Economia na real

“Economia na real” é uma curiosidade da área econômica que tem como objetivo ilustrar conceitos ou procedimentos. Datas e períodos não desqualificam a intenção de demonstrar aspectos econômicos importantes.


A guerra do câmbio - FH muda direção do BC e desvaloriza o real. A inflação pode voltar com essas mudanças. Revista Época - 18/01/1999

O Real atravessou gloriosamente as crises que sacudiram a economia do México, no fim de 1994, e dos Tigres Asiáticos, em 1997, mas vinha inspirando cuidados aos brasileiros e investidores estrangeiros desde que, no ano passado, o vendaval desabou sob a Rússia e quase varreu o rublo do mapa-múndi. Nem as mais altas taxas de juro do mundo bastaram, nos últimos meses, para conter os ataques especulativos à moeda brasileira, que vinha dando sucessivos sinais de deterioração até fugir inteiramente do controle das autoridades na sexta-feira em que o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso completou 15 dias. Na verdade, um novo governo parece ter começado na sexta em que o mercado deu adeus ao real como âncora cambial de um plano que, há quatro anos e meio, tirou o país de uma inflação crônica, redistribuiu riquezas e fez os brasileiros sonharem com uma nova vida de estabilidade econômica. A âncora cambial foi levada embora pela livre flutuação do mercado, uma verdade que se impôs à parcela do governo que, até o penúltimo dia da semana, ainda tentava a desvalorização controlada da moeda.

Os fundamentos que sustentavam o plano de estabilização monetária entraram em ebulição desde a manhã da quarta-feira 13, quando o economista Gustavo Franco anunciou sua demissão do Banco Central e mudanças no sistema de reajuste do real diante do Dólar. A cotação de R$ 1,20 por US$ 1 passou para R$ 1,32, uma desvalorização de 8,2% da moeda que, em toda sua existência, se desvalorizara nominalmente em apenas 22%. Seria o teto da nova banda cambial, a faixa de cotação entre R$ 1,20 e R$ 1,32 no meio da qual a moeda brasileira deveria flutuar. Foi pouco para o mercado, que há muito pedia, em coro com economistas de tendências tão diferentes que iam de Delfim Netto a José Serra, a desvalorização do real como forma de recolocar a economia brasileira no rumo do crescimento. Em todo o mundo, o alargamento da banda cambial foi criticado como insuficiente para recompor o real poder de compra da moeda. Os Dólares continuaram saindo do país aos bilhões, as bolsas despencaram e os juros dispararam.
Na sexta-feira, as novas regras já não valiam mais. O governo desistiu de ficar apostando indefinidamente com o mercado especulativo e, para surpresa de aliados e adversários, o BC decidiu suspender o sistema de bandas cambiais na esperança de que nos próximos dias a moeda nacional reencontre a estabilidade. "Fizemos uma aposta de risco", dizia Francisco Lopes, o novo presidente do BC, na manhã da sexta, quando a cotação chegou a R$ 1,50 por US$ 1. O sucessor de Gustavo Franco não escondeu o jogo: "Estamos no meio de uma guerra e precisamos usar nossas armas e estratégias, pois esperamos ganhá-la". O dia terminou menos tenso do que começara — a cotação do Dólar recuou para R$ 1,43, a Bovespa teve o segundo maior aumento da história num único dia e as taxas de juro recuaram nos mercados futuros.

Crise Argentina - Câmbio fixo vai voltar com novo ministro


Roberto Lavagna assume Ministério da Economia e terá como primeira missão enterrar atual política econômica argentina

Buenos Aires (AF) – 27/04/2002

A primeira grande missão de Roberto Lavagna à frente do Ministério da Economia da Argentina vai ser a de enterrar o atual sistema de câmbio flutuante. O presidente Eduardo Duhalde pediu a Lavagna, nomeado ontem para o cargo, que defina o valor em que o peso será fixado diante do Dólar.
Antes mesmo de ser nomeado, Lavagna já havia declarado que uma paridade de 1 a 1 entre o peso e o Dólar, nas atuais condições da economia do país, era "pura ficção". Analistas avaliam que o governo pode adotar uma banda cambial. Isto é, a moeda argentina flutuaria entre os seguintes limites de câmbio: entre 2,50 pesos e 3,50 pesos por Dólar. Segundo o secretário-geral da presidência, Aníbal Fernandez, Duhalde pediu que Lavagna encontre um valor para o câmbio que não provoque mais inflação.
As mudanças cambiais não virão sozinhas. Duhalde afirmou que até segunda-feira o país teria um novo ministro da Economia e um novo pacote econômico. "Temos de sacudir as coisas o menos possível, fazer apenas algumas mudanças", afirmou Lavagna, antes de ser confirmado como ministro da Economia.
As linhas do pacote que apresentará o novo ministro da Economia foram decididas em uma longa reunião entre os governadores e Duhalde e apresentadas na quarta-feira. Além das mudanças no câmbio, fala-se no aumento do controle cambial, com restrições a remessas de recursos ao exterior. No âmbito tributário, é esperado um novo aumento no imposto de exportação.



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