Resumo

A exigência feita hoje ao mundo empresarial é de as empresas assumirem suas responsabilidades sociais e agirem dentro dos princípios da ética empresarial. Como medir o grau de comprometimento da empresa com estas duas exigências?

No início da década de 1970, a “crise do petróleo” fez-nos, pela primeira vez, nos depararmos com os “limites do crescimento”. A crença no desenvolvimento e no progresso sem limites que alimentava o capitalismo sofre um grande abalo. Começa a intensificar-se a mobilização da sociedade civil, impondo às empresas toda uma série de reivindicações sociais.

Marco distintivo deste momento histórico foi o famoso “relatório do Clube de Roma” (1972) – também conhecido como “relatório Meadows” – seguido, na França, pelo “Relatório Sudreau”, sobre a reforma da empresa e a lei de 12 de julho de 1977 sobre o balanço social.

O sociólogo Herbert de Souza – o Betinho – trouxe para o Brasil a idéia do balanço social, na década de 1980. A luta de Betinho por sua implantação teve por sede o IBASE – entidade a qual presidia. Em 1997, Betinho também foi o responsável pelo lançamento de uma campanha, junto ao empresariado, com a finalidade de unificar a adoção de um modelo de Balanço Social e estimular a sua publicação.

O Balanço Social pode ser definido como o conjunto das despesas feitas pela empresa, transformadas em melhoria da qualidade de vida de seus funcionários e dependentes, colaboradores, fornecedores, da comunidade interessada e/ou afetada por seus negócios e da sociedade em geral.

A transparência é um dos valores mais caros às empresas socialmente responsáveis. O balanço social vem, no entanto, transformando-se, também, em um instrumento precioso para a melhoria da gestão e da captação de recursos.

Um balanço social, ao contrário do que muitos pensam, não se limita a mostrar a atuação da empresa na comunidade. Seu papel não é simplesmente a “exibição pública” do que a empresa fez e vem fazendo pelo “social”. O balanço é também um meio de adicionar valores para os diferentes públicos com os quais a empresa se relaciona.
O conceito de sustentabilidade é outro ponto importante: constitui uma das principais diretrizes, não só para a elaboração do balanço social, mas, principalmente, para o norteamento de todos os projetos e programas sociais do terceiro setor.

Sustentabilidade é a capacidade de captar recursos de maneira suficiente e contínua e de utilizá-los com a devida competência de modo a assegurar a perpetuação do programa e atingir seus objetivos.

A chamada “crise de sustentabilidade” do terceiro setor vem impondo a necessidade de seus gestores desenvolverem ao máximo a capacidade de obtenção de recursos de diversas fontes, sejam elas comerciais ou filantrópicas, de menor ou maior vulto, freqüentes ou pontuais. O gerenciamento competente dessas fontes é condição imperiosa para a obtenção da chamada “sustentabilidade financeira”.

A Stakeholders Accountability é uma maneira de medirmos a capacidade de as empresas e organizações efetivarem estes ajustes.

O Accountability 1000 (AA1000) é um instrumento criado para o gerenciamento ético e social, o qual auxilia as organizações em seus balanços sociais. Procura envolver todos os stakeholders e conciliar as estratégias da empresa no desenvolvimento dos seus negócios com os compromissos éticos e sociais. O AA1000, para isso, define os valores e a missão da organização; identifica os stakeholders e os mecanismos e condições para o seu envolvimento; acompanha o desenvolvimento das metas e os processos de avaliação do desempenho empresarial; identifica e analisa os indicadores para a contabilidade social.

As normas SA8000 foram lançadas em 1997 pelo CEPAA – Council of Economic Priorities Accreditation Agengy – conselho internacional que reúne empresários, ONGs e organizações sindicais. É reconhecida no mundo, atualmente, como um sistema efetivo de implementação, manutenção e verificação de condições dignas de trabalho. As normas SA8000 visaram reunir códigos de conduta que se encontravam dispersos para oferecer definições mais claras a respeito: dos direitos dos trabalhadores (isso inclui repúdio ao trabalho infantil e o trabalho forçado); das condições de saúde e segurança do trabalho; das práticas educativas e da igualdade de oportunidades.

As normas da SA8000 apresentam-se como um código de responsabilidade social que pode ser aplicado internacionalmente como meio de avaliar se as empresas e outras organizações estão cumprindo as normas relativas aos direitos do trabalhador e aos direitos humanos.

O cumprimento dos requisitos impostos pela SA8000 podem trazer à empresa a certificação e o credenciamento público. Entidades auditoras credenciadas como o CEPAA emitem o certificado SA8000.



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