Calcule a duração
de um título de 5 anos, com cupom anual de 15% e negociado
pelo valor de face de R$ 10.000,00.
O valor atual
desse título é:
V = (R$1.500/1,15)
+ [R$1.500/(1,15)2] + [(R$1.500/(1,15)3] +[(R$1.500/(1,15)4]
+[(R$11.500/(1,15)5] = R$ 1.304,34+R$1.134,21+R$986,27+R$857,62+R$5.717,53=R$10.000,00
A duração
é igual a:
D=[(R$1.304,34/R$10.000,00)
x 1] + [R$1.134,21/R$10.000,00) x 2] + [(R$986,27/R$10.000,00) x 3]
+ [(R$857,62/R$10.000,00) x 4] + [(R$5.717,53/R$10.000,00) x 5] =
3,85 anos.
Apesar de representar
uma estimativa rápida e razoável da sensibilidade de
uma carteira de títulos de renda fixa, principalmente para
taxas e volatilidade das taxas em níveis mais baixos, a duração
apresenta fortes limitações, como a suposição
de que as taxas de juros de mercado são flat, ou seja,
para qualquer prazo as taxas de juros são constantes, fazendo
que fluxos de caixa de curto prazo sejam trazidos a valor presente
pela mesma taxa que os fluxos de caixa mais distantes. Além
disso, a duração trabalha com a suposição
de que a variação da taxa de juros ocorre sempre de
forma paralela à estrutura temporal da taxa de juros, ou seja,
se a taxa de juros de curto prazo variar de 2% ao mês para 3%
ao mês, a de longo prazo também variará de 2%
ao mês para 3% ao mês.
À medida
que seja alongada a maturidade de um título, adiciona-se novo
pagamento de cupom e move-se o pagamento do principal para um patamar
mais afastado da data inicial. Desta forma, o valor presente do principal
declina proporcionalmente a este alongamento. Com isso, a duração
do título tende a aumentar, mas proporcionalmente menos a cada
unidade de período de alongamento do título, devido
à diminuição do valor presente do principal.
Por exemplo, a duração de um título de 100 anos
com cupom de 15%, ao par (negociado pelo valor de face ou valor nominal)
é 7,66666, ou seja, menos que o dobro do título de 5
anos com mesmo cupom, mostrado anteriormente.
Para um título cujo vencimento ocorre em prazos bastante distantes,
a duração tende a uma perpetuidade e é dada por:
D=(1+r)/r
Desta forma, a
duração de um título de 100 anos com cupom de
15% ao par é determinada por (1+15%)/15% = 7,66667, ou seja,
próximo do valor da duração do título
calculada pela fórmula tradicional, mostrada anteriormente.
Para títulos vendidos com desconto ou com prêmio, esta
aproximação nem sempre é válida. No caso
de cupons muito pequenos ou maturidades muito longas, o título
ainda pode ser avaliado como uma perpetuidade. Nos demais casos, a
determinação da duração deve ser realizada
por meio do cálculo apropriado, usando-se a fórmula
de Macaulay.
À medida que aumentamos a yield to maturity, diminuímos
o valor presente de todos os fluxos de caixa, mas com mais intensidade
para os fluxos de caixa mais distantes. De outro lado, à medida
que as taxas diminuem, o oposto ocorre, ou seja, os fluxos aumentam
seu valor presente. Com isso, verificamos que a duração
se move na mesma direção dos preços dos títulos
e em direção contrária às taxas.
Em relação à passagem do tempo, a duração
apresenta um declínio lento inicialmente e, à medida
que se aproxima da maturidade, uma queda mais brusca. Por exemplo,
o título de 100 anos com cupom de 15% ao par, após 95
anos de existência tem sua duração reduzida de
7,66 anos para 3,85 anos. Como a duração será
zero no vencimento, a queda desta duração nos próximos
cinco anos representa cerca de 50% do declínio da duração
durante todo o período.