1 - Cultura empreendedora e Dinâmica de Sistemas


"A ciência poderá ter achado a cura para a maioria dos males, mas não achou ainda remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos".

Helen Keller

Já apresentamos um rápido panorama sobre o contexto brasileiro de oportunidades para se desenvolver o empreendedorismo e abrir um negócio próprio. São muitas as citações que se referem ao empreendedor como uma pessoa criativa, como se esse fosse um de seus maiores dons. Na verdade, para ser empreendedor, tanto como funcionário de uma empresa como para abrir a própria empresa, a criatividade é necessária, mas há limitações tanto de ordem operacional como emocional. Economicamente, o país nunca apoiou o empreendedorismo, preocupando-se muito mais com a vinda de empresas estrangeiras para a geração de empregos do que com a geração de um projeto próprio de desenvolvimento (ressalvadas as devidas exceções). Tal fato forjou uma cultura empregatícia não mais condizente com os dias atuais. Existem muitas outras formas de constituição organizacional, mas a cultura ainda vigente só permite enxergar uma: emprego.

Na área educacional o problema foi agravado e, até o momento, são poucas as instituições que têm parcerias com o setor privado, seja para realizar negócios ou pesquisas. O estudante brasileiro cresce, assim, em um ambiente virtual por essência, no qual os ensinamentos não se casam com suas experiências de vida. Mais do que nunca, uma atitude pró-ativa é necessária para superar tantos obstáculos e desafios. As transformações sociais e econômicas são muitas e acontecem cada vez mais rapidamente. Pode-se concluir, perante tal quadro de incerteza, que o investimento mais valioso é sem dúvida na educação e no conhecimento. Estabelecer diferenciais individuais, de equipe, corporativos e sociais é a base para a transformação. Para isso, é fundamental levar em conta o processo de comunicação e a capacidade de estabelecer objetivos e metas para a consecução de um projeto de vida. Ninguém, no contexto atual, conseguirá se desenvolver sem estabelecer uma rede de relacionamentos e de troca.

Dessa forma, se o objetivo é construir um negócio próprio, é necessário investir profundamente em conhecimento e estar permanentemente em contato com outras pessoas. A Dinâmica de Sistemas – DS, enquanto uma ferramenta para o conhecimento e o empreendedorismo, mostra-se como uma das mais propícias ao desenvolvimento desses componentes. Primeiro porque permite um profundo questionamento de qualquer tipo de conhecimento: construir um modelo dinâmico a partir de conhecimentos estruturados de outros é construir interligações sistêmicas que podem encontrar erros ou lacunas de visão gerencial e organizacional condicionadas pelo pensamento linear, o tipo de pensamento mais comum encontrado nas pessoas. Segundo porque não há onipotência de saber. A DS é uma metodologia muito adequada para a análise e aprendizagem organizacional. Porém, esse processo só ocorrerá se as idéias forem confrontadas com as de outras pessoas. Afirmar que se aprendeu “Dinâmica de Sistemas” e, por isso, se possui um diferencial competitivo é uma ingenuidade. É preciso “vivenciar”, “experimentar” e “compartilhar”. Sem o compartilhamento não se fecha o ciclo e não há retroalimentação. Sem retroalimentação dos erros e dos sucessos não se cria conhecimento, no máximo... ignorância ou arrogância.



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