Essa é a parte financiável de um total estimado em R$ 400 bi em investimentos previstos para os próximos anos.
A reabertura da temporada de concessões de obras públicas reabre, também, muitas oportunidades de negócios para os bancos. Os projetos de infraestrutura previstos para irem a leilão nos próximos 18 meses vão exigir R$ 400 bilhões em investimentos, dos quais cerca de R$ 300 bilhões precisarão de financiamento.
As instituições disputam espaço como assessor, líder de sindicatos de empresas operadoras, emissor de debêntures incentivadas, provedor de garantias e empréstimos-ponte, ou como repassadores de linhas do BNDES. E mesmo que não entrem com o dinheiro, ganham comissões pela estruturação de tudo que faz parte do projeto, desde o início até a fase de execução.
A maior parte desses recursos serão liberados aos poucos, nos primeiros cinco anos dos contratos de concessão, lembra Alan Fernandes, diretor de ‘project finance' do BES Investimento do Brasil. "R$ 400 bilhões é um ‘número mágico', mas não deve ficar muito longe disso", diz.
O executivo prevê fechar cerca de 30 operações de project finance no segundo semestre, mas não quis revelar uma estimativa de valor nem em quais áreas. Só diz que já tem mandatos para representar alguns grupos e consórcios, e está em negociação com outros interessados em vários leilões anunciados (duas parcerias público-privada - PPPs) de água e esgoto, dois de nove lotes de concessões de rodovias federais, os aeroportos de Galeão (Rio) e Confins (BH), de energia, o primeiro trecho de rodovias, o Bloco 1 de portos mais licitações para obras de mobilidade urbana de estados e municípios.
Márcio Giannico, gerente executivo da diretoria comercial do Banco do Brasil (BB), espera dobrar sua carteira de financiamentos a projetos em cinco anos. Ele estima investimentos de R$ 240 bilhões, sem incluir projetos de mobilidade urbana e saneamento - e nem os leilões de energia (só o de Tapajós). "Estamos acompanhando de perto projetos que somam um valor total de investimentos da ordem de R$ 332 bilhões, dos quais R$ 246 bilhões financiáveis", diz Giannico, avisando que um dos diferenciais do BB no segmento é o apetite para participar dos financiamentos e não apenas das estruturações.
O Santander é outro com grande interesse nesses negócios. Na semana passada, o presidente do banco, Jesús Zabalza, reiterou ao ministro Mantega seu compromisso com o país, e de atrair investimentos e mesmo financiar projetos. Mauro de Albuquerque, superintendente executivo de project finance no Santander, afirma que lidera atualmente cerca de 60 projetos como assessor - o número inclui tudo, até o que não é concessão, desde a fase final, quando o desembolso é eminente, até a fase inicial de manifestação de interesse do cliente pelo projeto.
Gaétan Quintard, gerente executivo de project finance do BNP Paribas, também considera esses R$ 400 bilhões um número bastante razoável. "Nosso foco no país, há 10 anos, tem sido financiar projetos de infraestrutura", diz. "Fazemos parte do consórcio que ganhou a concessão do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e estamos disputando os próximos", informou. "Atualmente, temos cerca de R$ 10 bilhões em mandatos já contratados", diz.