| Unidade 2 | Módulo 1 | Tela 1 |
1 - Aleatoriedade dos parâmetros ou modelos estocásticos A Matemática Financeira tem como principal objetivo o estudo do valor do dinheiro no tempo. Assim, a taxa de juros é o elo entre o futuro e o presente, independente de existir ou não a inflação. É isso que se chama a preferência intertemporal.
A Matemática Financeira possui vários detalhes quanto à forma de estudo do valor do dinheiro no tempo. Alguns conceitos são fundamentais para melhor compreendermos o objetivo da matemática financeira.
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Tela 2 |
A Matemática Financeira procura desenvolver modelos de capitalização, isto quer dizer que são processos de formação do capital ao longo do tempo. Dentre esses modelos, os mais utilizados são:
Suponhamos um capital C aplicado a uma taxa I por um período de tempo n, ao fim do qual obtemos como montante, ou valor futuro, a quantidade F de capital: então, a formulação de cada modelo, como sabemos, é dada por:
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Tela 3 |
Os modelos de capitalização apresentados como formulação matemática têm a seguinte forma:
Considerando que o prazo n seja constante, pode-se estudar o efeito da aleatoriedade (não-determinístico) nas funções:
Para cada função será eleita uma das variáveis independentes, como variável aleatória, e a outra, como constante. A variável dependente será uma variável aleatória que terá determinada sua distribuição, média e desvio-padrão. Por exemplo, considere-se a seguinte função: F= f(C,I). Fixemos o C como constante e I a variável aleatória. Considerando I : D(Iµ ,Is), ou seja, a variável aleatória I tem distribuição de probabilidades Dt com média Iµ , e desvio-padrão Is. A resolução dessa questão é determinar a distribuição da variável aleatória dependente F, valor futuro, ou seja, determinar: F : D* (Fµ , Fs) Isto quer
dizer que se deseja conhecer a distribuição D*, sua média
Fµ e desvio-padrão Fs . |
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Tela 4 |
Após combinações para as várias possibilidades de funções e escolha das variáveis aleatórias independentes, é possível expor as seguintes situações: 1º. Caso F = f(I), onde C é a constante, I é a variável aleatória independente e F é a variável aleatória dependente.
2º. Caso I = f -1(F), onde C é a constante, F é a variável aleatória independente e I é a variável aleatória dependente. A notação f -1 indica que existe uma relação inversa entre F e I.
3º. Caso C = g(F), onde I é a constante, F é a variável aleatória independente e C é a variável aleatória dependente.
4º. Caso F = g -1 (C), em que I é a constante, F é a variável aleatória dependente e C é a variável aleatória independente. A notação f -1 indica que existe uma relação inversa entre F e C.
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Tela 5 |
2 - Modelo de capitalização simples em condições de risco O modelo de capitalização
simples é:
Em que: a quantidade de capital futuro F depende do capital C, da taxa de juros I e do prazo n. Daí, que:
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Tela 6 |
3 - Cálculo do valor futuro em função da variável aleatória “taxa de juros”, na capitalização simples. Vamos considerar o 1o. caso, ou seja, onde F = f (I). Assim, F = C (1 + I.n), onde C e n são constantes e I : D(Iu , Is), com distribuição de probabilidades conhecida. Essa distribuição de F é dada pelos pares (F, P(F)), onde F = C(1+I.n) e P(F) = P(I) A média e o desvio de F podem ser calculados da seguinte forma: Média:
Desvio-padrão:
Ou
Pode-se concluir, portanto, após as substituições, que: F = C (1+In) com F: D (Fu= C ( 1 + Is) ; (Fs = CnIs) Ou seja,
a quantidade de capital futuro F tem uma distribuição de
probabilidades com média Fu e desvio-padrão Fs
. |
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Tela 7 |
4 - Cálculo da taxa de juros em função do valor futuro Podemos calcular a média da taxa de juros e o desvio-padrão da taxa de juros em função da variável aleatória quantidade de capital futuro F, assim: Fu
= C (1+ I s . n) => I u = [F u /C
– 1].(1/n) Levando em consideração o 2º. Caso, tem-se: I = f -1
(F), temos então que I = [(F/C) – 1].(1/n), em que o capital
C e o período n são constantes e o capital futuro F é
a variável aleatória. Assim, a distribuição
de probabilidades definida pelo par (I, P(I)) será:
Um contrato de mútuo tem característica idêntica ao empréstimo para capital de giro, mas, por envolver prazos superiores a 180 dias, é mais exigente no que diz respeito às condições de garantias, com cláusulas mais restritivas, e exigentes para a concessão em função do maior risco, devido ao prazo. Qual deve ser a decisão a ser tomada pelo investidor, considerando-se uma Libor de 7% ao ano? Vejamos a seguir. |
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Tela 8 |
No mercado internacional em geral, o modelo de capitalização para esse tipo de operação é o de juros simples. Vamos admitir a existência de três cenários para os próximos 180 dias da aplicação financeira. 1º. Cenário (C1) - A Libor é de 9,5% ao ano, em função de uma recessão na Europa. 2º. Cenário (C2) - A Libor está estável em 7% ao ano, em razão do nível de atividade econômica se manter constante. 3º. Cenário (C3) - A Libor reduzirá para 6% ao ano, em razão da grande oferta de recursos financeiros no mercado europeu nos 180 dias. A partir da definição desses cenários, o investidor deve estabelecer a distribuição de probabilidades.
Calculando o valor futuro para cada taxa Libor, temos: a) Quando a Libor é de 9,5% ao ano, então: I = 9,5 + 2,25% =
11,75% ao ano. b) Quando a Libor é de 7,0 % ao ano, então: I = 7,0 + 2,25% =
9,25% ao ano. c) Quando a Libor for 6% ao ano, então: I = 6,0 + 2,25% =
8,25% ao ano. Com isso, as distribuições de probabilidades da taxa I e do valor futuro F serão dadas como segue.
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Tela 9 |
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Calculando a média e o desvio-padrão: Média: E[I] = ∑ I.P(I) Iµ = E I = 0,1175 x 0,6 + 0,0925 x 0,25 + 0,0825 x 0,15 Iµ
= 0,106 ou taxa média de 10,6% ao ano. O cálculo do desvio-padrão da taxa de juros será dado por: Is
= (E I 2 - I 2µ )1/2 = [0,0114438
– (0,106)2] = 0,01442 ou um Fµ = F ( Iµ ) = C . ( 1+ Iµ x n ) Fµ
= 1.000.000 x [ 1+0,106 x (180/365)] = 1.052.273,97 Com relação ao desvio-padrão, pode-se calcular: Fs = C
x n x Is = 1.000.000 x (180/365) = 0,0144 = 7.101,37 Conclusão:
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Tela 10 |
5 - Cálculo do valor presente em função da variável aleatória “valor futuro” na capitalização simples O 3º. Caso é caracterizado pela função C = g(F), em que o valor presente do capital C é função da variável aleatória da quantidade de capital futuro F, com a taxa de juros I e o prazo n constantes. Partindo de C = [F/(1+I.n)], onde o capital C está em função da quantidade de capital no futuro, F, e admitindo que F: D (Fµ , Fs ), pode-se determinar a variável aleatória C. A variável
aleatória C pode ser calculada partindo da fórmula acima
e obtém-se a distribuição de probabilidade [C, P
( C )], onde P( C ) = P ( F ). Cµ = E [ C ] = E[F/(1+I.n)] = [1/(1+I.n)] . E [ F ] = Fµ / ( 1 + I.n) C 2s = S 2 (C) = S 2 [F / (1+I.n) = 1 / (1+I.n)2 . S 2 ( F ) = F 2s / (1+I.n)2 logo, o desvio de C será: C = Fs /(1+I.n) Assim, a variável aleatória C será dada por: C: D [ Cµ
= Fµ / (1 + I.n) ; Cs = Fs /(1
+ I.n ) ] |
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Tela 11 |
6 - Cálculo do valor futuro do capital em função do seu valor presente Pode-se calcular o valor médio e o desvio-padrão do valor futuro em função do valor presente: Valor Médio Cµ = Fµ / ( 1 + I.n ) => Fµ = Cµ / ( 1 + I.n ) Desvio-padrão Cs = Fs / ( 1 + I.n ) => Fs = Cs / ( 1 + I.n ) Como F = C = ( 1+I.n ), então, pode-se escrever a variável aleatória F como função da variável aleatória independente C, com a seguinte distribuição: F: D ( Fµ = Cµ / ( 1 + I.n ) ; Fs = Fs / ( 1 + I.n )] , que representa o 4º. Caso, visto anteriormente, em que : F = g-1 (C) Acompanhe o exemplo a seguir. Suponhamos que o investidor estrangeiro examine a possibilidade de se comprar dívidas de curto prazo vincendas de um país emergente, A, de 180 dias. Essa dívida de A é cotada no mercado internacional a US$ 0,75 e se deseja fazer uma avaliação sobre este valor. Sabe-se que as taxas de juros desses títulos do país A, no mercado de New York City, estão cotadas a 8,5% ao ano, e que os especialistas admitem os seguintes três cenários sobre essa dívida do país A para os próximos 180 dias:
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Tela 12 |
Considerem-se os cenários e os valores em dólares dos títulos de hoje a 180 dias.
Assim, o valor futuro F, do título da dívida do país A, terá a seguinte média e o desvio-padrão: Média: E [
F ] = Fµ = (0,25 x 0,1) +(0,8 x 0,85) = (1,00 x 0,05)
= 0,755 Logo, o título do país A tem preço médio de Fµ = US$ 0,755 e Fs = 0,1738 Quando se traz para o valor presente, o preço médio e o desvio-padrão, à taxa de juros de 8,5%, têm-se: E [ C ] = Cµ = [ Fµ = (1+I.n)] = 0,755/ (1+0,085 x 180/365) = 0,7246 S(C) = C = F / (1 + i ) = 0,1738 / (1+ 0,085 x 180/365) = 0,1668 Assim, o título do país A hoje vale, em média, US$0,7246 com desvio-padrão de US$ 0,1668, ou seja, o título do país A vale entre US$ 0,8914 e US$ 0,5578. De acordo com a média, o investidor estrangeiro não deve adquirir este título, observando-se, no entanto, tratar-se de títulos com razoável nível de risco, conforme nos mostra o coeficiente de variação. C = 16,68/72,46 = 0,2302, ou seja, 23,02% de desvio-padrão em relação à média. |
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Tela 13 |
Resumo A Matemática Financeira tem como principal objetivo o estudo do valor do dinheiro no tempo e alguns dos seus conceitos são fundamentais para melhor compreendermos o objetivo da matemática financeira, tais como risco, prejuízo ou despesa e lucro ou receita. A Matemática Financeira procura desenvolver modelos de capitalização (processos de formação do capital ao longo do tempo) e os mais utilizados são o modelo de capitalização simples ou linear (representado pela fórmula F = C(1+I.n)) e o modelo de capitalização composta ou exponencial (representado pela fórmula F = C(1+I)n). Considerando que o prazo n seja constante, pode-se estudar o efeito da aleatoriedade (não-determinístico) nas funções valor futuro do capital F= f(C,I), capital C= g(F,C), e taxa de juros I=h(F,C). Assim, para cada função é eleita uma das variáveis independentes como a variável aleatória e a outra como constante. A variável dependente será uma variável aleatória que terá determinada sua distribuição, média e desvio-padrão. No modelo de capitalização simples em condições de risco, a questão fundamental é determinar a distribuição da variável aleatória dependente em função da variável aleatória independente. É possível calcular o valor presente em função da variável aleatória “valor futuro” na capitalização simples, bem como o valor futuro do capital em função do seu valor presente, com o cálculo do valor médio e do desvio-padrão do valor futuro em função do valor presente. |
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| Unidade 2 | Módulo 2 | Tela 14 |
1 - Introdução O modelo de capitalização composta é dado para o caso do: a) Valor Futuro do Capital
b) Capital Aplicado
Buscaremos determinar a distribuição de probabilidades da variável aleatória dependente em função da variável aleatória independente. Assim, a solução desse problema pode ser conseguida se forem consideradas as taxas de juros no período de tempo. Se considerarmos o prazo n como constante (isto quer dizer que não varia no tempo), então a taxa de juros I pode ser explicitada em função de uma dada taxa de juros do período, I*, ou seja:
Assim, o modelo de capitalização composta será reescrito da seguinte forma: F = C(1+I*) , e suas derivações: C = F/(1+I*) e I* = (F/C) – 1 Nestas condições, valem as médias e desvios-padrões calculadas para a capitalização simples, considerando o prazo único. |
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Tela 15 |
As distribuições
de probabilidades terão as formas a seguir:
Então, neste caso, a variável aleatória dependente quantidade de capital no futuro F tem a seguinte distribuição de probabilidades com média e desvio-padrão: F : D(Fµ , FS), onde Fµ = C(1+ Iµ*) e FS = C.Is*
Então, neste caso, a variável aleatória dependente taxa de juros I* tem a seguinte distribuição de probabilidades com média e desvio-padrão: I*:D(Iµ* , Is*) com Iµ* = (Fµ/C) –1 e Is* = FS/C |
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Tela 16 |
Então, neste caso, a variável aleatória dependente capital aplicado C tem a seguinte distribuição de probabilidades com média e desvio-padrão: C:D(Cµ , Cs) com Cµ= Fµ/(1+ I*) e Cs = Fs/(1+ I*)
Então, neste caso, a variável aleatória dependente quantidade de capital no futuro F tem a seguinte distribuição de probabilidades com média e desvio-padrão: F:D(Fµ, Fs) com Fµ = Cµ(1+ I*) e Fs = Cs.(1+ I*) Pode-se resolver o problema de calcular o valor do capital futuro F em função da variável aleatória taxa de juros I, na capitalização composta ou exponencial. |
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Tela 17 |
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| 2
- Cálculo do valor futuro em função da variável
aleatória “taxa de juros”, na capitalização
composta
Seja F = C(1+I)n com C e n constantes e a variável aleatória taxa de juros I tem a seguinte distribuição de probabilidades I : D(Iµ ,Is). A distribuição de probabilidades do capital futuro F será dada pelos pares (F, P(F)), em que P(F) = P(I), ou seja, a probabilidade do capital futuro é a mesma probabilidade da taxa de juros. Com relação à média e ao desvio-padrão do capital futuro F, calcula-se da seguinte forma: Média Fµ = E[F] = E[C(1+I)n] = C.E[(1+I)n] Variância Fs2 = S2(F) = S2(F) = S2[C(1+I)n] = C2 S2[C(1+I)n] Desvio-padrão = raiz quadrada da variância Fs = {C2 S2[C(1+I)n]}1/2 Daí, pode-se observar que não é possível calcularmos a média e o desvio-padrão em função da média Iµe desvio-padrão Is. Tem-se, portanto, que calcular a média e o desvio-padrão da função Z=(1+I)n, que é conhecida como variável reduzida em Estatística. Dado, que
S2(Z) = E(Z2)-[E(Z)]2, então
para se obter Fµ e Fs deve-se
calcular: E(Z2)= ∑Zj2.P(Zj) =∑(1+Ij)2n.P(Ij), e depois achar a sua raiz quadrada para chegar ao desvio-padrão. |
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Tela 18 |
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Para o cálculo da variável aleatória taxa de juros I em função da quantidade de capital futuro F tem-se: I = (F/C)n-1-1, sendo o capital aplicado C e n constantes e a variável aleatória capital futuro F tendo a seguinte distribuição de probabilidades F:D(Fµ,Fs). A variável aleatória I terá uma distribuição de probabilidades dada pelos pares (I,P(I)),onde P(I) = P(F), com a média e o desvio-padrão calculados, a partir de substituições, a seguir: Média: (Iµ)=E(I) = E[(F/C)1/n-1]= E[(F/C)1/n]-1 Variância: (IS2)= S2(I)= S2[(F/C)1/n-1]= S2[(F/C)1/n] Desvio-padrão: IS= { S2[(F/C)1/n]}1/2
Média- E(Z)=∑Zj.P(Zj) =∑(Fj/C)1/n.P(Fj) Variância: E(Z2)=∑j2.P(Zj) =∑[(Fj/C)1/n]2.P(Fj) Desvio-padrão: [E(Z2)]1/2= {∑[(Fj/C)1/n]2.P(Fj)}1/2 |
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Tela 19 |
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Vamos estudar um exemplo: Suponhamos que se queira fazer uma aplicação em um fundo de investimento no valor de R$ 1.000.000,00 por seis meses. Existe uma tabela que mostra os cenários possíveis de taxas de juros e as probabilidades associadas pelo grupo dos gestores que tomam a decisão, a seguir:
Assim, deseja-se analisar os riscos envolvidos no resgate dessa operação. A solução, portanto, é: Calcular a média e o desvio-padrão da quantidade de capital no futuro, F, considerando-se n=6. A média, como se sabe, é dada por: Fµ = C.E[(1+I)n] A variância, como se sabe, é dada por: FS2= C2 S2[C(1+I)n] E o desvio-padrão, como se sabe, é dado pela raiz quadrada da variância, que é dada por: FS={C2 S2[C(1+I)n]}1/2 . |
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Tela 20 |
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Entretanto, como não é possível obter a média e o desvio-padrão em função de Fµe Fs utilizando-se de Z = (1+I)n, deve-se calcular a média nos termos abaixo.
E[Z]
= E[(1+i)6 = E[(e+I) 6 = 1,0706 Como Fs = C ; S(1+I)=C.S(Z), então: Fs = C.S[(1+ I )n] = C.S(Z), logo: Fs = C.[E[Z2] – (E[Z])2] Após substituições, temos: Fs = R$ 10.000 [(1,11603 – 1,0706 x 1,0706)] = R$ 118.809,25 Calculando a média e o desvio-padrão por outro método, encontrou-se: Fm = C.E[Z] = R = R$ 1.000.000,00 x 1,0706 = R$ 1.070.600,00, com desvio-padrão de R$ 118.809,25. Isto quer dizer, portanto, que a aplicação financeira desse fundo de investimento de R$ 1.000.000,00 em seis meses, dados os cenários prováveis e suas respectivas probabilidades, terá um retorno médio de R$ 1.070.600,00, compreendido entre uma rentabilidade mínima de R$ 951.790,75 e uma máxima de R$1.189.409,25. |
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Tela 21 |
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3 - Cálculo do valor presente em função da variável aleatória “valor futuro”, na capitalização composta. Agora, estudaremos o caso em que o capital presente C é função do capital futuro F, no âmbito da capitalização composta ou exponencial (importante para os pagamentos por períodos diários, semanais, mensais, trimestrais ou semestrais), pois já foi visto anteriormente sob a capitalização simples ou linear, que somente serve quando o pagamento ou recebimento é feito no final do período: C = [F/(1+I)n] Como tratamos que I e n são considerados constantes, em razão da aleatoriedade ou incerteza, o capital futuro F tem uma distribuição de probabilidades com média e desvio-padrão F:D(Fµ ,Fs). A distribuição de probabilidades do capital atual C será dada pelos pares (C, P(C)), onde a probabilidade do capital presente será igual a do capital futuro F, ou seja, P(C) = P(F). A média e o desvio-padrão do capital presente C são calculados da seguinte forma: Média: (Cµ)=E(C) = E[(F/(1+I)n]= 1/(1+I)n.E[F]= Fµ/(1+I)n Variância: (Cs2)= S2(C)= S2[(F/(1+I)n]= [(1/(1+I)n]2.S2 (F)=S2[(1/(1+I)n] Fs2 Desvio-padrão: Cs= Fs .1/(1+I)n Com isso, a distribuição de probabilidades do capital presente C, com a média e o desvio-padrão será dada por: C: D[Cµ= Fµ/(1+I)n, Cs = Fs /(1+I)n].
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Tela 22 |
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4 - Cálculo do capital futuro F em função do capital presente C Considerando
que a variável aleatória capital presente C tem a seguinte
distribuição de probabilidades com média e desvio-padrão:
C: D(Cµ ,Cs) Com I
e n constantes ou invariáveis no período de tempo,
pode-se obter a variável aleatória capital futuro F com
média e desvio-padrão dado por: Assim, temos que: F : D(Fµ=Cµ(1+ I)n Fs = Cs (1+ I)n) Vejamos um exemplo: Suponhamos que uma dada operação de crédito de R$ 1,0 milhão, de um dado banco para financiar um projeto econômico-financeiro de uma dada empresa em cinco meses, tem os seguintes valores estimados de retorno desse empréstimo de acordo com possíveis cenários da economia com as respectivas probabilidades decididas pelo comitê de crédito do banco:
O comitê de crédito do banco também decidiu que a taxa mínima de retorno desse empréstimo deve ser de 1,7% ao mês. Para obter
a solução, deve-se elaborar a distribuição de
probabilidades do valor presente do capital futuro (F), calculando sua média
Fµe seu desvio-padrão
Fs. Cenários
F (R$) P(F) F.P(F) F 2 .P(F) C1
1.000.000,00 0,60 600.000,00 6 x 10 11 C2
920.000,00 0,20 184.000,00 1,6928 x 10 11 C3
850.000,00 0,15 127.500,00 1,0838 x 10 11 C4
700.000,00 0,05 35.000,00 0,245 x 10 11
946.500,00 9,0216 x 10 11 Aí temos que a média Fµ= R$ 946.500,00 e o desvio-padrão: Fs = [9,0216 x 1011 – (R$ 946.500,00)2]1/2 = 0,62978 x 105 ou seja, o desvio-padrão Fs = R$ 62.978,00. |
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Tela 23 |
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5 - Valor Presente Médio e o Desvio-Padrão Os valores médios e desvio-padrão dos empréstimos obtidos para o valor futuro podem ser trazidos para o valor presente, relembrando que a taxa mínima de atratividade é de 1,7% ao mês, e que o projeto tem vida útil de cinco meses. Média: Cµ= Fµ(1+ I)n= R$ 946.500,00 (1+0,017)5 = R$ 869.993,19 Desvio-padrão: Cs= Fs(1+ I)n = R$ 62.978,00 (1+0,017)5 = R$ 57.887,40 Temos, assim,
que o valor presente dos empréstimos concedidos para serem pagos
em cinco meses, admitindo aquelas probabilidades e cenários sugeridos,
será em termos médios de R$ 869.993,19, podendo ter, como
mínimo, o valor de: Ou seja, C: D[Cµ = R$ 869.993,19, Cs = R$ 57.887,40] |
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Tela 24 |
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Resumo É possível calcular probabilisticamente o risco de uma aplicação financeira ou uma operação de crédito, com base em cenários e probabilidades sugeridos, utilizando basicamente a capitalização composta, que é aquela que considera a incidência da taxa de juros período por período e não somente no final do período, como é o caso da capitalização simples. Para isso, utilizam-se as equações que definem as variáveis aleatórias independentes e dependentes: capital aplicado inicialmente C, taxa de juros I, período de tempo n, e capital futuro F. Para se determinar a distribuição de probabilidades da variável aleatória dependente em função da variável aleatória independente é necessário considerar as taxas de juros no período de tempo. Para demonstrar esse modelo, foram utilizados os mesmos casos ou situações apresentadas na capitalização simples com o artifício de considerar o prazo como constante ou invariável, ou seja, o capital futuro F em função do capital aplicado inicialmente C; a taxa de juros I em função do capital futuro F; o capital aplicado inicialmente C em função do capital futuro F; e o capital futuro F em função do capital aplicado inicialmente C. Posteriormente, foi relaxada essa hipótese de considerar o prazo como constante ou invariável, para calcular o capital futuro F em função da variável aleatória “taxa de juros” I. Neste caso, utilizou-se do auxílio da função Z=(1+I)n, para o cálculo da média e do desvio-padrão da taxa de juros I. Há casos em que o capital presente é função do capital futuro, no âmbito da capitalização composta ou exponencial (importante para os pagamentos por períodos diários, semanais, mensais, trimestrais ou semestrais). Neste caso, calcula-se o valor presente do capital em função da variável aleatória “valor futuro do capital”, na capitalização composta. |
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| Unidade 2 | Módulo 3 | Tela 25 |
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- Cálculo do Valor Presente Líquido – VPL de um fluxo
de caixa, em condições de risco
Se tivesse que representar graficamente, poderiam ser mostradas algumas setas para as variáveis aleatórias com pontos representando o valor médio de cada valor futuro. Se considerarmos I como a taxa de juros mínima de atratividade para ser decisão do gestor, a questão a ser resolvida nesse problema é determinar as características da variável aleatória dependente valor presente líquido – VPL. Assim, deve-se
determinar sua distribuição de probabilidades, com média
(VPLµ) e desvio-padrão (VPLS).
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Tela 26 |
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2 - Determinação da distribuição de probabilidade da variável aleatória VPL a) Distribuição de Probabilidades Considerando-se o valor futuro F de uma seqüência de fluxos de caixa (receitas e despesas) [F1,F2,F3, ..., Fn] é uma variável aleatória conhecida, dada por:
Para se determinar a distribuição de probabilidades do valor presente líquido é necessário passar pela obtenção de todos os possíveis pares (VPLj, P(VPLj)), em que P(VPLj) = P (F1, F2, ..., Fn), ou seja, descobrir a probabilidade de cada VPLj, que é dada por uma probabilidade conjunta de n variáveis aleatórias. Inicialmente, deve-se calcular o número de elementos da distribuição de probabilidades do VPL, indicando por k1 o número de valores futuros da distribuição F1; k2, para F2, e assim por diante, de forma que kn indique o número de valores da distribuição Fn, ou seja, o número de pares (VPLi, P(VPLi)) será t=k1, k2, ..., kn. Para calcular os valores de VPLi, deve-se indicar os valores futuros de cada variável aleatória Fj por Fj,kj. Tem-se, assim, a distribuição de probabilidades de Fj dada por:
Cada valor presente líquido, portanto, será dado por VPLi = ∑Fj,kj/(1+I)j, para j variando de 1 a n. Cada valor de VPL corresponde a uma probabilidade representada por P(VPLi) = P(F1,k1 , F2,k2 ,…, Fn,kn) para cada conjunto de kj elementos fixados, com i = 1,2, ..., t. Deve-se destacar
o fato do hermetismo da notação que é utilizada pela
literatura, como também se deve perceber que existe um elevado
grau de dificuldade na obtenção da distribuição
do VPL. Isso somente poderá ser contornado com a utilização
de softwares avançados para efetuar os cálculos indicados. |
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Tela 27 |
Para uma melhor compreensão, acompanhe o exemplo a seguir. Vamos considerar que existe uma série de fluxos de caixa (receitas e despesas) de um projeto econômico-financeiro de uma dada empresa em dois anos, considerando uma taxa de retorno de 10% ao ano. Qual é o risco de não se concretizar esse retorno médio? As distribuições de probabilidades de F1 e F2 são apresentadas na seguinte tabela:
A distribuição de F1 tem k1=2 elementos e a de F2 tem k2=3 elementos. Então, a distribuição do VPL terá t = k1.k2 = 2x3 = 6 elementos. A determinação da distribuição (VPL, P(VPL)) significa ou equivale a resolver seis possíveis fluxos de caixa e calcular a probabilidade de ocorrência de cada fluxo de caixa. Então teremos que usar os seguintes pares: 100 com 200 e 90 com 200, 100 com 150 e 90 com 150, 100 com 120 e 90 com 120. Se admitirmos que a P (Fj, Fk) = P(Fj).P(Fk), então, os fluxos de caixa possíveis serão os seguintes: Fluxo 1 Como VPLi = ∑ Fj,kj/(1+I)j, para j variando de 1 a n, então: VPL1 = R$
100.000,00/(1+0,1) + R$ 200.000,00/(1+0,1)2 = R$ 90.910,00
+ R$ 165.290,00 = R$ 256.200,00 Fluxo 2 VPL2 = R$90.000,00/(1+0,1)
+ R$200.000,00/(1+0,1)2 = R$ 81.820,00 + R$ 165.290,00 = R$
247.110,00 Fluxo 3 VPL3 = R$100.000,00/(1+0,1)
+ R$150.000,00/(1+0,1)2 = R$ 90.910,00 + R$ 123.970,00 = R$
214.880,00 |
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Fluxo 4 VPL4 = R$90.000,00/(1+0,1)
+ R$150.000,00/(1+0,1)2 = R$ 81.820,00 + R$ 123.970,00 = R$
205.790,00 Fluxo 5 VPL5 = R$100.000,00/(1+0,1)
+ R$120.000,00/(1+0,1)2 = R$ 90.910,00 + R$ 99.170,00 = R$
190.820,00 Fluxo 6 VPL6 = R$90.000,00/(1+0,1)
+ R$120.000,00/(1+0,1)2 = R$ 81.820,00 + R$ 99.170,00 = R$
180.990,00 Temos, assim, a seguinte distribuição de probabilidades do valor presente líquido dos fluxos de caixa:
Com essas informações, é possível calcular a média, a variância e o desvio-padrão do valor presente líquido, em condições de risco dos fluxos de caixa. Assim, a média do valor presente líquido será: VPLµ = R$ 235.430,00, com desvio-padrão de R$ 24.443,61. Isto quer
dizer que esse valor presente líquido médio está
entre (R$ 235.430,00 – R$ 24.443,61 =) R$ 210.986,39
e (R$ 235.430,00 + R$ 24.443,61 =) R$ 259.873,61. |
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Tela 29 |
3 - Cálculo da média e do desvio-padrão do VPL de um fluxo de caixa Em algumas situações, notadamente, em sua maioria, não é necessário termos a distribuição de probabilidades da variável aleatória, mas apenas da sua média e desvio-padrão em função das variáveis conhecidas. Assim, calculemos a média e o desvio-padrão do valor presente líquido – VPL - de um fluxo de caixa dado pela seqüência (F1, F2, F3, ..., Fn). Sabe-se que, de cada valor futuro, sua distribuição de probabilidades é dada por Fj : Dj (Fµj , Fsj). Considerando que VPL = [F1/(1+I)+ F2/(1+I)2+...+ Fn/(1+I)n], tem-se para a média: VPLµ = E[VPL] = E[F1/(1+I)+
F2/(1+I)2 +...+ Fn/(1+I)n] ou VPLµ = ∑ Fµj /(1+I)j, com j variando de 1 a n. Tem-se para o desvio-padrão (partindo-se do cálculo da variância): VPL2S = S2(VPL) = S2[F1/(1+I)+F2/(1+I)2 +...+ Fn/(1+I)]
A variância de uma soma é igual à soma das variâncias se as duas variáveis são independentes uma da outra. Se não são independentes, a variância de uma soma das variáveis é igual à soma das variâncias dessas variáveis mais o dobro da covariância dessas variáveis. VPL2S = S2[(F1/(1+I)] + S2[(F2/(1+I)2]+...+ S2[(Fn/(1+I)n]+2∑j<k cov[(Fj/(1+I)j, (Fk/(1+I)k] Utilizando algebrismos e colocando-se em evidência os termos comuns (S2 e Fj), temos: VPL2S = ∑
[1/(1+I)j]2 S2.(Fj) + 2∑j<k cov [(Fj/(1+I)j, (Fk/(1+I)k] ou Usando as propriedades das covariâncias, temos: VPLS= [∑[Fsj/(1+I)j]2+2∑j<k[(1/(1+I)j.(1/(1+I)k.cov(Fj,Fk)]1/2
ou |
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Tela 30 |
Acompanhe o exemplo a seguir. Vamos considerar que existe uma série de fluxos de caixa (receitas e despesas) de um projeto econômico-financeiro de uma dada empresa em dois anos, considerando uma taxa de retorno de 10% ao ano. Qual é o risco de não se concretizar esse retorno médio? As distribuições de probabilidades de F1 e F2 são apresentadas na seguinte tabela:
As médias e os desvios-padrões podem ser calculados da seguinte forma: Fµ1 = E[F1] = (100 x 0,80) + (90 x 0,20) = R$ 98 mil E[F12] = (1002 x 0,80) + (902 x 0,20) = 9.620 Fµ2 = E[F2] = (200 x 0,60) + (150 x 0,30) + (120 x 0,10) = R$ 177 mil E[F22] = (2002 x 0,60) + (1502 x 0,30) + (1202 x 0,10 = 32.190 Es1=[E[F12] - E[F1]2]1/2= (9.620-982) 1/2= 4 Es2=
[E[F22 ] - E[F2]2] ½= (32.190-1772)
1/2= 29,34 Assim, temos o seguinte: A média do primeiro fluxo de caixa sob risco é R$ 98 mil e o desvio-padrão é R$ 4,0 mil. Isto quer dizer que o fluxo de caixa médio pode variar entre R$ 94 mil e R$ 102 mil. E a média do segundo fluxo de caixa sob risco é R$ 177 mil e o desvio-padrão é R$ 29.340,00. Isto quer dizer que o fluxo de caixa médio pode variar entre R$ 147.660,00 e R$ 206.340,00. |
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Tela 31 |
Para calcular a média do VPL faz-se: VPLµ= Fµ1 /(1+I)j + Fµ2 /(1+I)j = [98/(1+0,1)1+ [177/(1+0,1)2 = VPLµ= R$ 235.370,00, que é idêntico ao obtido anteriormente, por meio da distribuição do VPL. E, para calcular o desvio-padrão do VPL faz-se: VPLS= [∑[Fsj/(1+I)j]2+2∑j<k[(1/(1+I)j+k.cov(Fj,Fk)]1/2 que é igual a: ∑[(Fsj/(1+I)j]2=[(Fs1/(1+I)1]2+ [(Fs2/(1+I)2]2= [4/(1+0,1)]2 + [29,34/(1+0,1)2]2 = 601,19 Com relação ao segundo somatório, reduz-se a única parcela, dado que j=1 e k=2. Assim, tem-se: [1/(1+I)]1 + [1/(1+I)2].cov(F1, F2) Se fossem três distribuições: F1, F2, e F3, o somatório teria o seguinte desenvolvimento: [1/(1+I)]1 + [1/(1+I)2].cov(F1,F2) + [1/(1+I)]1 + 1/(1+I)2].cov(F1,F3) + [1/(1+I)]2 + [1/(1+I)3].cov(F2, F3) Como a taxa de juros I é igual a 10% ao ano, somente é necessário calcular a cov(F1, F2). Aí é necessário calcular as probabilidades conjuntas P(F1, F2), o que provoca um enorme esforço. Calculando a cov (F1, F2), teremos: Cov (F1, F2) = ∑∑ (F1i – Fµ1) (F2h – Fµ2).P(F1i, F2h), com o primeiro somatório variando de 1 a 2 e o outro, variando de 1 a 3, ou seja: Cov (F1, F2) = [(F11 – Fµ1)(F21 – Fµ2).P(F11, F22) + (F11 – Fµ1)(F22 – Fµ2).P(F11, F22) + (F11 – Fµ1)(F23 – Fµ2).P(F11, F23)+(F12 – Fµ1)(F21 – Fµ2).P(F12, F21) + (F12 – Fµ1)(F22 – Fµ2).P(F12, F22) +(F12 – Fµ1)(F23 – Fµ2).P(F12, F23) Como P(F1i, F2h) = P(F1i).P(F2h), teremos: Cov(F1,F2) = (100-98)[(200-177) x 0,8 x 0,6 + (150-177) x0,8 x 0,3 + (120-177) x 0,8 x 0,1] + (90-98)[(200-177) x 0,2 x 0,6+(150-177) x 0,2 x 0,3 + (150-177) x 0,2 x 0,3 + (120-177) x 0,2 x 0,1] Cov(F1, F2) = 2 x [0] + (-8) x [0] Cov(F1,F2) = 0 Isto não
quer dizer que exista independência das variáveis aleatórias
F1 e F2, mas, sim, deve ser entendido como uma evidência
do fato. |
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Tela 32 |
Neste caso, P(F1,F2) = P(F1).P(F2) para todos os valores das distribuições. Então, as variáveis F1 e F2 são independentes e, nestas condições, a cov (F1,F2)=0. Na maioria dos casos, as variáveis aleatórias, que fazem parte do fluxo de caixa, serão variáveis independentes e é importante esse reconhecimento, pois fica eliminado o cálculo das covariâncias. Recomenda-se a observação desse reconhecimento na obtenção das distribuições de probabilidades das variáveis aleatórias do fluxo de caixa. No caso de se observar a dependência de uma das variáveis com relação à ocorrência de outra variável, pode-se fazer a seguinte notação: P(F1,F2) = P(F1).P(F2/F1), com P(F2/F1) # P(F2), para alguns dos valores de F1 e F2. E no caso de independência: P(F1/F2)=P(F1) e P(F2/F1)=P(F2)
VPLs = (601,19)1/2 = 24,51 Isto quer dizer que o valor presente líquido, sob risco, tem média de R$ 235.370 mil e o desvio-padrão de R$ 24.510,00, com isso, o valor médio do fluxo de caixa varia de R$ 210.860,00 a R$ 259.880,00. |
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Tela 33 |
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- Limitantes para o desvio padrão do Valor Presente Líquido
– VPLS.
Com vistas a evitar os complicados e trabalhosos cálculos das covariâncias, pode-se estabelecer um limitante para os mesmos, em conseqüência, estaremos também estabelecendo um limitante para o VPLS. Inicialmente, é necessário relembrar o conceito de coeficiente de correlação entre duas variáveis X e Y, indicado por rX,Y, dado por: rX,Y = cov(X,Y)/(SX.SY), com -1≤ rX,Y ≤ +1, então, rX,Y. SX.SY = cov(X,Y) Como o maior valor assumido por rX,Y é 1, pode-se escrever o seguinte: SX.SY & cov(X,Y) Para o caso de um fluxo de caixa, tem-se FSi.FSk ≥ cov(FSi,FSk). Após substituições na fórmula do VPLS, obtém-se: VPLS ≤ {[∑j=1 [(FSi/(1+I)j] 2 + 2.∑j<k [FSi/(1+I)j]. [FSk/(1+I)k]}0,5 Exemplo Vamos aproveitar esse exercício (já feito anteriormente), que supõe uma estimativa de fluxo de caixa (receitas e despesas) de um dado projeto econômico-financeiro de uma empresa, a qual recebe os empréstimos de um banco para cinco anos e com uma taxa de retorno desejada de 10% ao ano. Para tal, observe a distribuição de probabilidades abaixo
Os desvios-padrões calculados e obtidos anteriormente para as variáveis aleatórias F1 e F2 foram: FS1 = 4 e FS2 = 29,34 Como precisamos desses cálculos, já feitos anteriormente, vamos repetir: ∑[(Fsj/(1+I)j]2=[(Fs1/(1+I)1]2+ [(Fs2/(1+I)2]2= [4/(1+0,1)]2 + [29,34/(1+0,1)2]2 = 601,19 Nessas condições, o limitante do VPLS a ser calculado, após as substituições dos valores, será: VPLS ≤ {[601,19 + 2. [4/(1+0,1)].[29,34/(1+0,1)2]}0,5 = (601,19+176,36)0,5 = 27,884 ou seja, VPLS ≤ 27,884. Como já foi
estudado, o desvio-padrão VPLS encontrado anteriormente (24,44)
foi bem distante do valor acima. O que importa, portanto, é saber
se aceitamos ou não o nível de risco indicado por essa diferença
do desvio, o que deverá ser avaliado caso a caso. Isso faz parte
da gestão do risco. |
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5 - Fluxos de caixa com valores futuros independentes Vejamos o caso de fluxos de caixa {F1, F2,..., Fn} formado de variáveis aleatórias independentes. Temos as expressões da média e desvio-padrão da seguinte forma: Média: VPLµ = ∑j=1 [(F?i/(1+I)j Desvio-padrão: VPLS = {∑j=1 [(FSi/(1+I)j]2} 0,5
Para comprovar isso, basta lembrar que, por definição , F1, F2,..., Fn são independentes se, e somente se, são independentes duas a duas, três a três, ...., n-1 a n-1. Como já
foi comentado, duas variáveis Fj e Fk são independentes
se, e somente se, P(Fj,Fk) = P(Fj).P(Fk), para todos os pares de valores
das variáveis, o mesmo valendo para as demais combinações. |
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Tela 35 |
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- Série uniforme aleatória de pagamentos
Vejamos o caso de um fluxo de caixa dado em forma de valores futuros da mesma variável aleatória F, para períodos sucessivos de prazo, que será chamado de série uniforme aleatória. Considerando que a distribuição de probabilidades seja: F:D(Fµ,FS), a média pode ser calculada como: VPLµ = Fµ/(1+I)1 + Fµ/(1+I)2+ Fµ/(1+I)3 +…+ Fµ/(1+I)n
VPLµ= Fµ.{[(1+I)n – 1]/I.(1+I)n}
VPLS
= {[∑j=1 [(FSi/(1+I)j]2
+ 2.[∑j<k 1/(1+I)j+k. cov(Fj, Fk)]}0,5 |
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Tela 36 |
Acompanhe o seguinte exemplo. Consideremos o fluxo de caixa em 4 anos, dado por uma série uniforme (receitas e despesas iguais no período) com a taxa de juros de 10% ao ano. Considere-se a seguinte distribuição de probabilidades.
Fµ = E[F] = (R$100.000 x 0,9) + (R$80.000 x 0,7) + (R$20.000 x 0,03) = R$ 96.200 A variância será: E[F2] = (R$100.0002 x 0,9) + (R$80.0002 x 0,07) + (R$20.0002 x 0,03) = R$9.000.000 + R$448.000 + R$12.000 = R$ 9.460.000 FS = {E[F2] - E[F] 2}0,5= [R$9.460.000 – (R$96.200)2 = R$ 14.340 Calculando a média do valor presente e o desvio-padrão da série uniforme, tem-se: Média: VPLµ = Fµ .{[(1+I)n – 1]/I.(1+I)n} = R$ 96.200 x [(1+0,1)4 – 1 / [0,1x(1+0,1) 4 ] = R$ 304.940 Desvio-padrão: VPLs = Fs.{[(1+I)2n
– 1]/[(1+I)2-1).(1+I)2n]+[(2/I)∑j= [(1+I)n-1-1]/(1+I)n+j}0,5 Conclusão: A série uniforme apresenta valor presente com:
Isto quer dizer, portanto, que em condições de risco, considerando uma distribuição de probabilidades, os fluxos de caixa em valor presente líquido de uma série uniforme de um projeto econômico-financeiro, em 4 anos, têm retorno médio de R$ 309.940,00, compreendidos no intervalo entre R$ 264.500,00 e R$ 349.780,00. |
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Tela 37 |
Resumo No cálculo da média e do desvio padrão no valor presente líquido dos fluxos de caixa, em condições de risco, o valor futuro é tratado como uma variável aleatória com dada distribuição de probabilidades. Considerou-se uma dada taxa de juros mínima de atratividade para ser decisão do gestor dos investimentos, e a questão a ser resolvida foi determinar as características da variável aleatória dependente valor presente líquido – VPL. Para se determinar a distribuição de probabilidades do VPL é necessário descobrir a probabilidade dos possíveis pares de VPLj, conhecida como probabilidade conjunta. No exemplo trabalhado, foram consideradas situações em que não era necessário ter-se a distribuição de probabilidades da variável aleatória, mas tão-somente conhecer a média e o desvio-padrão em função das variáveis conhecidas. Foram consideradas situações dos fluxos de caixa do VPL quando as variáveis são dependentes e independentes, introduzindo-se as propriedades da esperança matemática e das covariâncias. Para evitar os complicados e trabalhosos cálculos das covariâncias, pôde-se estabelecer um limitante para os mesmos, bem como para os VPLs. Analisou-se o caso especial dos fluxos de caixa com valores futuros independentes, calculando-se a média e o desvio-padrão, mostrando que a média é igual ao caso dos valores dependentes, mas que o desvio-padrão difere em função da existência da covariância, pois, quando as variáveis são independentes, não existe a covariância (ou esta é igual a zero). Finalmente, considerou-se
o caso de uma série uniforme aleatória de fluxos de caixa,
calculando-se a média e o desvio-padrão do capital futuro
F e, posteriormente, o seu valor presente. |
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| Unidade 2 | Módulo 4 | Tela 38 |
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A utilização da distribuição de Bernoulii, que se caracteriza por assumir somente dois valores (p e q) para as probabilidades em que a soma deles é igual a 1, e de variações da mesma, permite a obtenção de um critério para estabelecer uma classificação de bancos e dar tratamento quantitativo ao processo decisório do crédito, quando se trata de desenvolver resoluções para o tratamento do fluxo de caixa como variáveis aleatórias. 1 - Distribuição de Bernoulli para o valor futuro Uma distribuição de Bernoulli para valores futuros (F) assume a seguinte forma:
Sendo que p+q=1. Isso significa que a variável aleatória valor futuro (F) somente pode assumir dois valores: o valor F com probabilidade p, e zero com probabilidade q. Essa distribuição de probabilidades apresenta suas características da seguinte forma: a) média Fµ =E[F] = F.p +0.q = F.p b) média de F2 E[F2] = F2.p +02.q = F2.p c) desvio-padrão Fs = (F2.p + F2.p2)0,5 = F.[p(1-p)]0,5 = F(p.q)0,5 , dado que (1-p)=q d) valor presente líquido médio VPLµ = Fµ/(1+I)n=[(F.p)/(1+I)n] e) desvio-padrão do valor presente líquido VPLs = Fs / (1+I)n = [F(p.q)0,5]/(1+I)n |
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Tela 39 |
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2 - Aplicações Acompanhe o exemplo a seguir. Suponhamos que um cliente faça uma aplicação de R$ 100 mil em Certificado de Depósito Bancário – CDB ou depósito a prazo por um prazo de 31 dias, a uma taxa de 38% ao ano. As opções que se revelam são: o recebimento parcial ou total da aplicação vai depender de o banco falir ou não. A questão fundamental a ser considerada é que o cliente pode receber o valor F da aplicação no resgate ou não (zero), no caso da quebra do banco. Situação típica de uma distribuição de Bernoulli. Se imaginarmos que existe uma probabilidade de 98% de sucesso para o resgate, então, observa-se o seguinte:
Dado que F = R$ 100.000 x (1+0,38)31/360 = R$ 102.812,30, a média é: Fµ = F.p = R$ 102.812,30 x 0,98 = R$ 100.756,10 o desvio-padrão é: Fs = F.(p.q)0,5 =R$102.812,30x(0,98x0,02)0,5 = R$ 14.393,72 Temos, assim, que o resgate médio é R$ 100.756,10 e o desvio-padrão é R$ 14.393,72. Logo, o intervalo do resgate do depósito a prazo estará compreendido entre R$ 86.362,35 e R$ 115.149,80. |
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Tela 40 |
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Vamos analisar outro exemplo, a partir de um critério para a elaboração de classificação dos bancos quanto ao risco. O objetivo é evidenciar o prêmio que os bancos estão dispostos a pagar para conseguir captar, por exemplo, via CDB, os recursos financeiros de seus clientes. Parte-se da premissa de que quanto maior foi este prêmio, maior será o risco representado pelo banco. Deve-se assinalar que esse critério terá mais legitimidade se for considerado de forma conjunta com outros critérios, tais como patrimônio do banco, volume de operações e qualidade das mesmas. Inicialmente, faz-se levantamento das taxas de juros pagas pelos bancos de 1a. linha para os CDB com prazo médio de 30 dias e faça-se a comparação dessas taxas com as dos demais bancos. Como o risco bancário desses bancos de primeira linha são os mais baixos do mercado, indica-se essa taxa como risco zero. Um investidor ganhará um prêmio, acréscimo de taxa, ao aplicar seus recursos em um banco que não seja de primeiríssima linha. Para a utilização desse critério, é necessário coletar diariamente as taxas de juros de todos os bancos, para CDB de 30 dias. Usando a notação io para a taxa de juros de risco zero, dada pela média das taxas de juros dos bancos de primeiríssima linha, e indicando por i a taxa de juros dos demais bancos, pode-se calcular o prêmio (s), ou seja, o acréscimo da taxa de juros para cada banco em relação aos bancos e risco zero.
Como já foi visto, o resgate de uma aplicação financeira pode ser caracterizado por uma distribuição de Bernoulli, ou seja, o resgate do título é feito com o valor contratado ou não, podendo receber zero de resgate. Essa probabilidade de resgate zero é que caracteriza os problemas de liquidez do banco, sua credibilidade e, portanto, o risco, cujo efeito se quer captar. |
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Tela 41 |
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A distribuição de probabilidades, em relação ao valor de resgate do título, pode ser a seguinte:
A média e o desvio-padrão da distribuição são dados por: Média E[R]
= (R x p) + (0 x q) = R x p Desvio-padrão S[R]=E[R2]+(E[R])2 = [(R2 x p) + (R2 x p2)]0,5 = R(p x q)0,5 Cada banco teria sua distribuição de probabilidades e o risco estaria evidenciado pela probabilidade q de ocorrer o resgate zero, o que iria diferenciar um banco do outro, ou seja, pode ser atribuído um rating (conceito ou nota). Com relação
aos bancos de primeiríssima linha, ou seja, de
risco zero, pode-se admitir que a probabilidade de resgate zero
é nula (q = 0). Nessas condições,
a distribuição de probabilidades dos bancos de risco zero
pode ser dada por:
Assim, temos a média dos resgates como E [Ro] = Ro, com desvio-padrão S(Ro)=0. Partindo do princípio de que E [R] = E [Ro], indicando por A o valor captado pelo banco em estudo e pelos bancos de risco zero, por um prazo de d dias e taxas anuais, tem-se: R = A(1+i)d/360 e Ro (1+io)d/360 Em que i é a taxa de juros de captação do banco em estudo e io é a taxa de juros dos CDB dos bancos de risco zero. Considerando que E[R] = R x p , então: E[R] = A(1+i)d/360 x p Assim, E[Ro] = A(1+ io)d/360 x p Igualando, tem-se: A(1+i)d/360 x p = A(1+ io)d/360 x p O valor de p é: p = [(1+ io)/ (1+ i)]d/360 Dado que (1+ i) = (1+ io) (1+s), então: p = [1/(1+s)]d/360 |
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Como a probabilidade de não ocorrer o resgate, ou a probabilidade de o banco em estudo ter problemas de liquidez, é dada por q = 1 - p, então:
Em que q caracteriza o risco do banco em estudo, relativo aos bancos de risco zero, implícito pelo prêmio pago nas taxas de captação.
Para dez bancos que não são de primeiríssima linha, tem-se a seguinte tabela:
A questão que se coloca é elaborar uma classificação dos bancos segundo a probabilidade de ocorrerem problemas de liquidez. |
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Tela 43 |
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a) Cálculo da taxa média de captação dos bancos de primeiríssima linha. (1+ io)4 = (1+0,29) (1+0,3) (1+0,295) (1+0,31) (1+ io)4 = 2,84494665 (1+ io) = 2,844946650,25 (1+ io) = 1,29872898 io = 29,87% ao ano b) Os bancos de risco zero são aqueles de primeiríssima linha que apresentam taxas de juros inferiores ou iguais a io = 29,87% ao ano. Vejamos os casos dos bancos BA2 e BA4: Esses bancos têm o seguinte risco de liquidez: qBA2 = 1 – [(1+0,2987)/(1+0,3)]30/360 = 1 – 0,9999 = 0,0001 qBA4 = 1 – [(1+0,2987)/(1+0,31)]30/360= 1 – 0,9993 = 0,0007 c) Para os bancos com os conceitos B1 a B10 pode-se calcular o valor de q considerando i0 = 29,87% ao ano.
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Tela 44 |
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Após os cálculos, obtém-se, então, a seguinte classificação:
Também pode acontecer que algum comitê de gestão de risco ou decisor pode definir o nível de risco que se deseja para as operações (como por exemplo: até q=0,5%) e assim poderá operar visando às melhores oportunidades.
A questão mais importante do método é permitir captar a mudança de nível de risco de um banco. Se, em uma dada semana ou dia o banco tem um q = 0,2323% e na outra, q = 0,628% de risco, existe uma boa oportunidade de arbitragem de risco. Mas, se houver aumento para q = 0,818%, significa que o mercado não entendeu as boas explicações do referido banco, o que implica em um aumento efetivo de risco do banco. Uma crítica que pode ser feita a esse método é que não se leva em consideração o tamanho do banco, dado que é um parâmetro importante para o decisor. |
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3 - Distribuição de Bernoulli para um fluxo de caixa Caso geral Considere-se o fluxo de caixa dado pela seqüência de valores futuros F (F1, F2, ..., Fn), em que F1, F2, ..., Fn são variáveis aleatórias com distribuição de Bernoulli. Assim, cada valor futuro Fj , j=1, n tem distribuição da seguinte forma:
Com pj + qj =1 Fµj= Fj.pj e Fsj= Fj (pj.qj)0,5 a) cálculo do valor presente médio do fluxo de caixa Sabe-se que: VPLµ = ∑ Fµj/(1+I)j, para j=1, ..., n VPLµ=
∑
Fj.pj/(1+I)j,
para j=1, ..., n b)
cálculo do desvio-padrão do valor presente {∑ [ Fj (pj.qj)0,5 / (1+I)j]2 + 2∑ j<k [-1/(1+I)(j+k)] cov [(Fj,Fk)}1/2 Calculando-se a cov(Fj, Fk), temos: Cov (Fj, Fk) = E [Fj.Fk] - E[Fj] . E[Fk], onde E[Fj] = Fµj = Fj.pj.qj E[Fk] = Fµk = Fk . pk |
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Admitindo as seguintes distribuições de Fj e Fk a seguir:
Então, a distribuição de probabilidade da multiplicação Fj . Fk será:
Em que se usa a notação: P(Fj,Fk) = P(Fj) . P(Fk/Fj) = P(Fk) . P(Fj/Fk) = pj,k Calculando a média da multiplicação Fj.Fk, tem-se: E[Fj,Fk] = Fj.Fk.pj,k Então, a covariância será dada por: Cov(Fj,Fk) = Fj.Fk.pj,k - Fj.pj.Fk.pk ou cov(Fj, Fk) = Fj.Fk.(pj,k– pj.pk). Substituindo na equação de VPLs, tem-se o seguinte valor do desvio-padrão: {∑ [ Fj (pj.qj)0,5 / (1+I)j]2 + 2∑ j<k [Fj.Fk / (1+I)(j+k)] . (pj,k– pj.pk)}0,5 Se pj,k = P(Fj,Fk) = P(Fj).P(Fk)=pj.pk, para qualquer par j, k, ou se Fj e Fk são independentes, em qualquer dos casos, cov(Fj,Fk) = 0 e a expressão anterior será escrita da seguinte forma:
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Vejamos um exemplo. Suponhamos que uma empresa tenha contas a receber durante quatro meses, expressas pelo seguinte fluxo de caixa:
Esses fluxos de caixa são formados por recursos financeiros de contas a receber de clientes que a empresa financiou. Sabe-se que as distribuições de probabilidades estabelecidas pela empresa, em função de sua experiência com o pagamento da clientela (sucesso/adimplência e insucesso/inadimplência), são as seguintes:
Ficaram estabelecidas pela empresa as seguintes probabilidades condicionadas:
Caso admitamos que a taxa preferencial de juros esteja na faixa de I = 8,9% ao mês, e que se manterá para os próximos quatro meses, pretende-se discutir qual será o valor da máxima taxa de juros que a empresa deve pagar para tornar líquido o fluxo de caixa hoje. |
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Vamos aos cálculos: a) Cálculo das médias e desvios-padrões de cada valor futuro Sabe-se que Fµj= Fj.pj e Fsj= Fj (pj.qj)0,5 Logo, as médias são: Fµ1
= F1.p1
= 100x0,99= 99,0 Logo, os desvios-padrões são: Fs1
= F1
(p1.q1)0,5
= 100 x (0,99x0,01)0,5 = 9,95 b) Cálculo do VPLµ considerando uma taxa de juros preferencial de 8,9% ao mês
Então, VPLµ = 99,0 / (1+0,089) + 171,50 / (1+0,089)2 + 196,0 / (1+0,089)3 + 203,7 / (1+0,089)4 = 90,91 + 144,61 + 151,77 + 144,84 = 532,13 |
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c) Cálculo do VPLs à uma taxa de juros preferencial de 8,9% ao mês Resolvendo o primeiro somatório da fórmula VPLs: [9,95 / (1+0,089)]2 + [24,5/(1+0,089)2]2 + [28,0/(1+0,089)3]2 + [35,82/(1+0,089)4]2 = 83,48 + 426,8 + 470,06 + 648,68 = 1.629,02 Resolvendo o segundo somatório da fórmula VPLs: [100 x 175/(1+0,089)]1+2 [0,98 - (0,99 x 0,98) + [100 x 200/(1 + 0,089)]1+3 [0,975 - (0,99x0,98) + [100x210/(1+0,089)]1+4 [0,97 - (0,99x0,97) + [175x200/(1+0,089)]2+3 [0,97-(0,98x0,98) + [175x210/(1+0,089)]2+4 [0,96 - (0,98x0,97) + [200x210/(1+0,089)]3+4 [0,96-(0,98x0,97). Assim, tem-se: ∑ j>k = 132,8 + 68,26 + 133,00 + 219,38 + 207,12 + 217,36 = 977,92 Aplicando a fórmula, obtém-se: VPLs = [1.629,02 + (2x977,92)]0,5 = 59,87 Conclusão O fluxo de caixa com variáveis aleatórias que tem média do valor presente líquido igual a R$ 532,13 e desvio-padrão de R$ 59,87, considerado como solução do problema a uma taxa de juros de 14,87% que considera o valor de face dos créditos é de
Assim, calculando a taxa interna de retorno, por tentativas sucessivas dos fluxos de caixa, ou seja, utilizando a planilha do Excel, obtém-se uma taxa de juros de 14,87%, como aquela que iguala os valores futuros dos fluxos de caixa de R$100, R$ 175, R$ 200 e R$ 210 ao valor presente de R$ 472,26.
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Considerando os fluxos mensais obtidos pelo cálculo das médias de cada valor futuro (item a), obtivemos os seguintes fluxos de caixa:
Utilizando o cálculo da taxa interna de retorno, consegue-se uma taxa de juros de 13,92% ao mês, para o caso de ocorrerem as médias dos valores futuros.
O caso limite, do ponto de vista do aplicador, acontecerá se os resgates ocorrerem com valor médio, menos os desvios, ou seja:
E, neste caso, a taxa de juros será de 7,36% ao mês, que será inferior à taxa de 8,9% ao mês, que tinha sido arbitrada para clientes de baixo risco.
Assim, podemos representar o fluxo de valores médios, da seguinte forma: R$ 99,00 R$ 171,50, R$196,00, e 203,50 e obtermos para um valor presente líquido de R$ 532,13, que tinha sido encontrado, a taxa de juros de 8,899% ao mês, o que confirma a taxa de juros que tinha sido arbitrada.
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4 - Séries uniformes com distribuição de Bernoulli Este é um caso em que os valores são dados pela mesma variável aleatória (série uniforme):
A média será: Fµ= F.p E o desvio-padrão será: Fs = F.(p.q)0,5 a) o cálculo do valor presente líquido médio é: VPLµ
= F.p[/(1+I)n-1]/[I.(1+I)n] VPLs = F.(p.q)0,5 = {[ (1+I)2n-1]/[(1+I)2n-1] . [(1+I)2n] + (2/I) . ∑ [(1+I)n-1-1]/(1+I)]n+j}0,5 |
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5 - Distribuição de probabilidades com valores da variável aleatória proporcional a um valor fixado. Consideremos o caso de um fluxo de caixa único, representado pela variável aleatória F, a ser resgatado, em uma data prefixada. Em função do risco envolvido, o valor resgatado poderá ser 100% do valor de face ou uma proporção do mesmo. Indicando por F o valor de face do título, pode-se considerar um conjunto de eventos e os respectivos valores de resgate como proporções de F. Assim, os valores de resgate podem ser da seguinte forma: 1.F, r1.F, r2.F, ..., rk.F, onde 0 ≤ r1, r2, ..., rk < 1. Uma distribuição de probabilidades com essas características pode ser representada pela seguinte tabela:
A média é: Fµ= E[F] = F.p + F.r1.q1 + F.r2.q2 +...+ F.rk.qk E[F2] = F2.p + F2.r12q1 + F2.r22q2 +...+ F2.rk2qk Aí, pode-se calcular o desvio-padrão:
Indicando por: T = p+r12q1+r22q2+...+rk2qk e Q = p + r1q1 + r2q2 +...+ rkqk, tem-se:
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6 - Aplicação – um procedimento para a decisão de crédito para os bancos
Consideremos o exame de um crédito dado por um banco, em que o F é o valor a ser pago ao final de um prazo de d dias, pela empresa que contraiu o empréstimo. Para a elaboração do critério teremos quatro etapas a cumprir:
Considere-se a distribuição de probabilidades dada pelos seguintes eventos: a) liquidação
da operação na data d1, recebendo a quantia F. |
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Distribuição padrão de crédito do banco Para cada R$1,00 na data de liquidação, tem-se F=1,00; r1=0,9; r2=0,6; r3=0,2 e r4=0.
Com 0 ≤ r1,r2,r3,r4 < 1 A média é: E[F] = µ = (1x0,9) + (0,9x0,06) + (0,6x0,025) + (0,2x0,01) + (0x0,005) = 0,971 E[F2] = (12x0,9) + (0,92x0,06) + (0,62x0,025) + (02x0,005) = 0,958 E o desvio-padrão é: S = [0,958-(0,9712)]0,5 = 0,123 O coeficiente de variação crítico é: CV*=0,123/0,971 = 0,1267 ou 12,67%
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Resumo Neste módulo, foi visto que é possível utilizar a distribuição de Bernoulli, como forma de aplicação da matemática financeira avançada, para estabelecer uma classificação dos bancos quanto ao risco e dar tratamento quantitativo ao processo decisório do crédito, quando se trata de desenvolver resoluções para o tratamento do fluxo de caixa como variáveis aleatórias, com cálculo do valor presente médio, desvio-padrão e coeficiente de variação dos fluxos de caixa. A distribuição de Bernoulli para o valor futuro F caracteriza-se por assumir dois valores: o valor F com probabilidade p (para os casos de sucesso), e valor zero com probabilidade q (para os casos de insucesso), em que p + q = 1. |
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