| Unidade 4 | Módulo 1 | Tela 1 |
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- Acordo
de Basiléia I
Histórico: As mudanças
ocorridas nos mercados financeiros nos anos 1970 e 80 foram de encontro
ao aparato regulatório e de supervisão bancária vigentes
no período pós-guerra. Com isso, houve um processo de desregulamentação e liberalização financeira que marcaram os anos 70, destacando-se a criação do euromercado, com a instalação de bancos norte-americanos e japoneses, competindo com os bancos europeus na captação de recursos em dólares e conseqüentemente aplicação em dólares, com base na Libor em dólar. A maior liberdade operacional dos bancos, tanto nos mercados nacionais quanto internacionais, aumentou os riscos de suas operações, provocando sucessivas crises bancárias. As primeiras e mais importantes levaram à falência e liquidação do Herstat Bank, da Alemanha, e do Franklin National, dos Estados Unidos, em 1974, e criaram os motivos e condições para um novo processo de re-regulamentação, principalmente dos bancos internacionais. Muito se falava na época na questão da concorrência desleal entre aqueles bancos que se localizavam nos países sedes e suas filiais no euromercado, fenômeno conhecido como unlevel played field. |
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Tela 2 |
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Os dirigentes de alguns bancos centrais de países desenvolvidos (conhecidos como países do G-10) criaram o Comitê para Práticas de Supervisão e Regulamentação Bancária do Banco de Compensações Internacionais (ou International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, Bank for International Settlements-BIS), conhecido como “Acordo de Basiléia”, em 1975. Surgiu desse Comitê documento que previa a harmonização internacional das regulamentações relativas à adequação de capital dos bancos internacionais.
O
principal objetivo do Acordo de Basiléia I era fortalecer a saúde
e a estabilidade do sistema financeiro internacional e reduzir uma fonte
de desigualdade competitiva entre os bancos internacionais. Desses documentos,
resultaram os seguintes princípios básicos: Posteriormente, foi divulgado o 25 Core Principles. |
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Tela 3 |
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| Na prática,
a insuficiência do Acordo de Basiléia foi destacada quando
da falência do Banco Ambrosiano, em 1982, a partir da insolvência
de sua filial em Luxemburgo, onde nem o país hospedeiro (Luxemburgo),
nem o de origem (Itália) assumiram o ônus de honrar os passivos
do banco falido. Como conseqüência disso, houve, em junho de
1983, uma revisão do Acordo de 1975, em que se estabeleceu o princípio
da supervisão consolidada das atividades nacionais e internacionais
dos bancos.
Entretanto, tal revisão foi insuficiente não só para definir a questão fundamental da responsabilidade de um emprestador internacional de recursos financeiros em última instância (função típica dos bancos centrais) aos bancos com deficiência de liquidez ou má gestão dos fluxos de caixa, mas, principalmente, para uniformizar as diversas normas nacionais e especialmente a uniformização das práticas contábeis, de modo a facilitar a supervisão consolidada. A crescente preocupação com a vulnerabilidade dos bancos e o risco sistêmico em face de uma reduzida capacidade regulatória dos sistemas globalizados ajudou a vencer a resistência e abriram o caminho para uma maior regulamentação, que redundou no Acordo de Basiléia de 1988 (A new capital adequacy framework). Tal acordo estabeleceu como princípio fundamental que os bancos devem garantir seus compromissos com seu próprio capital, pois é sobre essa capacidade de cada banco que repousa a solidez do sistema. Enfim, um sistema bancário seguro é aquele em que os bancos membros são capazes de garantir suas obrigações, se for preciso até com seu capital próprio. |
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Tela 4 |
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| O novo
Acordo consagrou a condição de solvência, como
base da regulação prudencial do sistema bancário, em
contraste com a preocupação mais tradicional dos reguladores
com a condição de liquidez dos bancos. Até mesmo a
preocupação dos órgãos reguladores com as operações
ativas (aplicação dos recursos), foi uma guinada quando da
preocupação com as operações passivas, em que
se limitavam às operações ativas com base em múltiplos
do capital realizado ou autorizado. Isto quer dizer que, no passado, o volume
de empréstimos bancários era limitado com base em algumas
vezes o valor do capital social ou patrimônio líquido dos bancos.
Enquanto, atualmente, as autoridades reguladoras acreditam
que a garantia dos depositantes se baseia no risco das operações
ativas e não mais no lado do passivo ou fonte de recursos
dos bancos. Na verdade, as novas regras de proteção traçadas no Acordo de 1988 significaram apenas um primeiro passo na direção de um processo de permanente aperfeiçoamento de regulação bancária em escala global, em consonância com as constantes transformações e inovações financeiras. Com o surgimento de críticas e mudanças, o Comitê da Basiléia evoluiu, apresentando novas modificações, como em 1993, e incorporaram outros riscos, como os de mercado, além dos riscos de crédito. |
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2 - Acordo de Basiléia II O novo acordo da Basiléia, ou Basiléia II, proposto em junho de 1999 e modificado em janeiro de 2001, a ser implementado em 2007, baseou-se na necessidade de adoção de um novo referencial que refletisse de forma mais precisa o modo como os bancos avaliam seus riscos e alocam internamente o capital.
Com isso, pode-se resumir a evolução dos Acordos de Basiléia, da seguinte forma. Evolução das Estratégias Regulatórias
Fonte: Extraído de anotações de trabalhos técnicos do Banco Central do Brasil. Isto significa que esses Acordos tiveram objetivos distintos. Enquanto, até 1988, havia a preocupação excessiva com a liquidez do sistema bancário nos demais períodos, alterou-se para a questão da solvência do sistema bancário. Por outro lado, é mostrado também que o método sugerido inicialmente era o de ser tutelado pelas autoridades reguladoras. Hoje, com o acordo Basiléia II, o método é caminhar para a auto-regulação do mercado bancário, principalmente, no que se refere à antecipação das crises de estresses, bem como na sua resolução desses problemas. |
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Tela 6 |
O acordo Basiléia II se apóia em três pilares disciplinares que se auto-reforçam:
Os três pilares do Basiléia II:
O
Pilar I trata do requerimento de capital mínimo
e pode ser considerado o mais importante em termos dos impactos sobre
os países periféricos ou emergentes. Além de oferecer critérios mais sofisticados para a determinação do risco de crédito, o Comitê pretende identificar e “onerar” mais os outros tipos de risco enfrentados pelos bancos como: risco operacional e risco de taxa de juros excessivos, que ocorrem quando os bancos utilizam como funding (fonte de recursos) de operações de médio prazo, os recursos de curto prazo sem efetuar hedge (proteção contra riscos de mercado, como cambiais e de taxas de juros, entre outros) adequado. |
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Tela 7 |
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No que diz
respeito ao risco de crédito, são propostos dois critérios
alternativos para a sua determinação:
Contudo,
no primeiro estágio, “básico” (foundation
internal ratings based approach), as prováveis perdas em virtude
das falências, ou seja, o percentual de perda esperada relativa
ao grau de exposição do banco será determinado pelas
autoridades supervisoras. Já no segundo estágio, este percentual
será calculado pelos próprios bancos e, adicionalmente,
a maturidade das exposições do banco em relação
aos devedores também será considerada na construção
dos riscos ponderados (risk weight buckets). Nestes cálculos
estarão incluídos os chamados fatores de mitigação
dos riscos de crédito, tais como as contas garantidas, os colaterais,
os derivativos de crédito, etc. Em julho de 2002, o Comitê decidiu eliminar a exigência de alocação de capital específica para o risco operacional associado à ocorrência de fraudes e de problemas jurídicos e de computação, flexibilizando o desenvolvimento de sistemas de controle pelos próprios bancos. | ||
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Tela 8 |
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O Pilar II refere-se aos métodos de supervisão e favorece o estilo de supervisão de revisão contínua. Isso inclui a flexibilidade de exigir uma reserva de capital além do nível mínimo de 8%, de acordo com o grau de sofisticação das relações e da capacidade do banco de estabelecer um padrão de controle interno. Testes de estresse também serão encorajados. O Pilar III é uma tentativa de incluir a disciplina de mercado, concedendo aos participantes do mercado, tais como os acionistas e clientes, informações com maior transparência e comparabilidade das informações suficientes para viabilizar uma avaliação da gestão dos riscos efetuados pelos bancos e seus níveis de adequação de capital. O Comitê de Basiléia considera que a segurança e a saúde do sistema financeiro em um mundo dinâmico e complexo só podem ser obtidas com a combinação de supervisão, disciplina de mercado e efetiva administração interna dos bancos. Sob essa visão, a racionalidade do Basiléia II apóia-se na necessidade de construir um arcabouço com maior flexibilidade e sensibilidade aos riscos, mais adequado às constantes transformações dos mercados financeiros e das práticas de supervisão e gestão. Vantegens do Acordo de Basiléia II em relação ao 1º Acordo
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Tela 9 |
3 - Risco de crédito
Se o principal de todos os instrumentos financeiros possuídos por instituições financeiros fosse pago integralmente na data de vencimento e os pagamentos de juros fossem feitos nas datas prometidas, as instituições financeiras sempre receberiam de volta o principal originalmente emprestado mais o rendimento dos juros. Ou seja, não enfrentariam risco de crédito. Se um devedor deixasse de cumprir suas obrigações, tanto o principal do empréstimo quanto os pagamentos de juros estariam correndo risco. Em conseqüência, muitos instrumentos financeiros emitidos por empresas e adquiridos por instituições financeiras oferecem um retorno positivo limitado. Isto assume a forma de pagamentos de juros com elevada probabilidade e uma perda substancial (de principal e juros) com probabilidade muito menor. Bons exemplos de instrumentos financeiros com essas características, em termos de risco e retorno, são as obrigações com juros fixos emitidas por empresas e os empréstimos bancários. Em ambos os casos, uma instituição financeira que aplica nesses instrumentos recebe os juros da obrigação ou do empréstimo quando não há inadimplência. Em caso de inadimplência, a instituição financeira obtém juros iguais a zero no ativo e pode perder a totalidade ou parte do principal emprestado, dependendo de sua capacidade de pôr as mãos em alguns dos ativos do devedor, por meio dos procedimentos judiciais de falência. É possível considerar uma distribuição cumulativa de probabilidades de retornos financeiros de uma instituição financeira que aplica em empréstimos ou obrigações com risco. Podemos considerar como 100% ou 1 a probabilidade (p) da inadimplência, e (1 – p) como graus distintos de risco de inadimplência, dependendo dos problemas com fluxos de caixa no nível da empresa devedora. Assim, dado que existe retorno positivo limitado e um longo trecho de risco de perda, é importante para as instituições financeiras que a possibilidade de inadimplência de obrigações e empréstimos seja estimada e sejam cobrados prêmios sobre esses ativos, iguais a sua exposição a risco. A distribuição de retornos em função de risco de crédito indica que as instituições financeiras precisam monitorar e coletar informação sobre as empresas cujos ativos estão em suas carteiras. Assim, a eficiência administrativa e a estratégia de gestão de risco de crédito afetam a forma da distribuição de taxas de retorno de empréstimos. |
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Tela 10 |
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| Uma das vantagens
que as instituições financeiras possuem em relação
a investidores individuais é a capacidade de diversificar parte do
risco de crédito, explorando a lei dos grandes números em
suas carteiras de ativos. A diversificação de ativos expostos
a risco de crédito atenua a longa faixa de perdas na distribuição
de retornos.
Para uma instituição financeira bem diversificada, a forma da distribuição de taxas de retorno numa carteira de títulos expostos a risco de crédito ou inadimplência é a que melhor se adequa entre todas as possibilidades existentes. O efeito da diversificação de riscos é truncar ou limitar as probabilidades de maus resultados na carteira. A distribuição de retornos assemelha-se mais a uma distribuição normal simétrica. Na realidade, a diversificação reduz o risco de crédito específico, tal como o risco de investimento em obrigações ou empréstimos de empresas corporativas como Microsoft ou IBM, deixando a instituição financeira exposta ainda a risco de crédito sistemático, tais como fatores que aumentam o risco de inadimplência de todas as empresas na economia. O risco de crédito não é um problema apenas nas áreas tradicionais de empréstimo e aplicação em obrigações. À medida que os bancos e outras instituições financeiras têm ampliado suas atividades de concessão de garantias de crédito e outras atividades extra-contábeis ou fora de balanço (off balance sheet), novos tipos de exposição a risco de crédito têm surgido, gerando preocupação entre administradores e autoridades reguladoras. Portanto, a análise de risco de crédito é importante, atualmente, para uma grande variedade de relações contratuais entre instituições financeiras e contrapartes, o que tem gerado motivos do novo enfoque das autoridades de regulamentação bancária à fixação de exigências de capital para risco de crédito.
Para calibrar a exposição ao risco de inadimplência em suas decisões de crédito e investimento, bem como avaliar sua exposição a risco de crédito em contratos fora de balanço, tais como compromissos de empréstimo, o administrador de uma instituição financeira precisa medir a probabilidade de inadimplência de um tomador. A capacidade de fazê-lo depende, em grande parte, do volume de informação que a instituição financeira possui a respeito do tomador. Por isso é que uma das medidas nos últimos anos de regulação e supervisão bancária tomada pelo Conselho Monetário Nacional, que é o órgão máximo de política econômico-financeira, por meio de suas Resoluções editadas pelo Banco Central do Brasil, foi a criação da Central de Risco de Crédito, que hoje é conhecida como Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR), no qual existe um cadastro disponível a todo o sistema bancário de todas as pessoas físicas (CPF) e jurídicas (CNPJ) que se endividam acima de R$ 5 mil, no sistema financeiro nacional. |
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Tela 11 |
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- Risco de liquidez
O risco de liquidez resulta de duas causas, uma associada aos passivos e outra associada aos ativos. Há risco de liquidez sempre que os titulares de passivos de uma instituição financeira, como depositantes ou segurados de uma companhia de seguro, exigem moeda à vista em troca de seus direitos financeiros. Quando os titulares de passivos exigem moeda imediatamente – ou seja, vendem seu direito financeiro de volta à instituição financeira –, a instituição financeira é forçada a obter recursos adicionais ou a liquidar ativos para atender à exigência de retirada de recursos financeiros. O ativo mais líquido de todos é a moeda em caixa, e as instituições financeiras podem utilizar esse ativo para atender diretamente às exigências de retirada dos titulares de seus passivos. Embora as instituições financeiras minimizem seus saldos de caixa porque não rendem juros, saldos reduzidos geralmente não constituem problema. As retiradas por titulares de passivos no dia-a-dia são normalmente previsíveis, e as instituições financeiras podem contar com a possibilidade de captação de fundos adicionais para cobrir qualquer insuficiência nos mercados financeiros e de capitais.
Entretanto, há momentos em qual uma instituição financeira pode acabar enfrentando uma crise de liquidez. Por causa da falta de confiança na instituição financeira ou alguma necessidade imprevista de numerário, os titulares de passivos podem exigir retiradas superiores ao que seria considerado normal. Quando todas ou muitas instituições financeiras enfrentam exigências extraordinárias semelhantes, o custo de fundos adicionais eleva-se e sua oferta torna-se limitada ou nula. |
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Tela 12 |
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Em consequência
disso, as instituições financeiras podem ser forçadas
a vender alguns de seus ativos menos líquidos para cobrir as exigências
de retirada por titulares de seus passivos. Isto resulta num risco de
liquidez mais sério; alguns ativos cujos mercados são mais
estreitos geram preços mais baixos, numa venda forçada,
do que a instituição financeira conseguiria se tivesse mais
tempo para negociar a venda. Como resultado, a liquidação
de alguns ativos a preço baixo ou de “queima” pode
ameaçar a solvência de uma instituição financeira.
As autoridades reguladoras têm reconhecido à instabilidade intrínseca do sistema bancário em decorrência da sua natureza, e para lidar com isso utiliza-se do redesconto bancário e do seguro de depósitos para enfrentar os problemas de liquidez. |
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Tela 13 |
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- Risco operacional
A gestão de risco pode ser entendida como um processo de medição e controle dos riscos presentes nas atividades normais de uma organização. O gerenciamento envolve pessoas, sistemas e padrões de controle.
O risco operacional é o risco de perdas (diretas ou indiretas) determinadas por erros de três segmentos: pessoas, processos e tecnologia.
O risco operacional pode ser dividido em três grandes áreas:
Ao mesmo
tempo em que a inovação tecnológica trouxe ganhos
aos bancos, principalmente os ganhos de escala e escopo, essa evolução
trouxe também um risco verificado sempre que deixa de funcionar
adequadamente. |
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Tela 14 |
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| As
transações dos bancos, envolvendo compra e venda
de dinheiro, são geralmente feitas por sistemas eletrônicos
de forma on line. Normalmente esses sistemas funcionam com eficiência;
porém, podem ocorrer falhas ou erros nas transmissões, deixando
de registrar mensagens relevantes para o sucesso das operações.
Embora essas falhas sejam pouco freqüentes, quando ocorrem costumam
promover fortes turbulências nas instituições e em todo
o sistema financeiro.
O risco operacional pode resultar em risco de crédito e de mercado. Vejamos um exemplo. A desconsideração, ou minimização da importância do risco operacional, pode determinar perdas elevadas às instituições financeiras.
Segundo analistas financeiros, as lições de risco operacional extraídas de diversos escândalos financeiros, podem ser resumidas no seguinte:
Atualmente, a mensuração do risco operacional é qualitativa, mas já há esforços para a criação de medidas quantitavias e objetivas para esse tipo de risco. O Acordo de Basiléia II destaca a instituição de parcela do requerimento de capital para cobrir os riscos operacionais, com a crescente evolução tecnológica, a integração dos mercados e o incremento de operações transfronteiriças. Com isso, o Conselho Monetário Nacional baixou medidas recentemente que define princípios fundamentais a serem observados pelas instituições financeiras no estabelecimento de estrutura interna voltada ao gerenciamento e monitoramento do risco operacional, incluindo procedimentos específicos para a administração desse risco. Passou a ser exigida a manutenção de sistemas de identificação e controle que permitam o acompanhamento permanente de todas as operações praticadas pela instituição, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de ambiente propício ao gerenciamento do risco operacional. |
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Tela 15 |
| Resumo
Mostrou-se a importância da sugestão e adoção
dos princípios básicos estabelecidos nos Acordos de Basiléia
I e II, para a saúde e o fortalecimento dos sistemas bancários
que o adotassem. Enquanto o primeiro Acordo priorizou a questão
da liquidez dos bancos por meio do requerimento mínimo de capital
com base no risco (de crédito, de mercado e de liquidez) das operações
ativas, o outro Acordo priorizou a questão das metodologias internas
dos próprios bancos, na fiscalização dos organismos
de supervisão e na disciplina de mercado, acrescentando a preocupação
com os riscos legal e operacional, além daqueles tradicionais riscos
de crédito e de mercado. |
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| Unidade 4 | Módulo 2 | Tela 16 |
| 1 - Duration
É uma forma de gerenciamento e controle de riscos para as tesourarias, pois se preocupam com o prazo médio dos pagamentos e recebimentos da empresa. Duração é uma forma de cálculo do prazo médio de um fluxo de caixa que procura levar em conta o valor do dinheiro no tempo os fluxos de caixa de uma empresa em relação a possíveis riscos conjunturais. Além da simples avaliação do prazo médio de um título, ou de uma carteira de títulos, essa medida permite avaliar a sensibilidade do valor do título ou carteira a variações na taxa de juros. Assim, o uso do indicador duração ajuda a percepção de como se comportariam.
Por exemplo: um título de renda fixa com 6 semestres de prazo até o vencimento, cupom semestral de R$ 100 e valor de face de R$ 1.000 está sendo negociado ao par, ou seja, por R$ 1.000. Vejamos o quadro a seguir.
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Tela 17 |
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| A duração
(D) ou duration desse título é de 4,790787 semestres. Mais do que um prazo médio, a duration de um título de renda fixa é uma espécie de elasticidade do seu preço de mercado em relação ao seu yield (rendimento), sendo, assim, uma medida do risco da taxa do título. Com isso, pode-se calcular o valor aproximado da variação do preço de mercado do título, dada uma variação em seu yield. D =(dB/B)/[dy/(1+y)]= (ΔB/B)/[(Δy/1+y)] = ΔB Δ B[D/(1+y)].Δy
Se, por exemplo, o yield do título subisse de 10% para 11%, seu preço se alteraria aproximadamente em:
Ou seja, o título passaria de R$ 1.000,00 para R$ 1.000,00 – R$ 43,5526 = R$ 956,4474. O quadro a seguir indica que o valor exato seria de R$ 957,69. O cálculo aproximado implicaria um erro de R$ 956,4474: (R$957,69–1) = – 0,13%. A aproximação poderia melhorar, recorrendo-se ao conceito de convexidade.
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Tela 18 |
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| Intuitivamente,
pode-se pensar que a avaliação de títulos de renda
fixa pode ser feita de acordo com o prazo para o vencimento de uma operação,
independentemente do pagamento de juros ou de amortizações
intermediárias.
Em que:
Se for detalhada a fórmula acima, vê-se que a duração é uma ponderação do prazo de cada pagamento pelo seu valor atual, ou seja:
Em que:
Em títulos que não pagam cupons, como, por exemplo, rendimentos semestrais ou periódicos ao longo do prazo até o vencimento, a duração é igual a sua maturidade, pois como todo o pagamento será feito no vencimento, o prazo médio será igual à maturidade. Além disto, para títulos com a mesma maturidade e o mesmo valor nominal, quanto menor o cupom, maior a duração. Vejamos um exemplo. |
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Tela 19 |
| A duração é bastante utilizada para se medir a sensibilidade do preço do título às variações da taxa de juros. Partindo de um exemplo de um título de 10 anos com preço de R$ 100,00 e taxa de cupom de 15%, pode-se construir a seguinte tabela:
O yield to maturity é obtido por meio da função TIR (taxa interna de retorno) aplicada ao fluxo ou por iteração segundo a equação a seguir: Por exemplo, com o preço R$ 130,00.
Com isso,
quando o preço do título está em seu valor par ou
de face, R$ 100,00, seu yield to maturity é igual à
taxa de cupom, 15%. Quando o preço sobre a R$ 110,00, o rendimento
cai a 13,15%, pois o investidor paga mais do que o valor par, recebendo
os mesmos R$ 15,00 de pagamento de cupom. A duração modificada nos fornece uma idéia da sensibilidade do preço de um título à variação na taxa de juros. Esta fórmula é obtida diferenciando-se a função valor atual da carteira (V) em relação à taxa de juros: dV/di = [1/(1+i)] [∑(t.CFt)/(1+i)t] Dividindo-se ambos os lados pelo valor presente do título, temos: dV/Vdi = {-1/(1+i)V x [∑(t.CFt)/(1+i)t]} = - D/(1+i) A razão entre a duração de Macaulay e o fator de juros (1+i) é conhecida na literatura como duração modificada. Logo:
Verifica-se que a variação percentual no valor da carteira é proporcional à duração modificada multiplicada pela variação percentual da taxa de juros. Em outras palavras, para pequenas variações de taxas de juros, os preços das obrigações alteram-se de maneira inversamente proporcional, de acordo com a magnitude da duração. Desta forma, um investidor que possua títulos em sua carteira e que espere uma alta na taxa de juros terá uma perda menor, quanto menor for esta duração da carteira e vice-versa. A duração modificada, portanto, é igual ao negativo do produto entre a derivada do preço em relação à taxa de juros e o inverso do preço do título, isto é:
Utilizando os dados anteriores, a duração modificada desse título é: Dmod = D/(1+i) = 5,77/(1+15%) = 5,02 Se o yield to maturity aumenta 1,43%, o preço do título cai de R$ 130 para R$ 120. Se o yield to maturity aumenta 1,62%, o preço cai de R$ 120 para R$ 110, e assim sucessivamente, até a variação positiva no yield to maturity de 3,14%, causando alteração no preço de R$ 80 para R$ 70. Este relacionamento não constante traz como resultado uma convexidade e é uma característica de todos os títulos de renda fixa. Esta convexidade é percebida por assumir uma forma curvilínea. |
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Tela 20 |
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| 2
- Imunização de carteiras
A extensão natural do conceito de duração e convexidade (que será visto a seguir) é a tentativa de ajustar fluxos de caixa variados, de modo que eles se auto-anulem. Esse procedimento é conhecido como imunização.
Na imunização, o funcionamento perfeito do hedge depende do peso de cada título, do comportamento da taxa de juros e do rating dos títulos, com isso destaca-se a importância da determinação da razão de hedge. A razão de hedge é a relação entre o título que se pretende hedgear e um instrumento que serve como hedge. Esta razão se aplica para hedge de um título com outro, com swaps ou posições de arbitragem. Considere ΔVt como a variação de preço do instrumento de hedge, ΔVh a variação de preço do título a ser hedgeado e H a razão de hedge, temos que:
Utilizando-se de algebrismos, essa fórmula pode ser expandida para:
Em que:
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Tela 21 |
| Suponha que
um investidor queira hedgear uma aplicação de R$
1.000.000,00 em um título de 20 anos, com cupom de 15% ao par com
um título de 30 anos com cupom de 15% ao par. A duração modificada do primeiro título é 6,26 e a do título a ser usado como hedge é 6,57. Como %ΔV = - Dmod x di, para uma mesma variação na taxa de juros (di), temos que a razão de hedge é a razão entre as durações modificadas, que é igual a 0,95. Portanto, devemos vender R$ 950.000,00 do título de 30 anos. Assim, caso a taxa suba 2%, o primeiro título perderá R$ 125.186,63 e o segundo terá uma valorização de R$ 125.186,63. A imunização pode ser interessante para fundos de pensão e companhias de seguro que visam equalizar a variação na posição ativa em taxa de juros com a posição passiva, de modo a tornar a variação do patrimônio líquido imune às variações das taxas de juros. O lucro ou prejuízo referente a variações na taxa de juros é decorrente da forma como esta variação impactará os ativos e passivos. A imunização faz com que a variação do ativo seja igual à variação do passivo. Recorrendo à fórmula da duração modificada, temos:
rearranjando: DV/V = – D x di/(I+i), ou seja, a variação do preço ou do valor do ativo ou passivo dividido pelo preço deste é igual à duração multiplicada pela variação da taxa de juros. Para o ativo, temos que dA/A = – DA x di/(1+i) e para o passivo, dP/P = – Dp x di/(1+i). Assumindo que dA e dP representam, respectivamente, variações no preço dos ativos e passivos, estas têm que ser iguais para que tenhamos uma variação de patrimônio líquido igual a zero. Desta forma:
Simplificando lado direito com o lado esquerdo, temos:
A equação acima significa que a imunização de uma carteira de renda fixa da instituição é alcançada quando o valor de mercado do ativo, multiplicado pela duração do ativo, é igual ao valor de mercado do passivo multiplicado pela duração do passivo. Desta forma, o ajuste de posições ativa e passiva pode implicar a compra ou venda de títulos ou a alavancagem com outras posições de renda fixa do mercado. |
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Tela 22 |
Vejamos
um exemplo. Considere uma empresa que terá um desembolso,
daqui a 5 anos, de R$ 1.500.000,00. Dado que a taxa de juros corrente da
economia é de 8% ao ano, vamos analisar diferentes alternativas de
imunização deste fluxo. A empresa possui risco de taxa de
juros e a imunização consiste em aplicar em um investimento
que forneça um fluxo de caixa de R$ 1.500.000,00 no 5º ano,
independentemente do que aconteça com a economia.
Esta alternativa
geraria o fluxo de caixa esperado de aproximadamente R$ 1.500.000,00,
após 5 anos, ainda que a taxa de juros da economia se alterasse
no instante inicial da compra do título, pois a instituição
irá aplicar os cupons recebidos a esta nova taxa.
O último termo à direita da equação se refere ao título de 6 anos vendido no 5º ano. Se no instante seguinte à compra a taxa tivesse se alterado para 7,5% ao ano e permanecesse constante até o 5º ano, a instituição teria o seguinte fluxo de caixa:
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Tela 23 |
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Com essa estratégia, a empresa está protegida apenas contra variações da taxa de juros imediatamente após a compra do título. Suponha que, após um ano, a taxa se altere para 7% ao ano. O desembolso da empresa ocorrerá em 4 anos e a nova duração passa a ser:
A duração do título se encontra descasada da maturidade do desembolso. Portanto, a imunização por meio da duração é um problema dinâmico. Sempre que a taxa de juros da economia se modificar, a instituição deverá ajustar sua carteira de títulos para que esta duração fique igual à duração do desembolso. Isso é um dos instrumentos de gestão de risco. |
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Tela 24 |
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| 3
- Convexidade
Outra propriedade importante em relação a um título ou a uma carteira é conhecida como convexidade, que é uma medida de como a duração (duration) varia com a mudança da taxa de juros. A extensão natural do conceito de duração e convexidade é a tentativa de ajustar fluxos de caixa variados, de modo que eles se auto-anulem. Esse procedimento é conhecido como imunização.
Por exemplo, considere um título de 8 anos com cupom de 12% ao par, e uma carteira formada por 48,5% do montante aplicado em um título de 2 anos com cupom de 12% e 51,5% (=100%-48,5%) do montante em um título de 30 anos com cupom de 12%, ambos ao par. Ambas as posições apresentam duração de 5,56 anos e preços iguais. Porém, neste caso, a carteira seria um ativo mais desejável para um investimento, pois seu preço cairá mais devagar e subirá mais rapidamente às variações nas taxas de juros, devido à maior convexidade. Embora a duração seja útil para prever o efeito de mudanças nas taxas de juros sobre o valor de operações de renda fixa, ela deve ser considerada apenas uma aproximação de primeira ordem, válida para pequenas variações nas taxas. Pode-se obter maior precisão por meio da convexidade. A convexidade é definida matematicamente como a segunda derivada do valor atual, em relação à taxa de juros, dividida pelo preço.
Dessa forma, a convexidade é dada por:
A convexidade e a duração podem ser combinadas para demonstrar a medida de sensibilidade do título às mudanças na taxa de juros, ou seja, o quanto estas duas relações explicam a variação de preço do título para uma dada variação de taxa.
Quando as
mudanças na taxa de juros forem pequenas, o termo de convexidade
poderá ser ignorado. Quando não o forem, a expressão
mostra que a convexidade faz que a variação do título
aumente em resposta às quedas nas taxas e diminua em resposta a
sua elevação. |
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Tela 25 |
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4 - Valor sob Risco ou Value at Risk – VaR.
O VaR mede a pior perda esperada ao longo de determinado intervalo de tempo, sob condições normais de mercado e dentro de determinado nível de confiança. Por exemplo. O VaR pode ser usado para informar ao poder decisor, de maneira prática e simples, sobre os riscos incorridos em transações e operações de investimento, assim como aos acionistas sobre os riscos financeiros da empresa. A
vantagem do VaR é a criação de denominador
comum que permite comparar atividades arriscadas em diversos mercados. A metodologia VaR pode também auxiliar gestores de carteiras na tomada de decisão, oferecendo visão abrangente do impacto de uma operação no risco da carteira. Uma análise
de VaR pode induzir os agentes reguladores e supervisores do
sistema bancário dos países a considerarem o hedge
de passivos em moedas estrangeiras, por exemplo, a alongarem a estrutura
de suas dívidas e a tomarem outras medidas para reduzir os níveis
de risco. |
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As instituições
que participam do processo de cálculo do VaR são obrigadas
a confrontar suas exposições ao risco financeiro e ao estabelecimento
de uma área independente de gerenciamento ao risco que supervisione
a mesa de operações e o back-office.
O VaR, formalmente, descreve o percentil da distribuição de retornos projetada sobre um horizonte estipulado. Se considerar c como o nível de confiança selecionado, o VaR corresponderá ao (1–c) percentil da distribuição. Por exemplo, com nível de confiança de 95% (a escolha é arbitrária), o VaR deve ser tal que ele exceda 5% do número total de observações da distribuição. Vejamos um exemplo. |
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Tela 27 |
| Resumo
Foram tratadas diversas formas de gerenciamento de riscos.
A Duration modificada também foi mostrada,
a qual é a razão entre a duração de Macaulay
e o fator de juros (1+i). Ou seja, a duração modificada
representa a mudança percentual instantânea do preço
do título em relação à taxa de juros. Assim,
quanto maior a duração, maior a sensibilidade do título
a variações na taxa de juros, ou seja, maior o risco do
título. Por fim, foi estudado o conceito de convexidade, o qual
é uma medida de quanto a relação preço-taxa
do título se desvia de uma linha reta. |
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| Unidade 4 | Módulo 3 | Tela 28 |
| 1
- Introdução aos testes
Todo modelo é uma tentativa de melhor aproximação da realidade. Os modelos de VaR são, como já foi visto, uma tentativa de inferir a perda máxima de uma carteira. Foi visto que existem diversos modelos para se calcular o VaR de uma carteira. A escolha do modelo mais adequado passa por uma série de passos, entre eles um estudo minucioso da distribuição de probabilidades dos retornos da carteira de investimentos sob análise. Por exemplo, no caso do VaR paramétrico assume-se que a distribuição de probabilidades é normal, mas na maioria dos casos isso não acontece. Uma forma de avaliar a precisão da metodologia
do VaR de uma instituição é comparar
seus números de VaR previstos (ex-ante) produzidos pelo
modelo interno com os lucros e prejuízos reais (ex-post).
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Tela 29 |
Algumas instituições financeiras desenvolveram testes como os sugeridos pelo Acordo de Basiléia. Umas calculavam VaR com base na volatilidade do preço diário dos seus ativos. Outras focalizavam o prejuízo potencial de seus portfolios, pois estavam mais preocupados com prejuízos do que com ganhos. Essas instituições se satisfaziam quando os prejuízos realizados eram menores do que aqueles estimados pelo VaR. Vide gráficos abaixo, nos quais a linha diagonal (45o) no meio dos gráficos representa o ponto em que o VaR foi projetado para aquele dia específico; e qualquer observação acima da linha diagonal significa que o lucro/prejuízo real é maior do que o VaR projetado.
Montar uma matriz desse tipo de fatores de risco representa um tradeoff (para os economistas é conhecido como um dilema) entre o desejo de especificar uma matriz que pode capturar todos os riscos inerentes ao portfolio e um banco de dados gerenciável e fácil de usar. Em geral, o número de fatores de risco em cada classe de risco e o nível de detalhes envolvidos na definição de cada fator de risco deveria ser o maior possível quando a empresa tem posições grandes e/ou complexas, pois ela precisa saber, o mais precisamente possível, quais riscos de mercado emanam dessas posições. Outra consideração a ser feita é a profundidade e a liquidez dos mercados por trás de cada fator de risco – por exemplo, mercados líquidos com tipos diferentes de títulos e vencimentos variáveis oferecerão informação mais completa no comportamento dos fatores de risco do que mercados menos líquidos, com menor volume de negócios. |
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2 - Back Test
O objetivo de realizar o back test é o de analisar a qualidade do VaR calculado. Após ser escolhido o modelo de VaR que se deseja ou é o mais adequado, deve-se procurar testá-lo. Um método para testar o bom uso de um modelo de VaR é o Back Test. Um exemplo desse teste é o seguinte. Uma observação
importante é que o Back Test sempre será satisfatório
no modelo de VaR histórico, pois esse modelo foi construído
de modo a determinar o valor que satisfaz ao nível de confiança
desejado. A resposta é que o VaR histórico não é
adequado a todas as situações. Os modelos de VaR são úteis unicamente quando é possível demonstrar que eles são razoavelmente precisos. Para isso, os usuários devem verificar sistematicamente a validade dos modelos de precificação e de risco por meio de comparações entre as perdas realizadas e as perdas estimadas. O back test é essencial para a decisão inovadora do Comitê de Basiléia de permitir que as exigências de capital sejam calculadas com modelos internos de VaR. |
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3 - Stress Test
O teste de estresse consiste na criação de cenários para os ativos e aplicação desses cenários na carteira. Por exemplo, podemos criar o seguinte cenário de stress: a bolsa de valores cai 10%, o dólar sobe 8% e os juros sobem 5%. A seguir aplica-se esse cenário à carteira e verifica-se quanto se perderia se esse cenário se confirmasse. Esse número daria ao investidor uma medida determinística de perda, isto é, caso aquele cenário se confirme, é possível estabelecer exatamente qual é a perda.
Ainda assim, a aplicação de um único cenário de stress pode levar o investidor e subestimar seu risco. Suponha que um investidor possua uma aplicação num título indexado em dólar. Então, em um cenário em que o dólar sobe (e isso geralmente tem conotação de cenário ruim) o investidor ganha ao invés de perder. Assim, para esse investidor, stress quer dizer dólar cair e não subir. Uma alternativa natural seria criar vários cenários, combiná-los, criando assim cenários híbridos, e aplicá-los às carteiras. Os problemas que isso pode gerar são: um cenário gerado sempre carrega algum grau de subjetividade; além disso, caso sejam criados muitos cenários pode se tornar um problema computacional conseguir aplicá-los à carteira. Esses problemas podem ser contornados (vide artigo “Um modelo de teste de stress menos subjetivo e abrangente”, de Cícero Augusto Vieira Neto e Fábio Urban, no site www.bmf.com.br.) e, assim, é inegável que o Teste de Stress é um complemento muito útil ao VaR e, portanto, à análise de risco. Mais recentemente, uma nova ferramenta estatística tem sido aplicada na mensuração de risco: a Teoria de Valores Extremos. Essa ferramenta tenta responder à seguinte pergunta: Se o VaR somente captura efeitos de normalidade, quando estamos numa situação de stress, em que a perda supera o VaR, quanto esperamos perder? De outra forma, a pergunta pode ser feita da seguinte maneira: Qual a perda esperada dado que já se perdeu mais do que a perda medida inicialmente pelo VaR? O número dado como resposta é chamado de ETL (Expected Tail Loss), que pode ser melhor estudado em DOWD, Kevin, Measuring market risk, Londres: John Wiley, 2002, ou no site www.fenews.com/1999/Issue11/089905.html. Não se pode dizer ainda que o ETL esteja sendo amplamente utilizado pelo mercado financeiro, mas ele vem sendo difundido rapidamente. É importante registrar que as simulações Monte Carlo também examinam a resposta de uma carteira de ativos ou passivos (ou ambos) a vários cenários financeiros desfavoráveis. A finalidade desses testes é a de avaliar o desempenho de uma organização, cuja carteira está sendo testada, sob um conjunto específico de condições adversas do mercado.
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| 4
- Marcação a Mercado (mark-to-market ou MtM)
O processo de marcação a mercado, é um processo de reavaliar um instrumento financeiro ou portfolio de instrumentos na base de seus preços de mercado prevalecente ou valor de liquidação.
A marcação a mercado de um portfolio nada mais é do que a atribuição do valor de mercado de cada um dos itens do portfolio, multiplicando o valor de cada um por suas respectivas quantidades.
A marcação a mercado nem sempre é tão direta, como no caso do preço de uma ação muito líquida (que apresenta negócios de compra e venda realizados todos os dias). As dificuldades vão começando a surgir com a marcação a mercado de títulos de renda fixa com fluxos de caixa, em que alguns cálculos precisam ser feitos, até o caso de ativos que não apresentam mercado, ou casos em que este mercado seja extremamente restrito, onde pouquíssimos negócios ocorram e com uma freqüência bastante rara.
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No que se refere à posição, as posições compradas são tratadas com o sinal positivo e as vendidas com o sinal negativo. A posição comprada é considerada pelo valor de compra do ativo, uma vez que para desfazer-se deste ativo será necessário vender este ativo e o preço que é pago para quem está vendendo é o preço de compra. No caso de uma posição vendida, o preço a ser considerado é o de venda, uma vez que não se possui o ativo e, neste caso, terá que se ir ao mercado para adquiri-lo. Neste momento, o preço a ser pago pelo ativo será o de venda.
O retorno de um portfolio pode ser calculado, também, levando-se em conta o retorno individual de cada um de seus ativos. Procedendo desta maneira, será necessário ponderar cada retorno individual do portfolio por meio dos seus ativos individualmente. A razão pela qual adotamos a convenção do sinal negativo para a posição vendida é que, no caso destas posições, uma variação de preço favorável não é um aumento, mas uma redução no seu valor. Se a posição é vendida, está-se devendo algum ativo a alguém, assim, se o seu valor de mercado aumentar, a dívida igualmente irá aumentar, causando um retorno desfavorável (perda). |
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| 5
- Cessão de crédito e securitização de recebíveis
Existem muitos instrumentos à disposição, principalmente, dos bancos, para gerenciar e controlar o risco de crédito. Alguns deles são:
A expansão dessas formas de transferência total ou parcial do risco associado aos créditos cedidos tem vários efeitos positivos no mercado financeiro, principalmente, por permitir maior pulverização do risco. O resultado esperado tem maior eficiência na alocação de crédito das operações e menor custo de empréstimos para empresas e pessoas físicas.
A cessão de crédito é uma forma de transferir os créditos a receber das instituições financeiras para entidades não-financeiras. É um mecanismo que as instituições financeiras têm utilizado para cobrir seus hiatos de exposição a variações de taxas de juros e inadimplências. Permite também que as carteiras de ativos das instituições financeiras tornem-se cada vez mais líquidas, ajudando a reduzir os efeitos de encargos regulatórios tais como exigência de capital mínimo, e outras exigências dos órgãos reguladores e supervisores do sistema financeiro. A cessão de crédito é realizada por meio de um instrumento contratual não padronizado, ou seja, cada operação realizada terá uma minuta de contrato estabelecida mediante análise e aprovação por parte tanto do cedente quanto do cessionário. |
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Existem, basicamente,
quatro objetivos principais para a realização
de uma operação de cessão de crédito,
como:
A estrutura básica de uma operação de cessão de crédito é a seguinte. Um banco (cedente) vende créditos para outro banco (cessionário) e recebe o pagamento pela compra desses créditos, em geral com deságio, ou seja, utiliza-se uma taxa de desconto (pelo valor presente) tanto da taxa de juros quanto da probabilidade por possível inadimplência do devedor. Nessa operação, participa um banco (interveniente), por meio de assunção de responsabilidades estabelecidas em cláusulas contratuais, que é responsável pela cobrança, e especializadas na guarda de documentos. Existem cessões de crédito sem e com coobrigação. A cessão de crédito com coobrigação, que permite que os créditos não recebidos possam retornar total ou parcialmente, à instituição cedente, pode ser solidária ou subsidiária. |
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No Brasil, a Securitização de Recebíveis foi introduzida por meio da Lei nº. 6.404, de 1976.
A estrutura
básica da Securitização de Recebíveis
é a seguinte: Sociedade de Propósito Específico (SPE),
o Trustee, e os investidores. A companhia originadora, é
a empresa geradora de recebíveis, ou qualquer pessoa jurídica
que tenha originação de recebíveis a prazo em sua
estrutura de vendas. Esses recebíveis são originados por
meio de vendas a prazo de bens ou serviços pela empresa originadora
e tais recebíveis serão utilizados como lastro dos títulos
a serem emitidos. |
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Veja o quadro resumo comparando a Securitização de Recebíveis com a Cessão de Crédito
Basicamente, o objetivo do FIDC é o de proporcionar uma maior liquidez ao mercado de crédito, com reduzido nível de riscos e também ampliando a oferta de recursos no sistema como um todo. |
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Tela 38 |
| Resumo
Foram estudados e analisados os diversos tipos de testes para gerenciar e controlar os riscos, como Back Test, e Stress Test, e da Marcação a Mercado (mark-to-market ou MtM), bem como formas para transferir riscos como Cessão de Crédito e Securitização de Recebíveis. O back test é uma forma de avaliar a precisão
da metodologia do VaR de uma instituição, e comparar seus
números de VaR previstos (ex-ante) produzidos pelo modelo
interno com os lucros e prejuízos reais (ex-post). A Marcação a Mercado (mark-to-market ou MtM) é a verificação no mercado de qual é o valor que este ativo está sendo negociado. A cessão de crédito, também conhecida por Cessão de Direitos Creditórios, é um instrumento de captação de recursos utilizados pelas instituições financeiras. E a securitização de recebíveis é uma operação financeira estrutura que possibilita a emissão de valores mobiliários lastreados em ativos, mais especificamente recebíveis comerciais, especialmente segregados, visando eliminar ou minimizar o risco de crédito da companhia emissora dos títulos a serem oferecidos aos investidores do mercado financeiro. |
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| Unidade 4 | Módulo 4 | Tela 39 |
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1 - Introdução aos derivativos (conceitos, definições e importância)
Vejamos um histórico dos derivativos:
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| Conceito
e definição - Derivativos são instrumentos
financeiros que se originam ou derivam do valor de um outro ativo, tido
como ativo subjacente ou de referência. Um contrato derivativo não
apresenta valor próprio, derivando-se de um bem básico (commodities,
ações, taxas de juros etc.).
Importância - Os derivativos oferecem às empresas a chance de reduzir seus riscos financeiros – transferindo esses riscos a alguém (normalmente um banco) disposto a assumi-los e gerenciá-los. Os investidores e participantes do mercado financeiro em geral, têm três características que se destacam: arbitrador, hedger e especulador. O arbitrador é um participante que procura se beneficiar de vantagens financeiras quando percebe que os preços em dois ou mais mercados apresentam-se distorcidos. Opera geralmente, com baixo nível de risco, e sua importância para o mercado está na manutenção de certa relação entre os preços futuros e à vista, bem como no nivelamento dos preços distorcidos nos mercados.
Algumas vantagens do uso de derivativos são: a) maior atração
ao capital de risco, permitindo uma garantia de preços futuros
para os ativos; As transações com derivativos são realizadas nos mercados futuros, a termo, opções, e swaps. |
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| 2
- Mercados futuros
Uma operação de mercado futuro envolve basicamente um compromisso de compra ou venda de determinado ativo em certa data futura, sendo previamente fixado o preço objeto da negociação. Por exemplo. No mercado futuro, há um compromisso de compra e venda no futuro da ação por um preço estabelecido pelas partes, denominado de preço futuro. Assim, o investidor da ação aposta na elevação de sua cotação no mercado, adquirindo hoje para entrega futura por um preço acordado previamente. O vendedor, por outro lado, acredita na possibilidade de compra da ação no futuro a um preço inferior, o que permitiria realizar um lucro. Nas operações a futuro, há um compromisso, formalizado em contrato, de se comprar ou vender um ativo em certa data futura. No mercado à vista, ao contrário, ocorre a negociação efetiva do bem. Em geral, as operações a futuro são liquidadas em dinheiro, sem a entrega física do bem negociado, pagando-se (ou recebendo) a diferença entre o valor fixado de compra e o de venda. Os contratos futuros costumam ser padronizados pelas bolsas de futuros em termos de quantidades de negociação, unidade de negociação, (lote-padrão), data de vencimento e forma de cotação. Essa prática tem por objetivo viabilizar a transferência dos contratos entre os investidores.
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3 - Mercado a termo
Ao contrário do contrato futuro, em que os valores são ajustados diariamente, as operações a termo não sofrem ajustes periódicos a valores de mercado, considerando que a entrega final do ativo-objeto (liquidação do contrato) dar-se-á numa única data futura acordada. É bastante raro uma liquidação antecipada de contrato a termo. Os contratos futuros encerram-se geralmente antes do vencimento, necessitando, em conseqüência, de ajustes diários a valores de mercado. No contrato a termo o comprador é obrigado a pagar o preço previamente acordado, e o vendedor é obrigado a entregar o ativo objeto conforme combinado. Diferença entre futuros e a termo - Tanto no mercado futuro quanto no mercado a termo, preço é fixado hoje para “entrega” em data no futuro, mas:
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| 4
- Mercado de opções
O mercado de opções é uma alternativa para os investidores hedger, especulador ou arbitrador que têm dois tipos de contratos:
Ao se adquirir uma opção, o investidor deve pagar um prêmio cujo valor é definido pelas forças de oferta e procura de mercado. Esse valor não é devolvido pelo vendedor da opção, independentemente de o contrato de opção ser ou não exercido. Dessa forma, não interessando ao investidor exercer seu direito previsto no contrato de opção adquirido, ele perderá o prêmio pago ao vendedor. Como exemplo, temos o caso da compra de um imóvel. O promitente comprador paga um sinal que não será devolvido, caso ele não deseje efetivar a compra. E, no caso do vendedor desistir de vender, ele devolve o sinal em dobro. Assim, se for um excelente negócio para o comprador, é prudente que este ofereça o maior sinal possível, desestimulando assim que o vendedor desista de vender. Exemplo. Finalmente, os arbitradores têm por objetivo aproveitar eventuais desajustes verificados entre um mercado e outro (como por exemplo, entre o mercado à vista e o mercado futuro), efetuando transações simultâneas e realizando lucros.
Identicamente aos contratos futuros, as opções podem também ser utilizadas em alternativas de hedging. Por exemplo, se um investidor em ativos referenciados pela variação do dólar norte-americano desejar proteger sua posição contra uma possível apreciação ou valorização cambial (menor quantidade de reais em relação ao dólar norte-americano), pode adquirir opções de venda de dólares norte-americanos por reais a uma taxa de câmbio pré-estabelecida. Esse contrato garante ao comprador o direito (e não a obrigação, que é atribuição do vendedor) à venda de contrato de dólares norte-americanos a uma dada taxa de câmbio futura a um preço fixado no presente. É
importante que se registre que o exercício do direito de um contrato
de opção depende, essencialmente, do comportamento do preço
de mercado do ativo-objeto. As opções são negociadas
nos mercados padronizados. |
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5 - Mercado de swaps
A liquidação
desses fluxos é feita por diferença na data acordada.
Os tipos de swaps são:
O maior segmento
do mercado global de swap é o das taxas de juros, que
é a troca de futuros pagamentos periódicos de juros, calculados
sobre um principal previamente definido em contrato. O swap de taxas de juros é indicado nos seguintes casos:
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O primeiro tem Ativos no curto prazo (empréstimos indexados à Libor) e Passivos no longo prazo (notas a 10% com prazo de 4 anos). O outro tem Ativos a longo prazo (empréstimos hipotecários a taxa fixa) e Passivos a curto prazo (certificados de depósitos de um ano a taxas variáveis). Dados da operação:
Valores da LIBOR para um ano durante os quatro anos de vigência do contrato:
(*) Fórmula:
(LIBOR + 2%) x R$ 100 milhões |
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Tela 46 |
| Um
exemplo de swap de taxas de câmbio - Existe sempre
uma troca de principal no vencimento da operação a uma taxa
de câmbio predeterminada. Normalmente, em um swap de divisas
ambas as partes fazem um pagamento inicial recíproco. O motivo para a inclusão tanto de juros como de principal num acordo de swap de taxas de câmbio é o fato de tanto os juros quanto o principal estarem expostos da mesma forma ao risco cambial. A Alpha Corporation, uma multinacional com sede nos Estados Unidos, pretende obter fundos para a mais nova filial da empresa em Londres. A empresa quer levantar US$ 10 milhões, em libras esterlinas, por meio de empréstimos a taxas fixas de juros. A Alpha é relativamente desconhecida para os investidores britânicos. A Beta Company, Ltda, sediada no Reino Unido,
gostaria de obter recursos para a sua subsidiária em Nova Iorque,
levantando uma quantia similar de financiamento em dólar. A Beta
Company, Ltda. é relativamente desconhecida para os investidores
americanos.
Eis o esquema que demonstra cada fase dessa operação:
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Tela 47 |
6 - Derivativos de crédito
Suponha que o banco assuma um contrato com a sociedade de crédito, financiamento e investimento (conhecida como “financeira”) pelo qual ele fará pagamentos periódicos à empresa em troca de pagamento total no evento de crédito da Corporação Vênus, durante a vigência do contrato derivativo. Como resultado da entrada em tal contrato, o banco efetivamente transferiu ao menos uma porção do risco associado com a inadimplência (default) da Corporação Vênus à “financeira”. O banco receberá pagamento total se a Corporação Vênus inadimplir. Em troca, a “financeira” adquire a exposição desejada ao risco de crédito da Corporação Vênus, e a seqüência de pagamentos que irá receber do banco representa a compensação por tolerar tal risco. Essa operação é conhecida como credit default swap. Na linguagem do mercado de derivativos de crédito, o banco citado no exemplo é tipicamente referido como o comprador de proteção, a “financeira” é conhecida como o vendedor de proteção, e a Corporação Vênus é chamada de entidade de referência. Esse contrato pode ser realizado tanto para cobrir perdas relacionadas com a inadimplência associada com um instrumento de dívida específico da entidade de referência quanto pode cobrir a inadimplência de uma série de instrumentos de dívida emitidos por essa entidade, desde que esses instrumentos respeitem certos critérios, os quais podem estar relacionados com o nível de antiguidade na estrutura de capital da entidade de referência e com a moeda na qual estão denominados os instrumentos. As vantagens principais dos derivativos de crédito são:
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Tela 48 |
| Resumo
Este módulo
introduziu a noção dos derivativos como instrumento importante
na gestão dos riscos. |
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