do mesmo modo, uma empresa industrial pode estar no ramo da metalurgia ou de mobiliário, por exemplo. Uma empresa de serviços pode estar no ramo de atendimento hospitalar ou educacional, além de muitos outros, retratando a idéia de sistema e subsistema.

Assim, quando falamos do estudo de mercado no ramo de atuação, o posicionamento é do nível “macro”, buscando identificar as características gerais que afetam as empresas desse ramo. Dentro do setor, pode haver empresas no ramo agrícola, que cuidam da venda de sementes e da venda de colheitadeiras.



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Cada empresa conviverá com fatores de mercado específicos do seu segmento. Mas, existem fatores gerais que as afetam igualmente. Como primeiro passo, é preciso que a empresa reconheça o ramo de atuação do negócio, com o subsetor, e as potencialidades desse mercado.

A análise deve descrever as variáveis ambientais que podem constituir oportunidade ou ameaça ao empreendimento. Nesse ponto, devemos ter cuidado especial com itens como:


questões culturais, pois há certos hábitos e valores que dificilmente serão alterados e podem ser contraditórios com o serviço e/ou produto que se pretende ofertar;

condições macroeconômicas, ou seja, se a economia está em crescimento, qual a taxa de desemprego, as condições do comércio com outros países etc;

variáveis políticas, tais como regime autoritário ou democracia instável, as quais podem afetar a confiança dos potenciais investidores;

progresso em tecnologia, que pode rapidamente tornar obsoleto o produto e/ou serviço ou a forma como é ofertado;

questões legais, como, por exemplo, leis de proteção ambiental vigentes que proíbam determinado tipo de produto ou forma de produção.

Examinadas essas questões, podemos partir para estabelecer projeções sobre o tamanho atual do mercado, em unidades comercializadas e em valores, e sobre suas tendências para os próximos anos.



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Mesmo não contando com a possibilidade de contratar pesquisa de mercado, essas projeções podem ser elaboradas com dados disponíveis em revistas especializadas, associações comerciais, prefeituras, governos, órgãos de apoio.

Salim et al (2001, p.81), por exemplo, demonstra essa possibilidade com dados simples:

De fato, é apenas uma aproximação que necessita ser qualificada por meio de outros dados, mas exerce o papel de bem representar a exeqüibilidade de projeções com base em dados obtidos em estatísticas já publicadas em jornais ou revistas especializadas.

Recomenda-se, porém, que mesmo de forma singela, com alguns clientes-alvo, fornecedores potenciais ou mesmo amigos, algumas questões críticas para o sucesso do negócio devam ser investigadas além das fontes secundárias.



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São questões críticas:

• definir o segmento de mercado;
• selecionar dados estatísticos a partir de publicações especializadas;
• obter a relação de clientes potenciais via lista telefônica, Internet, junta comercial;
• definidos os clientes potenciais, efetivar uma coleta de dados, a partir de questões objetivas;
• cuidados importantes: incentivos para o respondente e capacidade do respondente;
• definir, previamente, um método de análise dos dados.






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3 – Estudo do segmento de mercado

Compreendidas as condições gerais do mercado em que o novo empreendimento atuará, passa-se à análise das condições para o segmento de mercado específico do novo negócio.

É no segmento de mercado que se identificam as oportunidades; dificilmente um negócio, em especial se conduzido por pequena empresa, poderá atender todo o mercado de determinado subsetor.

Assim, o próximo passo é estabelecer o segmento de mercado em que o novo empreendimento atuará. Isto é, onde ele irá focar seus esforços de venda, sua estratégia; enfim, seus recursos.

Por exemplo: uma empresa do sudeste do Brasil, por exemplo, na área de refeições rápidas, pode ter identificado uma oportunidade de mercado com a introdução de nova forma de atendimento que ela conheceu, numa feira do ramo de alimentação, em São Paulo.

A nova forma de atendimento está sendo muito bem aceita em toda a região norte e começa a ser introduzida em alguns estados do nordeste. Para a região sudeste, entretanto, o novo serviço é inovador. A delimitação regional é fundamental para que se vislumbre a oportunidade; no caso a segmentação de mercado se deu por critérios geográficos.



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Outro caso...

Um empreendedor notou que jovens executivos, que residem sozinhos, demandam serviços profissionais para a organização de suas casas ou apartamentos, como: fazer compras em supermercados, levar e buscar roupas na lavanderia, limpar e arrumar a casa. Dificilmente, essa seria uma oportunidade para vender serviços a um executivo que reside com os pais aposentados, que tomam conta da casa ou contratam eles mesmos os serviços necessários, ou que resida com a mulher e os filhos e já tenha optado por serviços permanentes de babá e empregada doméstica.

Veja que, neste caso, o segmento de mercado identificado exigiu critérios múltiplos, envolvendo profundo conhecimento dos clientes potenciais.

A identificação do segmento de mercado deve ser função de critérios muito claros, mesmo que se faça a combinação de alguns deles, evitando que o empreendimento perca o rumo de seu segmento. Os critérios mais utilizados para tal classificação são:


  • localização geográfica;
  • fatores culturais;
  • aspectos religiosos;
  • nível de renda;
  • faixa etária;
  • sexo;
  • nível de escolaridade;
  • estrutura familiar; e
  • profissão.


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Quando se mencionam tais critérios, pode visualizar-se que, em sua maioria, dizem respeito ao perfil e ao comportamento dos consumidores. Assim, o estudo dos consumidores é ponto essencial da análise de mercado e diz muito a respeito da segmentação que poderá ser feita. A composição do perfil dos consumidores envolve a compreensão de “como são” e “onde estão” os nossos clientes.

Assim, é preciso caracterizar qual o nível de renda, de escolaridade, se há sexo específico que demandará os produtos ou serviços. No caso de cliente empresa, essas questões passam a ser qual o porte da empresa, há quanto tempo ela existe, quais seus principais clientes e assim por diante (Dornelas, 2001).

Do ponto de vista de localização, as questões não visam apenas identificar o fator distância, mas também o grau de integração social a que estão expostos, as condições climáticas e as condições de infra-estrutura prevalecentes.

A análise do comportamento dos consumidores visa identificar quais seus hábitos de compra e os fatores que podem influenciar na decisão de comprar.



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Para efeitos de elaboração do plano de negócio deve ter-se em mente que os consumidores podem ser pessoas ou empresas. Nas duas situações, é preciso identificar o perfil e o comportamento do consumidor, fazendo as adaptações necessárias para cada caso. Note, também, que os termos consumidores e clientes estão sendo usados com o mesmo sentido.






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Nesse ponto, algumas questões centrais a serem identificadas estão relacionadas com o que Salim et al (2001) denominam “sensibilidade do mercado”. São fatores como:

Preço: envolve a análise do comportamento dos consumidores frente à oscilação dos preços; ou seja, se os consumidores deixam de comprar determinado produto porque o preço “subiu”. Esse dado pode indicar que há um segmento de mercado voltado para consumidores que privilegiam preços baixos.

Qualidade: refere-se à identificação dos atributos do produto valorizados pelos clientes. Podemos identificar esse fator ao verificar se os consumidores deixariam de adquirir um produto porque teve alguma alteração nos seus padrões, mantido o preço constante ou, ainda, se o preço fosse reduzido. Isso pode indicar um segmento de mercado a ser explorado entre consumidores que privilegiam a qualidade acima de tudo.

Prazo e forma de entrega do produto ou serviço: muitos clientes privilegiam determinado produto, mesmo tendo de pagar mais caro por ele, porque necessitam que sua entrega seja feita em determinado prazo. É fator especialmente importante quando os consumidores são empresas.

A análise de mercado necessariamente deve conter os elementos próprios para configurar tal sensibilidade do mercado. Muitos desses fatores, como preço, qualidade, forma de entrega do produto ou serviço são critérios identificados por algumas empresas para definir seu segmento de mercado.



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4 – Estudo da concorrência

O estudo da concorrência é aspecto fundamental da análise de mercado. Dornelas (2001) comenta:


“Muitos empreendedores, quando perguntados a respeito da concorrência, procuram logo dizer que os seus produtos ou serviços são únicos, sem similares no mercado e, portanto, não possuem concorrentes. Esse é um dos erros clássicos mais comumente praticados pelos empreendedores iniciantes e até pelos mais experientes” (p.139).

Descrever a concorrência muitas vezes é encarado pelos empreendedores como sinal de fraqueza para o negócio. Ao contrário, subestimar a existência de concorrentes geralmente é uma das questões que geram desconfiança nos analistas de planos de negócios, pois denota ingenuidade imperdoável para uma equipe gerencial.

Para o estudo da concorrência sugerimos o seguinte roteiro:



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Identificar os concorrentes, entretanto, pode não ser tarefa simples. Isso se deve a dois fatores.

1. Em muitos casos, as informações dos concorrentes podem não estar facilmente disponíveis. Novamente pesará a experiência do empreendedor, sua networking e a própria análise de mercado para que ele consiga depreender alguns dados.

2. É preciso levar em conta que um negócio pode enfrentar concorrentes diretos e indiretos. Muitas vezes, é difícil identificar os principais concorrentes. Quando eles são concorrentes indiretos, esta dificuldade pode ser ainda maior.

Bem, os concorrentes foram identificados. E agora, o que fazer? Passamos à descrição dos atributos dos concorrentes, que podem significar as características de seus produtos ou serviços, os prazos e formas de entrega, as formas de venda que cada um utiliza, a capacitação de seus funcionários, a competência tecnológica e todo e qualquer item que possa ser diferencial no segmento de mercado especifico sob consideração.

Por fim, os concorrentes precisam ser comparados, entre si, nesses atributos e em relação ao empreendimento que se está propondo. Para isso, recomendamos o uso de uma tabela em que os atributos estejam dispostos e se possa facilmente visualizar os diferenciais.

Alternativamente, em mercados mais consolidados, a análise pode estabelecer quais os padrões recomendados para cada atributo e, por meio de uma escala numérica, avaliar a proximidade de cada concorrente com o padrão recomendado. No caso, podemos estabelecer comparação numérica e hierarquia que auxiliem a análise. A mesma tabela pode ser objeto de entrevista com os consumidores do segmento de mercado definido, identificando a imagem de cada um dos concorrentes perante seus clientes.

Com a análise da concorrência, a análise de mercado estará concluída e servirá de parâmetro para as demais seções do plano.



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Concorrentes diretos são aqueles que atuam no mesmo segmento de mercado, oferecendo produtos ou serviços similares; concorrentes indiretos oferecem produtos ou serviços substitutos. Exemplo pode ser encontrado no mercado de livros. Uma livraria pode identificar como seu concorrente direto outra livraria, instalada na mesma região da cidade. Pode, ainda, identificar como concorrente direto livrarias virtuais que, por meio da Internet, podem vender e entregar livros na mesma região. Porém, um livro, em muitas situações, é meio de lazer. Nesse caso, todas as ofertas de lazer acessíveis para os mesmos clientes focados pela livraria, como a locação de vídeos, um teatro, e outros, exercem, indiretamente, concorrência à venda de livros.



As formas de venda habitualmente identificadas são a venda pessoal direta, com o uso de vendedores; a venda por intermédio de distribuidores; a venda por meio de franquias (empresas habilitadas por um franqueador e que operam utilizando a marca, instalações e serviços padronizados por ele e que o remuneram com a taxa de franquia e, em alguns casos, com percentual sobre a venda); a venda por telemarketing e a venda pela Internet.



Veja um exemplo de tabela:

Atributos
Empreendimento Proposto
Concorrente 1
Concorrente 2
Preço      
Qualidade      
Localização      
Tecnologia      
Funcionários      
Atributo x      
Atributo y      





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Resumo

A análise do mercado oferece um conjunto de informações centrais para a análise de viabilidade do negócio, sendo considerada, por muitos analistas, a principal seção do plano de negócio.

Seu desenvolvimento requer uma análise detalhada do ramo no qual o negócio se situará, do nicho de mercado específico identificado pelo empresário e da concorrência que opera nesse segmento.

Como, no início, o foco da análise estava voltada apenas para o Balanço Patrimonial, surgiu a expressão “análise de balanços”, que é utilizada até hoje para definir a análise dos demonstrativos e índices financeiros.

A importância da análise dos demonstrativos financeiros pode ser observada quando uma determinada empresa decide abrir seu capital ou emitir novas ações.

Na caracterização do nicho de mercado, o autor deve deixar nítidas as razões e critérios que conduziram sua opção por este segmento e não outro.

Além disso, é fundamental apresentar uma análise do perfil e comportamento do consumidor. Portanto, é fundamental a observação da sensibilidade do mercado, considerando as reações do consumidor a fatores tais como preço; qualidade; forma e prazo de entrega do produto.

A análise sobre a concorrência, por sua vez, deve incluir a investigação dos pontos fortes e fracos de todos os concorrentes, sejam eles:

• diretos – aqueles que atuam no mesmo nicho de mercado;
• indiretos – que podem operar em outros segmentos, mas oferecem produtos substitutos.

Ao final da análise de mercado, o empresário deve demonstrar que conhece plenamente os limites e potencialidades do seu mercado-alvo, indicando para os analistas do plano o seu preparo para lidar com estes elementos.



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1 – Estratégia e negócio

Discutidas a descrição da empresa e a análise do mercado em que pretende atuar, podemos reunir as informações produzidas e pensar na estratégia que o negócio irá adotar. E o que é estratégia?


Estratégia é a forma de atuação definida pela empresa no ambiente competitivo em que ela está inserida.

Portanto, a análise estratégica é a atividade que objetiva definir a forma de atuação.

Uma vez escolhida, a estratégia funciona como guia para atuação da empresa em todas as áreas. A análise estratégica delimita os parâmetros para o funcionamento do negócio, no longo prazo. A partir das variáveis, deverão ser tomadas as decisões em médio e curto prazo.

Por esse motivo, a estratégia demarca o universo das decisões a serem tomadas em outras seções do plano e proporciona a integração de todas elas.

Na tentativa de definir condições favoráveis a serem seguidas, a análise estratégica leva em conta todos os elementos do ambiente competitivo em que o negócio irá atuar.

Variáveis de caráter macroambiental – O ambiente competitivo, por sua vez, possui elementos que atuam sobre todas as empresas, de forma semelhante: flutuações macroeconômicas, instabilidade política, leis, questões culturais e variáveis demográficas e climáticas.



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Ambiente tarefa (ou microambiente) – Outros elementos são específicos do nicho de atuação da empresa: clientes, fornecedores, concorrentes, parceiros e órgãos de regulação, como organismos ambientais ou entidades de classe.

Do ponto de vista teórico, para facilitar a análise, o primeiro grupo (variáveis de caráter macroambiental) é tratado como o ambiente geral da empresa. Já as variáveis específicas do campo de atuação da empresa constituem o chamado ambiente tarefa ou microambiente.

É com vistas no ambiente de tarefa que faremos a análise. Somente sobre essas variáveis é possível traçar algum tipo de ação, ter determinada influência, embora não se vá descuidar do impacto que as variáveis do macroambiente podem ter.

A análise estratégica precisa considerar, ainda, os recursos que a empresa possui. Frente às variáveis ambientais, devemos olhar para o interior da empresa, nova ou madura, que irá implementar o novo negócio e verificarmos que elementos poderão ser melhor aproveitados no ambiente de tarefa e quais serão prejudiciais.

O exercício da análise estratégica busca identificar a vantagem competitiva que o negócio pode obter no mercado definido para sua atuação. Em outras palavras, a vantagem competitiva dirá qual a competitividade do negócio, ou seja, sua capacidade de exibir um diferencial em relação aos concorrentes e de ser, esse diferencial, reconhecido pelos clientes, conferindo-lhe determinado posicionamento de mercado.



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Para Degen (1989), a competitividade é determinada pela capacidade de adaptação do empreendimento ao seu microambiente competitivo, ou seja, ao ambiente de tarefa.

Segundo Porter (1992), para alcançar uma vantagem competitiva, a empresa precisa deter, pelo menos, um recurso estratégico. E o recurso estratégico possui as seguintes características:


• Ser único.
• Ser de difícil imitação pela concorrência.
• Possuir valor claramente identificado pelos clientes.

Admite Degen (1989) que o último atributo é, de fato, o definidor da vantagem competitiva. Ele alerta para o fato de que o valor para os clientes pode manifestar-se em algo tangível, como design do produto ou avanços tecnológicos incorporados; também, pode ser um valor intangível, como o fato de o cliente sentir-se bem atendido, de a empresa ter inspirado confiança, de o cliente, enfim, ter a sensação de que suas necessidades foram supridas.

Logo, uma empresa pode ter como recurso estratégico, por exemplo, a capacitação de seus funcionários; o domínio de determinada tecnologia; a patente sobre determinado produto, e assim por diante, desde que seu valor seja reconhecido pelos clientes.



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Em muitas situações, o recurso estratégico pode assumir o formato de uma barreira à entrada. As barreiras à entrada ocorrem quando uma empresa possui diferencial que impede a entrada de concorrentes no nicho de mercado em que ela atua. É o caso de setores em que a operação é resultado de concessões do setor público, como transporte urbano, telefonia celular, distribuição de energia elétrica e outros.

Em determinados casos, as barreiras à entrada se erguem pela necessidade de investimento inicial ou de uma rede de distribuição muito vasta; normalmente isso é possível às empresas que já atuam no segmento. Os casos em que uma empresa possui determinada patente ou marca importante ou, ainda, o domínio absoluto sobre determinada tecnologia, constituem barreiras à entrada.

Muitos autores argumentam que todo empreendimento deve ter como objetivo o estabelecimento de barreiras à entrada. Isso, entretanto, não é algo facilmente atingível em muitos mercados. Em alguns, como nos mercados mais tradicionais, altamente concorrenciais, em que se inserem muitas empresas nascentes, erguer barreiras à entrada é absolutamente impensável.



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O INPI (2003) define patente como:

“É um título de propriedade temporário outorgado pelo Estado, por força de lei, ao inventor/autor ou pessoas cujos direitos derivem do mesmo, para que esta ou estas executem terceiros, sem sua prévia autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais como fabricação, comercialização, importação, uso, venda etc”.

Uma marca, por sua vez, “… é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas”.




É o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, órgão do governo federal que analisa e concede, à luz da legislação brasileira, o registro de marcas e patentes.






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Imagine, por exemplo, o mercado de padarias. O investimento para montar uma padaria, embora não seja desprezível, não chega a constituir impeditivo para que muitos empreendedores disputem tal mercado. Praticamente inexistem fatores que impeçam a entrada de novas empresas.

Assim, adquirir vantagem competitiva, neste mercado, só é possível pela identificação de um diferencial como a qualidade do produto (o pão), o atendimento personalizado, as formas de pagamento variadas, os itens diversificados oferecidos na padaria. Cada um desses itens, ou a combinação deles, pode constituir fator de sucesso do negócio.

O objetivo, então, da análise estratégica deve ser o de identificar um recurso estratégico ou uma combinação de recursos que possa ser trabalhada para constituir fator de sucesso. Ao mesmo tempo, ela deve apontar as dificuldades do negócio, os fatores que podem comprometer a exploração da oportunidade identificada. Muitos empreendedores resistem a olhar para as dificuldades, mas o analista de plano de negócio quer ver um projeto realista, sem sonhos, em que fique evidenciado que o propositor do negócio conhece de fato o mercado, em suas benesses e em seus riscos.



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Análise estratégica do novo negócio – A execução da análise estratégica pode ser feita com base em variadas técnicas. A mais utilizada e que, normalmente, orienta o preenchimento desta seção do plano de negócios é a análise SWOT. A composição da análise estratégica, na verdade, é definida em três etapas:


• A definição da missão e da visão da empresa;
• A análise SWOT; e
• A definição dos objetivos e metas do novo negócio.


Visão e missão da empresa - Essa etapa da análise estratégica define os parâmetros das outras fases, em especial a da definição de objetivos em metas. A visão da empresa indica onde ela quer chegar e qual o perfil que pretende ter em futuro determinado.

>Exemplos de visão

A missão da empresa indica a razão de ser da organização, qual sua natureza e qual a atuação no mercado.

>Exemplos de missão

Ambas, visão e missão, estão impregnadas pelos valores da empresa e, portanto, por sua concepção do mercado no qual ela atua. Por isso, mais do que simples frases de efeito, são sinalizadoras para todos os que interagem com ela: clientes, fornecedores, competidores e colaboradores, do tipo de atuação e de relação que ela está dispondo.



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3M – “Empresa mais inovadora e fornecedora preferencial com crescimento sustentado em vendas".
AMBEV – (Visão 2005) “Queremos ser reconhecidos como a mais competitiva companhia de bebidas do mundo, com o crescimento anual de 15% no EVA. Chegaremos lá recrutando, treinando, mantendo pessoas excelentes e antecipando-nos aos desejos do consumidor, fabricando e entregando produtos com qualidade e ao menor custo mundial”.



3M – "Oferecer aos clientes produtos e serviços inovadores e de qualidade, tornando a vida das pessoas mais fácil, melhor e mais segura. Ser uma empresa em que os clientes possam confiar".
Disney Company – “Criar valor para seus acionistas, mantendo a liderança mundial como empresa de entretenimento, dos pontos de vista de criatividade, estratégia e inovação”.
Xerox - “A Xerox oferece soluções rápidas e eficazes para atender eletronicamente ou com marcas no papel todas as necessidades do cliente, no processamento de documentos. Nossos produtos e serviços acompanham o fluxo de trabalho desde sua concepção até a chegada ao destino, quando a informação cumpre sua missão”.
Instituto Endeavor – “O Instituto Empreender Endeavor é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover desenvolvimento socioeconômico por meio do empreendedorismo de inovação. Acreditamos que o empreendedorismo é fator determinante para impulsionar o crescimento econômico sustentável, a mobilidade social e as mudanças culturais, tão necessários em países emergentes”.
Anprotec – “A missão da ANPROTEC é agregar, representar e defender os interesses das entidades gestoras de tecnópolis/pólos, parques e incubadoras, promovendo estes modelos como instrumentos para o desenvolvimento do país, objetivando a constante criação e fortalecimento de empresas de base tecnológica”.
AIEC – “A missão da Associação Internacional de Educação Continuada – AIEC é formar consultores em empreendedorismo críticos e criativos, em nível nacional”. Blue Tree Hotels – “A missão da Blue Tree Hotels é ser a mais conceituada rede brasileira de hotéis no Brasil e no exterior, com reconhecimento pela alta qualidade e estilo próprio dos serviços e pelo alto retorno e valorização dos empreendimentos”.






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2 – Vantagens competitivas da empresa

O “coração” da análise estratégica é a aplicação de uma técnica especial que compara os recursos detidos pela empresa com as pressões do ambiente competitivo.

Não há dúvida de que a análise SWOT é a técnica mais difundida para isso, em função da facilidade de compreensão e dos resultados práticos que ela fornece. A sigla SWOT é a síntese das seguintes palavras:

• Strenghts (pontos fortes)
• Weaknesses (pontos fracos)
• Opportunities (oportunidades)
• Threats (ameaças)

Portanto, a análise SWOT nada mais é que o levantamento e interpretação dos pontos fortes e pontos fracos de uma organização e das oportunidades e ameaças a que ela está sujeita em seu macroambiente.



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Podemos definir cada um destes itens da seguinte forma (SILVEIRA, 2001):


Pontos fortes (strenghts)
– são recursos que a empresa detém, localizados em seu ambiente interno, capazes de lhe conferir diferencial no desenvolvimento de sua missão, tais como: porte, recursos financeiros, capacitação das pessoas etc.



Pontos fracos (weaknesses)
– são fragilidades da organização, identificadas em seu ambiente interno, que podem comprometer o seu desempenho. Constituem a antítese dos pontos fortes: falta de recursos financeiros, pouca ou nenhuma capacitação das pessoas, deficiência tecnológica etc.



Oportunidades (opportunities)
– são circunstâncias do ambiente externo que podem ser aproveitadas pela empresa para facilitar o alcance de seus objetivos, como, por exemplo, o estabelecimento de parcerias, a retirada de um competidor, a possibilidade de explorar novos mercados e assim por diante.


 


Ameaças (threats)
– são circunstâncias do ambiente externo à organização que podem impedir ou dificultar que sua performance seja como previsto, tais como a entrada de novos concorrentes, a pressão de órgãos reguladores, mudanças na política econômica e assim por diante.



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O fato é que, no microambiente, buscamos os recursos estratégicos, efetivos ou potenciais, ao mesmo tempo em que procuramos os pontos que precisam de medidas administrativas para sua melhoria. No macroambiente, o objetivo é identificar como os seus fatores podem ser posicionados para explorar o potencial de um recurso ou evitar a exposição de um ponto fraco.

Na seqüência, estão os passos para a elaboração da análise SWOT.

A seguir, veremos, mais detalhadamente, cada um desses passos!



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1º Passo Identificação dos pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças – A análise SWOT deve ser iniciada pela identificação de todos os pontos fortes e pontos fracos da empresa e das oportunidades e ameaças que ela prevê no seu campo de atuação. Boa parte da análise é facilitada pela elaboração cuidadosa das seções anteriores.

A “descrição da empresa” fornecerá muitas informações sobre os recursos que ela possui, ao passo que a “análise de mercado” terá fornecido todos os elementos necessários para que sejam listadas as oportunidades e as ameaças. Uma boa maneira de fazer essa identificação é criar um quadro, no qual esses itens possam ser facilmente visualizados.

Listagem dos itens para análise SWOT
Ambiente interno da empresa
Pontos fortes (S)
Pontos fracos (W)

 

 

 

 

Ambiente externo da empresa
Oportunidades (O)
Ameaças (T)

 

 

 

 

Antes de a listagem ser considerada completa, é importante certificar-se que todos os membros da equipe gerencial tenham validado os itens incluídos. Conhecer o empreendimento é muito importante para definirmos as estratégias para o seu sucesso. Assim, quanto mais colaboradores estiverem envolvidos, maiores as chances de a análise SWOT estar refletindo a realidade e não a concepção de um ou outro dirigente.

Dois cuidados devem ser especialmente tomados aqui: mascarar as dificuldades e indicar os riscos inadequados.



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Muitos empreendedores são tentados a “mascarar” as dificuldades que o negócio poderá enfrentar. Acreditam, com isso, estar facilitando a aprovação de um plano de negócio que objetive, por exemplo, convencer um investidor ou obter um financiamento. Assim, acabam por não apresentar os pontos fracos da empresa e as ameaças a que está submetida. Certamente, o fato causa efeito contrário, levando o analista do plano a formar uma imagem de ingenuidade ou, pior, de má intenção, que pode contaminar a leitura do restante do plano.



Devemos procurar a relação clara dos itens listados com o negócio em questão. Fala-se do plano de negócio como instrumento da atividade empreendedora que se materializa em novo negócio, uma nova empresa ou novo empreendimento de uma empresa já existente. No último caso, em especial, alguns empreendedores tendem a envolver itens desconexos da oportunidade em jogo. De pouco adianta, por exemplo, para a análise de viabilidade de um negócio no ramo da biotecnologia, a experiência acumulada da empresa na fabricação de componentes automotivos. O exemplo é exagerado; até mesmo existem fatores que podem ser úteis advindos de qualquer experiência empresarial; mas convém tomar cuidado ao escolher os itens da análise SWOT adequados ao negócio em questão.






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2º Passo – Definição de hierarquia entre os pontos identificados – Após serem listados todos os itens, o segundo passo da análise SWOT consiste na discussão e definição da hierarquia entre os pontos identificados. Ou seja, ao voltar ao quadro elaborado, o empreendedor e sua equipe irão estabelecer, em cada um dos quadrantes, a ordem de importância dos itens citados.

Por exemplo: se a capacitação do pessoal e a boa saúde financeira foram identificadas como pontos fortes, deverá ser discutido qual deles é mais importante para o sucesso do negócio.

Os números de itens identificados são apenas referenciais. Não é necessário que eles coincidam, nem mesmo há limite para o número de itens. O critério é a correlação com o negócio e, claro, com a empresa que pretende desenvolvê-lo. Veja, abaixo, um quadro elucidativo!




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3º Passo – Elaboração da matriz SWOT – O terceiro passo consiste na elaboração da matriz SWOT. A matriz possibilita a visualização da relação entre os itens identificados.

Respeitando a hierarquia definida, devemos partir para a análise da relação de cada ponto forte, identificado-a com as oportunidades e ameaças listadas. Em seguida, fazemos o mesmo com os pontos fracos.

O resultado é uma matriz de relacionamentos que será a base da análise a ser desenvolvida no próximo ponto.




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4º Passo – Análise da matriz SWOT – Depois de formatada a matriz, chegamos ao passo final e fundamental da análise: o cruzamento dos itens identificados.

Silveira (2001) nos diz que quatro situações típicas resultam da matriz SWOT. Veja essas situações na tabela abaixo:




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3 – Definição de objetivos e metas

Cada uma das situações identificadas na análise SWOT irá requerer um plano de ação a ser elaborado pelo empresário e sua equipe. No momento do plano, os objetivos e metas que serão perseguidos devem ser claramente colocados.

Mas, fique atento, porque objetivos e metas não são as mesmas coisas. E é isso que o quadro abaixo nos mostra.

Segundo Dornelas (2001), metas devem ser “SMART”, isto é:


• ESPECÍFICAS – voltadas para o alcance de determinado objetivo;
MENSURÁVEIS – sua realização ou não deve ser verificável, a partir de parâmetros objetivos;
ATINGÍVEIS – devem ser possíveis (não constituem a expressão de “sonhos”);
RELEVANTES – devem indicar pontos importantes da viabilização e do desenvolvimento do negócio.
TEMPORAIS – devem possuir prazo de execução e prazo para verificação de seus resultados.

A coerência e a precisão dos objetivos e metas com o conjunto do plano de negócio, em especial com a definição da estratégia, será item observado com cuidado por qualquer analista.



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4 – Definição da estratégia

Tendo procedido à análise estratégica, percorrendo as três etapas, o empreendedor está em condições de definir, em seu plano de negócio, a estratégia que será seguida pela empresa.

Obviamente, cada empreendimento terá sua estratégia própria, adequada ao mercado em que está inserido. As estratégias são definidas por duas questões que o empreendedor pode se colocar:

1) Qual a minha vantagem competitiva? Custos ou diferenciação?

2) Qual o alcance da minha atuação? O mercado como um todo, um segmento de mercado ou, ainda, um nicho de mercado?

As respostas possíveis a essas duas questões definirão as quatro estratégias genéricas identificadas (Degen, 1989):


• diferenciação;
• m
enor custo;
• especialização com diferenciação;
• especialização com menor custo.


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Nicho de Mercado, segundo Salim et al. (2001), “é a parcela de um segmento de mercado, escolhido para atuação da empresa, como decorrência de características especiais do seu produto/serviço, da sua localização, da experiência de seus técnicos ou de outros fatores, e que resulta numa sinergia especial com clientes desse nicho”.






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Existem estratégias genéricas, entre as quais o empreendedor escolherá.

1) Diferenciação – A estratégia de diferenciação ocorre quando a empresa concentra seus esforços em recursos estratégicos valorizados pelos clientes. Os clientes, por sua vez, permitem que a empresa possa cobrar mais que seus concorrentes pelos mesmos serviços ou produtos.

É a situação típica de boutiques especializadas, em que o consumidor de artigos de moda, por causa da valorização de determinada marca (ou griffe), se dispõe a pagar mais por determinada roupa, mesmo que serviços similares possam ser oferecidos a custo menor por outras lojas.

2) Menor custo – A estratégia de menor custo, como o próprio nome indica, fundamenta-se na capacidade de a empresa prestar os mesmos serviços ou ofertar os mesmos produtos que os seus concorrentes a preço inferior. Essa capacidade advém de sua eficiência operacional. Isto é, sua capacidade de minimizar custos no processo produtivo.

Podemos perceber que se trata de estratégia muito exigente, não indicada, geralmente, para empresas que estão em seu início, pois dificilmente é possível atingir tal nível de competência operacional sem algum tempo de experiência e adaptação ao mercado.

Além disso, a estratégia de menor custo reduz a possibilidade de obtenção de vantagens competitivas. Assim, outros itens, como qualidade no atendimento, progresso tecnológico, formas de pagamento diferenciadas, enfim, um conjunto de valores que poderia ser reconhecido pelo cliente acaba posto de lado.



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3) Definição de um nicho de mercado – As estratégias expostas podem ser aplicadas a todo o mercado de um produto ou serviço ou a um segmento ou, ainda, a um nicho desse mercado. Ou seja, pode haver a estratégia de menor custo voltada para todo o mercado ou destinada a um público específico.

Algumas redes de supermercados, por exemplo, identificadas pela sua qualidade no atendimento e variedade dos produtos, têm lançado supermercados menores, com outra marca, para atender regiões periféricas das grandes cidades, com diferencial de menor preço. Nesse novo negócio, portanto, o próprio nome é alterado para não confundir o mercado-alvo de cada estratégia.

Por outro lado, pode haver também a estratégia de diferenciação voltada para um nicho de mercado. É estratégia geralmente indicada para pequenas empresas nascentes que, por seu pouco fôlego financeiro, experiência, reconhecimento e abrangência no mercado, dificilmente têm possibilidade de atender a todo o mercado. Então, a melhor opção é identificar um nicho e constituir um diferencial para ele. Tal estratégia permite à empresa atender bem ao público a que se dirige e, ao mesmo tempo, aumentar as margens de lucro.

Tendo feito a análise estratégica, definidos objetivos e as metas do novo negócio, o empreendedor deve, então, deixar claro ao leitor que estratégia será utilizada para assegurar vantagens competitivas que viabilizem o crescimento e desenvolvimento da empresa.

O parâmetro para a definição é a análise estratégica; o critério é a priorização daquela estratégia em que ele efetivamente terá condição de desenvolver recursos estratégicos.

Não é necessário incorporar a análise SWOT ao plano de negócio, mas todos os planos de ação dela decorrentes e que integraram seu direcionamento estratégico devem ser expostos. A análise, em si, pode ser anexada ao plano para consulta do leitor.



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Resumo

A análise estratégica é o estudo desenvolvido para definir a atuação da empresa no ambiente competitivo em que ela estará inserida, ou seja, sua estratégia.

A estratégia do negócio será o guia de suas ações no longo prazo. Assim, delimita e condiciona as ações em médio e curto prazo, necessariamente coerentes com as diretrizes no longo prazo. Logo, na elaboração do plano de negócio, a estratégia atua como “o fio condutor” e agrega as ações propostas nas demais seções do plano.

O processo de análise estratégica compreende três etapas:

• definição da visão e missão da empresa;
• análise SWOT;
• definição dos objetivos e metas do novo negócio.

Definir a visão da empresa significa expor onde ela quer chegar e qual o seu modelo ideal de atuação no futuro. Já a missão, diz respeito à natureza e à forma de participação no mercado, explicitando as necessidades que o negócio irá suprir.

A análise SWOT, por sua vez, é a “espinha dorsal” da análise estratégica. Consiste na identificação dos pontos fortes e pontos fracos, as oportunidades e ameaças, com as quais a empresa irá se defrontar.

O resultado desta etapa é a demonstração dos fatores críticos de sucesso para o novo negócio, bem como das ações que precisam ser desenvolvidas para o adequado enfrentamento das pressões do ambiente competitivo.

Os dados da análise SWOT permitem que o empresário defina, com clareza, os objetivos e metas do novo negócio. Esses, evidentemente, devem ser adequadamente desenvolvidos em cada uma das seções do plano, assegurando a coerência das ações propostas.

O resultado da análise deve ser o de identificar os recursos estratégicos da organização, ou seja, os fatores que podem assegurar sua competitividade em seu microambiente competitivo. Isso orientará a definição da estratégia, e a decisão do empresário entre as opções de uma estratégia de diferenciação ou de menor custo, considerando o nicho de mercado identificado.



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1 - Sistema de informações

A essência do marketing, portanto, está na captação e no processamento de informações sobre os produtos ou serviços que a empresa oferece ou pretende oferecer. Convém que o processamento seja ininterrupto, com o empreendedor prevendo atividade sistemática de busca de informações cujas principais fontes, segundo Ferreira (1995), são:

• Dados internos: As funções habitualmente exercidas pela empresa geram dados que, analisados em conjunto, podem fornecer informações sobre a aceitação dos produtos e serviços da empresa. Dados sobre o comportamento das vendas, finanças e reclamações dos clientes podem ser muito elucidativos para as ações de marketing. Obviamente, a empresa nascente não pode contar com tal sistema.

• Dados externos: As informações externas são abundantes e podem ser identificadas em dados primários e secundários.

- Os primários são oriundos de pesquisas de mercado mais ou menos elaboradas, que podem ser realizadas pelo próprio empreendedor sem condições de contratar empresa especializada.

- Os secundários são recolhidos de publicações especializadas e pesquisas de mercado realizadas por entidades de classe ou associações comerciais. Em geral, os dados secundários constituem material suficiente para as primeiras definições do marketing do negócio.



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Não é necessário que o sistema seja complexo. O empreendimento novo pode não ter condições de contratar pessoas dedicadas ou de instalar softwares que processem informações e forneçam relatórios detalhados.

Todavia, é preciso que todos os envolvidos no empreendimento sejam receptivos às informações do mercado. Tais informações podem ser levantadas pela conversa pessoal com o cliente, pela observação ou pelo comentário de concorrente, pela relação com o fornecedor, leitura de revistas e jornais especializados.

É necessário, ainda, que o empresário e seus colaboradores saibam quais informações realmente interessam, bem como quais as principais fontes que usará.

No plano de negócio é fundamental que as definições fiquem explicitadas e o empreendedor demonstre como, ao longo do tempo, pretende estruturar seu sistema de informações e fazer as previsões de desenvolvimento do negócio.



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2 – Plano de marketing

O marketing deve seguir plano pré-determinado, coerente com os elementos da análise de mercado e, fundamentalmente, com a definição da estratégia.

Identificadas as informações relevantes por meio do sistema de informações definido, a empresa torna-se capaz de responder às demandas identificadas.

Siegel et al (1996, p.93) sustentam que o objetivo do plano de marketing deve ser o de “explicar como uma empresa em projeto pretende manipular e reagir às condições de mercado para gerar vendas”. Embora o autor fale de empresa em projeto, podemos estender esta definição para o conceito que habitualmente temos usado de “negócio em projeto”, independentemente de esse negócio estar gerando nova empresa ou transformando uma empresa existente.

Nos dois casos, é finalidade do plano de marketing deixar claro como a empresa será capaz de reagir e agir no mercado.

Para atingir tal objetivo, o plano de marketing deve apresentar estrutura e estilo adequados. A estrutura do plano envolve o detalhamento da estratégia de marketing e da conseqüente previsão de vendas.

A estratégia de marketing deve mostrar como a oportunidade de negócio identificada será explorada proativamente pela empresa.



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A estratégia de marketing consiste, na definição de como o novo empreendimento lidará com as “ferramentas” de marketing que atuam sobre o chamado “mix” ou composto de marketing, conhecido como “4 P”, integrado pelas seguintes variáveis:


P
roduto (ou serviço).
Preço.
Praça (distribuição).
Promoção (comunicação).

O plano de negócio não requer estratégia apresentada de forma minuciosa. Entretanto, as políticas da empresa para cada P devem estar absolutamente claras. Também precisamos esclarecer o peso relativo atribuído a cada variável na estratégia de marketing e os orçamentos com os gastos previstos em sua execução, sem necessidade de prever, com riqueza de detalhes, todas as ações de marketing no longo prazo, bastando expor algumas iniciativas previstas.

A projeção de vendas precisa ser apresentada, pois é de grande utilidade no plano. Ela demonstra a eficácia esperada da estratégia de marketing e é decisiva na comprovação da viabilidade do negócio, além de ser a base para a projeção de um dos itens fundamentais do plano financeiro, a receita esperada com vendas



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3 – Elaborando o plano de Marketing

A elaboração do plano de marketing envolve a descrição da política da empresa para cada P, ou seja, como a empresa comporá seu “mix” de marketing. E é isso que, agora, passaremos a analisar: cada um dos “4 P”.

Produto (ou serviço) – No item “descrição da empresa” do plano de negócios, recomenda-se a descrição do processo operacional que levará a cabo o produto ou serviço a ser oferecido, como forma de atender às necessidades dos clientes identificadas pelo empreendedor.

A preocupação com o produto ou serviço, do ponto de vista do marketing, leva-nos a indagar se as necessidades estão sendo de fato atendidas ou se há real possibilidade de atendê-las com o plano formulado.

Trata-se de delinear, em item específico do plano de marketing, os atributos do produto/serviço que correspondem às necessidades identificadas e descritas na definição do negócio ou na análise de mercado.



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Segundo Ferreira (1995. p.150), produtos e serviços podem ser diferenciados da seguinte forma:
“Produto é bem com valor econômico fabricado por uma empresa, para atender determinada necessidade ou conjunto de necessidades do consumidor”.
“Serviço é a oferta de certo tipo de habilidade ou competência, mediante valor atribuído, para atendimento às necessidades do consumidor e/ou para reduzir seus esforços, propiciando-lhe mais satisfação”.






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Os atributos podem ser percebidos pelo cliente, tanto no aspecto tangível (as características físicas do produto, embalagem, rótulo e design) quanto no aspecto intangível (como o tipo de atendimento recebido e a sensação de ter feito bom negócio).

Sejam tangíveis ou intangíveis, os atributos devem ser coerentes, também, com a estratégia definida pela empresa. Esse é o posicionamento do produto no mercado.

O negócio voltado para determinado segmento de mercado, com a estratégia de diferenciação em relação aos competidores em função de uma qualidade superior, precisa deixar claro como tal qualidade superior será identificada, como valor, pelo cliente.

Da mesma forma, o serviço que quisermos estabelecer pelo preço deve apresentar, com clareza, como atenderá às necessidades dos clientes, mesmo cortando itens do serviço.

Portanto, a definição das características do produto ou serviço deve ser conseqüência lógica do que constar do plano de negócio.



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Desenvolvimento do produto ou serviço – Outra questão deve ser refletida e exposta com precisão ao leitor do plano: qual a estratégia de desenvolvimento do produto ou serviço que se está propondo? A questão, na verdade, é levantada em função de dois aspectos geralmente observados pelos analistas de plano de negócios:

Vejamos, inicialmente, o primeiro aspecto que diz respeito ao portfolio de produtos ou serviços lançados pelo empreendimento.

Geralmente a dúvida se apresenta ao empresário que, na previsão dos investimentos iniciais a serem feitos, poderá verificar a possibilidade de fornecer produtos correlatos ao produto principal ou serviços adicionais. No caso de uma empresa prestadora de serviços, pode-se pensar em serviços interdependentes.

É decisão importante, que implicará em adequações no planejamento financeiro; os resultados até podem melhorar pela previsão de receita extra, e provocar mudanças estratégicas, o que pode levar a uma perda de foco do empreendimento.

Recomendamos, pois, em especial para pequenos empreendimentos, que centralizemos as atenções num produto ou serviço e que se ofereça, no plano, cronograma de introdução de novos produtos ou serviços.



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Agora, analisemos o segundo aspecto, que se refere ao ciclo de vida de produtos e serviços. Notadamente, produtos e serviços atravessam fases distintas de desenvolvimento, mas que percorrem caminho inevitável até o declínio.

Cada fase de um produto ou serviço exige um estilo diferenciado de mix de marketing. No início do ciclo de vida, um produto precisa de mais divulgação para ser conhecido. Na fase de crescimento, o objetivo é angariar maiores fatias de mercado. Na etapa de maturidade, é necessário continuar investindo em marketing para manter a posição adquirida e, mesmo na fase de declínio, o investimento deve ser mantido. Boa estratégia de marketing pode adiar o fim de um produto ou serviço.



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Com a velocidade e a profundidade dos avanços tecnológicos, cada vez mais se encurta o ciclo de vida dos produtos e serviços. Mais do que isso, a intervenção de concorrência e mudanças na preferência do consumidor interferem na dinâmica de duração (Ferreira, 1995).

Esses aspectos tornam mais relevante para o analista de plano de negócios – especialmente quando ele é um potencial investidor – visualizar a possibilidade de renovação e expansão do negócio.

O empresário deve assinalar em que situação se encontra seu produto ou serviço. Isso demonstra seu conhecimento do mercado que, juntamente com o cronograma de introdução de novos produtos ou serviços, afirma-lhe o preparo para gerenciar o empreendimento.

Preço – A fixação dos preços praticados não é questão meramente contábil, em que se somam os custos e adiciona-se a taxa de lucro necessária para viabilizar o negócio. Ao contrário, a definição passa pelos objetivos estratégicos do empreendedor e, em última instância, pelo comportamento do mercado.

Ao abordarmos o preço, no plano de marketing, o objetivo não é informar ao leitor o quanto será cobrado pelo produto ou serviço. Isso poderá ser feito anexando-se lista de preços ou informando o preço e servirá de parâmetro, no plano financeiro. O que se busca, assim, é a exposição da estratégia de preços que o empreendedor pretende adotar.

Dornelas (2001) comenta que o preço é a mais tangível forma de ação no mercado. No produto (ou serviço), na praça e na propaganda, a ação de marketing focaliza elementos tangíveis e intangíveis, com preponderância dos últimos. O preço é rapidamente percebido pelo consumidor e produz, com a mesma rapidez, os efeitos esperados.



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Qualquer alteração nos preços pode causar (Dornelas, 2001):


Mudanças na demanda: produtos que apresentam alta elasticidade-preço da demanda podem ver suas vendas crescerem rapidamente com a baixa de preços ou despencarem quando os preços sobem.
Segmentação de mercado: um dos critérios para segmentação de mercado é o nível de renda. A elevação dos preços pode excluir um grupo de consumidores, forçando uma segmentação do mercado.
Impactos no posicionamento do produto no mercado: de forma similar à segmentação, o aumento ou baixa dos preços pode alterar o público-alvo de um produto. Assim, alteração estratégica, como a busca de mercado nas classes mais baixas, pode ser disparada imediatamente com a redução dos preços.

Alterações na política de preços podem afetar a imagem do produto. Um produto vinculado a nicho de mercado identificado com pessoas de alta renda, que prezam pela alta qualidade, ao ter seu preço rebaixado para tentar expansão da demanda, pode estar perdendo a relação com o seu nicho e sua identidade no mercado.

Na mesma perspectiva, uma alteração de preços tem impactos diretos nas previsões financeiras. Assim, eventuais promoções devem estar consubstanciadas pelo plano financeiro, evitando perdas que inviabilizem o negócio.



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Elasticidade-preço da demanda é conceito relacionado com as alterações da demanda, quando se alteram os preços. Rigorosamente, é a derivada parcial da demanda, em relação ao preço. Isto é, o quanto varia a demanda, se o preço se altera em uma unidade. O conceito relacionado é o de Elasticidade-renda da demanda. Similarmente, o que é medido nesse caso são as alterações na demanda provocadas por alterações no nível de renda.






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Praça (canais de distribuição)

Esse item do plano de marketing trata da chegada do produto ou serviço ao cliente. Só essa constatação é bastante para verificarmos sua relevância.

A Praça envolve o processo de distribuição física dos produtos nos pontos de venda ou as formas pelas quais o cliente pode acessar os serviços oferecidos. Assim, considerações que vão desde a localização definida até opções de logística, devem ser colocadas à luz da estratégia definida.

Os canais de distribuição podem ser muito variados. Por exemplo: uma indústria, habitualmente, utiliza distribuidores atacadistas para que seus produtos cheguem ao comércio varejista e, finalmente, ao consumidor final.

Fundamentalmente, os critérios para definição dos canais estão relacionados com as características do produto ou serviço e com a forma de venda escolhida.

Produtos duráveis permitem canais de distribuição mais complexos, com vários níveis. Nesse caso, exigem cuidados com estrutura de armazenagem e localização de depósitos, embalagem, meios de transporte, requerendo, muitas vezes, a contratação de empresas especializadas em operação logística.



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Já produtos perecíveis, assim como serviços, exigem proximidade maior entre a empresa e o cliente final.

Em linhas gerais, dizemos que quanto maior o número de canais de distribuição melhor, pois aumentam as possibilidades de cobertura geográfica e setorial, possibilitando que o potencial de vendas se multiplique (Ferreira, 1995). Entretanto, a gestão de canais de distribuição pode tornar-se muito complexa, à medida que eles crescem.

A gestão do canal de distribuição requer que a empresa esteja em contato permanente com os elos do canal, motivando-os para que o esforço de vendas seja mantido em patamares eficazes.

A forma de venda escolhida pelo empreendimento é outro critério fundamental para delimitação dos canais. Podemos optar pela venda direta ou indireta.

Vejamos um exemplo de venda direta. As vendas por catálogos, praticadas pela Avon e Natura, por exemplo, são formas criativas e eficazes de eliminar etapas nos canais de distribuição e, ao mesmo tempo, não perder abrangência. Entretanto, são empresas que possuem muitos anos de experiência, marcas reconhecidas e uma linha de produtos adaptada a esse tipo de comercialização.



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Administração da Força de Vendas

Ainda no caso da venda direta, há uma questão fundamental a ser observada: a administração da força de vendas.

A força (ou equipe) de vendas é elemento central na relação com o cliente. O marketing deve ser uma responsabilidade de todos os membros da empresa, mas a força de vendas é especialmente importante; isso porque o contato direto com o cliente possibilita que se percebam – ao mesmo tempo em que exerce a política da empresa –, imediatamente, as reações que podem provocar ajustes na estratégia de marketing.

Assim, decisões sobre como será a equipe de vendas – se com funcionários próprios ou profissionais comissionados, como representantes, corretores etc – precisam ser esclarecidas no plano de negócio, e mais especificamente no plano de marketing.

Itens como a forma de seleção, treinamento, remuneração e avaliação da força de vendas, embora não necessariamente devam ser detalhados no plano, são fundamentais para que haja esforço coeso que viabilize o montante de vendas previsto



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Promoção (comunicação)

Esse item do mix de marketing aborda, na verdade, muito mais do que propaganda. Diz respeito a toda a política de comunicação da empresa com seu mercado.

No período histórico em que vivemos, denominado por muitos como a era da informação, o processo de comunicação é um dos pilares do sucesso de todos os negócios. E as formas básicas de comunicação para a estratégia de marketing são (Ferreira, 1995):

Propaganda
• Publicidade
• Promoção de vendas
• Relações públicas
Merchandising

A definição da forma de comunicação mais eficaz só pode ser feita a partir do mercado potencial identificado pela empresa, isto é, dos elementos que estão descritos na análise de mercado e na estratégia definida.

Também a escolha dos veículos para esta comunicação deve seguir este critério e guardar coerência com a estratégia global da empresa. Assim, para comunicação que vise retorno rápido, por exemplo, a televisão e o rádio podem ser os meios mais indicados. A comunicação que pretenda o melhor registro dos dados expostos e permita ao consumidor recorrer a eles com a freqüência que desejar, levará a empresa a optar por meios de comunicação impressos: revistas, jornais, panfletos.



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As questões fundamentais a serem avaliadas por um analista de plano de negócio, pertinentes à comunicação prevista pela empresa são:


• A coerência entre os tipos de comunicação, os veículos de transmissão e recepção de mensagens escolhidos e a estratégia geral da empresa.
• A previsão de gastos com comunicação em função de suas conseqüências para avaliar econômica e financeiramente o negócio.


O aspecto importante que pode contribuir para a avaliação positiva do plano é a contratação de profissionais especializados para cuidar da comunicação e da demonstração dos materiais publicitários propostos por eles (devem constar em anexo, se houver). Evidentemente, a importância disso é relativa ao apelo comercial do produto ou serviço e à capacidade financeira da empresa, de arcar com as despesas, no início de suas operações



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4 – Previsão de Vendas

A previsão de vendas é conseqüência da estratégia de marketing. Tendo como base o mercado potencial em que a empresa irá disputar seu espaço, o conjunto das definições do plano de marketing – atributos do produto ou serviço, política de preços, canais de distribuição escolhidos e estratégia de comunicação definida – é possível definir o montante de vendas esperado.

Por conseguinte, a partir da previsão de vendas, podemos estabelecer a receita esperada com vendas (ou receita operacional) e os recursos necessários para a produção ou prestação do serviço correspondente.

A previsão de vendas pode ser apresentada em vários formatos:

Vendas por período.
Crescimento previsto das vendas.
Vendas por produto ou serviço.
Vendas por cliente.
Percentual de participação projetada no mercado.

Independentemente do formato definido, a previsão deve ser ilustrada com gráficos e tabelas que permitam a fácil visualização pelo leitor. Além disso, para o primeiro ano, devemos apresentar a projeção mensal de vendas, tendo em conta variações possíveis em função da sazonalidade de produtos ou serviços. Para os anos seguintes, basta a previsão anual.

É recomendável que a projeção de vendas, assim como os demais orçamentos do plano de marketing, não seja para período inferior a três anos ou superior a cinco.



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São as vendas em determinado período. Em geral, faz-se a previsão mensal ao menos para um ano.



É a projeção do “quanto” as vendas devem aumentar, em determinado período.



Ocorrem quando o negócio envolve mais de um produto ou serviço para demonstrar a importância relativa de cada um nas vendas e a evolução prevista para cada qual.



Indicam a importância relativa de determinado cliente. Um fornecedor de bebidas pode, por exemplo, ter 50% de sua venda voltada para uma rede de supermercados e 50% para o comércio em geral. Esse tipo de projeção pode demonstrar a dependência do negócio em relação a determinado cliente.



O percentual de participação projetada no mercado é utilizado para mostrar qual a participação de mercado estimada e, principalmente, a expectativa quanto à sua evolução nos próximos anos.






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Resumo

A atividade de marketing é o elo entre a empresa e seu mercado, envolvendo o relacionamento com os atores deste mercado: clientes, fornecedores, distribuidores e concorrentes.

Portanto, a atividade de marketing requer um adequado sistema de informações e a elaboração de um plano de marketing.

O sistema de informações deve ser responsável por obter os dados relevantes, internos e externos, para que o empreendedor conheça todas as informações sobre seus produtos ou serviços e, também, o desempenho dos concorrentes.

O plano de marketing, por sua vez, deve demonstrar como a empresa pretende reagir às pressões do mercado e atingir os objetivos previstos na suas projeções de vendas.

O plano de marketing deverá, então, avaliar e definir o “mix” de marketing. Isto é, como a empresa se comportará em relação ao produto (ou serviço), preço, à praça e à promoção (os “4P”).



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1 – Análise de Investimentos

Pense na estrutura gráfica do balanço patrimonial de uma empresa. Atenha-se ao ativo. Sabendo-se que ele representa os investimentos, as aplicações ou uso de recursos, pode-se imaginá-lo dividido em duas partes, a saber:

• Curto.
• Longo prazo.

Você sabe que os investimentos alocados no ativo permanente são, por natureza, de maturação em longo prazo. Por exemplo, uma empresa siderúrgica opera num setor que exige investimentos elevados no parque fabril, assim como, uma empresa do setor de celulose. Esta, além do parque fabril, certamente, deverá se preocupar com investimentos significativos em grandes extensões de terras, para o plantio de árvores, com vistas à extração da sua principal matéria-prima.

Acredita-se que os investimentos em ativos fixos são movidos, em sua maior parte, pelas expectativas de comportamento da economia. Tais decisões de investimentos pelas organizações produzem efeito multiplicador significativo em toda a economia. Quando uma empresa resolve ampliar a sua capacidade instalada, na maior parte das vezes, faz com que uma série de outras empresas entre em movimento para atender a sua demanda.




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O que leva as organizações a investir em projetos de maturação de médio e longo prazo e, onde, na maioria das vezes, esses investimentos se concentram? Certamente, por trás de qualquer decisão de investimento está a maximização da riqueza do acionista.

Para Gitman (2004), as empresas costumam fazer uma série de investimentos de médio e longo prazo, porém, a mais comum, em empresas industriais, localiza-se em ativos imobilizados, que incluem imóveis (terrenos), instalações e equipamentos.

Os desembolsos realizados, com expectativas de geração de benefícios de médio e longo prazo, são considerados, pelo autor, como dispêndio de capital. Por sua vez, os desembolsos de recursos operados pelas organizações, que resultam em benefícios obtidos em períodos inferiores, são considerados como dispêndio corrente.

Acredita-se que a decisão de investimento de longo prazo seja a mais importante que o administrador financeiro tenha que operar.

Imagine um investimento cuja vida útil seja de doze anos. Por doze anos, as decisões na empresa serão afetadas por essa aplicação. Além da projeção de vendas, os cuidados com treinamento de pessoal, aquisição de matéria-prima, assistência técnica, atualização tecnológica, entre outros, certamente irá fazer parte do dia a dia da empresa.



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Referidos ativos muitas vezes são denominados de ativos rentáveis, porque geralmente fornecem a base para a geração de lucro e valor à empresa.






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2 - O processo de orçamento de capital

Na opinião de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002), o processo de orçamento de capital é muito rico e complexo; sua correta utilização depende da visão dos dirigentes da empresa e da forma como esse processo é incentivado e apoiado. Consiste de cinco fases:

Fase 1: Geração de propostas - O que faz uma empresa ser competitiva é a qualidade dos seus clientes. Quanto mais exigentes, maiores as chances da empresa no mercado. Normalmente, as propostas de investimento surgem de contatos com os clientes. A capacidade de ouvir o cliente, assim como, de aceitar sugestões do próprio quadro de funcionários é um dos fatores determinantes para o desenvolvimento de novos produtos ou aprimoramento dos existentes. Há empresas que estimulam e premiam novas idéias.

Veja um exemplo!

Fase 2: Determinação das alternativas viáveis mediante avaliação e análise - Após a geração de propostas, devemos definir as alternativas viáveis a serem analisadas, segundo as estratégias globais da empresa. Qualquer decisão a ser tomada implica a escolha dentre duas ou mais alternativas viáveis que considerem os aspectos econômicos, tecnológicos, ambientais, éticos etc.

Fase 3: Tomada de decisão - A tomada de decisão implica o comprometimento de recursos para o projeto. As decisões de investimento se baseiam em previsões sobre o futuro e, como tais previsões podem não se confirmar, é fundamental que os analistas considerem as conseqüências de desvios. Uma forma de reduzir riscos é trabalhar com diferentes cenários, aplicando probabilidades aos fluxos de caixa.

Fase 4: Implementação - Após sua aprovação, uma das fases críticas de qualquer projeto é a implementação, que exige a Gestão de Projetos, que será mais ou menos complexa, dependendo da natureza e do porte do projeto.

Fase 5: Acompanhamento - Essa fase abrange o período de implantação do projeto físico, de forma a assegurar que as premissas que o recomendaram sejam efetivadas e até ultrapassadas.



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O Grupo Tramontina, cuja sede localiza-se no Rio Grande do Sul, além do mercado nacional, opera com seus 14 mil itens em mais de 100 países, em todos os continentes. Ali, todos os produtos têm a marca do Grupo, que tem, como um dos seus lemas prediletos, valorizar os seus talentos e suas idéias.






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3 - Interpretando um investimento no imobilizado

Neste momento, vamos imaginar a situação de uma empresa que, após uma excelente oportunidade de negócio obtida numa das maiores feiras internacionais, ocorrida na Alemanha, conseguiu desenvolver um projeto que viabiliza uma nova linha de produto, dentro do seu negócio. O investimento exige a aquisição de uma nova máquina.

Agora, veja o seguinte...

Toda vez que a receita de vendas é alterada, o capital de giro líquido tende a ser afetado. Por quê? Entende-se que o nível dos estoques tem forte relação de dependência com o faturamento, o que poderia ser estendido às contas a receber, aos fornecedores, assim como, à rubrica “caixa/bancos conta movimento”.



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Mesmo que a razão de cada uma dessas rubricas se mantenha estável quanto às vendas líquidas, em termos monetários, na maior parte das vezes, ocorre expansão do investimento líquido operacional, isto é, o incremento na necessidade de giro da empresa.

Logo, o investimento inicial em maquinário poderá trazer o incremento no capital circulante líquido; portanto, o investimento inicial do projeto poderia contemplar o somatório do investimento em ativo fixo mais o acréscimo do capital circulante líquido.

O projeto, que exige desembolsos de caixa, deve ser eficiente para operar com futuras gerações de caixa que compensem o investimento, isto é, de preferência, aumente a riqueza do acionista.

Como que isso acontece?

Entende-se que o reflexo do ativo está no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE). O equipamento novo, caso se confirme a aceitação do seu produto pelos consumidores, deverá gerar venda ou receita operacional; mas também gera:

• custo de produção;
• despesa operacional;
• provisão para imposto de renda.

Considere-se ainda que existe um lançamento contábil, muito importante, que não irá passar pelo caixa, mas que irá interferir no resultado contábil: depreciação, amortização e exaustão.



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Depreciação é a perda ou redução de valor dos móveis e utensílios, máquinas, equipamentos, veículos, ferramentas e demais ativos imobilizados, pelo desgaste ou pela obsolescência tecnológica. Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002, p. 175 e 176).



Amortização é o ato de abater despesas pré-operacionais realizadas na vida de um projeto. Exemplo: amortização de despesas pré-operacionais de organização de uma determinada empresa ou projeto, amortização de despesas realizadas em imóveis de terceiros para adequação às finalidades do projeto. Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002,p.175 e 176).



Exaustão é o ato ou efeito de esgotamento das reservas físicas de uma mina ou jazida. Exemplo: utilização de 20% das reservas de calcário de uma determinada jazida; utilização de 5% das reservas de uma mina de carvão mineral. Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002, p. 175 e 176).






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E de que forma podemos medir a eficiência de um projeto? Bem, através do retorno que ele proporciona, via incremento da riqueza do acionista.

Para você entender melhor, suponha o seguinte:

Como visualizar isso? Veja as entradas de caixa que você iria apurar através do DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício).



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Para facilitar, façamos um exercício... Imagine um DRE para o projeto específico. As entradas de caixa operacionais, em cada ano, podem ser calculadas através de:

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO/CAIXA OPERACIONAL

Receita operacional (vendas)
(menos): Custo do produto vendido (CPV)
= Resultado Bruto
(menos) Despesas operacionais
= Resultado operacional
(menos) Provisão para Imposto de Renda
= Resultado Líquido Operacional
(mais) Depreciação
= Resultado operacional de caixa

O investimento do projeto teve na aquisição e na instalação do equipamento um determinado valor que exigiu desembolso de caixa.

Você já sabe que o valor desse investimento, de acordo com a legislação do imposto de renda, poderá ser depreciado, de acordo com a natureza do equipamento, por determinado período de tempo. Imagine cinco anos.

Para facilitar, não irá ocorrer depreciação acelerada; portanto, nos próximos cinco anos, aquele valor contabilizado como investimento inicial, referente ao equipamento em si (valor de aquisição mais gasto de instalação) irá experimentar um lançamento equivalente a vinte por cento do valor contábil.



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Você já sabe que esse valor, referente à depreciação, é contabilizado como custo/despesa operacional, no DRE, tendo como contrapartida, a crédito, a conta Depreciação Acumulada; na verdade, uma conta redutora de ativo.

Logo, o valor da depreciação a ser lançado no DRE, irá aparecer como custo/despesa operacional, nos próximos cinco anos, mas, tal valor não irá passar pelo caixa da empresa, isto é, não sairá do caixa. Portanto, o lucro líquido do exercício não espelha a realidade em termos de geração de caixa.

No custo do produto vendido (CPV), assim como, nas despesas operacionais, existe uma parcela que se refere à depreciação, lançada como custo/despesa operacional, mas que não passou pelo caixa.

Evidentemente, você já sabe que, além da depreciação, amortização e exaustão existem outros lançamentos contábeis que, para atender ao regime de competência, são lançados como despesa ou receita. Todavia, somente no futuro deverão passar pelo caixa, como entrada ou como saída.

Para efeito deste estudo, o foco será exclusivamente na rubrica Depreciação. Logo, somando-se ao “Resultado Operacional líquido” o valor da despesa de depreciação, encontra-se o “Resultado de Caixa Operacional”.




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Segundo Assaf Neto (2003, p.288), a avaliação de investimentos propõe que os fluxos de caixa a serem considerados no processo contenham, em termos incrementais, exclusivamente valores operacionais. Com isso, devem ser ignorados todos aqueles fluxos financeiros oriundos principalmente das amortizações dos empréstimos e financiamentos contraídos, e respectivos encargos de juros.

Destacamos que o valor de um investimento não deve estar vinculado à forma como ele é financiado, mas depende exclusivamente do volume e da distribuição dos resultados operacionais esperados. É a qualidade dos investimentos, e não a estrutura de financiamento do ativo, que determina a riqueza e, conseqüentemente, a atratividade econômica de um investimento.

Dessa forma, os fluxos de caixa para as decisões de investimentos são, pela teoria da administração financeira, apurados em valores líquidos (após a dedução do Imposto de renda) e admitindo-se que o projeto em avaliação seja integralmente financiado por capital próprio (não há uso de capital de terceiros).



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Vejamos, a seguir, um exemplo para você entender bem o que estamos falando.

1) A Empresa JJ está atualmente analisando a compra de uma nova máquina que custa $3.000.000,00 e exige $90.000,00 para instalação. A compra dela irá resultar em um aumento no capital circulante líquido de $300.000,00, para atender à expansão do nível das operações. A duração do projeto, para fins de avaliação econômica, é de cinco anos, prevendo-se ser nulo o valor residual dos bens fixos. A alíquota do Imposto de Renda a ser aplicada sobre os resultados líquidos incrementais é de 25%. A recuperação do investimento em giro irá ocorrer no 5º ano. Deverá ser considerado: (a) o projeto é financiado integralmente por capital próprio; (b) o projeto incorpora também recursos de terceiros em sua estrutura de financiamento.

Estão previstos os seguintes resultados operacionais para o investimento ao longo dos cinco anos:

($ 000)

Valores incrementais
 
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Receitas de vendas
6.000
6.600
7.392
8.870
9.225
Custo de produção (CPV)
(3.300)
(3.597)
(3.991)
(4.745)
(4.889)
Despesas operacionais
(1.500)
(1.617)
(1.774)
(1.865)
(1.925)

Bem, a seguir, vamos calcular o fluxo de caixa operacional do projeto.



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Resolução

a) Investimento financiado integralmente por recursos próprios.

Inicialmente, você deverá calcular o valor do investimento no ativo imobilizado. Com isso, você terá condições de calcular o valor da depreciação anual.

Gasto de compra: $3.000.000,00
Gasto de instalação: $90.000,00
Gasto no ativo permanente: $3.090.000,00

O equipamento será depreciado em cinco anos, logo, $3.090.000/5= $618.000,00/ano.

Logo a seguir, você deverá calcular o valor do investimento inicial:

Valor do investimento no ativo permanente: $3.090.000,00
Variação no capital circulante líquido: $300.000,00
Investimento inicial: $3.390.000,00

Agora você irá operar a projeção de resultados operacionais para o período do investimento:

($ 000)

 
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Receita de vendas
6.000
6.600
7.392
8.870
9.225
CPV
(3.300)
(3.597)
(3.991)
(4.745)
(4.889)
Resultado Bruto
2.700
3.003
3.401
4.125
4.336
Despesas operacionais
(1.500)
(1.617)
(1.774)
(1.865)
(1.925)
Despesas de depreciação
( 618)
( 618)
( 618)
( 618)
( 618)
Resultado Operacional
582
768
1.009
1.642
1.793
Provisão para IR (25%)
(145)
(192)
(252)
(411)
(448)
Resultado Operacional Líquido
(1.500)
(1.617)
(1.774)
(1.865)
(1.925)


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O próximo passo será destinado para o cálculo do resultado operacional de caixa:

($ 000)

 
Ano 0
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Investimento total
(3.390)
-
-
-
-
-
Resultado Operacional líquido
-
437
576
757
1.231
1.345
Depreciação
-
618
618
618
618
618
Recuperação do CCL
-
-
-
-
-
300
Resultado operacional de caixa
(3.390)
1.055
1.194
1.375
1.849
2.263

Você deverá, agora, elaborar um diagrama para o fluxo de caixa operacional:

Diagrama do Fluxo de Caixa (DFC)




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O passo seguinte: o cálculo da taxa interna de retorno (TIR ou IRR). O ideal seria você fazer este cálculo através de uma máquina financeira. Que tal a HP 12 C?

Com base no DFC, você irá operar a máquina:

Observação: os valores na máquina, neste exemplo, poderiam ser calculados conforme está no DFC, i.e., ao invés de $3.390.000,00, você irá operar com $3.390; ao invés de $1.055.000,00, operar com $1.055, e assim por diante.

Logo, a taxa de retorno do projeto é igual a 30,14424312% ao ano.

Este projeto seria aceito caso o seu custo médio ponderado de capital, CMPC ou WACC, fosse menor do que o retorno oferecido pelo projeto, pois, só neste caso estaria ocorrendo o incremento da riqueza do acionista.



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b) o investimento é financiado da seguinte forma: a empresa teria optado por financiar 50% mediante o levantamento de um empréstimo bancário sem carência. Os encargos nominais (juros) da dívida atingem uma taxa de 31% ao ano. O prazo do financiamento é também de cinco anos, e as prestações são calculadas pelo sistema de amortização constante (SAC) e pagas ao final de cada período.

Resolução

Operar a projeção de resultados operacionais para o período do investimento:

($ 000)

Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Receita de vendas
6.000
6.000
7.392
8.870
9.225
CPV
(3.300)
(3.597)
(3.991)
(4.745)
(4.889)
Resultado Bruto
2.700
3.003
3.401
4.125
4.336
Despesas operacionais
(1.500)
(1.617)
(1.774)
(1.865)
(1.925)
Despesas de depreciação
( 618)
( 618)
( 618)
( 618)
( 618)
Resultado Operac. Bruto l
582
768
1.009
1.642
1.793
Provisão para IR (25%)
(145)
(192)
(252)
(411)
(448)
Resultado Operac. Líquido
437
576
757
1.231
1.345
Despesas financeiras
(525)
(420)
(315)
(210)
(105)
Economia de IR s/DF
131
105
79
52
66
Resultado Líquido
43
261
521
1.073
1.266


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Com relação à planilha de amortização de financiamento, observamos:

Não se esqueça de que o financiamento corresponde a 50% do investimento inicial, a saber: $3.390.000,00/2 = $1.695.000,00.

No Sistema de Amortização Constante (SAC), você deve ter visto na Disciplina de Matemática Financeira, a fórmula da amortização é:


Amort = PV/n. Logo, $1.695.000,00/5 = $339.000,00.

Quanto aos juros, a fórmula é:


Jt = PV/n . (n –t + 1) . i.

Na verdade, você já sabe: aplicamos a taxa nominal de juros sobre o saldo devedor do período anterior. Por exemplo:

- para o Ano 1: $1.695.000,00 x 0,31 = $525.450,00;
- para o Ano 4: $678.000,00 x 0,31 = $210.180,00.

Quanto ao valor da prestação, não esqueça da fórmula:


PMT = PV/n . [1 + (n –t + 1) . i].



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Com relação ao saldo devedor, não se esqueça que ele é decrescente em PA (Progressão Aritmética) pelo valor constante da amortização.

Com relação ao cálculo do resultado operacional de caixa do projeto, você irá observar que ele não poderá ser diferente daquele desenvolvido quando da hipótese de que o projeto seria financiado por recursos próprios. Por quê?

Muito simples: o modelo de avaliação de investimento opera com valores exclusivamente operacionais; portanto, as despesas financeiras (juros e outros encargos financeiros, cuidado, não confundir com a amortização) não são despesas operacionais, pois, esses valores não provêm de decisões ativas (operacionais), mas do exigível (passivo) da empresa.

Ano 0
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Resultado operacional bruto
-
582
768
1.009
1.642
1.793
Provisão para IR (25%)
-
(145)
(192)
(252)
(411)
(448)
Resultado Operac. Líquido
-
437
576
757
1.231
1.345
Despesas financeiras
-
(525)
(420)
(315)
(210)
(105)
Economia de IR s/DF
-
131
105
79
52
26
Resultado Líquido
-
43
261
521
1.073
1.266
Investimento total
(3.390)
-
-
-
-
-
Resultado Operacional Líquido
-
437
576
757
1.231
1.345
Depreciação
-
618
618
618
618
618
Recuperação do Investimento operacional em
giro
-
-
-
-
-
300
Resultado oper. de caixa
(3.390)
1.055
1.194
1.375
1.849
2.263

Portanto, o investimento promove os mesmos resultados operacionais, independentemente de ser financiado por capital próprio ou de terceiros.


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4 - Os diferentes métodos de análise de viabilidade de projetos de investimento

Há vários métodos utilizados pelas empresas para classificar projetos e para decidir se devem ou não aceitá-los para inclusão no orçamento de capital. Três técnicas se destacam, a saber:

a) período de payback;
b) valor presente líquido (VPL ou NPV);
c) taxa interna de retorno (TIR ou IRR).

Período de Payback - definido, segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), como o número esperado de anos necessários para recuperar o investimento original de um projeto, o método do período de payback foi o primeiro método formal utilizado para avaliar projetos de orçamento de capital.

Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002), o critério do payback é freqüentemente utilizado por empresas grandes e sofisticadas na tomada de decisão de investimentos que envolvem montantes relativamente pequenos.

Tem sido sugerido que as empresas, com oportunidade de investimento muito boa, mas sem caixa disponível, utilizem o método do período de payback - o que é justificável. Por exemplo, o método poderia ser empregado por empresas pequenas e fechadas, com boas perspectivas de crescimento, mas de acesso limitado aos mercados de capitais. A recuperação rápida do dinheiro pode ampliar as possibilidades de reinvestimento de tais empresas.



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Quando o método do período de payback é usado em decisões de aceitar-rejeitar, diz Gitman (1997), o critério é o seguinte:

  • Se o período de payback for menor que o período de payback máximo admissível, aceita-se o projeto.
  • Se o período de payback for maior que o período de payback máximo aceitável, rejeita-se o projeto.

Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002), o método do período de payback apresenta as seguintes vantagens e desvantagens:

Vantagens
Desvantagens
1. Fácil de entender
2. Leva em conta a incerteza de fluxos de caixa mais distantes.
3. Favorece a liquidez
1. Ignora o valor do dinheiro no tempo
2. Exige período limite arbitrário.
3. Ignora fluxos de caixa pós payback.
4. Dificulta a aprovação de projetos de longo prazo.

Interessante observar que, na hipótese de um projeto, durante sua vida útil, não gerar caixa operacional suficiente para cobrir o investimento do projeto, o período de payback será considerado infinito.

Para facilitar o entendimento, vejamos um exemplo.



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Exemplo

A Empresa Alfa está considerando um dispêndio de capital que exige um investimento (máquina) de $21.000, e que proporciona entradas de caixa operacional de $ 9.000 por ano. A vida útil do investimento (da máquina) é de três anos. O período de payback que será aceito pela empresa é de 30 meses.

a. Calcule o período de payback para esse projeto.
b. A empresa deveria aceitar o projeto? Por quê?

Solução “a”

Cálculo do payback

$9.000 + $9.000 = $18.000
$21.000 - $18.000 = $3.000
$3.000/$9.000 = 0,33333333 ano

Período de payback: 2,333333 anos x 12 meses = 28 meses

Solução “b”

A empresa deveria aceitar o projeto, pois, o período de payback, 28 meses, é inferior ao prazo aceitável pela empresa, de 30 meses.



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Valor presente líquido (VPL ou NPV) - Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) ensinam: à medida que as falhas no método do período de payback foram reconhecidas, as pessoas começaram a buscar maneiras de melhorar a eficiência na avaliação de projetos.


Uma dessas maneiras é o método do valor presente líquido (NPV ou VPL), que se baseia em técnicas de fluxo de caixa descontado.

Para implementar essa abordagem, faça o seguinte:

1. Encontre o valor presente de cada fluxo de caixa, incluindo tanto as entradas quanto as saídas descontadas ao custo de capital do projeto (taxa de corte do projeto).

2. Some os fluxos de caixa descontados; a soma é definida como NPV ou VPL do projeto.

3. Caso o NPV ou VPL seja positivo, o projeto deve ser aceito; se o VPL ou NPV for negativo, deve ser rejeitado. Se dois projetos com VPLs positivos forem mutuamente excludentes, aquele com o maior VPL deve ser escolhido.

A seguir, vejamos um exemplo para as coisas ficarem mais claras!



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Exemplo

A Empresa Volta e Meia está considerando a inclusão de duas peças de equipamento: um caminhão e um sistema de polias, no orçamento de capital desse ano. Os projetos são independentes. O desembolso para o caminhão é de $17.100 e, para o sistema de polias, de $22.430. O custo de capital da empresa é 14%a.a (taxa de corte). As entradas de caixa operacional se apresentam assim:

Ano
Caminhão
Polias
1
$5.100
$7.500
2
$5.100
$7.500
3
$5.100
$7.500
4
$5.100
$7.500
5
$5.100
$7.500

Calcule o VPL para cada projeto e indique a decisão correta de aceitar/rejeitar para cada projeto.

Solução

Segundo Gitman (2004) quando o VPL é usado para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar”, adota-se o seguinte critério:

  • Se o VPL for maior que zero, aceita-se o projeto.
  • Se o VPL for menor que zero, rejeita-se o projeto.
  • Se o VPL for maior que zero, a empresa obterá o retorno maior que seu custo de capital.

Com isso, estaria aumentando o valor de mercado da empresa e, conseqüentemente, a riqueza dos seus proprietários.



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Solução

VPLcaminhão = [$5.100/(1+0,14)1 + $5.100/(1+0,14)2 + $5.100/(1+0,14)3 + $5.100/(1+0,14)4 + $5.100/(1+0,14)5] - $17.100
VPLcaminhão = $408,71

Você sabe que existe uma maneira mais simples, a saber, a utilização do FPV (Fator de valor presente)

VPLcaminhão = $5.100 {[1 – (1 + 0,14)-5]/0,14} - $17.100
VPLcaminhão = $408,71

Para os alunos que operam via HP 12 C, a solução seria:

17100 CHS G CF0
5100 G CFi
5 G Ni
14 i
f NPV = $408,7129412

VPLpolias = [$7.500/(1+0,14)1 + $7.500/(1+0,14)2 + $7.500/(1+0,14)3 + $7.500/(1+0,14)4 + $7.500/(1+0,14)5] - $22.430
VPLpolias = $3.318,11

Você sabe que existe uma maneira mais simples, a saber, a utilização do FPV (Fator de valor presente)

VPLpolias = $7.500 {[1 – (1 + 0,14)-5]/0,14} - 22.430
VPLpolias = $3.318,11

Para os alunos que operam via HP 12 C, a solução seria:

22430 CHS G CF0
7500 G CFi
5 G Ni
14 i
f NPV = $3.318,107266



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Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) observam que a lógica do VPL é direta. Vejamos:
• Um VPL de zero significa que os fluxos de caixa do projeto são suficientes, apenas para pagar o capital investido e para proporcionar a taxa de retorno requerida sobre o capital.
• Se um projeto tiver VPL positivo, ele estará gerando mais caixa do que é necessário para pagar o capital de terceiros e para oferecer a taxa de retorno requerida aos acionistas. Esse excesso de caixa cabe unicamente aos acionistas da empresa. Portanto, caso a empresa colocasse em prática um projeto com VPL positivo, a riqueza do acionista será realçada.

Atendo-se ao segundo exemplo, a riqueza dos acionistas aumentaria $53,55, caso a empresa colocasse em prática o Projeto L; mas apenas $39,14, caso o Projeto S fosse preferido.

Quanto às vantagens e desvantagens do VPL, Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002) afirmam:

Vantagens
Desvantagens
1. Leva em consideração o valor do dinheiro no tempo 1. Depende da determinação do custo de capital
2. Os VPLs podem ser somados 2. É conceito mais difícil do que uma taxa de retorno
3. Dependem apenas dos fluxos de caixa e do custo de capital  


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Taxa Interna de Retorno – TIR ou IRR - Gitman (2004) ensina que, a taxa interna de retorno (TIR ou IRR) é a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento inicial, referente a um projeto. Resulta, desse modo, em VPL = $0.

Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), matematicamente provam que, os métodos NPV e IRR sempre levarão às mesmas decisões de aceitar/rejeitar em se tratando de projetos independentes. Para que o VPL seja positivo, o IRR deve exceder ao custo de capital, ka. Entretanto, o NPV e a IRR podem levar a classificações conflitantes diante de projetos mutuamente excludentes.

Diagrama do fluxo de caixa convencional

Exemplo: Uma empresa está avaliando o seguinte projeto de investimento:

Ano 0
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
($ 52.000)
$ 36.000
$ 30.000
$ 24.000
$ 24.000

Agora, calcule o taxa interna de retorno desse projeto.

Solução

Com relação às vantagens e desvantagens da TIR, Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002) afirmam:

Vantagens
Desvantagens
1. Relacionada de perto ao VPL, geralmente levando a decisões idênticas 1. Pode apresentar respostas múltiplas, se os fluxos de caixa forem não convencionais
2. Fácil de entender e transmitir 2. Pode conduzir a decisões incorretas em comparações de investimentos mutuamente excludentes.


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Aplicando-se a equação da IRR observa-se:

$52.000 = 36.000/(1+i)1+ 30.000/(1+i)2+ 24.000/(1+i)3 + 24.000/(1+i)4

Você deveria atribuir taxas para “i”, até zerar o fluxo de caixa. Isso, pode demorar um pouco.

a) que tal iniciar com taxa, i, de 40%? (Você poderia iniciar com a taxa que bem entender)

$52.000 = 36.000/(1+0,40)1+ 30.000/(1+0,40)2+ 24.000/(1+0,40)3+24.000/(1+0,40)4

Somatório das entradas de caixa descontadas para data focal zero = $ 56.014,160766. Logo, $56.014,160766 – 52.000,00 = 4.014,16076.

b) que tal uma taxa, i, igual a 45%?

$52.000=36000/(1+0,45)1 + 30.000/(1+0,45)2 + 24.000/(1+0,45)3 + +24.000/(1+0,45)4

Somatório das entradas de caixa descontadas para data focal zero = $52.397,9578131. Logo, $ 52.397,9578131 – $ 52.000,00 = $397,9578131. Observe: está bem próximo de zero.

c) que tal uma taxa, i, igual a 46% ?

$52.000=36.000/(1+0,46)1+30.000/(1+0,46)2+24.000/(1+0,46)3+24.000/(1+0,46)4

Somatório das entradas de caixa descontadas para a data focal zero = $51.725,23186. Logo, $51.725,23186 - $52.000,00 = - $274,76814.



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Análise do IOG (Investimento Operacional em Giro) - Numa grande quantidade de empresas, ao nos atermos ao ativo, encontramos as seguintes rubricas (contas): clientes ou contas a receber; estoques; impostos a recuperar (exclusive IR/CS); adiantamento a fornecedores etc.

Todas estas rubricas estão ligadas diretamente à atividade fim da empresa, ou seja, tais rubricas são afetadas diretamente pelas vendas/receitas operacionais de bens e serviços.

Veja que tais rubricas, não importa se no curto prazo (ativo circulante) e/ou no longo prazo (ativo realizável de longo prazo), exigem da empresa dinheiro, isto é, investimentos. Na verdade, quando uma empresa apresenta estas rubricas, podemos dizer que a empresa está bancando (financiando) o seu ciclo operacional.

Por sua vez, ao nos atermos ao passivo exigível, principalmente, ao passivo circulante (curto prazo), encontramos algumas rubricas (contas) que também estão ligadas à atividade fim da organização, ou seja, são rubricas dependentes das vendas/receitas operacionais de bens e serviços.

Essas rubricas são: fornecedores; salários a pagar; encargos sociais (FGTS, INSS); adiantamento de clientes; impostos faturados a recolher etc. Elas são créditos espontâneos ou de funcionamento recebidos pela empresa. Logo, se no ativo, a empresa banca (ACO); no lado do passivo, a empresa será bancada (CF).

Um instrumento muito utilizado no mercado é o Mapa de IOG (Investimento Operacional em Giro), este mapa irá mostrar a diferença entre a parte bancada pela empresa e a parte financiada (bancada) pelos credores da mesma.

A seguir, veremos mais exemplos.



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Exemplos

Exemplo 1: IOG – Companhia Brasileira de Distribuição

Vendas líquidas
$ 13.413.396
$ 12.565.017
Contas
2005
%
2004
%
Contas a receber – clientes -
$ 1.447.646
11,02
$1.513.096
12,04
Estoques
$ 1.115.286
8,31
$1.089.648
8,67
Impostos a recuperar
$ 476.236
3,55
$ 512.078
4,15
Adiantamento a fornecedores e funcionários
$ 35.812
0,27
$ 32.045
0,26
ACO
$3.104.980
23,15
$3.155.867
25,12
Fornecedores
$1.659.234
12,33
$1.545.449
12,3
Despesas provisionadas
$316.682
2,36
$242.748
1,93
CF
$1.970.916
14,69
$1.788.197
14,23
Saldo de aplicação (AGO-CF)
$1.134.058
8,45
$1.367.670
10,88
Variação no IOG
($233.612)
-
-
-

Despesas provisionadas = impostos sobre vendas, salários e contribuições sociais, aluguel, propaganda, fornecedores, impostos, taxas e contribuições.

Podemos observar que no exercício encerrado em 31/12/05, a CBD experimentou liberação de giro, ou seja, a empresa experimentou um acréscimo nominal em suas vendas líquidas de: [($13.413.396/$ 12.565.017) – 1] x 100 = 6,75%, sem pressionar o seu caixa, para ser exato, com liberação de caixa.



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O Mapa de IOG permite que se faça esta análise, partindo-se das contas do ativo ligadas à atividade fim e, também, das contas do passivo exigível, também correlacionadas com a atividade fim da empresa. Observe que cada conta foi dividida pelo valor das receitas operacionais líquidas.


Neste mapa, uma atenção toda especial deve ser dada para o “Saldo de Aplicação”: quanto maior for a razão “Saldo de Aplicação/Receita operacional líquida”, maior será o risco da empresa, pois, maiores serão as necessidades de giro da mesma.

No caso da CBD, ocorreu uma contração interessante, em 2005, referente ao ano de 2004: o Saldo de aplicação caiu de 10,88% para 8,45%, e as causas principais estão localizadas nas rubricas: clientes e estoques no ACO.



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Para responder essa questão, inicialmente, vamos operar com “Saldo de Aplicação / Receitas operacionais líquidas”, de 10,88%, com isso teremos:

  • Receita operacional líquida em 2006 = $13.413.396 x 1,10.
  • Receita operacional líquida em 2006 = $14.754.736,00.

Com isso:

  • Saldo de Aplicação será igual a: $14.754.736,00 x 0,1088 = $1.605.315,00.
  • Variação no IOG em 31/12/06 = $1.605.315 - $1.134.058.
  • Variação do IOG = $471,2 milhões (acréscimo das necessidades de giro)

Ou seja, a CBD teria que gerar caixa no valor de $471,2 milhões para bancar este acréscimo das necessidades de giro. Pergunta, de onde tirar este dinheiro? O melhor caminho seria via geração de caixa das operações, este valor é facilmente encontrado via DOAR.

Outra alternativa seria via chamada de capital ou, ainda, via captação de dinheiro no mercado financeiro. Seria interessante você fazer outras simulações.



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Vamos, agora, operar o IOG da Perdigão, com base nas demonstrações financeiras encerradas em 31/12/05 e 31/12/04.

Exemplo 2: IOG – Perdigão S/A

Vendas líquidas
$ 5.145.176
$ 4.883.254
Contas
2005
%
2004
%
Contas a receber – clientes -
$ 566.210
11,00
$534.869
10,95
Estoques
$ 646.081
12,56
$580.580
11,89
Impostos a recuperar
$ 101.430
1,97
$ 118.444
2,43
Adiantamento a fornecedores
xxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxx
ACO
$1.313.721
25,53
$1.233.893
25,27
Fornecedores
$ 332.573
6,46
$327.128
6,70
Despesas provisionadas
$140.771
2,74
$116.489
2,38
CF
$473.344
9,20
$ 443.617
9,08
Saldo de aplicação (AGO-CF)
$ 840.377
16,33
$790.276
16,18
Variação no IOG
$50.101
-
-
-

Neste exemplo, observamos que a Perdigão, ao manter praticamente estável a razão “Saldo de Aplicação/Receitas Operacionais” entre 2005 e 2004, a partir de um acréscimo nominal de 5,36% nas receitas operacionais líquidas, experimentou um acréscimo das necessidades de giro no valor de $50.101 milhões, ou seja, dinheiro que a Perdigão teve de providenciar ou via geração de caixa das operações, ou via emissão de novas ações ou via mercado financeiro (através da captação de dinheiro junto às instituições financeiras e/ou emissão de dívidas via mercado de capitais).



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Veja:

  • Vendas em 2006 = $ 5.145.176 x 1,10
  • Vendas em 2006 = $ 5.659.694

Com isso a Variação do IOG seria de: ($5.659.694 x 0,16255) - $840.377 = $79,6 milhões. Logo, mais uma vez, teremos de ir na busca de dinheiro para bancar o acréscimo das necessidades de giro.



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O Mapa do IOG é um instrumento muito importante nas organizações, o problema está em como montar o Mapa.

Veja: nos dois casos, Perdigão S/A e CBD, estamos diante de balanços de empresas de capital aberto, com auditores externos independentes, com controles da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e, também, com controles da SEC (Securities and Exchange Commission). Assim, teoricamente, nestes dois casos, existe uma confiança maior nos números das respectivas demonstrações financeiras.

O problema maior seria nas empresas de pequeno e médio porte onde o não contábil tende a ser significativo. Então, nesta situação, como ficaria a elaboração do Mapa de IOG? Somente com os dados contábeis e, também, com os dados não contábeis é que seria possível, de fato, termos um melhor entendimento, assim como, um melhor aproveitamento do IOG.


Uma lição deve ficar bem clara: quando o empresário pensar em mexer nas receitas operacionais da empresa, cuidado, muito cuidado, com os efeitos que o novo faturamento irão provocar nas necessidades de giro da empresa!!!

A pergunta deverá ser sempre esta: e, as fontes, para bancar a variação no IOG, de onde virão?



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Mapa de Fontes e Usos de Fundos - de posse do IOG, devemos avançar para as fontes e os usos de fundos nas organizações. O Mapa de Fontes e Usos de Fundos tem por objetivo apresentar a origem do dinheiro e a sua respectiva aplicação na empresa.

No nosso caso específico, iremos operar este mapa até o Saldo de Caixa após Atividades de Financiamento. E o que é preciso fazer? Bem, inicialmente, olhamos para a DOAR. Começamos pela geração de caixa das operações. É muito importante que a DOAR esteja sempre o mais próximo possível dos números reais da empresa, logo, se estivermos diante de valores não contábeis, obviamente, teremos que considerar os mesmos.

A primeira análise no Fluxo de Fundos deverá ser entre a geração de caixa das atividades com a variação do IOG:

Logo, maior ser a dependência da empresa com o dinheiro de terceiros!


Cuidado! Empresas que operam com “Variação de IOG” superior a geração de caixa das atividades, por muitos períodos consecutivos, dificilmente terão condições de sobrevivência!

Logo, fique de olho no IOG e, evidentemente, na geração de caixa das atividades da empresa.



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DOAR – Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos da Perdigão S/A – Balanço Consolidado

2005
Origens de recursos das operações sociais
 
Lucro/prejuízo líquido do exercício
$ 360.964
Despesas (receitas) que não afetam o capital circulante
 
Depreciação, amortização, exaustão
$ 117.343
Provisão para contingências
($ 13.904)
Encargos financeiros
$ 36.644
Transformação do RLP para circulante
$132.414
Imposto diferido (IRPJ/CSLL)
$ 11.749
Outros
($ 8.535)
Total
$636.675

A DOAR da Perdigão nos informa que, por exemplo, em 2005, ocorreu uma geração de caixa das atividades de $636,675 milhões.

Vamos agora para o Mapa de Fluxo de Fundos da empresa Perdigão S/A.



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Mapa de Fluxo de Fundos do Grupo Perdigão S/A (Consolidado) p/ 31/12/05

Caixa gerado pelas operações $636.675
(-) Variação no IOG $50.101
Caixa gerado pelas atividades operacionais $586.574
(+) Aumento do capital via dinheiro novo $ xxxxxxx
(-) Investimento bruto no ativo permanente $338.077
Caixa após investimento bruto no AP $248.497
(+) Variação nos financiamentos/empréstimos de LP $660.677
(-) Variação nos financiamentos/empréstimos de CP $158.160
(-) Dividendos pagos/propostos e juros s/cap. Próprio $108.289
Caixa gerado após atividades de financiamento $643.025

Agora, observe o seguinte:

Logo, saber administrar os estoques e as contas a receber, geralmente, os principais itens do ACO, bem como, saber utilizar o crédito de fornecedores, normalmente, a principal rubrica do CF, torna-se de vital importância para qualquer empresa, seja ela de pequeno, médio e/ou grande porte.

Outro detalhe... Os investimentos no ativo permanente, sejam eles via compra de outras empresas (recentemente tivemos o caso da Vale do Rio Doce e a Inço), seja via expansão do imobilizado, deverá ser acompanhado sempre por uma observação muito importante, a saber: entrada de dinheiro novo via emissão de novas ações (no caso das S/A) e/ou quotas (no caso das Ltda) e - cuidado, muito cuidado - via captação de recursos de longo prazo no mercado financeiro.



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Olhar para estas duas fontes é sempre muito importante!

Quanto maior a participação em fontes de longo prazo, melhor, pois, isto significa confiança na empresa por parte dos investidores e dos credores.


Por outro lado, tenha muito cuidado com destaque na participação em fontes de curto prazo: isso significa que a confiança está caindo. Algo deve estar em desacordo com o pensamento dos investidores e dos credores!

Tudo isso deixa evidente que o índice de Payout jamais poderá ser desprezado, pois:

Logo, maior será o retorno exigido, pois, estamos partindo da hipótese de que predomina a aversão ao risco.

No caso do Grupo Perdigão S/A, observamos que, em 2005, o índice de payout alcançou $108.289/$360.964 =0,30, ou seja, para cada $1,0 de lucro líquido, $0,30 foi para o bolso do acionista, enquanto que $0,70 ficou na empresa.

Portanto: 1,0 – índice de payout = índice de retenção. Quanto maior o índice de retenção, maior a capacidade da empresa em, por exemplo, operar novos projetos de investimentos.



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Índice de Payout = (Dividendos pagos + dividendos propostos + juros sobre capital próprio)/Lucro líquido.






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Resumo

A maximização da riqueza do acionista tem muito a ver com o desempenho dos investimentos efetuados no ativo permanente. Os tipos de decisão e projetos são decisões de substituição; decisões de expansão; projetos independentes; projetos mutuamente excludentes; fundos ilimitados versus racionamento de capital; abordagem de aceitar-rejeitar versus abordagem de classificação.

O processo de orçamento de capital é muito rico e complexo; sua correta utilização depende da visão dos dirigentes da empresa e da forma como esse processo é incentivado e apoiado. Consiste de cinco fases, a saber: geração de proposta; determinação das alternativas viáveis mediante avaliação e análise; tomada de decisão; implementação e acompanhamento.

Todos os benefícios esperados de um projeto proposto devem ser medidos na forma de fluxo de caixa. As entradas de caixa representam dinheiro que pode ser gasto, não simplesmente “lucros contábeis”, que não estão necessariamente à disposição da empresa para pagamento de suas contas.

A classificação de projetos pode ser feita de várias formas, no entanto, três se destacam: o método do payback, o método do valor presente líquido (VPL ou NPV) e o método do IRR.

O método do payback foi o primeiro método formal utilizado, é freqüentemente empregado por empresas de grande porte, para tomada de decisões pelos escalões menores, como forma de treinamento para futuras decisões, em nível de diretoria. É definido como o número esperado de anos necessários para recuperar o investimento original de um projeto. Uma das suas desvantagens está no fato de ignorar o valor do dinheiro no tempo.



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O método do VPL se baseia em técnicas de fluxo de caixa descontado. Quando o VPL é usado para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar”, adota-se o seguinte critério: se o VPL for maior que zero, aceita-se o projeto; se o VPL for menor do que zero, rejeita-se o projeto.

A lógica do VPL é direta. Um VPL de zero significa que os fluxos de caixa do projeto são suficientes somente para pagar o capital investido e para proporcionar a taxa de retorno requerida sobre esse capital.

Por sua vez, a taxa interna de retorno (TIR ou IRR) é a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento inicial referente a um projeto. Resulta, desse modo, em VPL = $0.

Matematicamente, os métodos NPV e IRR sempre levarão às mesmas decisões de aceitar/rejeitar para projetos independentes pois, para que o VPL seja positivo, o IRR deve exceder o custo de capital , ka. Entretanto, o NPV e o IRR podem levar a classificações conflitantes para projetos mutuamente excludentes.

O gráfico que relaciona o VPL de um projeto à taxa de desconto é definido como o perfil do valor presente líquido de um projeto.

Em muitos aspectos, o método do VPL é melhor do que o método do IRR. Entretanto, o método do IRR é familiar a muitos executivos de empresas; ele está amplamente entrincheirado na indústria e possui algumas virtudes.



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