20/05/2008 - 11h52
Mostra
expõe genes japoneses presentes no dia-a-dia brasileiro
GABRIELA
MANZINI
da Folha Online
Evidenciar as influências do Japão que passaram a permear
o cotidiano brasileiro nos cem anos de imigração é
o objetivo da exposição "O Japão em Cada
Um de Nós" que começa quarta-feira (21) na sede
do Banco Real, na avenida Paulista (centro de São Paulo).
Para os descendentes, o espaço mais interessante é o
do "Portal da Memória", projeto que catalogou e traduziu
as fichas de chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil. Quase todos
os nomes estão lá, em letras românicas –
nome, sobrenome, navio, data de saída do Japão e data
de chegada ao Brasil. Há alguns, porém, que permanecem
em ideogramas.
Mas a exposição também guarda surpresas para
os não-descendentes. No setor que trata da agricultura estão
culturas trazidas do outro lado do mundo: caqui, ponkan e pimenta
do reino; na parte relacionada ao comércio, a inegável
semelhança entre as sandálias Havaianas e as sandálias
japonesas modelo zôri.
Explorar as gavetas dedicadas às publicações
é outra boa surpresa. Uma delas revela um som de cavaquinho
que se confunde com um koto e uma gravação da conhecida
professora de caligrafia Hisae Sagara que, em voz mansa, recita um
haicai do escritor Nempuku Sato, o primeiro a trazer a arte para o
Brasil.
Com recursos interativos, a exposição traz depoimentos
de nikkeis influentes na arquitetura, na biologia molecular, na mecatrônica,
na termo-luminescência, nos transplantes de córnea. Traz
ainda nikkeis importantes para os esportes como o mestre de judô
Massao Shinohara; o mesa-tenista Hugo Hoyama e o primeiro profissional
de sumô do Brasil, Luis Go Ikemori.
Há homenagens ainda àqueles que não foram medalhistas,
mas fizeram muito pela história dos japoneses no Brasil. São
fotógrafos, tintureiros, cabeleireiros e costureiros que tiraram
suas famílias da zona rural e as trouxeram para o convívio
urbano.
"O mais importante da exposição é o compartilhamento.
Da mesma forma que os imigrantes vieram compartilhar do que havia
no Brasil, nós também compartilhamos deles. Foi, desde
o começo, uma troca de costumes", destaca Célia
Abe Oi, historiadora do Museu da Imigração Japonesa
do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência
Social) de São Paulo e curadora da exposição.
O também historiador Paulo Garcez também assina a curadoria
da exposição.
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