Resumo Assistimos, hoje, a uma mudança radical na maneira como a sociedade percebe a realidade empresarial. As empresas não mais são vistas apenas como um negócio, cujo único compromisso é servir de instrumento para o atendimento das demandas dos investidores, ou seja, propiciar retorno financeiro imediato ao capital. Uma empresa-cidadã é aquela que se propõe a agir na transformação do ambiente social, buscando contribuir ativamente com os esforços da sociedade. Para que isto ocorra, as empresas não podem ater-se exclusivamente aos resultados financeiros do balanço económico, ou seja, precisam assumir uma postura pró-ativa e propositiva nas suas contribuições aos problemas sociais. Não basta apenas ter “boa vontade” e ficar passivamente esperando “sentado” as solicitações da sociedade civil ou ente estatal. O tema vem ganhando ainda mais visibilidade com a globalização. A cidadania empresarial vem sendo apresentada como um conceito que, posto em prática, traria vantagens competitivas às organizações. Com a crescente concorrência, este é um ponto importante para a sobrevivência de qualquer negócio e, por isso, o tema tem estado sempre presente nos fóruns de discussão empresarial e na mídia dirigida ao empresariado. Muitos são os fatores envolvidos nesta revolução copernicana que afeta o mundo empresarial. A revolução tecnológica propiciou o avanço das telecomunicações e da informática e, com isso, deu-se a criação de uma cadeia de inter-relações sem precedentes em toda a história da humanidade. Esse novo padrão de inter-relações afeta sobremaneira a realidade das empresas. Hoje, as limitações tecnológicas que condicionam a produção são, diariamente, derrubadas por nova descoberta; no entanto, as limitações de caráter ético imposto às empresas pela sociedade crescem cada vez mais. O que fazer? Que critérios utilizar para a tomada de decisões? Afinal, questionamos: alimentos transgênicos fazem ou não mal à saúde? Prejudicam ou não o equilíbrio ecológico? Quem responde a perguntas como estas? Quem assume os riscos diante de tantas incertezas? Em épocas passadas tínhamos muito mais “certezas” do que incertezas, mesmo se tais “certezas” carecessem de legitimidade. Como a maioria dos membros da sociedade viviam totalmente à parte da esfera decisória dos poderes constituídos, era fácil forjar consensos. Ignorávamos por completo os impasses e dilemas que muitas decisões encobriam. Em nossa sociedade basta clicar com o mouse e estamos “conectados” com informações privilegiadas para instaurar um democrático “dissenso universal”. Este é um ponto delicado quando consideramos a idéia de uma empresa-cidadã. É importante considerarmos que o conceito de cidadania empresarial fundamenta-se na noção de a empresa ser co-responsável pelos problemas da sociedade. Essa responsabilização ocorre em várias frentes simultaneamente. Empresa cidadã é aquela que não foge aos seus compromissos, não sendo poucos os compromissos com os quais se vê envolvida. Como as empresas poderão capacitar-se para atender a estas novas demandas? O que faz uma empresa ser “cidadã”? |
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