Economia na real

“Economia na real” é uma curiosidade da área econômica que tem como objetivo ilustrar conceitos ou procedimentos. Datas e períodos não desqualificam a intenção de demonstrar aspectos econômicos importantes.

Em decisão unânime, Banco Central mantém taxa de juros em 11,25%
ANA PAULA RIBEIRO da Folha Online, em Brasília 23/01/2008 – 20h16

Em um momento de incertezas sobre o futuro da economia mundial, o Banco Central decidiu, por unanimidade, manter inalterada a taxa básica de juros do país. O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou no início da noite desta quarta-feira que a Selic irá continuar em 11,25% - trata-se da terceira manutenção consecutiva.

Indústria e comércio reclamaram da decisão, embora já fosse esperada. Para a indústria, o Copom deve voltar a reduzir os juros básicos no país nas próximas reuniões. Entidades que representam o comércio acreditam que a medida foi cautelosa em função da crise nos mercados, mas também entendem que há espaço para novos cortes nos próximos encontros do comitê.

Em nota, o comitê afirmou, após 3 horas de reunião, que "avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,25% ao ano, sem viés. O Comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
A manutenção era esperada pela maior parte dos analistas do mercado financeiro, que com uma possível recessão nos Estados Unidos já apostavam em um comportamento mais conservador por parte da autoridade monetária. Apesar do temor sobre a maior economia do planeta, o que mais direciona hoje as ações do BC são fatores internos. Com a economia aquecida, há o temor de que os preços saiam do controle e a inflação fique fora da meta de 4,5% – o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), taxa oficial, ficou em 4,46% em 2007.

Na ata da última reunião, o Copom avaliou que o ritmo de expansão da demanda interna impunha "riscos não desprezíveis" para a inflação. A taxa de juros é o instrumento utilizado pelo BC para manter a inflação sob controle. Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito, que fica mais barato, e consome mais. Este aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria não esteja preparada para atender um maior consumo.

Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e investimento, a economia desacelera e evita-se que os preços subam. Apesar de concentrado no comportamento interno dos preços e confiante na menor vulnerabilidade externa do país, o presidente do BC, Henrique Meirelles, admitiu ontem que o Brasil não está completamente imune a uma crise internacional. "Não temos a ilusão que o Brasil está imune a desenvolvimentos externos. Mas cremos que estamos mais preparados para enfrentar cenários adversos."

Ele afirmou ainda que o governo está preparado para tomar medidas caso ocorra um agravamento na economia mundial e lembrou que essa degradação já estava contemplada no cenário básico do "Relatório de Inflação" da instituição. Com a desaceleração da economia norte-americana, os analistas do mercado financeiro desistiram de esperar por um corte dos juros até o final do ano. Segundo o boletim Focus, a projeção é que a Selic terminará 2008 do jeito que começou, em 11,25% ao ano.

Uma desaceleração da economia mundial pode fazer com que as empresas brasileiras, principalmente as exportadoras, produzam menos, já que haverá menos consumo. Por outro lado, com a demanda mundial menor, o preço das commodities, como soja e minério de ferro, tendem a cair, o que ajuda a controlar os preços no Brasil.



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