A resenha crítica está entre os textos que têm por objetivo conduzir o leitor para informações puras. Nesses textos, não se percebe nem a presença do emissor nem a do receptor. Daí a linguagem em terceira pessoa, implicando com isso certa neutralidade, que é, no entanto, limitada, uma vez que na seleção e organização do texto já ocorre intenção de quem escreve.


A resenha crítica é também denominada recensão crítica. Ela combina resumo e julgamento de valor, a resenha dever resumir as idéias da obra, avaliar as informações nela contidas e a forma como foram expostas e justificar a avaliação realizada.

Esse tipo de resenha é composto pelos elementos listados a seguir.

• Referências bibliográficas.
• Informações sobre o autor.
• Gênero da obra.
• Resumo ou digesto.
• Avaliação (apreciação).

Leia o texto e passe o mouse sobre as partes destacadas para identificar os elementos da resenha crítica.


PREDEBON, José. Criatividade hoje: como se pratica, aprende e ensina.
São Paulo: Atlas, 1999, 155 páginas.

"José Pedrebon desde 1968 é professor de criatividade na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo, cadeira que introduziu nessa escola em 1988. Também leciona Inovação e Competitividade no MBA da Fundace-USP. Criou e dirigiu de 1993 a 1996 o Departamento de Criatividade Aplicada da ESPM. Exerceu a criação publicitária de 1960 a 1992 e recebeu vários prêmios, inclusive um Leão de Ouro em Cannes. É consultor em processos de inovação organizacional, dirige workshops e programas de treinamento na área da criatividade e é palestrante. Estudou sociologia e propaganda e também é poeta. Autor dos livros Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1998. E Criatividade hoje: como se pratica, aprende e ensina. São Paulo: Atlas, 1999." (Dados enviados por e-mail pelo próprio autor).

O livro "Criatividade hoje: como se pratica, aprende e ensina" é de conteúdo didático-pedagógico e ensina técnicas de como desenvolver a capacidade criativa através de exercícios em grupo ou individuais. O livro contém sete capítulos e dois apêndices.

O Capítulo 1. Motivos e objetivos para treinar a criatividade pessoal: O autor nos mostra que as mudanças existentes no mundo de hoje motivam e até exigem uma criatividade constante para podermos superar a competitividade. Os planos de vida de cada um vão definir quem deve se preocupar mais com a criatividade. E completa dizendo que o mundo profissional exige competência para enfrentar o terceiro milênio.

O Capítulo 2. As bases da prática. Programas de treinamento: Predebon define as metas e programas de treinamento, bem como a seqüência das aulas. Mostra o processo de desenvolvimento da criatividade e orienta um plano pessoal para esse desenvolvimento

O Capítulo 3. Princípio dos programas individuais de treinamento: O autor começa mostrando que a 'fantasia é um ótimo meio para achar soluções para os problemas que se nos apresentam no dia a dia. Podemos também procurar essas soluções em leituras, fazer o brainstorm a sós e desenvolver a percepção do ambíguo e do não-evidente, isto é, ter "sagacidade". (p.50).

O Capítulo 4. Princípios dos programas em grupos: Começa mostrando e recomendando o treinamento em duplas. Porque "isso é uma das formas mais produtivas de incremento da criatividade pessoal". (p.55) O autor passa então a mostrar que "a dupla é a base para a formação dos grupos que devem ser harmônicos, mas não concordantes". (p.55) Mostra as técnicas para a formação de grupos criativos em classe, e dá uma orientação magistral para a liderança de equipes criativas.

O Capítulo 5. Monitorando grupos - funções e ações do facilitador: Predebon afirma que a postura do professor de criatividade deve ser demonstrada pelo uso de uma didática diferente das outras empregadas pelos professores de outras matérias. E resume esta didática indicando várias características: imprevisibilidade, pouquíssimas regras, informalidade, bom humor, interatividade máxima, exploração dos "desvios" emergentes da classe. (p.66) Depois coloca como "chave" a exploração das expectativas dos alunos e o respeito que devemos ter para com eles.

O Capítulo 6. Exercícios para treinamento de criatividade: O autor afirma com segurança que "o treinamento de criatividade, mesmo fora de cursos formais, sempre deve desembocar em exercícios". (p.81) Passa depois a indicar vários tipos de exercícios formais para serem executados dentro dos cursos de criatividade. É o ponto central do livro.

O Capítulo 7. O que dizem outros professores de criatividade: Predebon reconhece e aprecia o valor e a criatividade de outros autores de criatividade e faz a eles uma pergunta: "O que é mais importante para ensinar e aprender criatividade"? e aqui ele apresenta esses depoimentos de treze professores ou professoras voltados para a pesquisa e o ensino de criatividade.

No Apêndice I, José Pedrebon faz um resumo de sua outra obra: Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. São Paulo: Atlas, 1997.

No Apêndice 2, ele traça um "cruzamento entre criatividade e Human Dynamics", dizendo que Sandra Seagal e David Horne estudaram milhares de casos para estruturar a conclusão de que o ser humano processa as informações que recebe e se relaciona com elas por meio de três centros: emocional, físico e mental, com uma ordem de prevalência determinada pela sua natureza individual"(p.152). E neste sentido 25% das pessoas mostram-se impressionantemente a favor da inovação; 55% lidam com o novo sem grandes dificuldades; os outros reagem às informações novas e às mudanças com mais dificuldade e, desses, (5%) tudo o que é novo representa um grande problema. (p.152).

José Pedrebon usa com muita propriedade o método de abordagem dialético, mostrando que todo e qualquer problema tem embutido dentro dele uma contradição que é fonte de criatividade para a sua solução.

Usa também vários métodos de procedimento explorando de modo especial o método comparativo, às vezes o método tipológico, outras o método monográfico.

A modalidade empregada é de caráter específico, de modo técnico-didático. Não abusa da rigidez técnica, descreve os conceitos básicos e analisa o procedimento que deve ser livre, porque a criatividade só se desenvolve bem na liberdade.

Suas formas tecnológicas utilizadas são fundadas em suas observações como professor de criatividade por muitos anos, e suas próprias experiências criativas em cursos e palestras proferidas.

Sua obra é de grande utilidade, não só para alunos e professores na área de criatividade, mas também para todos aqueles que desejam desenvolver seu potencial criativo. É muito original em seus exercícios de treinamento e de muita criatividade, colocando, na prática, o próprio ensinamento contido no livro. Abre muitos caminhos para o desenvolvimento da criatividade, tanto em grupo como em particular.

Seu estilo é objetivo, simples, sem rebuscamento. Fácil de se entender e de grande utilidade. A linguagem é precisa e exata. Obra bem sistematizada e de disposição lógica e bem equilibrada em todas as suas partes.

É uma obra que deve ser indicada para alunos de todas as áreas que desejam desenvolver seu potencial criativo e também aos professores, se querem ser criativos em suas aulas. Acredito que o autor deveria dar também ênfase, aconselhando como se trata sobre criatividade com crianças.



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