O acompanhamento da
evolução da necessidade de capital de giro (NCG) e do capital
circulante líquido (CCL) é fundamental para uma melhor avaliação
da saúde financeira de uma empresa. Muitas vezes, esse desempenho
pode ocorrer de maneira desequilibrada, permitindo um crescimento da atividade
empresarial acima de sua capacidade de financiamento.
Quando uma
empresa apresenta por vários exercícios seguidos um crescimento
da NCG superior ao do CCL, diz-se que ela convive com o chamado efeito
tesoura, identificado por um crescente saldo em tesouraria negativo.
À medida que
as necessidades cíclicas são financiadas por dívidas
de curto prazo, há um aumento na diferença entre a NCG e
o CCL.
Observe o
seguinte exemplo:
Considere as vendas de uma empresa em cinco períodos consecutivos.
A partir de análises, levantou-se que a empresa consegue
converter 10% das vendas em giro, ou seja, seu autofinanciamento
é de 10% em relação às vendas. Já
a sua necessidade de capital de giro (NCG) se estabilizou em 45%
das vendas conforme quadro abaixo:
Período
t1
t2
t3
t4
t5
Vendas
1.000,00
1.500,00
2.250,00
3.375,00
5.062,50
NCG (45% das vendas)
450,00
675,00
1.012,50
1.518,75
2.278,13
Autofinanciamento (10% das vendas)
100,00
150,00
225,00
337,50
506,25
CCL
638,00
788,00
1.013,00
1.350,50
1.856,75
Saldo em Tesouraria
188,00
113,00
0,50
(168,25)
(421,38)
Com
as vendas estabilizadas em R$ 1.000.00 e o capital circulante
líquido de R$ 638,00 no primeiro exercício, o saldo
em tesouraria (ST) era tranqüilo. O comportamento de crescimento
de 50% ao ano nas vendas contribui para a inversão da situação
positiva na tesouraria no terceiro ano em função
do percentual a ser alocado no giro (NCG) ser bastante elevado.