Partindo desse princípio, para explicar qualquer fenômeno ter-se-ia que entender todos os outros, o que, evidentemente, seria impossível. O autor afirma, então, que “o que torna possível converter a abordagem sistêmica numa ciência, é a descoberta de que há conhecimento aproximado”. Sob a ótica do paradigma cartesiano, há a crença no conhecimento científico de que todas as coisas podem ser explicadas completa e definitivamente com o desenvolvimento da ciência. Já para o novo paradigma emergente, despertado a partir das descobertas da física quântica nas primeiras décadas do século passado, todas as concepções e todas as teorias científicas são limitadas e aproximadas e a ciência, ao contrário, nunca pode fornecer uma compreensão completa e definitiva.

Para comprovar essa teoria é possível fazer mentalmente a seguinte simulação:

  • Deixa-se cair um objeto qualquer, de uma certa altura. É possível, por exemplo, calcular, a partir de uma simples fórmula newtoniana, o tempo que o mesmo levou para atingir o solo. Como acontece com a maior parte da física newtoniana, a resistência do ar é desprezada e o cálculo não será totalmente correto.
  • Se o objeto fosse, por exemplo, uma fina folha de papel, o experimento simplesmente não funcionaria.
  • Decide-se, então, pela inclusão de um termo simples à fórmula, para calcular a resistência do ar. O cálculo será mais preciso, porém não completamente, pois a resistência do ar depende da temperatura e da pressão.
  • Com muito mais rigor, poderá ser deduzida uma fórmula complexa para levar em consideração essas duas últimas variáveis.
  • Porém, a resistência do ar depende, também, da convecção do ar.
  • A convecção do ar não é causada apenas por uma janela ou porta aberta, mas também pelo próprio padrão respiratório de quem está fazendo a experiência.

Conclui-se, portanto, que a ciência não seria neutra, uma vez que o próprio observador interfere na experiência. Por mais precisas que sejam as fórmulas, elas serão sempre uma aproximação. Alguém pode indagar que o experimento possa ser conduzido em laboratório, sem a interferência do experimentador. Essa idéia de laboratório também é falha, pois nenhum laboratório pode reproduzir toda a riqueza das variáveis de um ambiente, ou seja, trata-se de um modelo e, portanto, de uma aproximação. Não se trata de negar o conhecimento gerado pela experiência, mas de desenvolver um raciocínio ampliado das múltiplas inter-relações entre todos os fenômenos.



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