3 - Stress Test


O stress test serve para mostrar que o VaR somente captura situações de normalidade, mas não situações de stress, dadas quando existe qualquer anormalidade com os preços dos ativos financeiros provocando elevados riscos de mercado, como por exemplo, uma forte desvalorização ou valorização cambial, uma forte elevação ou baixa da taxa básica de juros, um forte aumento ou redução dos preços das commodities, ou uma elevação ou redução brusca dos preços das ações.

O teste de estresse consiste na criação de cenários para os ativos e aplicação desses cenários na carteira. Por exemplo, podemos criar o seguinte cenário de stress: a bolsa de valores cai 10%, o dólar sobe 8% e os juros sobem 5%. A seguir aplica-se esse cenário à carteira e verifica-se quanto se perderia se esse cenário se confirmasse. Esse número daria ao investidor uma medida determinística de perda, isto é, caso aquele cenário se confirme, é possível estabelecer exatamente qual é a perda.

Ainda assim, a aplicação de um único cenário de stress pode levar o investidor e subestimar seu risco. Suponha que um investidor possua uma aplicação num título indexado em dólar. Então, em um cenário em que o dólar sobe (e isso geralmente tem conotação de cenário ruim) o investidor ganha ao invés de perder. Assim, para esse investidor, stress quer dizer dólar cair e não subir. Uma alternativa natural seria criar vários cenários, combiná-los, criando assim cenários híbridos, e aplicá-los às carteiras. Os problemas que isso pode gerar são: um cenário gerado sempre carrega algum grau de subjetividade; além disso, caso sejam criados muitos cenários pode se tornar um problema computacional conseguir aplicá-los à carteira. Esses problemas podem ser contornados (vide artigo “Um modelo de teste de stress menos subjetivo e abrangente”, de Cícero Augusto Vieira Neto e Fábio Urban, no site www.bmf.com.br.) e, assim, é inegável que o Teste de Stress é um complemento muito útil ao VaR e, portanto, à análise de risco.

Mais recentemente, uma nova ferramenta estatística tem sido aplicada na mensuração de risco: a Teoria de Valores Extremos. Essa ferramenta tenta responder à seguinte pergunta: Se o VaR somente captura efeitos de normalidade, quando estamos numa situação de stress, em que a perda supera o VaR, quanto esperamos perder? De outra forma, a pergunta pode ser feita da seguinte maneira: Qual a perda esperada dado que já se perdeu mais do que a perda medida inicialmente pelo VaR? O número dado como resposta é chamado de ETL (Expected Tail Loss), que pode ser melhor estudado em DOWD, Kevin, Measuring market risk, Londres: John Wiley, 2002, ou no site www.fenews.com/1999/Issue11/089905.html.

Não se pode dizer ainda que o ETL esteja sendo amplamente utilizado pelo mercado financeiro, mas ele vem sendo difundido rapidamente.

É importante registrar que as simulações Monte Carlo também examinam a resposta de uma carteira de ativos ou passivos (ou ambos) a vários cenários financeiros desfavoráveis. A finalidade desses testes é a de avaliar o desempenho de uma organização, cuja carteira está sendo testada, sob um conjunto específico de condições adversas do mercado.


Por último, a Análise de Sensibilidade do Fluxo de Caixa (Cash Flow Sensitivity Analysis) combina a extensão das técnicas do VaR e Monte Carlo para medir a sensibilidade do fluxo de caixa das empresas não-financeiras, cujo risco está muito mais associado a problemas com fluxos de caixa do que com a avaliação de instrumentos financeiros com os quais operam.


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