| O primeiro diz respeito ao comportamento da economia americana, ainda a maior potência mundial. Com a crise das hipotecas por lá, várias moedas se valorizaram nos últimos meses frente ao dólar, não apenas o real. Esse movimento ganhou força em meados de setembro, quando o banco central americano reduziu as taxas de juro para aplacar as turbulências do mercado financeiro, fazendo com que os investidores migrassem de títulos em dólar para aplicações em outras moedas, como euro e iene. A perda de valor da moeda americana, no entanto, já vem ocorrendo há anos. O déficit em conta corrente dos Estados Unidos, que deve fechar 2007 em 730 bilhões de dólares, é visto como sinal de desequilíbrio -- o que se traduz em desvalorização da moeda. O segundo é o desempenho mais robusto da economia brasileira acaba reforçando a tendência de valorização do real. Como o Brasil tem recebido um crescente fluxo de recursos internacionais, a relação fica ainda mais favorável para a moeda local. De acordo com a Bovespa, até o dia 20 de setembro, os investidores externos haviam injetado 30 bilhões de reais no mercado acionário brasileiro desde o começo de 2007. "Esse câmbio é resultado da crescente inserção do Brasil na economia mundial. O status de grau de investimento, que está próximo, deve trazer mais uma enxurrada de capital estrangeiro, mantendo o real valorizado", diz Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e sócio da administradora de recursos Rio Bravo. O tão esperado grau de investimento é uma espécie de chancela da solidez da economia brasileira, o que na prática se traduz em volumes maiores de recursos em busca de boas oportunidades. Nesse sentido, o descolamento da cotação do real do índice Big Mac pode se acentuar ainda mais, para desespero dos exportadores brasileiros. "O Big Mac está na direção certa, mas o dólar deveria estar ainda mais caro do que ele aponta, em algo como 2,20 reais. Com o dólar a menos de 2 reais, o saldo comercial vai despencar", diz Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior. Desde sua
criação, em 1986, o índice Big Mac acumula erros
e acertos. Há exemplos eloqüentes da capacidade do Big Mac
de prever o futuro das moedas. O mais célebre é o euro.
Quando a moeda da União Européia foi lançada, em
1999, a maioria dos analistas, incluindo o experimentado banqueiro George
Soros, esperava uma valorização frente ao dólar.
Do contra, o Big Mac indicava que o euro deveria cair 13%. Em dezembro
do mesmo ano, as previsões do índice do hambúrguer
se confirmaram. "O erro talvez tenha sido brindar o nascimento da
nova moeda com champanhe e canapés de salmão. Deveriam ter
comido um Big Mac", tripudiou a The Economist. |
Copyright © 2010 AIEC.
|