Nos últimos dois séculos, assistimos a um massivo investimento na disciplinarização da classe trabalhadora e na organização do espaço social. A participação do Estado foi de importância visceral nesta empreitada.

Hoje, as economias altamente tecnologizadas e virtualizadas, centradas no capital financeiro, não mais necessitam do corpo no processo produtivo, em conseqüência, as políticas públicas, que organizavam o espaço social e disciplinavam a classe trabalhadora já não têm mais importância. O mercado, agora, regula tudo. Poderia ser de outra forma?

Domenico De Masi, o famoso sociólogo italiano do trabalho, diz que sim: em sua obra, ele nos expõe uma sociedade na qual será possível viver trabalhando menos tempo e com mais tempo livre para o “ócio criativo”: atividades de lazer, trabalho voluntário, atividades filantrópicas, aprimoramento pessoal, dedicação à vida familiar e até aos valores espirituais. Imagine só: trabalhar menos horas em cada semana ganhando o que você ganha hoje. O que você faria? Arrumaria um segundo ou um terceiro emprego no tempo disponível para ganhar mais e aumentar o seu nível de consumo? Mas, e se você já ganhasse muito bem? É essa a aposta de De Masi: a maioria de nós, colocados nessa situação, ao invés de trabalhar mais, movidos pela ambição, bem, a maioria de nós dedicar-se-ia àquilo que não temos tempo de fazer, exatamente por trabalharmos demais. Ah, que maravilha!



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