Estudar a ética aristotélica envolve em certo momento a percepção oportuna do modo como se atingia a ética para o filósofo, isto é, para Aristóteles, perceber que a ética está diretamente ligada com o conceito de felicidade, era o seu principal objetivo, e felicidade para o filósofo significava: “vida mansa”, esta era a máxima da dignidade da vida, a plenitude da “vida boa”.

O conceito de felicidade por Aristóteles estaria sempre agregado à prática de uma boa Pólis, um bom governo, e nesse segmento o filósofo seguia um corrente similar ao conceito de felicidade do filósofo Platão, conforme já estudado, que também associou a felicidade ao governo.

Para o filósofo, o Estado só atingirá a felicidade se conservar a virtude, seja no livre arbítrio das decisões cotidianas que não envolvam terceiros, ou nas que envolverem. No livro II da Ética a Nicômaco há uma passagem muito utilizada no estudo da ética e que não faltará neste breve estudo:

“Estou falando da excelência moral, pois é esta que se relaciona com as emoções e ações, e nestas há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo, confiança, desejos, cólera, piedade e, de um modo geral, prazer e sofrimento, demais ou muito pouco, e, em ambos os casos, isto não é bom: mas experimentar estes sentimentos no momento certo, em relação aos objetos certos e às pessoas certas, e de maneira certa, é o meio termo e o melhor, e isto é característico da excelência. Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. Ora, a excelência moral se relaciona com as emoções e as ações, nas quais o excesso é uma forma de erro, tanto quanto a falta, enquanto o meio termo é louvado como um acerto; ser louvado e estar certo são características da excelência moral. A excelência moral, portanto, é algo como equidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio termo. Ademais é possível errar de várias maneiras, ao passo que só é possível acertar de uma maneira (também por esta razão é fácil errar e difícil acertar – fácil errar o alvo, e difícil acertar nele); também é por isto que o excesso e a falta são características da deficiência moral, e o meio termo é uma característica da excelência moral, pois a bondade é uma só, mas a maldade é múltipla”.
Copyright © 2016 AIEC.